More Than That escrita por Reptiliano


Capítulo 17
Logan - Shining Star




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O barulho da chuva lá fora era como um calmante para os meus nervos que a essa altura já estavam à flor da pele. O barulho das gotas caindo com violência contra a superfície do planeta me despertava dos pensamentos obscuros de que nada daria certo naquela noite.

Eu estava deitado no sofá encarando o teto e pensando em tudo o que tio Nash havia dito após voltar do encontro com seu amigo Brian.

“Logan... Eu conversei com Brian e... Eu percebi que não quero esconder isso dos meus amigos, assim como você não escondeu dos seus. Eu só... Eles são meus amigos a minha vida toda e não acho certo esconder as coisas deles, mas eu não queria fazer isso sem conversar com você primeiro então... O que você acha?”

Aquelas palavras voavam em minha mente como as gotas voavam em direção ao chão. É claro que eu havia dito que sim. Não tive com dizer não por vários motivos, mas ao pensar na discussão com tio Josh eu voltei à realidade. Se Josh, que era irmão, resolveu cortar os laços, o que os amigos não fariam?

Passos vindo do andar de cima indicavam que tio Nash estava para descer. Eu me sentei-me no sofá enquanto o esperava lá embaixo.

Ele desceu ajeitando a camisa social que vestia. Estava bem arrumado e, por um milagre, com o cabelo penteado para trás. Me levantei e fui até ele, ajudando-o a abotoar a camisa.

— Você acha que está bom? – Ele perguntou

— Você está maravilhoso.

— É? Não confio no seu julgamento – Ele aproximou seu rosto do meu, dizendo as palavras com suavidez e de uma forma sensual.

— E que motivos eu te dei para desconfiar do que digo? – É claro que eu comecei a retribuir e me aproximei ainda mais a ponto de sentir sua respiração e sorrindo levemente.

— Porque você me ama – Seus lábios tocaram levemente nos meus

— Bom... Isso é verdade – Passei meu lábio inferior sobre os lábios dele – Não significa que meu julgamento foi comprometido.

Você está comprometido – Ele se aproximou ainda mais (se é que era possível) e acariciou-me com seu rosto ao lado do meu enquanto beijava meu pescoço – Você está comprometido com o amor da sua vida

— E quem seria esse?

— Eu não sei – Ele me beijou no rosto – Você me diz – E por fim descansou seus lábios nos meus.

Seus lábios moviam-se sob os meus como se estivessem dançando e ainda revesava com sua língua que vinha a explorar cada canto da minha boca e entrelaçava-se com a minha. Tudo isso numa suavidade que me impressionava, pois era apaixonante. Eu simplesmente não conseguia mais parar.

— Nós... – Tio Nash tentou dizer algo, mas não conseguiu.

— Não – Falei entre os beijos – Não fale.

Os intervalos que se seguiam em busca de ar, eram curtos e não nos afástamos muito. Até porque logo nossos lábios estavam colados um no outro novamente, num grande desespero guiado pela necessidade de sentir novamente aquele toque gentil.

O barulho da chuva lá fora voltou a invadir meus ouvidos quando senti o toque da mão direita daquele que me beijava passar sobre meu pescoço e passear pelas minhas costas. A mão esquerda logo acompanhou a outra nesse tour sob minha roupa. Ambas as mãos, no entanto, terminaram tal passeio em minhas nádegas, enquanto os braços que as operavam pressionava nossos corpos.

Minha vontade agora era de tirar nossas roupas, mas tio Nash parou-me, tocando em meu peito, sob a camisa. Nossa respiração era ofegante e, portanto, alta.

— Eu uh... – Ele tentou dizer algo, mas olhava para baixo, conferindo se dava para perceber sua ereção. Um suspiro aliviado e um sorriso destacaram-se antes que voltasse a se expressar – Nós podemos terminar isso mais tarde.

— Se você não aguenta, não provoca, querido – Falei com um sorriso malicioso.

Ajeitei meu cabelo e caminhei até a cozinha para pegar água. Eu estava completamente seco... Ainda mais depois desse momento.

— Será que Brian vai demorar pra chegar? – Tio Nash perguntou se aproximando.

Ele vinha por trás, todo carente, me abraçando enquanto eu bebia minha água.

— Agora você quer transar?

— Não é por isso que estou pergutando, seu pervertido – Ele me beijou no rosto, e a sensação era a mesma quando se recebe um pedido de desculpa.. e depois roubou o resto da minha água – É que não sou muito de esperar.

— Eu sei. Se não fosse você a vir conversar comigo naquele dia, seríamos apenas tio e sobrinho até hoje – Falei enquanto me soltava daqueles braços musculosos.

A campainha tocou uma vez.

— O timing do seu amigo é bom mesmo – comentei sorrindo.

Tio Nash, no entanto, não foi atender logo. Fitou-me nos olhos enquanto exibia todos os dentes que conseguia e, após aproximar-se novamente, beijou-me. De novo.

— Eu te amo – Falou, por fim.

