Coração Inglês escrita por FireboltVioleta


Capítulo 9
Danças, Uma Nova Surpresa e o Concurso de Canto


Notas iniciais do capítulo

Oe, pessoas!
Novo capítulo para vocês!
Boa leitura!



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Helena parecia prestes a desmaiar á qualquer momento.

Mas ela definitivamente teve um treco quando Josh e Raven chegaram na sala de aula para descansar no intervalo do Concurso.

– Raven! Raven! – cantarolou Ginevra, correndo para a amiga e a abraçando

– Vocês foram demais! Nossa, eu não consegui nem piscar!

Raven corou. Lembrou-se da hora em que ela e Josh haviam se esquecido completamente da coreografia e, com o desenrolar da música, tiveram que improvisar.

Mas também sorriu ao lembrar que a dança improvisada foi até melhor do que a coreografia que teriam usado, pois arrancou uma saraivada de palmas ao final da apresentação, mais do que de todas as duplas que já haviam se apresentado juntas – até mesmo mais do que Amanda, que saiu da quadra com os olhos faiscando de raiva.

– A Gi tem razão – sorriu Mila – de quem foi a ideia de girar a Raven nos braços feito um cata-vento, hein? – brincou ela.

Josh indicou a si mesmo, rindo envergonhado.

– Mea culpa

– Foi genial! – disse Helena.

Raven olhou com orgulho e carinho para o namorado.

Lembrou de ter quase tido um chilique de agrado quando ele puxou-a um tanto perto demais para si enquanto dançavam. Ficou tão arrepiada que quase esqueceu da apresentação.

– Vocês têm tudo para ter ganhado essa primeira fase! – sorriu Ginevra.

– Você acha? – indagou Raven.

– Não, não acho. Tenho certeza! Que isso, Ray. Nem o Michael Jackson ia conseguir fazer o que você fez lá!

Raven riu.

– OK, galera, a conversa está boa, mas eu tenho que ir - anunciou Helena - tenho que dar uma olhada no que a gente tem que fazer pra próxima fase... que curiosamente – ela consultou seu relógio de pulso - vai começar daqui á duas horas. Então, até daqui á pouco.

Josh deu uma bufada quando Helena desapareceu porta afora.

– Duas horas. Só faltava essa.

– Ô, Josh... – Raven abraçou o braço do rapaz – eu sei que agora é a fase da dança masculina... você vai se sair bem, não se preocupe.

– Estou pouco me importando se eu pagar mico – suspirou ele - Estou preocupado é com que eu acabe dançando mal e faça você perder a chance de ganhar o Concurso!

– Deixe disso, Josh – Raven deu uma risadinha – eu sei que você vai ser maravilhoso.

– Ui – brincou Ginevra – você às vezes é mais melosa que mel na barrinha de cereal, Raven.

– Vai procurar o seu namorado, Gi. Larga do meu pé – bufou Raven.

Josh riu, mas parou de rir com a mesma rapidez ao ouvir o sinal – que, nos dias do Concurso, marcariam a hora dos competidores se aprontarem para a apresentação.

Raven, ao perceber a preocupação dele, lhe deu um beijinho de boa sorte.

O rapaz pareceu bem mais feliz e confiante ao sair da sala.

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Raven parecia à beira de um desmaio quando a apresentação de Josh começou.

A menina cruzava os dedos com tanta força que dali á pouco poderiam acabar dando um nó.

– Raven, relaxa – murmurou Mila, sacudindo levemente o braço da menina – você está mais branca do que um fantasma!

– Eu estou calma – Raven disse, mas seu rosto parecia gritar exatamente o contrário.

– Que música é essa? – indagou Ginevra com os olhos arregalados, quando Josh começou á dançar.

– Crash, do DDR – disse Helena – o Josh é doido. De pedra. Essa música é rápida demais!

– Mas ele parece dar conta – sorriu Ginevra, olhando para o palco.

