Sixteenth Moon escrita por Nath Schnee


Capítulo 5
Quarto Capítulo – 3 de Setembro


Notas iniciais do capítulo

Olá! Como vão? Quero agradecer a todos os meus leitores divos que já comentaram em todos nos outros capítulos, o que inclui Little Hathaway, Taw, Lorde Snowfaun, Eden e Evah. Um beijo e um grande "Obrigada" a todos. Esse capítulo de hoje eu dedico a kirimi, que me fez enlouquecer de alegria depois de fazer uma recomendação para a história ♥ Minha primeira recomendação recebida. Thank you soo much, Muito obrigada, Arigatô Gozaimasu... ♥
Bem, desejo a todos também uma boa leitura e espero que gostem desse capítulo:



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(des)Acordada


C
almaria antes da tempestade. Eu tinha certeza de que essa era a expressão correta para quando cheguei a Jackson High no dia seguinte. Faltavam vários minutos para o sinal bater, havia poucos alunos nos corredores. Pelo pouco que me permiti escutar, a maioria dos meninos estava conversando sobre o resultado dos testes de líderes de torcida, o que seria um certo alívio se o resto deles e as meninas não estivessem falando sobre mim. Foi um pouco difícil saber realmente quais eram os assuntos, pois todos os lugares da qual eu ia todos ficavam quietos e me olhavam rancorosa e/ou desdenhosamente.

Eu quase pude entender o motivo. Eu estava em uma cidade pequena e tradicional. A rotina das pessoas deveria ser sempre a mesma, então, enquanto houvesse uma história a contar, ela seria contada, sendo ou não mudada de uma pessoa a outra.

No caminho para a diretoria passei entre os jogadores de basquete. Não fiz questão de procurar pelo garoto que vira anteriormente. Mesmo se o visse, ele faria como todos estavam fazendo, ele nunca viria falar comigo, apenas se afastaria de mim e me deixaria passar.

Era incrível como os corredores se esvaziavam a minha presença. Todos abriam passagem para mim, eu me sentia como se fosse alguma estrela do rock.

Ou alguma leprosa.

Coloquei distraidamente uma mecha do cabelo atrás da orelha. Olhei para minha roupa. Não me sentia feia. Usava um vestido longo e cinza com um casaco esportivo branco com a palavra "Monique" costurada. Meu colar estava, como sempre, em meu pescoço. Eu tinha hábito de escrever em meu All Star, o que o tornava com uma aparência ainda mais surrada. Minha mão também tinha tinta pelo costume de marcar os dias que faltavam para a Invocação e minhas unhas estavam com um esmalte preto. Aquele era meu estilo, era meu jeito de ser.

Por que eu não podia ser eu mesma?


Depois de uma conversa um tanto longa e bastante relutante (da parte dele), o diretor me explicou que havia confundido meu horário com o de outra pessoa e me entregou uma nova folha de transferência e um novo horário. Cheguei à sala alguns minutos antes de bater o sinal. Havia vários alunos na sala, mas não todos. Alguns me olhavam como em todas as vezes e um outro observava da porta enquanto eu ia até a mesa da professora de inglês, que por acaso se chamava Sra. English. Entreguei minha folha de transferência e ela apertou os olhos para ler.

— Bagunçaram meu horário e eu não tinha aula de inglês alguma. — Eu comecei a explicar. Já estava frustrada e não conseguia evitar demonstrar. Logo minha matéria favorita havia sumido? De maneira alguma eu permitiria aquilo. — Eu tinha História Americana em dois períodos, e eu já tinha História Americana na minha escola antiga.  

A professora assentiu.

— É claro. Escolha qualquer lugar livre.

Olhei para a porta por um segundo. O garoto percebeu e desviou o olhar. Parecia tentar não sorrir, mas apenas sorriu ainda mais. Ignorei. Provavelmente estava rindo da minha frustração.

A professora estendeu um livro para mim. O desenho na capa era simples, apenas um sol avermelhado e a sombra de uma pessoa. O reconheci antes mesmo de ver seu titulo. O Sol é para Todos. O livro parecia nunca ter sido aberto, e eu não duvidava disso.

— Está tudo bem, eu trouxe o meu. — Peguei um exemplar do livro na minha mochila. Era um de capa dura, com uma árvore entalhada na capa. Era bastante velho e gasto comparado ao da professora, pois eu tinha lido diversas vezes. — É um dos meus favoritos. — Apenas comentei para explicar o motivo da velhice do objeto. Não foi uma boa ideia.

Pude sentir mais olhos me encarando. Minha frustração aumentou. Eu não podia nem ao menos admitir ler algo sem ser encarada? Estávamos na aula de inglês, seria tão incomum assim eu dizer que gosto de um livro?

Havia várias fileiras vazias na frente, onde era mais perto da professora. Sentei-me ali, em frente a ela. Talvez eu me sentisse menos incomodada ao sentar em um lugar praticamente vazio. Talvez não fosse perturbada ali. Talvez tivesse paz.

