SixHunters (Interativa) escrita por Wondernautas


Capítulo 8
SixHunters e o Necro World


Notas iniciais do capítulo

O último quiz deu Sakura Inoue!

—-Por Sakura Inoue--



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Arco 2 – Necro World

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Um plano paralelo, sem existência determinada. É apenas um espaço vazio, uma fenda dimensional que conecta o Mundo Humano ao Necro World. Estamos caindo em uma imensidão branca, sem nada além de fracos feixes de luz por todos os lados. É uma experiência estranhamente pacífica, contrariando a ideia do que está por vir.

Thoma Dales, Lucky Scarlet, Yuru Lazuri, Luna Song e Raviel Vandid. Eu, também, eu. E, claro, o “exótico animal” que está nos levando ao Necro World.

– De agora em diante, vocês seis devem permanecer unidos em um só ideal. – determina Beth, chamando a atenção de todos, enquanto continuamos a cair em alta velocidade. – Caso contrário, não serão capazes de alcançar Tsuky a tempo.

– Como assim? – questiona Thoma, preocupado. – A tempo de que?

– A aparição daquele Mascarado antes mesmo de invadirmos o Necro World só pode ter uma única explicação. – manifesto-me, tomando as atenções para mim. – Tsuky Scarlet está para morrer.

– Não brinque com essas coisas, Sakura! – Dales reclama, irritado.

– Mas é a verdade. – afirmo, sem olhar diretamente para ele. – Vocês ouviram bem as coisas que aquele tal de Siegfried falou. Tsuky é uma pessoa especial, talvez até demais. E é exatamente o que seu pai precisa, Lucky. – viro meu rosto para ela, mais próxima de mim do que Thoma.

Vejo nos olhos de Lucky um sentimento forte, qual não sei nem identificar. Não parece ser algo direcionado a mim, mas sim algo que ela está usando como combustível para seguir adiante. Uma garota peculiar, de fato. Afinal, foi capaz de fazer sua espada despertar por conta própria. E desde então, o olhar da Scarlet em questão tornou-se muito mais intenso.

– Eu não confio em você, Sakura. – garante Lucky.

Meus olhos se arregalam, acabo deixando escapar a minha surpresa ao ouvir algo assim. Porém, vou sorrindo logo depois.

– Eu nunca pedi a vocês que confiassem em mim. – comento, desviando meu olhar do dela, mas mantendo o meu sorrir. – Não pensem que estou aqui por aquela garotinha. Estou aqui pelas minhas próprias razões.

– Seria esse o motivo por qual sinto em você a aura de uma serpente? – questiona Lucky, ainda me fitando. – Como se fosse capaz de trair, manipular e dissimular com facilidade. Sua cara de boa moça não me convence.

– Serpente? – repito, acabando por rir de leve. – Não é de se estranhar... A espada em minhas costas é a Kusanagi, a espada-serpente. Combina bem comigo...

– Espero que ao menos até irmos ao encontro de Tsuky, seus objetivos não se afastem dos nossos, Sakura. – intervém Beth.

Não respondo. Então, como quem ignorou completamente as palavras trocadas por mim e por Lucky, Thoma lança:

– Vamos nos chamar como?

– Anh? – Luna, sem entender.

– Precisamos de um nome para o nosso time, não é? – sugere ele, dando de ombros, olhando para cada um dos demais, inclusive para mim. – A Beth mesmo que disse que devemos estar unidos em um só ideal. Então, precisamos nos ver como um grupo de verdade, uma equipe. Para isso, temos que ter um codinome.

– Concordo. – Yuru, por sua vez. – Afinal, mesmo que nem todos nós possuamos Espadas Lendárias, foram elas que iniciaram com tudo isso. Então nada mais justo que sermos como elas: seres preparados para lidar com as ameaças do Necro World.

– De agora em diante seremos assassinos então? – Luna, demonstrando não aprovar tal ideia pela feição aflita que apresenta.

– Assassinos não, caçadores. – Thoma corrige. – Caçadores não matam por matar. Caçadores apenas traçam metas e lutam por elas, caçam seus alvos com dignidade e valor.

– Gostei. – Beth, por sua vez. – É exatamente esse espírito que todos vocês devem ter. Tendo em mente, é claro, que reencontrar Tsuky não resolve todos os problemas. O Necro World guarda muitas ameaças perigosíssimas ao Mundo Humano. Criaturas que devem ser detidas.

– Seria tudo muito mais fácil se alguém desse a sua vida pela renovação do lacre do Necro World. – comento. – É esse também o pensamento dos Mascarados. Creio que convencerão Tsuky Scarlet.

– Você concorda com eles? – indaga Thoma, agora bem sério.