A menina estava certa. Por mais rápida que a música fosse, Josh conseguia dançar perfeitamente no compasso dela, numa perfeita harmonia.

O rapaz dançava tão bem que as garotas da plateia já estavam delirando – e fazendo Raven estreitar os olhos para elas.

Quando ele finalmente desceu do palco, todos aplaudiram, e as garotas gritavam histericamente.

Raven não sabia se espancava as alunas, uma de cada vez, ou ia até Josh para parabenizar o rapaz.

No meio da dúvida, teve uma ideia melhor: saiu correndo até o garoto e praticamente caiu em cima dele ao acolhê-lo num longo beijo.

A maior parte nas meninas ficou vermelha de ciúme e inveja quando Josh retribuiu com um pouco de entusiasmo demais. O coordenador precisou cutucar os dois para que saíssem da frente do palco, mas até mesmo ele não segurava o sorriso.

Os professores cochichavam, rindo, e o grupinho de competidores – exceto Amanda, que nessa hora espumava de ódio – aplaudia o beijo deles.

– Você foi demais, Josh! – Raven não cabia em si de felicidade; chegava á dar pulinhos de alegria ao lado das amigas e de Josh, enquanto voltavam para a sala no intervalo – você é um dançarino nato!

– Ah, que isso – ele riu modestamente – não fui melhor do que você vai ser na sua apresentação... sei disso.

– Ah, é – ela pareceu menos feliz – a minha apresentação.

– Ei, ei – Josh abraçou a cintura dela e afagou seu cabelo – você também vai ser ótima. Eu sei disso também.

– Olhe por um lado, Ray – falou Mila -... você não pode ser pior do que o Thiago.

Raven deu uma risadinha ao lembrar da apresentação do par de Amanda; o garoto dançou lastimavelmente bem, até o momento em que enroscou o pé nos fios dos alto-falantes que estavam no palco e cair de cara no chão.

Amanda, sentada no assento dos competidores, abriu uma expressão de quem queria torcer o pescoço do menino até que a alma dele vazasse pela garganta.

– Verdade. Pior que aquilo eu não posso ser – riu ela.

– Confie em si mesma, Ray. Só isso – Ginevra falou, sorrindo para a amiga – depois, é o destino quem manda. Sabe, aquele cara que ajuda uns e trucida outros.

As meninas riram.

– Só me resta saber se faço parte dos “uns” ou dos “outros”, colega – Raven suspirou para si mesma, quando entraram na sala.

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Raven tremia tanto enquanto subia o palco, na hora de sua apresentação, que parecia estar sofrendo um ataque epiléptico.

“Respira, Ray, respira”, era tudo o que ela pensava no momento.

A menina olhou para a plateia, e viu as amigas acenando para ela, encorajando-a. Nos assentos dos competidores, Josh lhe lançou um sorriso confiante, que a fez corar.

– Manda ver, Ray! – gritou Ginevra lá da plateia, fazendo uns quinze colegas pularem em seus assentos, assustados.

Raven assentiu para ela, nervosa, sem poder nem mesmo sorrir em resposta.

Mila quase estava roendo as unhas de ansiedade, enquanto Helena torcia as pernas de tal modo que parecia estar com vontade de ir ao banheiro.

O coordenador levou Raven até o centro do palco e indicou á um homem que iniciasse a música.

A garota respirou fundo antes de tomar coragem e, enfim, dar o primeiro passo para dançar.

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A sala da 2° série G estava quase vazia quando Raven entrou nela.

Só estavam lá suas amigas, Josh, Érica e um menino de cabelos pretos do qual Raven nunca recordava o nome.

Todos se puseram de pé e olharam para ela, com expressões que não diferiam muito das de estátuas de concreto.

O silêncio só foi quebrado quando Josh saiu correndo para a garota, segurou sua cintura e rodou-a no ar, rindo com gosto.

