Natasha acordou cedo naquele dia. Causaria uma má impressão caso chegasse atrasada no primeiro dia de trabalho. Levantou-se ainda sonolenta e se rastejou em pequenos passos até o banheiro do quarto. Tomou um banho rápido e fez sua higiene matinal. Ao sair do banheiro caminhou até a mala com roupas que ainda estava no mesmo canto que deixara. Ela planejava demorar o tempo mínimo nessa missão, por isso não arrumou as roupas no armário. Vestiu uma saia de cor clara que ia até a altura dos joelhos e uma blusa floral, logo depois se direcionando até o banheiro e arrumando o seu cabelo mais uma vez em cachos. Passou uma maquiagem clara pela face e como um toque chamativo seu batom vermelho. Estava pronta.

Despediu-se de Elizabeth apressadamente e se pôs em direção à loja.

Seria por poucos dias. Tudo estava arquitetado em sua mente. De manhã iria assumir a posição de uma simples cidadã com suas responsabilidades diárias de trabalhadora, enquanto a noite assumiria a identidade de Viúva Negra, agente da S.H.I.E.L.D. Teria dupla identidade. Seus dias seriam assim até completar a missão e poder voltar para casa. Não seria nada difícil, além do mais ela era a Viúva Negra. O que poderia dar errado?

Sem perceber, já se encontrava na frente da loja. A ruiva estava tão afundada em seus pensamentos que acabou perdendo a noção dos rápidos passos que trocara até chegar à loja. Subiu as escadas rapidamente e foi recebia por uma local extremamente lotado e uma senhora totalmente agitada. Assim que a mulher notou a ruiva deu um breve suspiro como se estivesse aliviada.

– Ah, você chegou minha jovem! Graças a Deus! – A mulher exclamou enquanto colocava a mão no coração sinalizando alívio.

– O que aconteceu? – A ruiva perguntou franzino o cenho.

– O que aconteceu? Olhe só para isso! – A velha praticamente gritou e se virou observando a bagunça que estava aquele lugar. Romanoff fez o mesmo. O estabelecimento estava praticamente lotado. Pessoas vinham e iam de cá para lá. Estava pior do que um formigueiro. - A loja está lotada! Provavelmente, hoje estamos com o número de clientes igual ao de ano inteiro até agora e nenhuma daquelas mulheres que julgam serem vendedoras apareceu ainda. Esses compradores estão me deixando louca! – A mulher confessou.

– Tudo bem. Eu dou um jeito nisso. – Natasha se dispôs, enviando um sorriso tranqüilizador para a senhora e logo depois indo atender os compradores.

Dito e feito. Bastou uma hora para que o lugar voltasse os trilhos e funcionasse organizadamente e sem tumultos. As vendedoras chegaram cerca de trinta minutos depois, mas a situação já aparentava estar mais controlado pela ruiva, o que resultou cada uma receber um olhar feio da mulher.

[...]

Estava frio. Natasha se amaldiçoou por não ter levado nenhum casaco para a loja, ela não adivinhava que o tempo iria mudar tão drasticamente. O dia havia passado como num piscar de olhos. Depois do ocorrido mais cedo, a movimentação ficou bem mais tranqüila para o alívio de Romanoff. No final do expediente, a mulher liberou a ruiva com muitos elogios e com um grande sorriso orgulhoso no rosto, enquanto as outras vendedoras ficaram levando sermões da velha por causa do atraso.

A mulher andava distraidamente com a cabeça baixa, entretanto as suas duas mãos se contorciam em volta do seu corpo.

Sim, ela era russa. Mas fazia um bom tempo que a ruiva não voltava ao país. Ela fazia de tudo para evitar voltar a sua terra natal, queria ficar longe de seu passado, eventualmente, longe de suas raízes.

Natasha balançou a cabeça repetida vezes para que os seus pensamentos do passado pudessem enfim ir embora, entanto a próxima coisa que seu cérebro processou foi uma horrível dor em seu braço esquerdo e seu corpo caído no chão.

A jovem olhou para cima ainda um pouco atordoada por causa da queda e contemplou a causa de tudo isso. Um homem, cujo estava com um enorme casaco que ia até os pés, luvas e seu rosto não se dava para ver muito bem por causa da má iluminação que se encontravam. Apenas algo cintilava e atraia os olhos de Romanoff: Em uma brecha do casaco do homem se podia notar algo em tom de prata. Natasha analisou bem o homem: Em seu outro braço não havia nada, ela conseguia ver a pele. Mas, ao observar o outro braço, ela não encontrou vestígio de nenhuma pele, era como se o braço dele fosse feito de algum outro material.

A mulher se chocou ao ver aquilo. Será que era ele?

Antes que se pudesse se levantar e assim encará-lo frente a frente, o homem já havia ido embora a passos frenéticos. A ruiva não podia segui-lo, havia muitas pessoas ali e ela estava usando uma saia que por sinal era péssima para uma movimentação mais acelerada.

Ela se voltou para trás e o homem já não estava mais lá. Romanoff ficou parada no meio da calçada pensando em tudo que acontecera. “Ele não vai fugir. Se for ele mesmo, ele não irá fugir. – a mulher pensou.” Se for mesmo o cara que a S.H.I.E.L.D. está procurando, ele não irá fugir. Ele ainda continuaria na cidade para concluir o seu plano e Romanoff tinha dever de impedi-lo. Essa era a sua missão.

Natasha apressou os passos e correu até o hotel sem se importar com os olhares das pessoas. Entrou na hospedaria em uma velocidade impressionante, parando apenas para pegar suas chaves com Lucy, e logo em seguida se dispôs a subir as escadas e ir para o seu quarto.

Ao fechar a porta, correu em direção a sua mala e pegou o transmissor. Alguém precisava saber do que acabara de acontecer.

[...]

– Agente Hill na escuta. – Depois de tantas tentativas, Natasha agradeceu por finalmente ouvir a voz de Maria.

– Hill? Ah, finalmente. – A ruiva estava ofegante, o que não passou despercebido da morena.

– Natasha? Hey, o que aconteceu? – A agente agora perguntava com um tom preocupante.

– Tenho novidades. – Falou a ruiva se encaminhando até a porta e a trancando.

– Quais? – Maria indagou interessada.

– Eu vi ele, Hill. – Romanoff fez uma pequena pausa antes de continuar. - Assim que eu estava saindo da loja, eu esbarrei em um homem vestido com um enorme casaco preto e em uma brecha de seu casaco eu vi algo cintilante, de ferro, eu não sei! Eu só sei que era como se ele não tivesse braço. Eu pude perceber que ele tinha o outro braço, o direito. Hill... É ele. É o nosso cara. – A jovem disse um pouco embaralhada em suas palavras, enquanto ia até a mala e de lá retirava uma foto, a foto que identificava o homem que ela estava à procura.

– Espera aí... Você tem certeza, Natasha? – Hill quis se certificar. – Tem certeza que ele era o...

– O Soldado Invernal? – Romanoff completou enquanto olhava atentamente a fotografia. – Sim, eu tenho certeza.