– Sim. Para o bem de todos, em todos os ângulos existentes, é melhor o sacrifício de apenas um. – explico. – Entretanto, eu nunca coloquei o bem comum à frente dos meus objetivos. Selar o Necro World afastaria as ameaças, mas também me afastaria do que quero.

– Afinal de contas, Sakura Inoue, o que você quer? – pergunta Raviel.

– Vocês não precisam saber agora. Desde que entendam que, para chegar onde quero, preciso fazer o mesmo que vocês: impedir que a vida de Tsuky Scarlet desapareça para a renovação do selo. – articulo. – Então não se preocupem com detalhes. Quanto ao nome desse “time”, Thoma... – e olho para ele. – Que tal SixHunters?

– SixHunters? – repetem, juntos, Yuru, Raviel e Luna.

– Sim. Somos em seis. E somos “caçadores”. Somos SixHunters. – resumo.

– Gostei. – admite Thoma, risonho. – Por mim, fica sendo SixHunters.

– Também aprovo. – Yuru, por sua vez.

– Pode ser. – Luna e Raviel, juntos.

– Tanto faz. – Lucky, dando de ombros, ainda me observando.

– SixHunters! – exclama Thoma. – Nós somos SixHunters!

Acabo rindo de leve, mais uma vez. Como é tolo esse Thoma Dales. Ao mesmo tempo, ele tem algo de diferente dos demais, até mesmo de Lucky, que alcançou um feito memorável como enfrentar um Mascarado experiente apenas com força de vontade. Ele tem algo de especial que só vi igual em uma pessoa por toda a minha vida: Tsuky. Não sou sensitiva, nem tampouco me importo com os sentimentos alheios. Entretanto, é indiscutível uma verdade: esses dois estão muito distantes, mas ao mesmo tempo, muito próximos. Não devo ser equivocada ao ponto de ignorar isso. Afinal de contas, cedo ou tarde, o laço entre Thoma Dales e Tsuky Scarlet pode se tornar um empecilho para as minhas metas. E caso isso aconteça, serei eu mesma quem cortará esse laço.

– Preparem-se! – exclama Beth. – Estamos para chegar!!

Repentinamente, o vácuo em que estamos começa a sofrer deformações, sinais de que estamos chegando à dimensão do Necro World. Em poucos segundos, uma grande cortina de luz nos cega. Quando reabro meus olhos, meus pés já estão sobre o chão, um “terreno inesperado”.

– Este é o Necro World? – Thoma, surpreso, olhando para todos os lados.

– Sim. Mais precisamente, a Ilha das Amazonas. – determina Beth.

O céu é azul como o Mundo Humano. O local à nossa frente parece uma floresta comum como qualquer outra. Atrás de nós, a imensidão do oceano. Nossos pés estão sobre a areia do litoral.

– Ilha das Amazonas? – Raviel, meio perdido.

– Está me dizendo que esta ilha é território das índias guerreiras das lendas gregas? – questiona Luna.

– Exato. – confirma Beth. – Não apenas isso. Este é um dos quatro Grandes Reinos.

– Grandes Reinos? – indaga Thoma.

Apesar de saber praticamente tudo sobre este mundo, é a primeira vez que coloco meus pés aqui. É fascinante, emocionante. Meu coração está acelerado e meu corpo está todo arrepiado. Meus olhos, muito provavelmente, brilham agora revelando a minha alegria. Sinto-me cada vez mais próxima do que quero. A primeira etapa foi o despertar da Kusanagi. A segunda, minha aliança a um grupo que fosse bom o suficiente para ser usado ao meu favor. A terceira, agora realizada: a invasão ao Necro World. Tudo está indo conforme o planejado...

– O reino dos Mascarados e o reino das Amazonas são dois dos Grandes Reinos. – define a coelha. – São quatro reinos responsáveis pela ordem neste mundo. Os Mascarados, que um dia ergueram as Espadas Lendárias, não foram os únicos responsáveis pela vitória da humanidade na batalha de tempos atrás.

– Isso significa que você tem uma aliança com a imperatriz das Amazonas? – pergunto, tentando esconder a minha emoção por estar aqui, olhando para Beth.

Acredito que ninguém percebeu a exaltação dos meus sentimentos. Estou controlada agora.

– Digamos que sim. – ela responde.

– Então teremos aliados para enfrentar os Mascarados? – questiona Yuru.

– Não exatamente. – Beth discorda. – Os Grandes Reinos não devem entrar em conflito dessa forma. Se os responsáveis pela ordem neste mundo entrarem em guerra, as criaturas malignas que nele habitam podem se aproveitar para tomar o poder. Isso seria catastrófico, pois eles alcançariam os segredos por trás do selo do Necro World e, então, invadir o Mundo Humano.

