Encontrando o Amor escrita por Thamires Dias


Capítulo 26
Capítulo Vinte e Seis




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Já faz algum tempinho que sei que Kyara está me encarando. Depois da noite de ontem, só consigo me sentir satisfeito. Quando Kyara me chamou pra sua casa, obvio que imaginei que ficaríamos nos amassos, sempre ficamos e eu nunca force pra irmos mais adiante. Eu sabia que ela já tinha uma experiência ruim diante ao sexo, e esperei ela estar pronta e estou bastante feliz por ter esperado.

– Você pode parar de me encarar por favor? - eu digo ainda com os olhos fechados.

– Não. Achei que estava dormindo. - ela diz se deitando no meu peito.

– Eu estava até sentir que alguém estava me encarando. - falo, puxando seu cabelo. Ela dá um risada, mais logo para quando escuta um barulho.

– Aiin, que droga. Será que é minha mãe? Se ela te ver aqui, eu vou morrer. Não pode ser ela, já que está viajando.

– Sua mãe sabe que estamos namorando. Eventualmente, deve saber que ... - ela coloca a mão na minha boa me fazendo parar de falar.

– Bom dia casal. Finalmente foram lá em. - Jonathan aparece gritando depois de abrir a porta. Kyara está olhando-o com raiva e eu estou sem graça já que estou apenas de cueca.

– SAI DAQUI AGORA. - ela grita pulando da cama e começa a bater nele, empurrando-o pra fora, ele está dando gargalhadas quando a porta se fecha.

– Olha descem logo, não quero que vocês façam algo enquanto eu estou em casa. - ele grita pra porta fechada. - Isso seria desrespeitoso.

– Como pode ser tão chato? - Kyara fica indignada, quando ela se senta na cama ela faz uma careta de dor.

– Amor, você está muito dolorida? - pergunto preocupado, já que ontem depois do tapete, fomos pra banheira, e depois pra sua cama. Deve ser complicado ser mulher, a gente sempre está pronto pra outra.

– Um pouco, não dói tanto só é desconfortável. - ela diz.

– Eu me animei um pouquinho, né? - digo ainda me sentindo culpado.

– Se você for desse jeito só comigo, posso até aceitar sua animação. - ela levanta e entra no banheiro. Quando entro atrás dela, a vejo pegando sua escova e colocando pasta, paro atrás dela e beijo seu pescoço enquanto ela escova os dentes. Ela abre o armário e pega uma escova de dente ainda na embalagem e me dá.

Aproveito pra escovar os dentes também, e me deparo com uma cena engraçada, eu e ela juntos, como se fizéssemos isso todas as manhãs. E eu juro que nos vendo assim posso um lugar onde Kyara e eu estamos vivendo juntos, e todas as manhãs são assim.

– Porque você está me olhando assim? - ela me pergunta depois de lavar a boca.

– Nada. - digo desfaçando, já que nem tinha percebido que estava a encarando.

– Vou descer. Ver o que o David está aprontando. - ela diz saindo do banheiro.

– Ei tem como você vê se meu celular está carregado, já estou descendo.

Escuto ela sair e troco de roupa e fico repassando a noite que tivemos. Parece tanto que ela pertence a mim, que foi feita só pra mim. É difícil enxergar a realidade que está bem próxima de nós, o ano já está acabando e ela já está mandando suas inscrições paras universidades e eu vou continuar aqui preso nessa cidade, como todos já sabem.

Desço as escadas sem camisa já que minha namorada está com ela, chego na cozinha sorrindo pronto pra irritá-la, mas paro ao ver sua expressão ao eu entrar.

– O que está acontecendo? - pergunto olhando dela para seu irmão que também está me encarando.

– Hum, melhor deixar vocês conversarem. - John diz e aperta meu ombro ao sair pra sala.

– Baby, porque está chorando? - pergunto ao ver algumas lagrimas caírem dos seus olhos. Então a puxo para meus braços.

– Quando desci com seu celular, ele começou a tocar e era a Maria. - ela diz ainda abraçada comigo, eu a puxo e encaro seus olhos.

– Fala logo, baby. - digo já preocupado. - Aconteceu algo com minha mãe?

– Sua mãe teve um derrame, e está no hospital. Ah! meu amor, eu sinto tanto.

Meu mundo simplesmente desmorona, minha mãe tem poucas horas? Como isso é possível, ontem eu a vi com saúde e sorrindo pra mim.

– Eu tenho que ir. - eu digo rápido, meu coração está acelerado. - Eu tenho que ver minha mãe.

– Claro que sim. - Kyara diz. - Vou trocar de roupa, vamos pra lá agora.

– Não, você fica. - eu digo, não a quero lá. Não quero que ela veja o quanto eu estou prestes a desmoronar.

