Fix me. escrita por Sherry


Capítulo 1
Capítulo 1 - Introdução.


Notas iniciais do capítulo

Apesar de eu não ser uma escritora-amadora muito popular neste fandom, vou tentar postar esta fic por aqui u_u, espero que gostem.



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Sabe quando você vai dormir, então começa a acordar, não consegue se mexer mas consegue ouvir oque elas pessoas dizem? Esse é o coma, adicionando dores de cabeça, formigamentos nos dedos, e incontáveis momentos de inconsciência, onde você perde completamente a noção do tempo.
Sabe quando você ta acordando de uma ressaca, e fica parado na cama sem conseguir se mexer, de olhos fechados e meio sem noção do que está acontecendo ao seu redor? Ai quando você se mexe, tudo dói? Foi bem assim que eu acordei.

Era estranho me mexer depois de tanto tempo, principalmente porque todo o meu corpo doía como se eu tivesse... Levado uma surra. Mas a verdade não era essa, e eu sabia, eu sabia porque havia uma voz na minha cabeça que sempre me perguntava porque eu havia tentado aquilo, porque eu não voltava logo... Eu nunca havia visto seu rosto de verdade mas conhecia sua voz, ela havia se apresentado para mim várias vezes, enquanto eu estava apagado nessa porcaria de leito... Ela, a voz, era real.

A porta do meu quarto se abriu, e uma mulher, com uma prancheta nas mãos entrou no quarto, ela parecia entediada, até olhar para mim. Esperei ela falar alguma coisa, pensando que talvez ela fosse a enfermeira que conversou comigo durante todo esse tempo que estive aqui... Aliás, quanto tempo estive aqui?

– Oh. – ela exclamou, parecendo estar em júbilo – Você acordou. – ela completou com um sorriso.

Minha ansiedade acabou ao ouvir a voz da mulher. Não era ela, não era minha enfermeira.

– Como está se sentindo? Consegue me ouvir claramente? Consegue falar? E andar? Sente alguma coisa diferente? – ela me bombardeou com as perguntas, aproximando-se de mim com os olhos alarmados.

Abri e fechei a boca algumas vezes, estava com a língua seca e a garganta queimando. Estava escorado na cama, quase sentado. Encarei a mulher severamente, e movi os lábios novamente, um som rouco e arranhado cortou minha garganta.

– Ah entendo, claro, você está com sede, vou pegar água pra você e chamar o doutor, não tente se mover. – ela tagarelou, antes de sair do quarto rapidamente.

Tentei me mover é claro, e doeu tudo de novo, mas eu precisava arrancar aqueles plugs dos aparelhos que estavam agarrados em mim, o barulho constante era de irritar. Depois de muita dor nos braços, consegui me desvencilhar dos plugs no peito, e do respirador no nariz, me forcei para sentar na beira da cama e puxei a agulha com soro que estava ligada ao meu braço, que estava realmente inchado por causa do soro constante, sangrou um pouco e eu ignorei.

Não quis pensar nos motivos que me fizeram chegar até ali, e sim no motivo que me fez estar vivo. A enfermeira que conversava comigo sempre, que apertava minha mão, que me trouxe de volta da penumbra, sua voz doce e incansável... E quando dei por mim, uma comitiva de pessoas estava invadindo meu quarto particular, toda uma equipe de médicos e enfermeiros, me dando atenção e assistência.
Aquilo me irritava, porque eu não tinha forças para empurra-los, ou voz para manda-los ir para puta que os pariu, eu sabia que eles não estavam pessoalmente emocionados com a minha volta, eles estavam excitados de verem algo raro acontecendo em suas presenças.

Depois de vários exames, água, e duas colheradas de algo pastoso e sem gosto, forcei algumas palavras para fora, era chato e irritante, tentar falar quando sua voz falha miseravelmente, mas eu precisava perguntar por ela, precisava saber aonde ela estava...

– A... En-fermeira... Lu-cy. – sussurrei.

Eles me olharam como se eu fosse uma espécie de milagre particular, e tive vontade de soca-los.

– Lucy? – o médico perguntou curioso, arqueando as sobrancelhas para as outras enfermeiras.
– A plantonista da noite, Lucy Sant'Clarie. – um enfermeiro respondeu rapidamente.
– A estagiária que cuidou dele, foi a Lucy, doutor. – a mulher que havia entrado na sala, e descoberto minha incrível condição de "acordado", falou.

Afirmei positivamente, sem paciência para tentar falar, encarando o doutor. Então a expressão do homem se desfez, e ele me olhou com um pesar que me deixou assustado.

– Ela terminou o estágio dela há uma semana, senhor Wolff, sinto muito. – o médico anunciou, com solidariedade.

Senti o ar me faltar por alguns segundos, então uma onda de dor se espalhou pelos meus braços. Eu estava apertando as mãos em punho, o simples movimento me doía tudo. Eu estava frustrado, e chocado... Como assim, o estágio dela terminou há uma semana? Há quanto tempo eu estava ali deitado, brincando de morrer ou não morrer?

– Qu-Quan-to, tempo... Eu estou... ? – falei com a voz arranhada, minha garganta ainda doeu, mas a voz saiu um pouco mais nítida.
– Acho que devemos chamar seus familiares e amigos, antes de te dar a noticia de quanto tempo esteve em coma. – o médico ponderou.
– Quanto tempo fiquei aqui? – me forcei a falar, sentindo que estava engolindo cacos de vidro.

O médico olhou para as pessoas de branco ao seu redor, e mandou um dos enfermeiros ligar para minha família. Eu não sei de que família ele estava falando, mas resolvi não tocar nesse assunto, eu estava mais preocupado em saber quando tempo eu fiquei apagado ali.