– Então o que viemos fazer aqui, afinal de contas? – Thoma, mais uma vez.

– Não pensem que declaramos guerra aos Mascarados. Mesmo que por métodos tortuosos, o que estão fazendo é pelo bem comum, como a Sakura comentou. Apenas não concordamos com tais métodos. – explica Beth. – Sendo assim, vamos pedir uma ajuda à imperatriz das Amazonas.

– Mas esse lugar não parece muito seguro. – comenta Luna, parecendo estar assustada.

– Se estava com medo, nem deveria ter vindo. – afirmo.

– Não, não é isso. É que...

Repentinamente, algo interrompe as palavras de Luna: a aparição de um grotesco trio de criaturas. Ogros, sujos e monstruosos, com cerca de quatro metros de altura cada um. Ambos carregam uma espécie de clava que devem usar para atacar seus alvos.

– Que coisas são essas!? – Luna, por sua vez.

– São ogros selvagens. – revelo, retirando de imediato a minha Kusanagi da bainha. – Eles vão nos atacar.

Os três acabaram de sair da mata e, agora, estão à certa distância de nós, parados. Ogros não são seres muito inteligentes, mas são extremamente agressivos.

– Eles têm olhos e focinho como os de um javali. E gigantescos! – Raviel nota, impressionado com as criaturas em questão. – São mesmo como os ogros das lendas.

De imediato, os três ogros urram e saltam contra nós. Sem esperar mais nenhum instante, declamo:

– Segunda forma: Kusanagi!

Minha espada se transforma. Então, dessa maneira, eu também salto. Ainda no ar, já bem próxima dos três, desfiro um golpe horizontal contra o mais alto dos ogros. Porém, mesmo fazendo seu sangue jorrar, não é o suficiente, pois a criatura consegue revidar com um soco do seu punho esquerdo – com o direito carrega sua clava, assim como os outros. Bloqueio com a minha lâmina, mas ainda assim, sou jogada a metros de distância.

– Sakura!! – Thoma grita por mim, enquanto os outros dois ogros se aproximam dele e dos demais.

– Eles são muito fortes! – exclama Luna, assustada.

Somente eu, Thoma e Lucky apresentamos habilidades consideráveis de luta no grupo. Yuru, apesar de estar com o arco e as flechas que dei a ele, é completamente inexperiente. Luna e Raviel, nem mesmo métodos para se defender possuem.

– Droga! – reclamo, levantando-me com dificuldade do lugar para onde fui jogada.

O impacto me machucou um pouco, mas teria sido muito pior se eu não tivesse me defendido. É quando vejo Thoma e Lucky, com suas espadas, se protegendo dos ataques dos dois ogros.

– Sakura, cuidado!! – Beth me adverte.

Olho para cima, espantada. O ogro que eu atingi com aquele golpe está enfurecido, manejando a sua clava para me dar um ataque fatal.

– Ogro imundo! – grito, preparando a minha espada. – Não morrerei nas suas mãos sujas! Corte da Víbora!!

Movimento rapidamente a minha lâmina, como quem está cortando um adversário. O movimento dispara uma energia púrpura, o Corte da Víbora, que atinge o corpo do ogro. Salto para trás e então ele cai de bruços na areia.

– A Segunda Forma de uma Espada Lendária dá acesso a uma técnica secreta, própria de cada espada. – falo, enquanto o ogro se contorce de dor no chão. – O Corte da Víbora nada mais é que a projeção do corte da lâmina da Kusanagi em forma de uma energia ácida, que age como o veneno de uma serpente. O local atingido é corroído e o corpo sofre as consequências do veneno.

Uma pessoa normal jamais sobreviveria a um golpe desses, ainda mais naquela distância em que estávamos. Porém, essa coisa asquerosa está longe de ser uma pessoa. Apesar do evidente sofrimento, o ogro se levanta, com dificuldade, ainda segurando firmemente a sua clava. Me espanto e então é quando ele corre mais uma vez em minha direção.

– Corte da Víbora!! – exclamo, movimentando a minha espada por mais três vezes.

E mais três cortes diagonais acertam o corpo do monstro, que cessa seu avançar, urrando mais alto do que antes. Dessa forma, ele cai ajoelhado e seu corpo tomba sobre a areia.

– Eu não nadei tanto para, literalmente, morrer na praia. – falo, observando o corpo inerte da criatura. – Prosseguirei, seja qual for o preço que eu tenha de pagar por isso!

Redireciono meu olhar para Thoma e Lucky. No momento, eles estão tendo dificuldades para lidar com os dois outros ogros. Apenas conseguem se defender, recuando cada vez mais.