– Nem pensar que eu deixo você dirigir sozinho, nervoso do jeito que está. - ela diz batendo o pé.

– Kyara, não vou discutir isso com você agora. Cadê a chave do meu carro? - digo indo pra sala, procurando no sofá, na mesinha. - Onde eu deixei a PORRA da chave?

– Se não quer que vá com você tudo bem. - ela diz ao entrar na minha frente. - Só peço que deixe o John te levar. Você está preocupado e nervoso, não é uma boa combinação para dirigir. - então ela dá uma fungada, e vejo o quanto a machuca dizer as palavras seguintes. - Quando você me quiser lá, me liga. Eu levo seu carro.

– Ok. - concordo. E John me leva pra garagem.

Ele então tira a moto, e quando estou pra colocar o capacete, Kyara vem em minha direção com a minha blusa na mão, ela está com o vestido de ontem todo amassado. É quando percebo que ainda estou sem camisa, ela estende a camisa pra mim e eu a visto.

– Ricardo, por favor, não me afasta agora. - ela diz chorando.

– Não estou te afastando. Eu só quero ficar sozinho com a minha mãe.

– Eu sei. Mas eu estou aqui, pra te dá todo apoio, suporte, tudo o que você precisar, porque eu te amo demais. - ela fala me puxando pelo pescoço para depositar um beijo em minha boca. - Vamos fazer isso, quando John voltar, eu vou atrás de você, ok?

Assenti com a cabeça, e lhe dou mais um beijo, eu sinceramente agradeço por tê-la.

Monto na moto, e vamos em direção ao hospital. No caminho todo, eu não conseguia entender o que estava sentindo. Confusão nem me descreve, esses últimos meses minha mãe esteve em prefeitas condições, em todos exames não era visto nenhum problema e nenhuma fatalidade vindo. E foi só eu me afastar um pouco que algo acontece com ela. Com o namoro, as saídas com os amigos, o trabalho, eu raramente passava o tempo com minha mãe. Maria praticamente morava na minha casa, enquanto eu me divertia.

Jonathan me deixou na porta, apertou minha mão e foi embora. Entro meio correndo pro hospital e vou direto para o elevador, esse é o hospital em que eu fiz o plano de saúde dela. Assim que vejo a bancada corro até lá.

– Poderia me dá informações sobre Luiza Becker? - pergunto a recepcionista.

– Qual parentesco com a paciente? - ela me pergunta.

– Sou o seu filho. - ela me olha com tristeza.

– Ela está na sala 507. - ela responde.

Então eu ando pelo corredor procurando o quarto, assim que o acho já vou entrando e vejo Maria sentada ao lado dela. Meu coração para ao ver minha mãe desacordada, respirando com a ajuda de aparelhos. Parece que eu tenho sete anos de idade de novo, quando meu pai nos abandonou e ela teve uma crise e ficou no hospital praticamente dois meses.

– Oi querido. - Maria disse, ela me abraçou e pude perceber o quanto seus olhos estavam vermelhos.

– O que aconteceu? Quer dizer, como aconteceu? Quando sai de casa ela estava tão bem. - digo me sentando na poltrona ao lado da cama.

– Foi muito de repente. Eu tinha acabado de ajudar ela com o banho, e ela não parava de falar o quão satisfeita estava, mas não me dizia com o que. Quando ela deitou, fui a cozinha pegar a comida para ela e quando voltei ao quarto ela estava desmaiada. Liguei para a ambulância imediatamente, e logo depois liguei para você, mas só dava caixa postal. - Maria conta.

– Eu desliguei o celular. O que foi idiotice, obvio. - digo já sentindo a culpa me corroer por dentro.

– Não se culpe. Sua mãe nunca aceitaria. - Maria diz, assim que percebeu que estava me culpando.

– Cadê o médico, quero falar com ele? - eu pergunto me levantando ao mesmo tempo o doutor entrou.

– Olá, Ricardo. Me avisaram que você chegou. - Dr. Weasley me cumprimentou. - Filho, você pode vir aqui fora um momento. - ele fala deixando a porta aberta.

– O que minha mãe tem, doutor? - pergunto com muito medo da resposta.

– É complicado. Não sabemos o motivo, mas pelos exames que fiz sua mãe corre perigo de vida.

– Como isso é possível? Até os exames da semana passada, estava tudo bem.

– Eu sei disso, mas leucemia é muito inconstante. Por exemplo, dê uma olhada aqui. - ele diz, me mostrando o raio X da minha mãe. - Lembra que na última radiografia isso aqui estava transparente? Só que agora tem esse caroço localizado nesta área. Esse é o grande problema, se sua mãe não operar para retirar o caroço, ela pode vir a falecer.

– Então a opere. - eu ordeno.