Estava enganada.

Uma das garotas se separou de seu grupo de amigas. Olhar para ela e olhar para as outras era quase a mesma coisa. Seus cabelos louros por um breve — bem breve mesmo — momento me lembraram minha prima Ridley. Ela tinha bronzeado artificial e usava uma saia tão pequena que poderia se passar por uma calcinha sem fundo. Era uma líder de torcida. Ela desviou-se do caminho para o fundo e passou ao meu lado, chutando minha mochila e fazendo deslizar todos os meus pertences.

— Ops. — Não me movi, apesar da raiva me preencher. Eu conhecia garotas como ela o suficiente. Se eu me abaixasse para pegar as coisas ela apenas pioraria a situação. Esperei para que ela seguisse direto ao seu lugar, mas ela não seguiu. Ela se abaixou e pegou meu caderno de poesia, segurando-o com o polegar e o indicador como se fosse um animal morto. — Lena Duchannes. É esse seu nome? Pensei que fosse Ravenwood.

Olhei para o alto lentamente enquanto tentava controlar a raiva que fervia em meu peito.

— Você pode me dar meu caderno?

A sala fez um silêncio mortal, exceto por alguns murmúrios que eu mal ouvia. Algo sobre uma Emily. Talvez fosse o nome da garota, que fingiu não me ouvir folheava as páginas.

— Este é seu diário? Você é uma escritora? Isso é tão legal.

Estiquei a mão e pedi novamente, mas não acreditava que Emily soubesse o significado daquelas palavras:

— Por favor. — Minha voz estava controlada. — Devolva meu caderno.

Ela fechou a capa e afastou de mim.

— Posso pegar por um minuto? É rápido. Eu amaria ler algo que você escreveu.

A raiva me fazia sentir que iria explodir e, do jeito que meus poderes eram confusos, não duvidava que isso pudesse acontecer. Levantei-me e insisti:

— Eu gostaria de tê-lo de volta agora. — insisti. — Por favor. — Eu sabia que aquele movimento podia ser um grande erro meu, pois era quase o mesmo que eu pegar um cartaz escrito "Vou brigar com essa vaca!" e mostrar para toda a sala, além de que muitas garotas como ela tinham uma boa memória quanto a esse tipo de atitude.

Eu estava tão centrada em recuperar meu caderno, tão centrada em evitar que a raiva de algum modo ativasse meus poderes, que não percebi quando ele chegou.

— Primeiro você teria que ser capaz de ler, Emily. — O garoto que estava na porta pegou o caderno das mãos dela e me entregou.

Ele se sentou ao meu lado, ali onde ninguém sentava. Eu não sabia dizer quem estava mais surpreso, eu, Emily ou o próprio menino. O sinal bateu antes que qualquer um pudesse falar alguma coisa. Mantive-me sem expressão enquanto abria o caderno e fingia ignorar os dois. A menina seguiu para seu lugar, ainda incrédula. Tentei não ouvir os comentários dos alunos ao meu redor, mas isso se tornou impossível quando notei que não estavam falando de mim.

Estavam falando de alguém chamado "Ethan".

Olhei de esguelha para o garoto que me ajudara. Era ele. Aquele que eu havia visto na quadra de basquete. Aquele que eu estava sonhando todas as noites.

— Vamos começar, pessoal? — A Sra. English olhou da mesa para nós.

Ethan não foi para o fundo. Eu podia sentir que ele diversas vezes olhava para mim, mas eu não retribuí. Eu não queria que ele se aproximasse de mim. Quero dizer, sim, eu queria, não queria permanecer sozinha daquele jeito, mas sentia que não podia fazer isso. E se ele se tornasse próximo de mim? O que aconteceria? Meus poderes aumentavam a cada vez mais, a cada mês que passasse e quanto mais próximo do meu aniversário. Se faltavam apenas cinco meses, o que eu poderia fazer a ele? Quem garante que eu não o mataria?

O resto da aula passou tão rapidamente que me senti um pouco decepcionada. Não fiquei irritada ou incomoda quando percebi que todas as perguntas da professora eram direcionadas a mim, como se os outros alunos não existissem ou não fossem visíveis para ela. Eu gostava de responder, não me incomodava dizer minha opinião, só Ethan que parecia desconfortável com isso, provavelmente por não ter lido o capítulo ou não ter costume de responder.

Quando o sinal tocou e eu comecei a guardar minhas coisas, Ethan se virou em minha direção e me observou. Esperei que ele dissesse algo, que começasse a conversa, mas tudo o que fez foi ficar ali, me observando até que eu me levantasse e seguisse para a sala da aula seguinte.

A única coisa diferente era que ele não parecia me olhar com raiva.


