More Than That escrita por Reptiliano


Capítulo 18
Nash - Madeleine




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Ventava forte e fazia frio. Logan me obrigou a cobrir-me com casacos e roupas de frio. E naquele momento, eu estava parecendo um edredom ambulante. Estava em frente à casa dos pais adotivos de Amara e Otto, com o dedo na campainha, sem saber se tocava ou não.

À duas noites atrás estávamos num restaurante e foi bem... desconfortável.

As reações eram comuns àqueles que não sabiam quem era meu namorado. Nem mesmo Franky, ficou feliz com aquilo. Talvez Logan estivesse certo em não querer contar. Talvez... Não! Foi a coisa certa a ser feita! Não conseguiria viver mentindo para meus amigos e se eram meus amigos de verdade, não cortariam nossos laços de amizade por conta disso.

E sem perceber, meu dedo afundou na campainha, invocando à porta uma linda mulher com um poderoso e misterioso olhar, que fitava-me dos pés à cabeça.

— Você está atrasado! – Amara disse sem muita emoção ou... nenhuma.

— Você sabia que eu viria? – Perguntei surpreso.

— Me enganei quanto ao momento, pois acreditei que viria antes. Acho que não conheço meus amigos como imaginava.

Ela estava realmente chateada.

— Posso falar com você um instante?

— Já está falando.

— Amara, por favor...

E novamente seu olhar percorreu por toda extensão do meu corpo e então ela deu um passo para trás abrindo um pouco mais a porta. E, engolindo em seco, entrei na casa. Amara fechou a porta e me acompanhou até a cozinha.

Arrumou duas xícaras sob a mesa e ligou a cafeteira, para me oferecer café. Antes de sentar-se, puxou uma cadeira para mim, de modo que ficássemos frente à frente.

— Você queria falar comigo. Você tem um instante.

A primeira coisa que me veio à mente foi pedir que parasse com a hostilidade, pois eu precisava explicar melhor a minha situação, mas por sorte eu estava um pouco calmo, então percebi que não seria legal da minha parte pedir isso. Ainda mais na minha situação.

— Eu sinto muito.

— Você disse isso, naquele dia... Várias e várias vezes.

— Eu sei que é difícil e por isso não posso pedir que entenda, mas...

— É claro que não posso entender, Nash! Eu não ligo que seja bi, só não acho que esse tipo de relacionamento seja certo!

Eu não respondi, apenas a encarei nos olhos. Não queria usar palavras que pudessem causar o que acabara de acontecer. Amara percebeu que havia se alterado ligeiramente então suspirou tentando acalmar-se. Achei que seria legal da minha parte demonstrar que estava tudo bem ela ficar com raiva, então suspirei logo em seguida.

— Me desculpe – Ela disse e eu interpretei isso como um sinal para continuar.

— Não estou pedindo que aceitem isso. Não é a vida de vocês, porém... Eu reconheço que isso causa certo impacto, e... O que eu quero dizer é que vocês são tão preciosos para mim quanto uma família.

— É. Vi como você ama sua família... Por falar em família, como sua filha reagiu à isso? Não é possível que tenha achado isso normal.

— Para ela, Logan é como um amigo e não um primo. Ela não teve a oportunidade de conhecer Lily então não pode criar nenhum tipo de afeto familiar por ela. Além disso, ela afirma ser estranho, mas está tentando lidar com isso da melhor maneira possível.

— Sabe o que eu estou tentando? Eu estou tentando não dar um soco em você agora.

— Essa não é você, Amara... O que houve?

— Você – Ela falou quase que ao mesmo tempo em que eu terminava a frase e engoliu em seco logo em seguida – Você era minha inspiração. Você era meu herói. Você era como um Deus para mim. Você me ensinou o quão cruel a vida pode ser conosco e até onde a bondade das pessoas iriam. Você me ensinou seguir meus sonhos. Você me ensinou a viver. Eu sou tudo o que você fez de mim.

— Eu te ensinei a ser uma boa pessoa. Amável, compreensiva e forte. Eu preciso que você seja essa pessoa agora. Não posso perder meus amigos também.

— Acho que você percebeu que está quase acabando com tudo, não é?

— E é por isso que estou aqui, implorando a você… A vocês… Não me virem as costas.

— Não sou um monstro. Não sou capaz de fazer tal coisa.

Ouvi-la dizer tais palavras me encheu de esperança. Talvez... Só talvez, houvesse uma maneira de isso não acabar mal.

— Eu só não consigo aceitar – Amara continuou – É claro que não vou deixar de falar com você ou de ver você, mas é complicado.

— Então não aceite. Você tem todo o direito. Eu e Logan podemos nos comportar perto de vocês e…

— Não é só isso, Nash. Alguns pensamentos são involuntários. E não seria justo com vocês, tendo de reprimir… Isso.

— Eu sei, eu só queria achar um jeito de fazer isso funcionar.

A cafeteira fez um barulho dando um susto em nós dois. Amara levantou-se suspirando mais uma vez e nos serviu café e, enquanto servia, deu continuidade à conversa:

— Que tal… Mãos dadas? Ou abraços? Poderia ser um começo.

— Sim, isso… Poderia dar certo – Era justamente o que eu estava pensando. Além disso, não podia dar para trás agora ou tudo ia por água abaixo – Ai! - Tentei beber o café direto, mas acabei queimando a língua e fazendo Amara rir da situação. - Fico feliz que ainda queira manter nossa amizade.

— Claro que vou querer manter nossa amizade – Amara tomou outro gole e levantou-se. Parecia mais tranquila, porém estava chateada – Passamos por muita coisa  pra eu simplesmente desistir dos meus amigos. Não sou dessas. - Amara cruzou os braços e caminhou até a janela, apoiando-se na mesma para encarar a rua – E se isso ajuda, acho que meu irmão também não seria capaz de fazer uma coisa dessa.

