– É aquele prédio. – Natasha apontava para um hotel de paredes verdes no outro lado da rua. Olhou para o lado e viu Steve assentir. Depois de algum tempo caminhando de volta para o hotel essas eram as primeiras palavras que um dos dois trocou.

Atravessaram á rua e caminharam até o final da calçada onde se localizava o hotel. Assim que chegaram à frente da hospedaria, a ruiva suspirou pesadamente antes de se virar para Rogers.

– É aqui. – Mesmo sem querer, a voz da mulher saiu como sussurro. O loiro estava entre fitar Natasha e observar o estabelecimento. Ele não parecia demonstrar reações o que deixava a agente mais nervosa. - Agradeço por ter-me trago em casa e agradeço mais ainda por ter me salvado agora a pouco.

– Não foi nada. – Ele sorriu fazendo o coração de Natasha derreter. - Eu fico mais tranqüilo por você não ter se machucado. – O loiro admitiu fazendo a ruiva corar um pouco.

– É melhor eu entrar e deixar você ir para a sua casa. Eu já roubei muito do seu tempo, Capitão. – A mulher disse enquanto subia as escadas ficando em frente à porta de madeira com pequenas janelas de vidro do hotel, mas em último momento se virando para onde Steve estava. - Eu irei te ver novamente, Capitão? – Perguntou com sua voz rouca e sedutora. Rogers engoliu em seco.

– A cidade não é tão grande, de qualquer maneira eu suponho que vamos acabar se esbarrando daqui pra frente. – Respondeu o homem. A mulher abriu um sorriso tímido antes de acenar a cabeça de leve para o Capitão e entrar na hospedaria.

Natasha tinha seus lábios formando um meigo sorriso. Por fora ela parecia calma, mas por dentro sentia o seu interior vibrar. A ruiva já estava a caminho da escadaria que dava para o corredor do quarto antes de ser parada por uma jovem loira curiosa.

– A-Aquele era o C-Capitão América? – Lucy gaguejou. A mulher parou e observou a jovem que parecia estar eufórica e um pouco inquieta.

– Como? – A mulher arqueou uma das sobrancelhas. Natasha não havia entendido muito bem a pergunta anterior já que a loira havia gaguejado um pouco.

– Aquele homem com quem você estava conversando... – Lucy respirou fundo tentando controlar a animação que sentia em seu peito. - Ele era o Capitão América? –Ela fez a pergunta novamente e deixou a exaltação tomar conta de seu corpo quando viu a ruiva balançar a cabeça positivamente. - Oh Meu Deus! – Lucy agora estava com suas mãos tampando a boca e espalhando saltinhos pela grande sala. Natasha riu da exaltação da mais jovem.

– Espera, você nunca conversou com o Capitão? – A ruiva perguntou enquanto se aproximava de Lucy.

– Não. – Murmurou. - Eu às vezes o vejo de longe, mas eu nunca conversei com ele. Eu aposto que ele não sabe nem que eu existo. – A loira comentou baixinho.

– Pois ele logo ficará sabendo, okay? – A mulher falou atraindo um olhar brilhante da jovem garota para ela. - Eu posso te levar para conhecê-lo caso queira. Eu tenho certeza que ele irá adorar saber que uma jovem tão doce é fã dele.

– Sério? Você faria isso por mim? – Os olhos da jovem brilhavam mais que diamantes fazendo a ruiva querer ir mais a fundo em sua decisão de levar a loira para conhecer o famoso Capitão América.

– Claro! Eu só preciso falar com a sua irmã e logo podemos combinar um dia que dê certo para todos nós. – Ofereceu Natasha.

– Oh obrigada, obrigada, obrigada! – Lucy abraçou Natasha em um gesto involuntário fazendo a ruiva congelar sem saber o que fazer. Ela não estava esperando. Rapidamente, a loira voltou a sua posição de antes. - Desculpe. – Disse enquanto olhava para o chão envergonhada.

– Não, está tudo bem. – Natasha tratou imediatamente de amenizar um pouco o clima. - Eu só vou subir. Eu estou muito cansada e eu realmente não posso me atrasar no meu primeiro dia de trabalho. Você pode me dar à chave do quarto, por favor? – A ruiva perguntou gentilmente vendo Lucy assentir e ir em direção a pequena caixa onde tinha todas as chaves do quarto. Logo em seguida, a entregou para Natasha.

A ruiva subiu às escadas e foi em direção ao quarto com as chaves em mãos, chegando à frente da porta e a abrindo sem pressa. Trancou a porta com a chave e caminhou em direção á grande cama. Tirou os sapatos e deitou-se com a cabeça confortada no fofo travesseiro que estava em cima do móvel.

Enquanto estava deitada, seus pensamentos só voltavam para um alguém: Steve Rogers. Por um lado, isso acabava a deixando irritada. Ela tinha uma missão, tinha que se dedicar cem por cento a ela. Mas, por outro lado era inevitável não pensar no marido. Ele estava lá com ela e a ruiva não podia nem sequer beijá-lo. E isso era frustrante. Por incrível que pareça, Natasha estava sentindo mais falta dele do que imaginava. Bom, isso era a única coisa que explicava o fato dela estar suspirando como uma adolescente boba apaixonada.

Mais uma vez, ela se deixou levar pelas doces lembranças do passado.