– O problema é que a operação também é perigosa. E é preciso a sua autorização para ela acontecer. - ele diz com pesar.

– Cadê a papelada? Eu assino o que for. - eu digo.

– Então vou mandar preparar a sala de cirurgia. E já mando a enfermeira te levar no jurídico. - ele diz virando as costas e saindo.

Entro no quarto de novo, e explico a Maria o próximo procedimento e a peço para ir em casa pegar algumas coisas da minha mãe e descansar que passarei o resto do dia aqui.

Demora praticamente a manhã inteira para resolver as papeladas no jurídico do hospital, mas assim que assino os papeis e dou a liberação para a operação. Eles levam minha mãe para o centro cirúrgico.

E neste momento percebi que precisava de alguém pra ficar comigo, ou melhor, que eu precisava dela comigo.

Rick: Sei que fui um idiota, mas preciso muito de você aqui.

Em alguns segundos recebo a resposta.

Baby: Sim, você é um idiota. Estou na garagem do hospital faz duas horas. Estou subindo.

Meus lábios se abrem em um sorriso triste, parte de mim não quer ela aqui pra ver como minha vida é fodida, mas a outra parte necessita que Kyara esteja comigo nesse momento.

Depois de alguns minutos, Kyara (Kyara) chega com duas sacolinhas, se senta do meu lado.

– Trouxe um hambúguer pra você. Já comeu algo? - ela me pergunta.

– Não, na verdade não estava sentindo fome até agora.

– Como ela está? - ela pergunta segurando minha mão.

– Acabou de entrar na sala de cirurgia.

– Tenho certeza que tudo vai dá certo. - ela me dá um beijo na bochecha. - Agora come, porque na hora que ela acordar e você estiver sem comer, nós duas vamos te dá acabar com você.

Abro meu lanche e como, ela trouxe uma latinha de refrigerante também.

– Você é a melhor namorada que existe, sabia? - digo puxando o saco.

– Claro que sabia. Ei, sou Kyara Keller.

– Sabe uma coisa que você não é? - eu a pergunto.

– O que?

– Humilde. Baby, você não é nada humilde! - ela me dá um tapa, e depois se aconchega em mim.

– Eu te amo Rick, e acho que você não tem noção do quanto. - ela sussurra e me abraça mais apertado.

– Eu também, Baby.

Duas horas depois, o doutor aparece no quarto e nos levantamos ainda de mãos dadas.

– Como ela está? - Kyara pergunta. Eu não digo nada por que já sei a resposta, só de olhar o semblante do doutor já sei a resposta. As lagrimas escorrem dos meus olhos, e eu solto a mão da Kyara.

– Ela não resistiu, infelizmente. - o Dr. Weasley responde. Kyara coloca as mãos na boca, e me olha também com lagrimas.

Só que raiva me sobe de um modo que nunca senti na minha vida, me viro e soco a parede com toda minha força vejo Kyara pular assustada.

– Ricardo, por favor, se acalme. - o doutor diz, mas não me segura quando soco novamente a parede.

– Eu sinto tanto, Rick. - Kyara diz me abraçando e me impedindo de socar algo novamente. Só que não consigo devolver o abraço, me sinto sem chão, não sinto nada no momento, estou simplesmente vazio.

– Você é único que pode resolver as coisas do funeral? - o médico pergunta.

– Não. Pode deixar tudo comigo. - Kyara toma a frente, e me solta. Posso ver em seu rosto que ela está quebrada, mas no momento não consigo confortá-la. Por que eu não estou apenas quebrado, estou destruído

– Rick, a gente ficou sabendo que sua mãe estava no hospital. Viemos assim que Maria ligou. Como ela está? - Carla diz abrindo a porta do quarto. Ben entra logo depois, mas logo percebem as minhas lágrimas. Então ela corre em minha direção me abraçando.

– Ah! Cara, sinto muito. - Ben diz me abraçando também. Não sei por que mais meus braços os envolvem também. Então parece que sinto algo perfurando meu peito, sem forças acabo caindo no chão e Ben cai junto comigo enquanto Carla se vira.

– Ei aonde você vai? - ela pergunta.

– Vou conversar com o Dr., resolver as coisas. - ouço Kyara responder.

– Você não vai ficar aqui? - Carla pergunta. - Deixa que eu resolvo isso.

– Não precisa, eu já disse que resolvo. - ela diz. - Eu acho melhor ele ficar com vocês. Já que estão com ele há mais tempo.

– Ele te ama, você sabe disso, certo? - Carla diz.

– Pode até ser, mas claramente ele prefere ter vocês nesse momento. - Kyara responde, e escuto a porta se fechar.

E ali no chão só consigo perceber que posso não ter só perdido minha mãe, como também a garota que amo.


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