— Sei que não e por isso estou aqui.

— É, mas Otto não.

— Eu sei disso também. Ele está com Brian e Logan.

— Ele o que? - Amara virou-se encarando-me assustada.

— Eu insisti para deixar-me cuidar disso, mas ele quis assim mesmo. Disse que era um jeito de me compensar por causa de Josh. - Apertei a xícara, quase vazia, provavelmente aparentando ansiedade, mas um sorriso escapou ao pensar na coragem de Logan. Eles crescem tão rápido.

— Ele é corajoso. Parece o pai.

— “Parece a mãe”, você quis dizer.

Amara sorriu, pois estava de brincadeira comigo. Quando percebi, eu comecei a relaxar e ri de volta olhando para os lados.

— Você não mudou nada – Ela comentou, ainda sorrindo.

— Eu sei. E é isso que eu queria mostrar a vocês naquele dia. Meu relacionamento com Logan não me fez diferente.

— Não, de fato – Amara olhou para o relógio e pareceu espantada – Meu Deus!

Saiu em disparada para outro cômodo da casa e me deixou lá, sentado e falando para o nada. Não esperei um convite para me juntar a ela e, estranhando seu comportamento, fui logo atrás.

Ela estava na sala, sentada num enorme sofá, de frente para a televisão recém-ligada. Não parecia-se com a versão com quem eu me deparei minutos atrás quando bati à sua porta. Parecia feliz. Finalmente.

Desta vez, ela me convidou para sentar ao seu lado e, prontamente atendi, sem entender muito do que estava acontecendo. Encarei a televisão buscando compreender aquela situação. Era um reality show no estilo American Idol e, como tal, haviam três jurados. Dois deles eram homens e entre eles, sua companheira feminina.

— O que é isso? - Perguntei, por fim.

— O cara com o penteado para trás, com cabelo grisalho e camisa preta.

Fitei o jurado quando este apareceu, pois estava acontecendo uma das apresentações de um dos participantes. Se não me engano, era uma música da cantora Adele. Até que o jurado mencionado apareceu e a descrição batia.

— O que tem ele? - Ah! Finalmente entendi o que ela queria dizer.

— Você acha que é o único de nós que está num relacionamento complicado?

Amara sorriu e me explicou o que estava acontecendo.

No passado, quando a mãe adotiva de Amara e Otto morreu, os dois herdaram todos os bens dela devido ao testamento que havia deixado. Porém neste mesmo testamento, a mãe dos dois revelou que teve um amante no passado – agora morto – resolveu deixar todo o seu dinheiro para ela e viver num asilo, pois estava com aids e logo morreria. Era um romance muito complicado, daqueles de cinema.

O fato é que o amante da mãe dos dois, era um cara muito rico e os dois ficaram com todo o dinheiro. Parte desse dinheiro foi para a caridade. A outra parte, os dois resolveram usar em viagens pelo mundo. Eles até nos chamaram, mas não quisemos ou podíamos ir. Na época eu estava apaixonado por Mary e iria me casar logo. Josh achava que eu devia ir, mas achei melhor ficar.

Em uma dessas viagens, Amara conheceu o tal jurado, porém ele já era casado. Não era feliz no casamento e após conhecer minha amiga, o cara teve a motivação que precisava e pediu o divórcio.

Agora Amara estava esperando o divórcio sair e achou que seria o momento perfeito para voltar e rever os amigos.

Passamos a tarde toda rindo e comentando sobre nossas aventuras e desventuras durante o tempo que ficamos longe. Muitos anos sem os amigos e, assim como seria ficar sem Logan, foi como uma tortura.

— Até mais, Madeleine – Falei ao me despedir. Já estava tarde e Logan já deveria ter chegado em casa. Além disso, estava ansioso para saber como foram as coisas com Otto e Brian.

— Madeleine? Você não me chama assim desde criança.

— Bom, você está tendo um caso com um jurado de reality show. Acho que faz sentido usar esse apelido.

— Me trás lembranças – Ela disse com um sorriso um pouco triste.

— Alguma que queira compartilhar?

Ela disse nada, apenas aproximou-se – muito – e por alguns segundos descansou seus lábios nos meus.

— Está no passado. E deve permanecer lá.

Ela virou-se e entrou, deixando-me à sua porta com cara de tacho. Ela me beijou e me ignorou.

Nossa!

E foi apenas nisso que consegui pensar enquanto dirigia de volta para casa. Por quanto tempo será que ela estaria afim de mim? E porque não havia dito antes?

Talvez tenha superado. Penso isso, por causa do que dissera: “está no passado. E deve permanecer lá”. Provavelmente não quer trazer essa história à tona. Mas se era esse o caso então por que me beijar? Bom, não foi um beijo mesmo, era apenas um selinho, mas mesmo assim!

— Não tem como o dia ficar mais estranho – Falei comigo mesmo saindo do carro e voltado para casa.

Ao aproximar-me da porta, pude ouvir vozes de homens. O que será que Logan estaria fazendo? Não vi carro nenhum parado na porta, então não imaginei que estivesse com mais alguém.

A curiosidade era tanto que cheguei anunciando-me.

— Logan!? Estou de volta.

E ao terminar de entrar, eu o vejo sentado no sofá tomando cerveja com Brian e Otto.

— Hei, Nash! Chega mais! - Otto dizia

— Você não está sonhando, tio.

— Eu retiro o que disse – Falei comigo mesmo – Que dia estranho do caralho…


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