“Chace e eu estávamos dividindo uma menina... desculpe... Chace e eu estávamos nos relacionando com a mesma menina. Nós éramos jovens e quando a conhecemos, estávamos bêbados numa festa. Luke, alguém que eu costumava chamar de amigo, havia me apresentado a essa menina e Chace estava na festa comigo. Nós dois quase brigamos por causa dela. Eu estava solteiro na época e Chace estava começando na vida. Hora Chace passava um tempo com ela, hora eu passava um tempo com ela. E por passar um tempo, eu quero dizer, namorava. Isso significa que sim, nós transávamos. A última vez, ‘para fechar com chave de ouro’, nós três... fizemos... juntos”

Eu suspirei quando Logan fez sua pausa. Ele segurava a caneca de café fortemente, como se o calor da bebida não o machucasse. Vendo aquilo, levei minha mão direita até sua mão esquerda. Pela primeira vez naquela conversa, ele me olhou nos olhos.

“Depois disso, eu só fui me encontrar com ela meses depois quando ela apareceu em minha casa com a notícia de que estava grávida. Ela estava grávida de quatro meses.

Quando contei à Chace, ele veio correndo para verificar se era verdade. A primeira coisa que ele pediu foi um teste de DNA assim que a criança viesse para saber quem era o pai da criança. Eu ou ele. Mas logo a seguir ele desistiu disso e tentou de todo jeito fazer com que Tracy abortasse. O pior é que ela também estava pensando nisso.

A princípio eu fui contra toda essa história de aborto. Me senti... um monstro quando fizemos o que fizemos”

Logan abaixou a cabeça e apertou minha mão, colocando sua outra mão sobre as nossas que já estavam entrelaçadas. Ele tremia, eu podia sentir.

– O que aconteceu com a moça? – Perguntei sério

– Ela ficou mal. Foi parar no hospital. Quase... – Logan engoliu em seco – Ela está viva agora, mas passou por muita coisa que não devia. Apesar de inconsequente, ela sempre foi boa, ela não merecia.

– Acalme-se. Já passou... Já passou, não é?

– Sim.

Josh e eu estávamos na cozinha conversando e bebendo nossas cervejas quando Logan passou procurando por Chace. Josh e eu continuamos conversando, mas então lembrei-me que tinha que dar um recado à Logan, que, enquanto tomava banho para arrumar-se para a reunião que hávíamos preparado, recebeu um convite de Frank para estagiar com ele. Fui até o jardim e Josh foi logo atrás, querendo saber como Logan reagiria à notícia. Foi quando ouvimos Logan revelando que havia planejado um aborto.

Eu fiquei furioso. Cheguei a gritar com ele uma vez ou outra assim que Chace fora levado para casa pela família. Nossa reunião havia acabado ali. Não tinha mais clima para celebrações. Logan se sentia tão mal por tudo o que aconteceu que acabou dormindo sozinho naquela noite e agora, pela manhã, resolveu contar-me a história.

Eu me levantei e contornei a mesa, abraçando Logan e beijando-o demoradamente. Apesar de eu ainda estar aborrecido com essa situação, era algo que estava no passado e nada mais poderia ser feito, então o jeito era seguir em frente. Além disso, Logan não era o único que quase tornou-se pai.

– Hei... Frank ligou ontem. Disse que conseguiu um estágio para você na empresa – Mudei de assunto. Tudo o que eu menos queria falar naquele momento era sobre aquilo. Logan parecia ter entendido, apesar de eu não ter explicado isso à ele.

– Sério? De quê?

– Não sei.

– Me passa o número dele depois para eu poder falar com ele?

– Claro.

Deixei Logan na copa terminando o café da manhã e fui tomar banho. Enquanto a água quente do chuveiro caía em meu corpo fazendo-me relaxar fiquei pensando em tudo o que Logan havia dito/feito. Não parecia algo que Logan faria. Não o meu Logan.

Eu me virei, deixando a água cair sobre meu peito. O banheiro já havia virado uma sauna, mas eu não queria sair dali. Queria esquecer tudo o que eu ouvi, falei e senti desde o momento em que Logan revelara seu segredo.

Balancei a cabeça em negação deixando a água queimar um pouco de meu rosto. Por que aquilo estava me afetando? Foi há muito tempo atrás, quando meus sobrinhos mal tinham se tornado adolescentes... Será que... eu ainda estaria abalado mesmo depois do que aconteceu há dez anos atrás com Katy?

Após o banho, fiquei em meu quarto, deitado em minha cama. Era um domingo fresco, com pouquíssimos raios de Sol atigindo a cidade e uma hora perfeita para ler um livro e ocupar a mente. Eu ainda estava preocupado com essa história de namorar meu sobrinho e saber que ele ajudou a ex-namorada abortar, não estava ajudando.

