“ – mãe eu sou gay! ’’ escrita por Itzdara, Personagem 8


Capítulo 12
Capitulo 10 E aquela coisa continuou III


Notas iniciais do capítulo

Arkell o vinho do addae http://sumerechnyimir.rolka.su/uploads/000a/79/80/9296-2-f.jpg



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“Everytthing inside of me

Is what it is, it’s not changing

Not for you, for you

To myself I stay true

(So try)

To understand it when I tell you that I want you out

(Cuz I’ve)

Been reprimanded for the last time, so just shut your mouth

Bite your tongue, ‘cuz I’ve had enough”

Deitado em minha cama olhando para o teto tentando afasta-lo dos meus pensamentos, nada melhor do que uma boa música. Viro de lado e lá esta, minha BC Rich Mockingbird ST TR vermelho transparente, que eu carinhosamente apelidei de “Doce Demônio 2”. “Toc Toc” alguém bate na porta.

— Pode entrar!— digo.

E a porta se abriu revelando meu visitante. Era o novo vizinho. Me ergui num salto e fiquei de frente para ele, eu não sei porque, mas estou com uma vontade de socar a cara dele.

Ele entrou fechando a porta atrás de si, uma mão estava no bolso da frente e a outra descansava na nuca, ele sorria, um sorriso safado e despreocupado que estava me tirando do sério.

— Oi. — disse ele, mostrando todos os seus dentes. Seus olhos fechavam cada vez que ria.

— Oi. — respondi ríspido e mal humorado. — Posso te ajudar em alguma coisa?

— Fui convidado para almoçar, nossas mães estão conversando lá embaixo. — disse ele dando de ombros.

— Isso não justifica a sua presença no meu quarto.— disse “cerrando os olhos”.

— Sua mãe viu que eu estava sobrando e disse que eu podia vir aqui pra conversar com você.

— Você continua sobrando.— indiquei a poltrona que ficava perto da janela. — Sente-se.

Desliguei a música e liguei o vídeo game.

— Prefere jogar ou mexer no computador? — perguntei.

— Jogar. — disse ele animado.

Joguei o controle para ele e mostrei a pilha de jogos que eu tinha.

— Escolha um e divirta-se.— disse apontando para o Puff que ficava em frente a TV. Peguei meu notebook e sentei-me na cama.

— Espere, não vai jogar comigo? — ele arqueou uma sobrancelha e ficou um pouco sério, um pouco! Eu juro que se ele não parar com aquele sorriso de canto vou socar a cara dele!

— Não.— disse enquanto entrava no “Winter”.

— Fiz algo para você? — perguntou ele com uma cara triste.

— Não.

— Então porque esta me tratando desse jeito?

Bufei e segurei meus cabelos com força.

— Tudo bem...— cruzei os braços.— Quer conversar?

— Quero.— disse ele sorrindo.

—Então comece.

— Qual o seu nome?

— Addae. — disse rapidamente. Quanto tempo será que a minha mãe vai levar pra aprontar esse almoço? Esse garoto já ficou aqui tempo demais.

Ele fez um momento de silêncio.

— Não vai perguntar o meu nome?

— Não me interessa...— ele fitou o chão com uma cara triste.— Qual o seu nome? — perguntei monótono e desinteressado.

— Arkell... Ouvi gritos ontem a noite, foram daqui?

— Infelizmente minha mãe só sabe se comunicar gritando e batendo nas pessoas, mas não se preocupe foi apenas uma discussão saudável de casal, só que ela tende a se irritar muito fácil e começa a gritar.

Ele gargalhou, muito, chegou a por a mão no estomago, ficar de joelhos no chão rindo sabe –se Deus do que.

— Qual foi garoto tá rindo do que? — intimei. Se for da minha mãe eu quebro todos os ossos dele.

— Desculpe hahahahaha...hihihi...ai, ai, é que hihihi.

Fui até ele e o segurei pela gola da camisa e de súbito a risada dele cessou. Eu estava extremamente irritado. Um ossinho ou dois não vão fazer falta não é mesmo?

— Perguntei do que esta rindo. — disse maleficamente.

— Eu só achei engraçado a semelhança entre vocês, não estava caçoando de nenhum dos dois é que...—Ele olhou para minha guitarra.— Sabe tocar?

— Vou toca-la na sua cabeça se não se explicar melhor.

— Você é a cara dela e tem o temperamento dela, achei isso tão fofo que não pude conter-me. Suponho que os olhos devem ser do pai?— disse ele aproximando sua boca da minha.

Antes que ele encostasse joguei–o no chão. Arkell estava vermelho de vergonha e devia mesmo.

— Vou fingir que você não ia fazer isso e você vai calar a boca. — disse com convicção.

