Quatro semanas depois...

Nem acredito que tudo está dando certo na minha vida, meu pai e eu estamos conseguindo conversar, minha mãe está quase abrindo seu salão e já está superando a separação, meu irmão já está acabando a faculdade, mas ainda continua o mesmo infantil de sempre, e por fim, eu estou bem e Hugo também, nós estamos namorando e ele realmente me faz feliz.

Se eu esqueci o Becker? Não. Na verdade não consigo tirar ele da minha cabeça, mas sempre faço de tudo pra esquecê-lo. As coisas mudaram tão rápido, depois do dia que fomos ao lago nós não conversamos mais, na aula de português que tínhamos que trabalhar juntos, só falamos apenas o necessário. Apesar de termos sido os melhores na apresentação do trabalho, nada mudou entre nós, ele agora namora uma piriguete (também conhecida como Patrícia) e eu namoro o Hugo.

Estou me arrumando pra ir ao aniversário do Patrick, ele está fazendo 18, e vai dá uma festa de arromba no sitio de seu avô, e como estava frio coloquei uma calça jeans justa, uma blusa soltinha com decote, um casaquinho jeans por cima, e bota de cano longo de salto. Fiz um make à base de lápis, máscara e brilho. Hugo me mandou mensagem dizendo que já estava chegando, desci e encontrei minha mãe na mesa, digitando em seu notebook.

– Mãe, o que acha da roupa?

– Kyh, você não acha que está muito apertada essa calça? - ela diz fazendo carranca pra calça.

– Ah! Mamis, relaxa. Acho que você deveria comprar uma dessa pra você, você ainda tem um corpo incrível. - digo, a olhando de baixo pra cima.

– Deixa disso. - ela diz, no mesmo tempo que escuto uma buzina, dou um beijo na minha mãe, e saio de casa.

Hugo é um fofo, além de ser atencioso, ele sempre dá aquele sorriso de "estou com a garota mais linda do mundo" quando me vê, e me trata como uma princesa. Assim que entro no carro, lhe dou um beijo.

– Uau! Você está quente, gata. - ele diz me olhando, eu sempre gosto quando ele me elogia, pra ele não sou uma mimadinha. Fecho a cara na hora, que percebo pra onde meus pensamentos estão me levando, mais finjo que está tudo bem.

Ao chegarmos ao sitio, a festa já está rolando, assim que entramos encontro, Sam e Nicolas (namorado número três), eles veem em nossa direção.

– Uol. Ta linda amiga. - ela diz passando a língua nos lábio, e me olha e então dá uma viradinha e diz. - E como estou?

– Você que está gatíssima. - e não estou mentindo, Sam estava com um vestido tubinho, vermelho, e como ela é branca, a destacou. Nós nos sentamos numa mesa e a gente começou a conversar sobre tudo, eu estava rindo das palhaçadas do Nick.

– Hey meninas! E meninos. - Ray chega nos cumprimentando, ele se senta no nosso meio. - Sinceramente, se eu gostasse de mulher, eu seria obrigado a catar as duas. Mas como não sou, vou apenas pegar bebidas pra gente.

Ele levanta, e nós ficamos rindo, ele volta com uma bandeja cheia de shots de gelatinas com vodca, eu fui a primeira a virar, apesar de ter prometido a mim mesma várias vezes que não colocaria álcool na boca. Mais hoje não tem perigo, estou com Hugo e ele sempre toma conta de mim.

Então mandei uns cinco pra dentro, é uma delícia sentir essa tontura, eu já estava bêbada, e rindo a toa, pois sou muito fraquinha pra bebida.

– Vem, vamos dançar, Hugo. - eu digo puxando ele.

– Vamos sim, gata.

Estava tocando Naugthy Girl, o puxei e comecei a rebolar na frente dele, e dançamos de um jeito vergonhoso. Depois de três músicas dançando, Hugo me leva lá pra fora, e vamos para seu carro, ele se senta no banco de carona, e eu me sento em seu colo, e começamos a nos beijar. Nosso beijo tem gosto de gelatina e vodca, assim que percebo que Hugo está se animando demais, tento pará-lo mais não dá certo.

– Para, Hugo, para. Você está me machucando. - eu digo empurrando ele.

– Eu sei que você quer, gata. - ele diz colocando a mão no meu peito e apertando. - Você esfregou esse traseiro no meu pau a noite toda, e agora vai dá uma de virgem Maria?

– Ei, me solta. - eu grito, mas ele tampa a minha boca, e começa a tirar minha blusa, tento de todo jeito me soltar, mas ele é mais forte. Olho pela a janela e não tem movimentação, só dentro do sitio. Então dou meio que uma ajoelhada torta nele, e abro a porta e olho para o lado e penso em gritar, mas ninguém vai me ouvir por causa do barulho da festa.

Então corro sem saber pra onde ir, mais dou um berro quando percebo que Hugo está atrás de mim, ele me empurra e eu caio no chão.

– Me solta, para com isso, você ta me assustando. - eu digo me debatendo embaixo dele. Ele não faz nada, apenas me encara e então me dá um tapa no rosto.

– Quem você pensa que é? Ficou me provocando essas semanas todas, e agora vai fugir?

O golpe enviou uma pontada aguda de dor em mim que começo a chorar, ele monta em cima de mim, e então eu começo a me mexer e remexer embaixo dele, porque eu sabia o que vinha a seguir e isso que me assustou ainda mais.

– Por favor! Não, Hugo! Por favor! - O peso dele foi de repente tirado de mim e ele caiu em algum lugar a minha esquerda com um baque forte. Olhei em volta com surpresa e vi alguém em pé na minha frente. Era Rick.

– Porra, baby. Porra, porra e porra. Você está bem? - Ele se inclinou sobre mim, sua voz cheia de preocupação. Tentei dizer algo, mas meu rosto ardia pelo tapa, meu corpo doía e eu não conseguia parar de chorar. Assim tudo que eu consegui foi dar um gemido misturado com choro.

– Foda-se! Eu vou matá-lo! - Rick rosnou e endireitou-se. Ele correu para Hugo, que estava de pé agora e começou a dá socos nele. Hugo era muito maior do que Rick, mas eles pareciam bastante equilibrados. Eu o assisti com medo, não me atrevendo a respirar ou me mover.

– Seu merdinha, vou acabar com você. - Hugo disse.