Fiquei sem palavras. Nada saía da minha boca, senão ar. Eu estava estupefeito, encarando o nada enquanto meu tio atendia à porta. Toda esperança que eu havia perdido em relação àquela noite acabara de retornar. Não por causa do beijo, ou do conjunto de três palavras, mas por causa de seu olhar.

Aquele olhar... Ele me dava aquele olhar sempre que queria dizer que tudo ia terminar bem, mesmo sem saber ao certo. Parecia uma estrela cadente. Era uma dúvida, sim, mas só por ele querer que tudo desse certo no fim, já me dava a sensação de que era o que aconteceria de fato.

Brian aproximou-se, com um charmoso sorriso no rosto ao estender a mão para se apresentar.

— Você deve ser Logan.

— Sim, prazer – Respondi, ainda estupefeito com o beijo – Tio Nash falou bastante de você.

— Coitadinho, Nash. Aposto que você inventou um monte de mentiras – Ele disse encarando meu tio, mas logo voltou a falar comigo – Ele tem essa mania... De queimar meu filme.

— Isso você faz melhor que eu – Tio Nash respondeu

— E onde está Julia? Achei que ia conhecer sua filha!

— Em outro momento, talvez – Tio Nash respondeu

— Ela está comemorando o aniversário com a família da mãe – completei. Não queria parecer mudo perto de Brian – Com licença... Eu vou pegar o meu casaco.

— Loggie, poderia pegar o meu também? – Tio Nash piscou para mim ao falar.

— Claro – respondi enquanto ia à sala.

Mesmo não estando ao lado dos dois, ainda era possível ouvir o que diziam.

— Hei uh... Você falou com seu namorado? – Era a voz de Brian. Um arrepio correu por toda a minha espinha ao ouvir aquilo. Não imaginei que fosse dizer algo logo agora.

— Sim e calma, cara. Vou falar quando chegar a hora!

— Ok. É que eu estou um pouco nervoso. Nunca vi um casal gay.

— Uma pessoa da vida como você?

— Eu ouvi muitas histórias, mas nunca vi o romance com meus próprios olhos.

— Relaxa, cara. É normal.

Sorri comigo mesmo. Brian parecia ser um cara legal, de fato.

— Brian, você tem certeza de que está tudo bem eu ir com vocês? – Perguntei do outro lado da sala enquanto apanhava os casacos – Não quero atrapalhar o encontro de vocês.

— Não. De jeito nenhum! Vai ser legal.

— Obrigado, amigo – Tio Nash falou e abraçou Brian – Eu não queria que Loggie ficasse em casa sozinho. Eu fiz ele desmarcar com os amigos pra vermos um filme e...

— Porra, já disse que está tudo bem! Meu Deus!

— Você já começou cedo, não começou? – Tio Nash perguntou revirando os olhos – Você sempre começa.

— Foi só um copo de vinho, eu juro!

E aos risos fomos para o carro. Apesar de Brian ter vindo no seu, fomos os três no carro do meu tio, pois Brian não conhecia muito da cidade.

Durante todo o trajeto Brian nos entretinha com seu jeito desleixado. Ele parecia ser uma boa pessoa, mas eu não conseguia deixar de pensar numa possível reação negativa ao descobrir sobre o suposto namorado de tio Nash. Talvez ele ficasse numa boa, como Franky, mas também poderia querer brigar conosco, assim como Josh. Eu estava mais tranquilo do que antes, mas não conseguia deixar essas dúvidas de lado.

O tempo passou rapidamente, ou pelo menos foi o que me pareceu. Brian contava-me histórias da adolescência dos dois com os amigos, com muito humor e piadas internas. Apesar de eu me sentir um pouco desinformado, devido à isso, tentei não me importar, afinal de contas, eu nem sonhava em nascer nessa época.

O restaurante era bonito e bem iluminado. A fachada de vidro permitia acompanhar todo o movimento lá dentro, com flores e grama enfeitando e criando a passagem na entrada, nós passamos rindo e já procurando pelos outros.

Por dentro, parecia ser maior. A mesas estavam todas alinhadas em grupos quadriculares menores, um jogo de seis pequenas lâmpadas pareava as mesas no teto e quatro enormes lustres estavam igualmente distribuídos por todo o local.

Nós nos aproximamos de um trio composto por dois homens e uma mulher. Um deles, eu reconheci na mesma hora: Franky. Sorria de uma forma como eu jamais havia visto antes. Talvez por ser meu chefe ou por estar com amigos que não via há anos.

Fui apresentado aos outros dois por tio Nash, que os cumprimentou antes.

— Este é meu sobrinho, Logan. Filho de Lily!

Otto cumprimentou-me primeiro. Ele era bem alto, parecia um jogador de basquete. O corte de cabelo é que lembrava mesmo. Tinha um aperto de mão forte e sua voz soou grossa. Imagina se ele resolve brigar com tio Nash ali no restaurante... Meu Deus!

Meu pensamento foi interrompido por uma voz feminina suave. Assim como Otto, Amara era alta, mas seu cabelo de Amara era comprido, deslizando até as costas.. Seu aperto de mão foi bem suave e mais tranquilizador, mas ainda assim o nervosismo não me deixou.

— É um prazer conhecê-los.

— Você parece nervoso – Brian comentou – Relaxe!