Ethan não falou comigo e eu não falei com ele o resto da semana. Mas eu permaneci pensando nele, permaneci vendo-o mesmo quando tentava não ver. Não era só isso que me incomodava. Era óbvio que eu estava incomodada em ser sempre o centro de todos os assuntos na escola.

Era o fato de ele ser um Mortal e eu estar com ele em minha mente o tempo todo.

Estava chovendo o dia todo como sempre estivera e eu já estava acostumada com isso. Eu estava na última aula, Música, observando a professora, a Srta. Spider. Era engraçado como os nomes dos professores resumiam sua aparência ou disciplina da qual trabalhavam. O professor de História Americana era o Sr. Lee, um homem que tinha o mesmo sobrenome que um dos generais da qual sempre falava. A aula de Inglês era com a Sra. English e a aula de Música era com a Srta. Spider, uma senhora magricela enlouquecida que eu ainda esperava que começasse a fazer fios de seda e com eles fizesse teias de aranha em algum momento.

Essa aula, assim como Inglês, era uma das poucas que me faziam esquecer pelo menos um pouco todos os comentários maldosos sobre mim. A professora pedira para eu tocar algo, a fim de mostrar aos outros o som de meu instrumento, a viola de arco. Sentei-me na cadeira que a Srta. Spider colocara na frente de todos e ajustei o instrumento contra meu queixo. Peguei o arco e coloquei sobre as cordas. Por um breve momento eu não me movi, então fechei os olhos, inspirei fundo e toquei. Eu não sentia que tocava aquela música. Sentia que ela que movia minhas mãos.

O som era bonito e triste e de alguma forma parecia ir além de meus tímpanos, pareceu mais do que algo de uma simples viola. A música estava em minha cabeça e antes mesmo de eu perceber qual era minha voz cantou em minha mente, apesar de eu estar em silêncio enquanto apresentava.


Dezesseis luas, dezesseis anos
Som de trovão nos seus ouvidos
Dezesseis milhas antes que ela se aproxime
Dezesseis procura o que dezesseis teme...

Antes que eu pudesse ao menos abrir os olhos e voltar a olhar para o resto da banda, senti o vento se agitando ao meu redor. O chão sumiu de meus pés.

Eu estava caindo. Nós estávamos caindo.

Eu estava de volta ao sonho. Vi ele esticar a mão e segurar a minha, suas unhas penetravam em minha pele e me feriam em uma tentativa desesperada de me manter junto a ele, de tentar enfrentarmos a queda juntos.

Não solte!

Ethan ainda queria me ajudar, queria me segurar, mas eu já podia sentir minhas mãos escorregando e as trevas do abismo chegando cada vez mais perto. E então eu escorreguei pelos seus dedos...


— Senhorita Duchannes, você está bem? — A Srta. Spider parecia preocupada.

Abri meus olhos em sobressalto e tentei me concentrar na sala. Todos estavam me encarando como sempre, mas dessa vez pareciam confusos. Eu provavelmente estava com uma aparência pálida e assustada.

Olhei para minhas mãos. Eu ainda segurava minha viola, no entanto, havia algo mais. Minha pele estava arranhada a ponto de quase sangrar e, de alguma forma, havia algum tipo de lama cinza em minhas unhas.

Não, não era lama, era argila. Da onde viera aquilo?

A Srta. Spider colocou a mão no meu braço e eu dei um pulo de susto, quase derrubando meu instrumento. O roncar dos trovões do lado de fora assustou a todos por um momento.

— Gostaria de tomar uma água, Lena? Está passando mal?

— N-Não, senhora. Eu estou bem. — Forcei-me a dizer.

Respirei fundo e me levantei trêmula, seguindo de volta ao meu lugar e levando a viola comigo. Todos ao meu redor murmuravam ainda mais do que o comum, mas só pude entender duas das frases:

— Parece que a aberração viu um fantasma. — Alguém do fundo da sala murmurou, alto o suficiente para eu ouvir, porém baixo o suficiente para que a Srta. Spider não ouvisse. Risadinhas baixas vieram em seguida.

— Provavelmente lembrou do monstro que sempre vê ao se olhar no espelho.

As risadinhas se tornaram grandes gargalhadas. A professora olhou ao redor, confusa, sem saber o motivo da diversão dos alunos. Pude ouvir mais trovões do lado de fora e as batidas rítmicas da tempestade que agora atingia a escola. O sinal tocou e eu comecei a arrumar minhas coisas o mais rápido possível. Saí da sala correndo.

O maior problema não era o fato de estarem falando ainda mais de mim. O problema era mais recente e mais preocupante...

Eu estava sonhando acordada.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Críticas, sugestões, elogios, qualquer coisa? Comentem ou mandem-me uma MP.
Vejam o próximo capítulo nesse mesmo dia, nesse mesmo horário e nesse mesmo canal... Hmm... Esqueçam isso. Espero que tenham gostado. Até mais.



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