– Senhor Wolff, o senhor ficou em coma por seis meses. – ele anunciou seriamente, tentando soar casual.

Senti aquela conhecia onda de dor, angústia, e sofrimento inconsolável me tomar, voltei para a cama para me deitar. Eu não queria saber mais de nada e nem de ninguém... Quer dizer que era assim? Eu tentava me matar, passava seis meses em coma, com uma mulher me incentivando a acordar, dizendo todo tipo de coisa pra me tirar da merda, pra eu acordar e ela não ta mais por aqui, e cair em outra onda de letargia suicida? Só poderia ser alguma brincadeira do cara lá de cima.

Ignorei o médico e os enfermeiros, eles me catucaram um pouco mais, e saíram, avisando que logo eu receberia alta e que Lysandre viria me buscar. Claro que seria o Lysandre, quem mais poderia vir a não ser meu único amigo idiota?

Esperei ele chegar, andando/me arrastando pelo quarto, estava tentando retomar os movimentos do corpo, não era difícil, só dolorido, como se eu tivesse pego pesado na academia e todos os músculos estivessem doendo.

Depois do que pareceu uma eternidade, meu amigo idiota entrou no quarto. A primeira coisa que ele fez foi empacar na soleira. Ele me encarou como se estivesse vendo algo realmente inédito, e escancarou a boca.

– Castiel. – ele murmurou, em choque.
– Panaca. – respondi, com a voz fraca e rouca.

Lysandre franziu as sobrancelhas e andou até mim a passos largos. Ele me conhecia bem, sabia que eu usava de ironia e piadinhas para tentar amenizar o clima ruim.

– Irmão. – ele acrescentou, me dando uma espécie de abraço desajeitado.

Doeu minhas costas e meus ombros, e logo estávamos separados. Nos encaramos por alguns segundos, e eu respirei fundo, estava me sentindo cansado.

– Castiel, por que você... – ele se interrompeu, provavelmente ao ver a cara que eu fiz.
– Não to conseguindo falar muito. – falei arrastadamente – Mas não vou querer falar sobre isso, nunca. – completei, respirando cansado e forma pesada.

Ele assentiu positivamente, com a expressão séria.

– Só você não fazer essa merda de novo, que ta tudo certo. – falou com animação contida.

Ele estava feliz por mim, e ele estava diferente também. As roupas eram menos estranhas e formais que o normal, e o cabelo estava realmente legal... Pensar nestas coisas, fazia eu me distrair, fazia eu esquecer um pouco da enfermeira.

– Vamos andando, tem alguém que você precisa conhecer. – Lysandre anunciou, jogando uma muda de roupas minhas em cima de mim.

Tirei aquela roupa de hospital, e me enfiei em uma calça jeans, camiseta branca e um tênis. Um enfermeiro que surgiu sabe-se lá de onde, me ajudou a me vestir, enquanto me dava instruções de como viver minha vida agora, juntamente com o médico que tagarelava alguma coisa... Mas eu estava pensando longe, tentando não pensar em Lucy; Apenas pude refletir em como as minhas roupas estavam largas em mim, definitivamente eu havia perdido peso enquanto estive em coma, e meu cabelo cresceu bastante... Pensar nisso me fez imaginar como estaria minha cara, eu ainda não queria um espelho, não queria encarar meu reflexo e pensar que fracassei até em me matar.


Caminhamos pelos corredores do hospital, com um enfermeiro insistindo que eu me sentasse em uma cadeira de rodas, para ele me levar até a saída. O ignorei solenemente, enquanto Lysandre tentava ser educado. Algumas coisas nunca mudam!

Chegando na recepção, estava aquele falatório, aquilo fez minha cabeça latejar, senti uma tonteira alucinante, e o enfermeiro já estava novamente tentando me puxar para a cadeira de rodas; Me apressei para sair daquele lugar, enquanto Lysandre agradecia a todos, o máximo que podia.

Quando chegamos no lado de fora do hospital, vi o sol já se pondo no horizonte, e respirei fundo, sendo tomado pela nostalgia... Essa era a hora em que Lucy começava seu plantão, ela sempre abria a janela do meu quarto e deixava a brisa da tarde pra noite entrar, antes de começar a conversar comigo.

– Castiel. – Lysandre chamou, ansioso, parando do meu lado na calçada.
– Hm? – respondi vagamente, me virando para encara-lo.

Uma garota que estava na calçada, parecendo estar parada apenas aleatoriamente, foi para o lado dele, eles trocaram um olhar estranho, e ela então me olhou fixamente, com um sorriso brilhante.

— E você, quem é? — perguntei sem paciência, sentindo ardência na garganta.
— Você não lembra de mim? — ela perguntou, diminuindo um pouco seu sorriso.

O som da sua voz entrou na minha cabeça, e meu coração disparou. Minhas mãos tremeram, e eu arfei. Pisquei duas vezes olhando para a garota a minha frente... Ela parecia ter dezesseis anos. Sua pele era morena clara, seus olhos castanhos amendoados eram grandes, seu rosto era levemente arredondado e meigo, seu nariz era pequeno e delicado, seus lábios carnudos e rosados, os cabelos pendiam em ondas brilhantes até os ombros em um tom adorável de louro acobreado . Ela abriu ainda mais o sorriso para mim, revelando leves covinhas a baixo do lábio inferior. Pisquei mais algumas vezes, conseguir abrir a boca e falar arranhadamente seu nome:

— Lucy?
















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Notas finais do capítulo

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