— Como uma montanha russa

Respondi sentando ao lado de Brian, ficando de frente para meu tio. Do nosso lado estava Amara e do outro estavam Franky e Otto.

E de fato, eu estava me sentindo numa montanha russa. Primeiro eu estava numa boa, depois comecei a ficar com medo, depois fiquei confiante, agora eu estava nervoso... Uau!

— Obrigado por me deixarem vir – falei sorrindo para tentar disfarçar o nervosismo

— De novo esse assunto? – Brian perguntou revirando os olhos.

— Está tudo bem – Otto falou, sorrindo para Brian – Deve estar cansado ao trabalhar pro Franky-Stain.

Todos riram do trocadilho que Otto fizera e, fitando-me – provavelmente pensando no verdadeiro motivo do meu nervosismo – Franky bebeu um pouco da bebida que estava em seu copo.

— Não sei de onde vocês tiraram essa ideia de que sou um péssimo chefe... A menos que Loggie esteja compartilhando informações com vocês – Franky falou sorrindo para mim.

Minha reação foi sorrir de volta e rebater a piada. Aparentemente o resto da noite seria mais ou menos levada por este mesmo ritmo.

***

E eu não estava errado. Otto e Amara eram tão legais quanto Franky e Brian, não da mesma forma, claro, mas eram ótimas companhias também. Com o tempo e de acordo com as memórias que dividíamos, eu acabei ficando mais confortável.

Eles me contavam histórias de seus passados. Coisas que tinham acontecido até mesmo com minha mãe e tio Josh, o que é óbvio, apesar de eu nunca ter pensado nisso antes.

Outra coisa que eu não havia percebido até então, era que eu estava sendo observado. Brian, Franky e tio Nash não tiravam os olhos de mim. Franky e tio Nash eu até entendia. Um estava preocupado e o outro estava feliz pela minha presença. Mas e Brian? Quando este me fitava, não demonstrava nenhum tipo de reação, então eu não poderia saber ao certo o que ele estava pensando.

Tio Nash pôs sua mão sobre a minha, que descansava no canto da mesa. Amara e Brian viram aquilo e estranharam, mas Brian, além de estranhar, tapou o rosto com as duas mãos enquanto suspirava. E foi neste momento que percebi o que realmente se passava em sua mente até então. Ele sabia.

A reação de Amara foi um pouco mais discreta e menos constrangedora. A moça, simplesmente levantou as sobrancelhas e voltou a comer a salada que havia pedido, fingindo que não tinha visto.

— Está na hora, Loggie? – Tio Nash

Eu congelei.

Não conseguia dizer nada. Tremia como se estivesse sem nu em pleno ártico. Tio Nash segurou minha mão forte ao perceber meu estado.

— S-sim.

— O que? – Franky perguntou preocupado

— Eu só... Queria dizer algo à vocês.

Com a minha mão, envolvida pela mão do meu tio, eu percebi que ele estava tão nervoso quanto eu. Talvez eu não fosse o único paranóico... E do jeito que as coisas estavam, Franky e Brian deviam estar nervosos também.

— Vocês estão bem? – Otto perguntou, estranhando o fato de estarmos de mãos dadas.

— Sim é que... – Tio Nash fitou-me uma última vez sorrindo e novamente... Aquele olhar... A estrela cadente.

Eu, sem saber ao certo porquê, balancei a cabeça negativamente e o fitei sério. O sorriso desapareceu e a estrela que eu via em seu olhar havia desaparecido.

Ele estava feliz com seus amigos e eu não podia deixar que cortasse mais laços importantes por minha causa. Eu não podia...

— Eu... uh... – Ele me encarou uma última vez e novamente, eu neguei, balançando a cabeça – Eu não gosto de manter segredos e queria dizer que sou bissexual.

Sua mão foi aos poucos deslizando para longe da minha e aquilo foi como uma faca em meu coração. E agora eu estava dividido, agora mais que nunca.

Eu sabia que nem todos ali aceitariam nossa relação e era possível que até mesmo Franky mudasse de opinião para ficar ao lado dos outros amigos. Por outro lado, se eu não contasse nada existia a possibilidade de perder a confiança, o respeito e até mesmo o amor do meu tio.

— É só isso? – Otto falou para a surpresa de todos – Eu não sou do tipo que curte essas coisas, mas eu vi muito em minhas viagens. Eu não me importo que esteja namorando um cara.

— Eu concordo com meu irmão. – Amara falou sorridente enquanto fitava os olhos do meu tio - Não escolhemos esse tipo de coisa.

— É só isso mesmo, Nash? – Otto insistiu – Você parece estar querendo dizer algo mais.

— Sim – Eu intervi, e só percebi o que havia feito assim que todos viraram os rostos para mim – Ele quer dizer algo a mais.

Brian e Franky automaticamente levaram as mãos à testa e, mesmo que aqueles gestos tivessem me intimidado – novamente – eu continuei.

— O namorado dele o ama – falei

— Você o conhece? – Otto ficou surpreso – Você podia trazer ele para nos conhecer, Nash.

— Na verdade... – Eu falei, mas fui interrompido por meu tio.

— Eu o trouxe.


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