O trouxa apaixonado escrita por Jude Melody


Capítulo 1
Capítulo único




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Ele conseguia defini-la em uma única palavra. Uma palavra tão simples e ao mesmo tempo tão mágica que até parecia não lhe dizer nada. Uma palavra que ficava presa em sua garganta, mas que parecia gritar em sua mente, faiscante como um patrono em uma noite escura.

Quando ela passava, seus olhos a seguiam. Ele às vezes se esquecia de largar a pena e acabava criando desenhos elaborados no pergaminho. Quando voltava para a lição, encontrava-a toda rabiscada e tinha de apagá-la para começar do zero. Tudo porque seus olhos desobedientes eram atraídos pelos cabelos cacheados da grifinoriana.

Quem diria? Apaixonado pela Granger! Que coisa de trouxa viver um romance tão louco assim! Ainda se lembrava daquela tarde de verão abafada em que seu pai consertara aquela caixa misteriosa chamada tevelisão, e ele e os gêmeos passaram horas assistindo a tal nobela.

O homem trouxa apaixonava-se pela mulher trouxa de quem tanto judiara na escola. Ela o esnobou no início (palavra aprendida na nobela), mas ele conseguira conquistá-la depois de levá-la a um lugar sem graça em que todas as ruas eram feitas de água. Como eles chamaram mesmo aquele lugar? Ah, sim, Veneza.

Trouxas tinham gostos muito estranhos! Como se fosse interessante passar um tempão em um barquinho minúsculo, deslizando suavemente pelas ruas alagadas enquanto outro trouxa de roupas engraçadas tocava um violinino e cantava como um cachorro com dor de estômago!

Mas Ronald Weasley também era um trouxa por cair em uma armadilha amorosa tão clichê. E, como mesmo tudo acontecera? Ah, sim. Ele pediu uma pena emprestada a Hermione, porque a dele estava em um estado deplorável, e ela transfigurou um pedaço de pergaminho velho na pena mais branca que ele já vira na vida.

Entregou o feito mágico com um leve sorriso. E ele pegou a pena, pensando secretamente “puxa, a Mione tem um sorriso bonito”.

E pronto. A Goles do amor o atingiu. Era um jovem apaixonado!

Agora ele estava ali parado, olhando para a Granger de longe, imaginando como seria passear com ela e com o trouxa do violinino pelas águas de Veneza.

Será que Mione iria gostar? Talvez ele pudesse convidá-la para uma curta viagem quando os dois aprendessem a aparatar. Só esperava, desajeitado como era, não aparatar meio metro acima das águas.

E ele também se perguntava como chegara àquele estágio de paixonice. Lembrava-se de pensar várias vezes no sorriso de Hermione e em como ele era bonito. Lembrava-se de olhar pela janela do dormitório durante suas noites mais intranquilas e pensar em como convencê-la a deixá-lo copiar o dever. Lembrava-se de acordar animado naquela manhã de inverno e quase descer para o salão comunal de meias e cueca para chamá-la para ir à Dedosdemel durante a visita a Hogsmeade.

Aos poucos, os pensamentos quase inconscientes foram se tornando conscientes, e ele percebeu o quanto estava ficando enfeitiçado. Desde então, ele reparava nos olhos escuros dela, reparava nos cabelos cacheados, reparava nos lábios se comprimindo sempre que ela ficava com raiva.

Ah, maldita Goles do amor!

E, ainda sentindo medo do futuro e da possibilidade de uma rejeição, ele pegou um pedaço de pergaminho velho e o usou para conjurar uma flor. A flor favorita de Mione.

A passos largos, atravessou o caminho de neve e tocou seu ombro. Ela se virou para ele, encolhendo-se de frio no cachecol vermelho e amarelo.

Ronald Weasley estendeu o braço, colocando a flor bem diante dos olhos dela.

– Olha o que eu achei.

– Que linda, Rony! – ela respondeu maravilhada – Mas estamos no inverno. Como conseguiu essa flor?

Ele deu de ombros, e suas orelhas ficaram vermelhas.

– Achei por aí.

Ah, mas a Granger era esperta!

– Você achou... Ou conjurou? – disse com um sorrisinho zombeteiro nos lábios.

Ele deu de ombros, as orelhas ainda mais vermelhas.

– Era um pergaminho quando eu achei.

Hermione abriu um largo sorriso, divertindo-se com a ideia de imaginar o ruivo, que ficava cada vez mais ruivo, transfigurando um pergaminho para ela.

E, ao ver aquele belo sorriso, ele se lembrou da palavra, a palavra que a definia tão bem e, ao mesmo tempo, não conseguia expressar toda a magia que aquela grifinoriana lhe despertava.

A palavra era brilhante.


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