– Josh! – exclamou ela, também rindo.

– Você foi incrível, Ray! – Josh a pôs de volta no chão e a abraçou.

A menina deu um gostoso sorriso.

– Você achou? – indagou Raven, surpresa.

– Você está brincando? – riu o garoto de cabelos pretos – nem uma bailarina ia dançar daquele jeito. Você é dez, Summer!

– Você tinha que ver a cara da Amanda, Ray! – Ginevra dava saltinhos de alegria – ela parecia que ia correr para o laboratório e beber ácido sulfúrico!

Raven se lembrou, com um tanto de satisfação, de toda a apresentação. Um ataque de pânico parecera estar á caminho quando a música começou, mas quando achou que ia desmaiar de pavor, Raven respirara fundo e continuara dançando.

No fim de tudo, sua apresentação foi tão perfeita quanto a de Josh.

– E de quem coquinhos foi a ideia de botar Can’t Stop the Rain do Cascada para ela dançar? – brincou Helena.

Mila sorriu, com uma risadinha marota.

– Yo.

– Ficou perfeito - Josh sorriu com orgulho para a irmã e para a namorada – vocês duas são demais!

– Ahn... pare! – riu Mila, fingindo vergonha.

Raven estava tão extasiada que se jogou outra vez nos braços do namorado.

– Ai, meu Deus - Ginevra revirou os olhos.

– Josh tem razão, Ray – Érica também sorriu – você parece ter nascido para dançar.

– OK, gente... estão todos felizes, coisa e tal, mas a gente já tem que trabalhar de novo para terça, quando vai ter a competição de Melhor Cantor e Cantora – disse Helena – só vão divulgar os nomes de quem ganhou na terça.

– É mesmo, Helena – Josh acenou para a colega com a cabeça - vamos para a sua casa, Ray – ele se virou para Raven, sorrindo – quando terça-feira chegar, vamos fazer Amanda comer poeira!

– Ah, gente... – Raven sorriu – nem sei como agradecer por estarem me apoiando...

– Imagine, amiga – Mila segurou a mão da garota – é pra isso que servem os amigos... quer dizer, as amigas. Ah, você entendeu.

Sem nenhuma combinação, todos se abraçaram e riram juntos.

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– Raven, se você não abrir essa porta agora, eu vou chamar a polícia!

– Cai fora, Bob – riu Raven, quando a mão forte do irmão socou cruelmente a porta.

– Deixa de ser ruim, Ray – Mila deu uma risadinha estranha – abre a porta pro moleque.

Josh revirou os olhos e destrancou a porta, á tempo de ver Bob encostado na parede do corredor numa posição ridícula, como se á segundos atrás ele estivesse se preparando para arrombar a porta.

– Your fool – Raven balançou a cabeça – I doubt... you really will go destroy the door? (Seu bobo. Eu duvido... você realmente ia destruir a porta?)

– I have money for buy other stupid door for your bedroom (Eu tenho dinheiro para comprar outra porta estúpida para seu quarto) – Bob bufou, antes de revirar os olhos e admitir, voltando á falar português – tá, eu não teria coragem. Mas você estava pedindo uma atitude drástica.

Josh riu.

– Fala aí, raspa de inglês – brincou Helena – o que você quer por aqui?

– Ver que mandingas vocês estão fazendo – Bob sorriu, um tanto irônico.

– Uma pra fazer você ficar careca e seus joelhos caírem – disse Ginevra; quando Bob fez cara de assustado, ela completou – brincadeirinha, Bob! E você disse outro dia que eu não ia te pegar!

– Eu sabia que era brincadeira – murmurou o garoto, num tom nada convincente.

– Gente, eu tô morrendo de sede... – falou Mila - vou tomar uma aguinha e já volto.

Quando Mila saiu, uma expressão esperançosa e estranha nasceu no rosto de Bob, e ele fez algo que nunca fizera.