– Thoma não alcançou a Segunda Forma da Excalibur. Lucky se desgastou demais para enfrentar Siegfried. Ambos não estão em condições de derrotar esses dois desprezos da natureza.

Corro tendo como alvo os dois ogros ainda vivos. Declaro para Thoma e Lucky:

– Afastem-se!

Então, eles saltam para trás. Dessa forma, movimento duas vezes a minha espada, tendo em cada uma o alvo de um ogro.

– Corte da Víbora!!

Ambos recebem os golpes pelas costas, urrando de dor. A corrosão começa imediatamente, queimando o local atingido. Mais que depressa, para completar o serviço, salto para cima deles. E desfiro um corte com minha lâmina em cada um, mas desta vez, no tórax das criaturas. Eles tombam.

– Ufa... – Luna se vê aliviada. – Você nos salvou.

Guardo a minha espada. De costas para os demais, digo:

– Não foi prazer nenhum enfrentar essas criaturas. Se eu estivesse sozinha, apenas escaparia. Prefiro dar as costas a lutar contra seres indignos.

– Aqui não é um dos Grandes Reinos, Beth? – questiona Thoma, guardando sua espada, tal como Lucky está fazendo em silêncio. – Por que, então, esses bichos estavam neste território?

– Ogros, sátiros, vampiros, dragões, quimeras... Neste mundo, há de tudo. – me manifesto. – Estarmos em um dos Grandes Reinos não significa que estamos seguros. Sem contar que estamos no litoral desta ilha, longe do núcleo do império das Amazonas. Aqui a segurança é mais fraca, provavelmente.

– Correto. – Beth confirma. – Para alguém que nunca veio até aqui, você sabe até demais. O que você está escondendo?

– Será que é inteligente da nossa parte perdermos mais tempo aqui? – questiono. – Quanto mais tempo perdemos, mais difícil será resgatar Tsuky.

– Tem razão. – concorda comigo, suspirando de leve e dando-me as costas. – Vamos prosseguir.

A coelha começa a dar seus saltos, mais ágeis que os “coelhos convencionais”. Então, eu e os outros cinco vamos seguindo-a. De relance, olho para trás, para os corpos dos ogros. Não tenho interesse algum em seres de tão baixa classe. Contudo, quanto mais avanço no Necro World, mais aumentam as chances de encontrar algo de real valor.

– O que exatamente faremos nos encontrando com a líder deste território? – Thoma, curioso.

– Iremos trocar informações, primeiramente. – Beth responde. – Ela, assim como os outros dois imperadores além do mestre dos Mascarados, já está ciente de que Tsuky Scarlet foi trazia do Mundo Humano para cá. Ela não pode enviar seu exército diretamente contra os Mascarados, mas pode nos informar de tudo o que precisamos.

– Como assim? – Yuru, querendo entender melhor.

– Beth está querendo dizer que ainda não sabemos com clareza com o que vamos lidar. Não sabemos se Tsuky está sendo forçada a algo ou se ela tomou suas próprias decisões. – interfiro. – Sem contar que para reforçar o selo do Necro World é uma espécie de ritual e todo ritual leva tempo para ser preparado e realizado. Nós não temos essas informações, mas a imperatriz das Amazonas tem.

– Entendi. – corresponde Yuru. – Se tivermos um tempo maior, passaremos esse tempo desenvolvendo e aprimorando nossas habilidades, não é mesmo?

– Sim. – confirma Beth. – O exército das Amazonas é muito diverso e possui guerreiras de todos os quatro estilos e hábeis em diversas formas de combate. Vocês terão mentoras temporárias para se desenvolverem, mesmo que em curto período. Não podemos ir até o território dos Mascarados na atual condição em que se apresentam.

Até mesmo eu, a mais experiente do grupo, tive trabalho para lidar com meros ogros selvagens. Os Mascarados vão muito mais além. Lidar com eles será bem mais problemático caso combates não possam ser evitados.

– Não faz mal. – declara Thoma. – Somos a SixHunters. Estamos unidos, não é mesmo?

Ele olha para cada um de nós. Todos concordam com um sorriso, exceto eu. Fecho meus olhos, mas não cesso meu avanço.

Thoma Dales, não se engane. Como eu mesma disse para Lucky Scarlet, nunca pedi para que confiassem em mim. A serpente é traiçoeira e audaciosa, pois quando menos se espera é que ela dá seu bote fatal. E eu, como já disse muitas vezes para mim mesma, estou indo em busca dos meus objetivos sem medo de prosseguir. E custe o que custar!


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Notas finais do capítulo

Quiz do capítulo: quem deve narrar o próximo capítulo?

A) Thoma
B) Siegfried
C) Mestre dos Mascarados
D) Mestra das Amazonas