— Desculpe é que... nunca conheci alguém tão bonito como você...— ele fitava o chão cabisbaixo, mordendo o lábio e tamborilando os dedos no chão.— Mas esqueçamos o que se passou, eu não quero ficar brigado com você... Toca um pouco?— disse ele sorrindo e apontando para o Doce Demônio.

Peguei a guitarra, conectei-a ao amplificador, se tocar vai fazer esse cara ficar quieto eu não me importo de tocar. “Stay This Way” da banda From The Ashes, a música que estava escutando antes dele perturbar minha paz. Não pude evitar cantar.

Everything Inside of me

Is what it is

It’s not changing

Not for you, for you

To myself I stay true

So try…

E ele continuou: To understand it when

I tell you that I want you out

Benn reprimanded for the last time so just shut your mouth

Bite your tongue

Cuz I’ve had enough

Your speaking

Under your breathe too much shut up!

Nossa Ele canta muito! Arkell sorria para mim e eu comecei a sorrir para ele. No final das contas ele não era tão desagradável.

Resumindo, nos entendemos e fizemos mais duetos, juntos somos perfeitos! Cantando somos imbatíveis. Cantamos “My Demons” do Starset logo que acabamos “Stay This Way”.

Minha mãe foi até meu quarto e nos chamou para o almoço.

Assim que o almoço terminou fomos dar uma volta no centro da cidade. Eram 22:40 quando resolvemos ir para a beira da praia, sentamos e ficamos admirando a lua. Arkell segurou minha mão, meu coração começou a correr, não consegui separar a mão dele da minha, apenas fiquei olhando para frente.

— Addae...Você já deve ter percebido...Mas me sinto na obrigação de te contar...— dizia ele enquanto entrelaçava seus dedos aos meus. — Sou gay.

— Isso explica muita coisa. — disse tentando soar divertido apesar de estar aterrorizado.

— Estou falando sério... Se importa de olhar nos meus olhos?

— Ainda não terminou de falar? — disse enquanto virava meu rosto para encara-lo.

— Estou apaixonado por você.— disse ele deixando escapar uma lágrima do olho.

— Nem me conhece. — Mas era só o que me faltava!— Já ficou com uma menina?

— Já e foi horrível! Também já experimentei meninos.

— E...—incitei-o.

— E adorei...Já experimentei mais de dez vezes e adorei em todas elas...Mas nenhum deles me fez sentir tão bem quanto você fez.

— A sua mãe sabe disso?— fui obrigado a perguntar, não é possível que uma mãe aceite uma coisa dessas.

— Mas é claro, não há como esconder as coisas das mães... Sua mãe não sabe que você é? — ele arqueou uma sobrancelha. Como assim?! O que ele quis dizer?!

— E...Eu não sou gay.—

— Esta mentindo.

Separei minha mão da dele e me afastei um pouco. Era só o que me faltava! Era só o que me faltava! Me deixa! Me deixa! Me deixa!

— E pode provar?!— esbravejei.

Ele me puxou pela gola da camisa e me beijou, tentei me separar, mas ele agarrou o meu cabelo e me puxou para mais perto, estava doendo, me beijava forte demais, choraminguei, mas ele nem ligou e continuou a me abusar. Suas mãos deslizavam pelo meu corpo; — Me toque...; suplicou ele, mas não fiz o que ele queria. Arkell me soltou e me olhou com um misto de amor e ódio.

— Eu adorei a versão masculina da sua mãe, é tão forte... — disse ele passando as mãos pelos meus bíceps. — Você faz algum tipo de esporte?

Cerrei os punhos e tranquei a mandíbula.

— Levanta. — falei me levantando.

Ele se levantou, fechei meu punho mais ainda e soquei a cara dele com toda a força. Arkell caiu para trás, seu nariz sangrava muito acho que o quebrei. Esbocei um sorriso de satisfação.

— Já que insiste amor, confesso que preferia te beijar ao te espancar, mas já que insiste. — disse ele vindo em minha direção.

Ele disferiu um soco, mas eu me abaixei a tempo e soquei seu estomago. Segurei-o pelos cabelos e o girei como um carrossel arremessando-o em seguida numa rocha, ele soltou um grito de dor e voltou a atacar, ele tomou impulso e pulou disferindo contra mim um Timio, agachei-me novamente e puxei-o pela canela da perna que o firmava no chão fazendo-o tombar, subi em cima dele e comecei a soca-lo no rosto, ele gritava de dor e implorou para que eu parasse, mas eu só parei quando ele desmaiou. Levantei ofegando. O rosto dele estava todo inchado e sangrando. Virei o rosto e cuspi um pouco de saliva.

—Pensei que fosse me dar uma surra?— provoquei.

Passei minha mão pelos cabelos, eu estava suado. Peguei ele e pus nas minhas costas, eu tenho que leva-lo de volta.

Bati na porta da casa dele e a mãe dele atendeu. Ela Soltou um “Oh” dramático tampando a boca com as mãos. Joguei Arkell no chão.