“Eram duas da manhã e Natasha ainda não se sentia nem perto de estar satisfeita. Mais uma vez os pesadelos haviam lhe tirado uma noite de sono e isso a deixava frustrada. Depois de surrar vários sacos de areia, a mulher se encontrava sentada com uma garrafa de água em mãos e o suor deslizando pelo seu corpo. Sua cara era de poucos amigos.

Resolveu continuar o exercício, se não iria conseguir dormir pelo menos ocuparia seu tempo com algo útil. A mulher se encaminhou para frente de um saco de areia e começou aplicar golpes no mesmo. Se aquele saco fosse uma pessoa real, ela já estava no chão se contorcendo em dor há tempos.

O clima na sala de treinamento estava em completo silêncio, só com o som dos golpes aplicados pela à ruiva. Ela estava tão entretida naquele momento que mal pôde ver ou muito menos ouvir alguém se aproximar da mesma e tentar tirá-la de seu momento de concentração com um toque em seu ombro. A mulher como ato de reflexo se virou rapidamente com intuito de aplicar um soco na face da tal pessoa. Mas, o homem segurou seu braço segundos antes de acertar em cheio sua cara.

– Hey... – O homem se pronunciou ainda segurando o braço da mulher que estava ofegante.

– Oh céus, Rogers! ­– Ela suspirou com a outra mão em seu coração. Steve quis rir da situação onde Romanoff se encontrava, mas sabia que se mostrasse uma ponta de sorriso em seus lábios aí sim ele teria um problema. - O que está fazendo aqui? ­– A agente perguntou arrancando o braço das mãos de Rogers com certa brutalidade.

– Não consegui dormir. – O loiro deu de ombros. - E pelo que parece você também não. – Ele disse ao observar o estado de Natasha. A ruiva se encontrava completamente em estado arfante. Sem querer, os olhos azuis do Capitão se direcionaram para o corpo da mulher que estava com a roupa completamente colada em seu corpo por causa do suor.

– Algum problema, Capitão? – Natasha perguntou ao perceber o olhar de Rogers em seu corpo. Ela sabia que ele não tinha segundas intenções, mas também não pode se segurar quando fez a pergunta. O Capitão era tão inocente que chegava a também se tornar sexy.

– N-Nenhum. – O loiro gaguejou e caminhou rapidamente até os sacos de areia. A ruiva riu interiormente após ver a reação do rapaz. - Está há muito tempo aqui? – Perguntou tentando mudar a conversa anterior.

– Um pouco. – Foi à única resposta que recebeu.

[...]

Por um tempo, os únicos barulhos ouvidos na sala de treinamento foram das pancadas nos sacos de areia. Steve Rogers assistia com bastante atenção a jovem mulher lutar impiedosamente contra os sacos.

– Vai ficar só me olhando? – Natasha se pronunciou, sem olhar para a face de Steve. O mesmo deu de ombros. A ruiva parou o que estava fazendo e colocou suas mãos no joelho demonstrando puro cansaço. - Que tal uma luta entre nós dois? – Sugeriu.

– Nós dois? Com você desse jeito? – Sua voz não demonstrava nenhuma maldade. Ele estava se referindo ao estado de Romanoff.

– Não se engane Capitão, eu ainda tenho bastante energia. – Ela garantiu tirando um sorriso torto do homem.

Rogers se deu por vencido e caminhou até Natasha. A ruiva mostrou um longo sorriso ao ver Steve bem na sua frente com posicionamento para batalha. Seria apenas uma luta normal, uma luta física. Sem o uso do escudo ou de uma faca ou arma.

Natasha tentou atacar com um soco, mas Steve desviou rapidamente fazendo com que a mulher cambaleasse um pouco para frente. Imediatamente, a ruiva se recompôs e tentou atacar novamente com o uso da perna, mas Rogers a segurou e usou o controle que tinha na situação para empurrá-la, isso fez a mulher se desequilibrar e cair.

– Nada mal, Rogers. – Murmurou.

Apressadamente, a ruiva correu até o homem conseguindo impulso o bastante para dar um chute em seu abdômen, fazendo com o que o mesmo caísse no chão. Mas para a ruiva isso não era o bastante, Natasha foi até o Capitão em passos rápidos e tentou lhe aplicar um soco, mas foi surpreendida quando Rogers segurou seu braço a imobilizando e com isso a puxou para junto de si, a virando e ficando em cima dela.

A respiração ofegante e os batimentos acelerados eram tudo que se podia ouvir. Os dois estavam tão pertos um do outro que chegava a assustar ambos. Natasha se encontrava deitada e imobilizada completamente, seus braços estavam presos no chão pelo o de Rogers e sua cintura pelo o corpo do mesmo. Era aterrorizante e ao mesmo tempo incrível.

Os olhos dos dois mais uma vez se encontraram. Steve a fitava procurando algum vestígio de raiva por parte da ruiva por eles estarem tão próximos assim, mas nada. Natasha estava imóvel. Steve já podia sentir que talvez não estivesse mais no controle do seu corpo, quando vagarosamente impulsionou sua cabeça mais para frente. A mulher nada fez, apenas fechou os olhos quando sentiu o toque dos lábios de Rogers nos seus.

Romanoff quis lutar contra aquilo, ela realmente quis tentar empurrá-lo ou simplesmente não corresponder. Mas já era tarde demais. Quando se deu por si, ela já estava totalmente entregue aquilo. Ela já estava totalmente entregue naquela ótima sensação de paz que os lábios de Rogers a ofereciam.”