– Ei, Helena... você pode dar um pulinho no meu quarto?

Raven, Josh e Ginevra se entreolharam, surpresos.

Helena gaguejou:

–Ah, é... t-tá bom... Helena deu uma ultima olhada para os colegas, como uma pessoa se afogando pedindo ajuda, e saiu com Bob do quarto.

Quando Ginevra se viu sozinha com Raven e Josh, fez uma expressão estranhamente ardilosa e disse num tom suspeito:

– Hum... acho que vou ir um pouquinho na varanda.

A menina saiu do quarto também, com um jeitão de quem planeja algo maléfico, e quando a porta fechou, Raven e Josh notaram que estavam finalmente á sós.

– Ui. Isso foi... esquisito – sussurrou Raven.

Josh não disse nada; em vez disso, se arrastou pela beira da cama de Raven até chegar á meros milímetros da garota.

Raven só notou que Josh estava grudado nela quando era tarde demais.

O rapaz puxou-a para si pela cintura e beijou-a outra vez, sem dar á ela chance de pensar direito. Como sempre, o que ela fez foi só abraça-lo também, rindo.

Mas a menina deu uma longa arfada quando o rapaz passou de sua boca para seu pescoço.

– Se meu pai abrir essa porta agora... – gemeu ela, dando risadinhas nervosas – ele te mata.

– Vai ter valido á pena – riu Josh, antes de voltar para o rosto de Raven.

A menina deu um gemido de carinho antes de se abraçar Josh bem forte.

– Opa!

Os dois viraram violentamente para a porta, assustados; Mila, com o copo de água ainda nas mãos, olhava de um para o outro com uma expressão engraçada - meio admirada, meio divertida - e Ginevra só sorria, com uma expressão de “eu sabia”.

– Não é possível – Mila riu – não deixamos os dois sozinhos nem por um minuto e vocês já estão se agarrando de novo?

Ginevra deu uma risadinha maliciosa.

– Pois é. Eu sabia que se deixasse o Romeu e a Julieta sozinhos, eles já iam ficar aos beijinhos....

Raven e Josh riram.

– Chata.

– Ué... – disse Raven – cadê a Helena?

– Deve estar no quarto do Bob ainda.

– Eu vou lá chamar ela – falou Ginevra.

– Espera! – Raven saiu da cama e calçou os chinelos – vamos com você também!

O quarto de Bob era logo ao lado do de Raven, então não demorou nada, e eles já estavam lá.

Sem sequer bater na porta, Mila abriu-a levemente.

Mas o que os meninos viram dentro do quarto era a cena menos esperada do mundo.

Bob estava abraçando Helena com força pela cintura, e ela também o abraçava pelo pescoço, como se quisesse enforcá-lo.

Mas isso não era mais surpreendente do que os dois se beijando carinhosamente.

A boca de Raven era um perfeito “o” de choque. Josh se segurava para não rir de incredulidade, mas, no fim, foram Mila e Ginevra que romperam o esmagador silêncio, dizendo a mesma coisa:

– Mas o que é isso?

Helena e Bob, tal como Raven e Josh, também olharam assustados para os amigos.

Bob engoliu em seco e fez uma careta envergonhada. Helena corou tanto que parecia ter ficado tempo demais pendurada de cabeça para baixo.

– Ah... oi, Ray – disse Bob, com um sorriso constrangido.

– Mas que di...? – começou Raven.

– Desculpa, Ray – gemeu Helena, corando ainda mais – eu ia te contar...

– Contar o quê? – ganiu Raven, sem saber como reagir – que eu já vou ter outra... cunhada? Que você já gostava do Bob há um tempão?

– Mais ou menos isso – murmurou Helena, mordendo o lábio como se fosse chorar – ah, Ray... você está brava comigo? Eu sinto muito!

– Brava? – Raven piscou, refletindo – não... eu... estou... feliz com isso – a menina balançou a cabeça, como se quisesse espantar uma mosca irritante – só que... por que você... vocês não disseram nada?

