“Quem é você?”

Uma pergunta bem simples, não? Apesar dessa simplicidade, ela é algo que deixa muita gente perdida, inclusive a mim mesma. Sabe aquela sensação de quando se sobe em um ônibus lotado no qual você não tem dinheiro trocado, o motorista te devolve um monte de moeda, arranca o ônibus e não sabemos se conferimos o troco ou se seguramos em algo para não cair? Bem é mais ou menos essa sensação.

Se você é daqueles que vai dizer que não precisa segurar em nada porque o ônibus estava tão lotado nem dava para respirar direito, toque aqui amigo. Caso diga que não, eu já aviso camarada, um dia você vai passar pela por essa situação e nesse momento vai se lembrar de mim. Com certeza irá dizer que foi praga minha (“Maldita escritora!”) ou algo do tipo, mas isso é a mais pura realidade. Como diria o autor da frase mais conhecida por todos nós que pegamos condução: “Newton disse que dois corpos não ocupam o mesmo lugar porque nunca andou no ônibus da minha cidade”.

Mas deixemos de lado essa história de ônibus lotado e vamos nos concentrar na questão proposta no inicio.

Sei que alguns vão gaguejar por alguns segundos antes de responder, para somente depois conseguirem falar algo meio superficial. Pode ser que responderão de primeira, dizendo algo sem sentido tipo “Eu sou eu mesmo e só” (sim eu já ouvi essa resposta mais vezes do que consegui pegar o ônibus com algum lugar vago na minha curta vida) ou então vão filosofar sobre a beleza vida a fim de fazer com que seu interlocutor se perca ou simplesmente esqueça a pergunta depois de passar meia hora tentando entender o que aquilo que você disse tem haver com o que foi perguntado.

A verdade é essa pergunta sempre vai está nos rondando e por mais que tentemos não vamos no livrar dela. Mas então onde está a bendita resposta? Ela está dentro de nós mesmos.

Somos o que queremos ser. Nossa essência é única e mutável. O que somos hoje pode mudar e se transformar em algo que jamais pensamos um dia ser. A cada dia aprendemos algo novo e um novo ser nasce a partir disso. Nos surpreendemos com atitudes quem pensávamos que nunca teríamos. Depende de nós encontrarmos nosso verdadeiro eu ou até mesmo de recupera-lo.

E quem sou eu? A maluca que digitou isso.

Sou o que desejar me nomear.

Sou mutável e inconstante.

Sou como a agua que sempre muda de forma seguindo seu fluxo.

Sou como a lua que tem suas fases, sendo muitas vezes radiante e em outras sem brilho algum, mas que apesar disso continuará lá observando o que se passa a sua volta.

Posso ser a bailarina em toda sua delicadeza, a escritora com suas misteriosas e infinitas histórias ou a criança em toda sua inocência infantil.

Posso ser mãe, irmã, madrasta, tia, sobrinha, conselheira (sou muito boa nisso, pena que nem sempre sigo meus próprios conselhos), rainha, bruxa, professora e diarista.

Posso ser tudo e não ser nada. Posso ser o que nunca imaginou ou o que nunca desejava conhecer.

Somente não posso ser o que tentar me obrigar a ser. Minha alma é grande e livre demais para ser aprisionada em um simples frasco.