— É melhor deixa-lo longe de mim e de minha casa se não da próxima vez ele vira para casa num caixão. — ameacei. Eu já tinha conversado com a mãe dele antes Emily, uma senhora muito gentil, se ele não fosse tão parecido com ela diria que é adotado.

Virei as costas e fui para minha casa.

Logo que entrei minha mãe percebeu que havia algo de errado, desliguei a TV e fiquei na frente dos dois, minha mãe e meu pai.

— É o seguinte: Arkell falou coisas de você que não me agradaram e que não vou repeti-las, então para resumir essa prosa maravilhosa eu dei uma surra nele e joguei o corpo imundo e desacordado dele na porta da casa dele e ameacei a mãe dele dizendo que mataria ele se cruzasse meu caminho de novo, fim.

Minha mãe arregalou os olhos e abriu a boca, pensei que fosse me xingar, mas invés disso levantou a palma e fizemos um “toca aqui”, agora foi a vez do meu pai arregalar os olhos e abrir a boca.

— Beatriz! O que ele fez foi errado. — disse meu pai.

— Não posso castiga-lo e muito menos julga-lo Kilik, eu fazia a mesma coisa, mas nunca cheguei a deixar ninguém desacordado. — disse ela com a mão na cintura. Minha mãe se virou para mim e sorriu. — Estou orgulhosa de você, tem torta de camarão na geladeira se quiser.

Fui até a cozinha e me servi de um pedaço de torta de camarão. Terminado fui para meu quarto. Assim que fechei a porta lágrimas escorreram dos meus olhos, limpei-as imediatamente e bruscamente com as mãos. Peguei minha guitarra e comecei:

I’m just a step away

I’m just a breath away

Losin my faith today

(Fallin’ off the edge today)

I am just a man

(I’m not superhuman)

Someone save me from the hate

Meu pai entrou e fechou a porta com força, parei de tocar e larguei minha guitarra num canto.

— Addae, o que aconteceu? — disse ele naquele tom monótono e maléfico que me fazia suar de medo. Ele se encostou na porta e cruzou os braços.

Sentei-me na cama de cabeça baixa, eu dava batidinhas no chão com o pé e balançava a outra perna num ritmo frenético de pavor.

— Como assim? — indaguei.

— Vou ser sincero com você e você será sincero pra mim.

— Tá bom. — concordei meio temeroso. Na verdade completamente temeroso.

— Ouvi uma conversa sua com Elena no sábado...— senti uma fincada no coração e meu estomago dava voltas.— Você é gay?

Comecei a chorar e balançava a cabeça em negativa. Ele correu até mim e segurou meu rosto me obrigando a encara-lo.

— Não negue. Eu nunca quis que você fosse gay e isso nem sequer passava pela minha cabeça, mas você é, não tenho orgulho de ter um filho gay...

— Desculpe pai, desculpe. — disse chorando.

— Tenho orgulho de ter um filho educado, responsável, inteligente, bom caráter, esforçado e guerreiro.— ele encostou sua testa na minha.— Ainda é e sempre será o meu filho, o meu primeiro varão, mesmo que não goste de mulheres, mesmo que acabe casado com um homem... é meu filho e é um homem, então pare de chorar e erga essa cabeça Addae porque você vai dizer pra mim que é gay.— disse ele ríspido.

— Não posso. — disse fungando o nariz.

— Eu fui sincero com você e exijo que seja sincero comigo.

Parei de chorar, sequei as lágrimas e respirei fundo.

— Eu sou gay. — disse seriamente.

Meu pai suspirou e me abraçou.

— Não tem ideia do quanto eu quero que isso seja apenas uma nova fase pela qual esta passando, mas se não for, tudo bem. — O general me soltou e sentou-se no chão de frente para mim. — Agora que já nos entendemos vamos falar da guerra que esta por vir.

— Que guerra?— eu sabia do que ele estava falando, mas me recusava a acreditar.

— A sua mãe, tem que contar pra ela.

— Não! — Me levantei e comecei a dar voltas no quarto. — Pelo amor de Deus pai não.

— A sua mãe tem que saber disso o quanto antes.

Sentei no chão e comecei a pensar. Só tem mais alguns meses até o ano acabar e eu passar de colegial a universitário.

— Será que posso contar pra ela depois das férias?— encarei meu pai.

— Pode, eu prometo que não vou contar nada a sua mãe, mas depois que voltarmos das férias você vai contar pra ela ou eu vou te surrar.

— Ok. — respondi. Meu pai saiu do quarto e eu fiquei ali pensando no que seria de mim sem minha mãe.

O tempo voou, o fim do ano se aproximava. Faltando um mês para as férias minha mãe descobriu estar grávida, menino ou menina? Não se sabe.

Férias você finalmente chegou! Finalmente vou poder me encontrar com meus amigos, Fortaleza ai vou eu!


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