– A Helena estava morrendo de medo que você não gostasse que ela fosse minha namorada – disse Bob; o garoto usou um tom meio assustado e gaguejou quando disse “minha namorada” – e, bem... a gente meio que se entendeu só... agora.

– Percebe-se – riu Ginevra, olhando para a blusa amassada de Bob.

Raven olhou de Helena para Bob e, para o alívio dos dois, ela sorriu.

–Ohhh... – Mila riu, batendo levemente as mãos uma na outra – puxa, só falta eu e a Gi agora...

Todos riram, aliviados.

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A Sra. Summer deu um gemido estranho quando Raven perguntou, com uma expressão de cortar o coração, se as amigas e Josh poderiam ficar para dormir até o dia seguinte.

O Sr. Summer deu um pigarro desnecessário para a mulher, como se isso fosse o suficiente para fazê-la mudar de ideia.

– Ahn... claro, Ray... mas é melhor ligar para os pais deles, não é?

– Já liguei para os Santos – riu o Sr. Summer – eles disseram que se esses dois – ele indicou Mila e Josh com a cabeça – quiserem fugir para o Japão, eles deixam.

– Já falei com mamãe – sorriu Helena, dando um longo sorriso – ela deixou também.

Bob lançou a Helena um sorriso alegre.

– Depois de muitas promessas, meu pai falou que eu podia ficar – disse Ginevra, rindo – não tem como não falar com o cara... ele me liga de cinco em cinco minutos para saber se eu estou viva...

Raven riu.

– OK, se eles deixaram... – suspirou a Sra. Summer.

–Oba! – Helena pulou e bateu palmas.

– Ah... Bob... – murmurou Raven, dividida entre o sarcasmo e a diversão – acho que você devia falar agora pra mamãe que você ficou comprometido.

Bob engoliu em seco.

– É melhor você falar – gemeu ele.

– OK – riu a garota, logo em seguida indo até a mãe, que estava na cozinha – mammy, adivinha só o que o Bob aprontou...

– O Bob aprontou alguma coisa? – indagou a Sra. Summer, confusa, olhando para o filho mais velho.

– Hum... he is with a girlfriend. ... (ele está com uma namorada) – riu a menina, sorrindo quando a mãe levantou as sobrancelhas lá no alto.

– Who? (Quem?) - disse a Sra. Summer.

Helena estava ao lado de Bob, gemendo de ansiedade, sem saber o que a Sra. Summer faria quando soubesse.

– Helena – suspirou Raven.

A Sra. Summer olhou para Helena, que parecia ter virado uma pedra de tão paralisada.

Para a surpresa dos três, porém, ela deu uma risadinha.

– Já não era sem tempo – a mulher riu – meu único filho ainda solteiro... estava mais que na hora... e olhe só com quem!

Helena riu quando Bob avermelhou, sem saber o que fazer.

Antes que Raven pudesse tirar uma da cara dele, Helena se jogou nos braços do rapaz e o beijou sem uma gota sequer de vergonha.

A Sra. Summer riu de novo.

– Que nojo – brincou Mila, aparecendo com Josh e Ginevra no canto da sala – se metendo á besta com inglesinho, Helena?

– Cala a boca – murmurou Helena no meio do beijo, sem sequer se virar para a amiga.

– Daqui á pouco eu e Mila estamos amarradas com ingleses desse jeito – disse Ginevra, brincando.

– A louca – riu Josh, dando um tapa de brincadeira na cabeça de Ginevra.

– Gente, eu sei que tá todo mundo feliz, alegre, contente, etc. – falou Mila de repente – mas a gente está aqui para transformar meu maninho e a Srta. Grã-Bretanha À Brasileira – ela sorriu para Raven – em cantores profissionais até terça-feira. Então, vamos mandar ver!