Ouvi batidas na porta e pedi que Logan entrasse. Ele tinha esse ar de preocupação cercando-o e, apesar de eu não saber leitura corporal, era claro para mim que ele estava tenso. Provavelmente eu também parecia tenso aos olhos dele, pois de fato estava.

– Tio... podemos conversar?

Eu o encarei nos olhos, como se isso me permitisse ler sua mente. Queria acabar com aquela tensão e Logan estava fazendo sua parte. Após a minha explosão na noite passada, ele veio até mim e desabafou. Por que eu estava oferecendo resistência, então?

– Venha – Falei deixando o livro sob o criado-mudo ao lado da cama e dando tapas de leve no colchão, pedindo para ele deitar-se ao meu lado.

– Você ainda está bravo? – “Que pergunta idiota”, pensei – Eu sei que é uma pergunta idiota, mas...

Logan desviou o olhar.

– Na verdade... Eu é que te devo desculpas – Falei passando a mão no rosto de Logan. Sua barba, apesar de pequena, espetava um pouco, o que era uma sensação estranhamente boa. Suspirei e preparei-me para contar a minha história – Anos atrás, quando eu e Mary ainda éramos apenas amigos, eu namorava essa garota, Katy. Eu já não sentia mais a mesma coisa por ela, mas ainda estávamos juntos, num último esforço de salvar nosso namoro.

– Tio... – Os olhos de Logan brilhavam. Ele segurou minha mão tão forte quanto eu havia segurado a sua quando ele desabafava mais cedo.

– Um dia ela chegou à mim, dizendo que estava grávida. Eu me senti a pessoa mais feliz do mundo, tudo o que eu queria era uma filha. Mas era gravidez de risco, visto que Katy tinha diabete. Katy quase morreu no parto e nossa filha...

– Uma menina!

Eu confirmei acenando com a cabeça. Algumas lágrimas escorriam involutariamente em meu rosto. Me senti envergonhado por estar chorando na frente de Logan.

– Me desculpe. Não sou forte como você.

– Só porque eu não choro sempre, não significa que eu seja forte. E está tudo bem.

Logan passou as costas dos dedos em meu rosto, quase como eu havia feito, na tentativa de me acalmar.

– Não havia nada que você pudesse fazer. – Ele disse por fim

– Você é péssimo em consolar os outros, sabia?

Logan e eu rimos. Ele aproximou seu rosto próximo ao meu, descansando sua testa na minha. Eu podia sentir sua respiração em meu rosto. Seus lábios tocando os meus gentilmente.

– E agora? Melhor?

– Sim. – Respondi sorrindo

Eu voltei a beijá-lo passando minha mão em suas costas na tentativa, bem sucedida, de juntar nossos corpos. Logan puxou minha perna e deixou sobre a dele, que cruzava com a minha que estava por baixo.

A mão de Logan passeando pelas minhas costas e braço juntamente com seus beijos em meu pescoço. Segurei seu rosto com uma das mãos enquanto trocávamos mais beijos e carícias.

Logan parecendo já estar excitado, levantou-se e sentou-se sobre meu corpo tirando sua camisa para, em seguida, voltar a me beijar. Quando paramos para respirar, ele começou a tirar minha camisa também, foi quando percebi que apenas Logan estava avançando, tomando iniciativas.

– Não quer ir com calma? Você acha que agora é hora? – Perguntei ofegante e umidecendo os lábios.

– Você não?

Logan curvou-se para frente para que sua boca alcançasse a minha.

– Está tudo bem – Ele falou baixinho próximo ao meu rosto

Eu e ele sorrimos. Tirei minha camisa e Logan deitou-se sobre mim e voltamos a nos beijar e trocar carícias.

Logan me chupava variando entre pescoço, o peito e a barriga enquanto eu o arranhava aqui ou ali. Minha mão avançou então até seus quadris, onde segurei com força fazendo sorrir entre nosso beijo.

– Vou te fazer subir pelas paredes – eu disse próximo ao seu ouvido num sussuro ofegante.

Entre mais beijos, tiramos o resto de nossas roupas e nos amamos. Logan, que no começo estava mais ardil, agora estava manso, porém eu ficava cada vez mais feroz. Digamos que eu tenha cumprido o que disse em minha última fala.

Foi um final de tarde perfeito, apesar da forma como começou. Eu e Logan ficamos juntos e até cochilamos um pouco. Foi de tirar o fôlego.

– Hei... Logan... – Eu o chamei baixinho na esperança de que estivesse acordado.

Eu estava deitado sob o peito nu de Logan ouvindo sua respiração e seus batimentos cardíacos enquanto descansava o braço sobre sua barriga, num abraço fatigado.

– Por que você sempre me chama assim? – Ele respondeu sorrindo

Eu levantei para encará-lo.

– Te amo