Depois de explicar para minha mãe que Kyara é apenas uma conhecida, que a salvei de se afogar porque estava bêbada, ela compreendeu. E então passamos o resto da tarde vendo seus filmes favoritos. Depois que arrumei o jantar e que fomos nos deitar, eu me permiti a pensar no dia de hoje. Aquela atração louca que estava acontecendo comigo e Kyara tinha que ser efeito de algo, e eu sei que estava muito próximo de beijá-la, mas graças a Deus minha mãe chegou.

Tomo um banho e me preparo pra dormi, vou até o quarto da minha mãe, e me despeço dela, e vou para o meu, e assim que me deito na minha cama, o perfume de Kyara me atinge feito algo afiado, meu travesseiro está com o cheiro dela, tento ignorar isso e tento dormir.

Acordei agitado com o despertador do meu celular tocando. Eu tinha acabado de sonhar com Kyara Keller, e envolvia morangos e chantilly, e eu acordando completamente excitado. Me levanto da cama e vou direto para o chuveiro, e com certeza tomarei um banho bem gelado.

Assim que saio do banho, arrumo meu material, e troco de roupa, e me preparo pra sair. Mas antes, arrumo o café da manhã para minha mãe, e como sei que daqui a pouco Maria chega, ela mesma dá pra minha mãe. Vou até o quarto pra pegar meu celular, quando escuto um som diferente vindo da minha mesinha, e então percebo que o celular que está tocando não é meu. Kyara deixou o celular aqui, o pego também e coloco no bolso. Pego minhas chaves, e vou pra escola.

Quando cheguei na sala, parei na porta. Kyara estava lá dentro, sentada na primeira carteira, com cabeça baixa e o professor nem tinha chegado, ela nunca chega cedo, sempre atrasada. Fico em dúvida se devo entregar o celular agora, ou depois quando estivermos na aula de português, mais Carla me grita lá de trás.

– Rick, bebê. - Kyara levanta a cabeça na hora, e me olha, seus olhos estão vermelhos, e com certeza ela esteve chorando, ela está com calça jeans e uma blusa de manga cumprida, o que é estranho já que está calor hoje. Eu e ela continuamos nos encarando, seus olhos não parecem os mesmos, estão na verdade opacos, sem nenhuma emoção.

– Ei, vai vir sentar ou não? - Ben grita lá de trás, paro de encará-la, e vou pro meu lugar. Sento no meu lugar e sossego, mas não tiro o olhar triste dela da minha cabeça. O professor chega, e começa a falar. Meus olhos estão nela de novo, e de novo, de repente levo um cutucão do nada.

– Que foi cara? - me viro e Bem está me olhando feio. - Para de secar a garota desse jeito, todos já perceberam. - olho pro lado, e posso ver que é verdade, eles estão olhando pra minha cara, abaixo a cabeça e tento me concentrar na aula.

– Senhor, poderia liberar a Srtª. Keller, o pai dela está na secretaria. – dona Neli, estava à porta da sala, quando já está quase acabando a aula. O professor assente, mais Kyara não levanta do lugar.

– Não quero falar com ele. - ela diz. Percebo eles surpresos com a atitude dela.

– Eu imaginava que você iria fazer isso, Kyara. - um homem, alto e musculoso entra na sala, estão todos prestando atenção nos dois. - Pare de pirraça e venha agora.

– Eu não quero ir. - ela diz, com a cabeça baixa; - Se eu não for vai fazer o que fez ontem? - o vejo fuzilar ela com os olhos, mas concorda e vai embora.

E agora o colégio tem uma fofoca nova pra contar, percebo que Carla está vibrando com o que acabou de acontecer, ela está sorrindo abertamente, quando ela me olha o sorriso morre, ela franze as sobrancelhas, e se vira pra frente. Todos começam a cochichar e falar sobre o que acabou de acontecer, e eu continuo a tentar não ficar encarando ela. Então sinto seu celular vibrar, e vejo uma mensagem:

“O boy não tira os olhos de você. Admite que você esteja gostando dele.”

Percebo que a amiga dela está falando de mim, e sorrio involuntariamente, será que Kyara Keller está afim de mim?

Acabando a aula, o professor sai e logo a Luciana entra, e nos manda juntarmos com nossas duplas. Nós nos sentados juntos e Kyara está tão calada que está me dando nos nervos.

– Você está bem? - eu pergunto.

– Já respondi pra você, há alguns segundos. Eu estou bem.

– É porque não parece. - eu digo, então me lembro do seu celular. - Você esqueceu isso lá em casa.

– Nossa, nem percebi que tinha esquecido. Obrigado. - ela diz pegando o celular, e então ela mexe um pouco e do nada eu recebo um soco.

– O que foi isso? - eu pergunto surpreso.

– Você leu minhas mensagens? Estão todas visualizadas, na verdade você trocou mensagem com Sam. - ela diz, e então me dá mais um soco, mas quando percebe que não sinto dor nenhuma, ela começa a me arranhar. - Você é muito abusado. Porque não entregou meu celular assim que chegou?

– Você estava mal, não queria te incomodar.

– Serio? Você escreveu pra Sam que eu estou gostando de você, isso é muito “não queria te incomodar”. - ela diz tentando imitar minha voz.

– Você não sabe me imitar. - eu digo rindo.

– Tem certeza? - ela diz, então faz uma cara estranha. - Sou o Rick, o maior pegador da St. Junes, eu pego todas as gatinhas.

Eu começo a gargalhar, ela foi muito engraçada me imitando.

– Ok, agora é minha vez. - eu digo, então faço uma cara que penso ser de menina, e me viro pra ela. - Oi, eu sou a Kyara, mimada e perfeitinha, e a mais inteligente da turma.

Então ela começa a rir, e eu me junto a ela, estamos rindo horrores, até que a professora nos interrompe.

– Já que essa dupla está tão sorridente hoje, vocês serão os primeiros a me contar se planejaram algo para o trabalho.

Eu e Kyara paramos de rir na hora, ela está desesperada eu posso ver.

– Você passou o trabalho ontem professora. – Kyara reclama.

– Ah, mas vocês estão tão felizes que me deu vontade de ver o que vocês irão fazer. – Luciana responde sorrindo de lado.

– Eu pesquisei ontem um pouco sobre o trabalho, só que não me lembro de quase nada e não trouxe o que anotei. - ela cochicha comigo.

– Vamos ter que dá um jeito. - eu digo sorrindo pra ela. - Ah vamos lá, você é Kyara Keller, você sabe de tudo, se lembra?

Ela abre um sorriso lindo e então joga o cabelo, e me puxa pela mão pra frente da turma. Acho que essa parceria nem é tão ruim.