– Dá licença, diretora... – disse Raven - se a gente quiser alguém especializado em exercer autoridade não reconhecida e nem mesmo merecida, a gente te chama, tá?

Todos caíram na risada.

Nem mesmo Mila escapou; apesar de se sentir meio ofendida no começo, contentou-se em rir com os meninos.

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O dia do Concurso de Melhor Cantor e Cantora chegou com tanta rapidez, após um longo fim de semana de treino, pesquisa e correção de erros, que Raven tinha a sensação de estar dentro de um jogo de simulador de vida com o botão de adiantar pressionado.

Mesmo ainda faltando alguns minutos para o início do Concurso, ela e Josh já estavam ansiosos, zanzando de um lado para o outro na sala de aula vazia.

Mila acompanhava os dois com os olhos, quase ficando vesga ao fazer isso.

– Gente, relaxa! – exclamou Helena – vocês vão se sair bem!

Josh amarrou a cara para ela, e murmurou baixo o suficiente para Raven não ouvir:

– Você diz isso por que não é você que vai cantar e ao mesmo tempo fazer uma declaração de amor, gracinha.

O queixo de Helena caiu aos pouquinhos até o pescoço, enquanto um gemido chocado saía de sua boca.

–Ah... era isso que você estava aprontando pra Ray no solo masculino?

O rapaz assentiu levemente, parecendo constrangido.

O sinal soou irritantemente, anunciando a chamada dos competidores para a quadra.

– Ai... – Raven engoliu em seco – temos que ir, Josh...

O menino pegou a mão dela e apertou-a levemente.

– Eu sei que vamos conseguir, Ray...

– Tomara... – gemeu Ginevra, batendo a tampa de uma caneta estereográfica na carteira e deixando o ambiente mais tenso ainda – mas Helena tem razão... é só vocês respirarem fundo e... irem em frente.

– Obrigada, Ginevra – suspirou Raven, puxando Josh para fora da sala – a gente se vê na quadra... até logo.

– Boa sorte – disse Mila, antes dos garotos virarem no corredor e desaparecerem.

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Raven sentia um nó de desespero começar á crescer na sua garganta.

Agarrada ao braço de Josh, ela e o rapaz assistiam as primeiras apresentações de canto em dupla.

O primeiro casal cantou a música de uma famosa dupla sertaneja; o segundo, uma música romântica; o terceiro cantou uma música que tocou em duas versões diferentes, uma pior do que a outra.

Quando Amanda e Thiago foram chamados, eles passaram na frente de Raven e Josh; Amanda aproveitou para lançar á Raven um olhar mais condizente com alguém prestes á cometer um assassinato em massa, que fez o nó no pescoço da menina parecer dobrar de tamanho, só que de raiva e ansiedade.

Como se já não estivesse apavorada o suficiente, Raven acabou deixando escapar um gemido quando Amanda começou á cantar.

Talvez Raven nunca tivesse notado devido á Amanda ser uma pessoa detestável, mas, infelizmente, ao menos para cantar, ela tinha uma voz realmente bonita. O par de Amanda não era pior do que ela, e, para completar o absurdo, até mesmo a música era harmoniosa.

Raven segurou lágrimas de raiva quando ouviu aplausos no final.

– Raven – murmurou Josh, aflito com a angústia dela – vai ficar tudo bem... você vai ver...

Ambos levantaram a cabeça quando o coordenador chamou seus nomes.

Como uma prisioneira condenada á morte indo para a forca, a menina subiu com Josh até o palco.

O microfone tremia nas mãos de Raven, mas não o suficiente para que alguém além do coordenador visse. Josh também parecia inseguro, mas ainda não aparentava estar desesperado como Raven.

A música iniciou com uma nota suave, longa o bastante para Raven tentar engolir a aflição, respirar fundo e começar á cantar.


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Notas finais do capítulo

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Beijinhos e até o próximo! *u*



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