Acordei com meu celular tocando, peguei-o achando que era o despertador, mas é a minha melhor amiga linda e chata Samantha.

- Onde você está? - ela grita no celular. - Já bateu os dois sinais, o professor já está vindo pra sala.

Estou atrasada de novo.

Levanto-me correndo, pegando a toalha e indo para o banheiro.

- Me dá cobertura, vou tentar chegar na segunda aula. - digo a ela, e desligo.

Tomo meu banho, faço minha higiene, e pego minha roupa, pego minha mochila e minhas chaves e vou para meu carro.

Esta é a segunda semana de aula depois da féria de Junho, e eu estou no último ano do Ensino Médio e como sempre estou atrasada.

Todos acham que eu não tenho nenhum defeito, e que vivo um conto de fadas, onde tiro notas alta, e sou uma mimadinha de primeira, mas não fazem ideia do que eu passo e acho que eles nem se importam.

Ano passado minha mãe descobriu que meu pai a estava traindo, a cada dia eles discutiram e eu achei que seria o fim do casamento, o que sempre achei o mais justo, mas minha mãe não pediu o divórcio, continuou com ele. Eu simplesmente odeio meu pai, só de olhar pra ele meu estomago embrulha, mas o aturo por que minha mãe vive dizendo que isso é entre ela e ele.

Estacionei em frente à escola, peguei minhas coisas e corri pra portaria. Seu José o porteiro, já estava fechando as portas, quando me viu sorriu e disse:

- Você não tem despertador em casa, Kyara? - passo correndo por ele, e lhe mando um beijo, ele que me deixa entrar todos os dias esse horário. Pego meus livros no armário, e me direciono a sala, abro a porta, e vejo Prof. Cunha está explicando matéria nova.

- Licença, professor. - digo dando o meu melhor sorriso sem graça.

Sento-me e quando Sam vem cochichar algo no meu ouvido, Carla grita pra turma.

- Se fosse eu, nem entraria no colégio. Mas como é a princesinha, pode chegar na hora que quiser.

- Carla quando você tirar um terço das notas que Kyara tira você nem precisará vir nas minhas aulas. - o professor diz, e continua sua aula.

Dou uma olhada pra trás pra ver a cara de Carla, mais ela está falando com o Ricardo, que se senta atrás dela. Continuo encarando ele que é tão lindo e ao mesmo tempo tão errado. É claro que além do meu nunca aceitar que eu namorasse com ele, tem o fato que o colégio todo iria rir da minha cara se soubessem que eu tenho uma leve queda pelos alunos mais mal falado do colégio. Ele pode até ser gostoso, só que sei que não é pra mim, porque ele é um galinha que pega todas, e segundo Carla é louca por ele, ela já me odeia, não quero mais motivos. Quando vou me virar pra frente, nossos olhares se encontram, enquanto eu mordo meu lábio, ele dá um meio sorriso lindo e pisca pra mim.

Viro-me rapidamente e me sinto tímida, algo que quase nunca acontece, mas algo nele mexe com cada pedacinho do meu corpo.

A aula de matemática acaba, e em seguida tem mais duas aulas antes de bater o sinal do intervalo, me pego procurando-o na sala e vejo que Ricardo está matando aula. O que é frequente pra ele, balanço a cabeça e volto a prestar atenção na matéria.

Assim que o sinal bate, Sam e eu vamos para o refeitório, e ela está me contando sobre a noite que teve com o namorado dela. Vamos dizer que minha amiga é meio boca suja, meio não, completamente e não por qual motivo ela adora me contar todos os detalhes de sua relação com seu atual namorado.

- Por favor, tem como você me contar isso mais baixo, Sam. - eu imploro pra ela, a mesa ao lado está olhando pra nossa já faz um tempo.

- O que eu posso fazer se eles não têm uma vida sexual? - ela diz, e eu faço uma careta.

Quando terminamos nosso lanche, nos levantamos e vamos em direção à porta, que é barrada por Carla e os dois babacas com ela.

- Você pode me dá licença, por favor? - pergunto forçadamente à Carla.

- Não mesmo, mimadinha. - ela diz, percebo que Ricardo tenta segurá-la, mais ela puxa o braço pra frente. - Sabia que estou cansada de você? Não aguento mais você querendo o que é meu. - ela fala, na verdade parece que ela está rosnando.

- Você quer saber Carla? Sabe quem está cansada? Eu. - paro e a encaro. Carla desde ano passado sempre tem algo a reclamar de mim. - Não posso fazer nada, que você é uma piranha que não tem notas boas e não consegue o que quer. Eu mesma fico chocada com as palavras que saem da minha boca, então me viro abruptamente e tento sair pelo outro lado, mas sinto um líquido escorrer pelas minhas costas.

- Garota, qual é seu problema? - viro gritando, pois ela me tacou suco.

Ela então avança pra mim e meio desesperada me desvio e ela passa direto e cai de bunda no chão. Pego a mão da Sam, e saio o mais rápido possível dali. Nunca fui boa de briga.

- Dá pra acreditar? O que eu fiz pra ela? – pergunto pra Sam que está rindo até não querer mais. – Para de rir Samantha

- Não dá, seu cabelo e sua blusa estão molhados e ela caindo. – ela fica rindo e entramos no banheiro.

- Eu quero saber o motivo dela me odiar tanto. – eu reclamo tirando minha blusa, e vendo o estrago.

- Tem certeza que não sabe? - ela pergunta, e eu a olho feio.

- Logico que não sei.

-Ok então. - ela desdenha. - Aqui toma minha jaqueta. A sorte é que não molhou sua calça. To indo pra sala, eu digo que você teve um contratempo. – ela tira a jaqueta e me entrega, e sai rindo do banheiro.

Eu coloco sua jaqueta que por sorte tem fecho, e olho o estrago na minha blusa de uniforme. Eu então olho meu cabelo que está com cheiro do suco que ela jogou e o molho um pouco, mas logo desisto e saio do banheiro.

E acabo esbarrando em alguém, quando olho que é, fecho a cara.

- O que você quer? – digo, caminhando pra sala com ele ao lado.

- Princesinha, preciso falar com você. –

- Primeiro, se me chamar de princesinha de novo, eu juro que vou ...

- Vai o que, gata? – ele diz sorrindo. E eu bufo. – Tem como você dá um tempo pra Carla?

- Você ta louco? – eu pergunto. – A Carla que me persegue, ela me odeia desde o ano passado e esse ano resolveu fazer da minha vida um inferno.

- Eu vou avisar mais uma vez: não provoque a Carla. – ele fala e vira as costas, por impulso eu vou até ele e o empurro.

- E eu vou te avisar que se continuar a vir falar comigo como se mandasse em mim, eu vou te dá um chute bem especial. – falo e vou direto pra sala, ainda mais nervosa do que tudo.