# Narração Angela (ON):

Percebi uma movimentação no jardim dos fundos da casa e fui lá averiguar, quando cheguei vi uma cena que gostei, Anna Júlia estava conversando com o Daniel e o Felipe, ainda tinham dois meninos e um deles não me era estranho, já o vi em algumas fotos e lembro de já ter o encontrado, porém isso já faz tempo.

Ficava feliz em ver a minha neta socializando com os meninos daqui, eles são ótimas companhias e com toda certeza a vão ensinar alguns valores que foram deturpados.

– Anna, não sabia que você já tinha chegado. Olá meninos, fiquem a vontade. - fiquei escorada na porta da varanda que dava para o jardim

– Oi vovó, chegamos tem pouquíssimo tempo. Esses aqui são o Nate e o Luke, não sei se a senhora se lembra deles, já os outros dois a senhora já conhece e se lembra muito bem. - minha neta tentou se explicar

– Fico feliz em revê-lo Lucas, sabe você cresceu bastante e Nathaniel é bom conhecê-lo. - disse sorrindo

– Prazer em conhecer a senhora também. - Nathaniel disse tímido

– O prazer é meu dona Angela, aproveitando que estou aqui quero lhe pedir uma coisa, se a senhora permitir é claro. - ele parecia ansioso

– Diga... - balancei a cabeça como sinal para ele prosseguir

– Gostaria que a senhora permitisse que a AJ fosse amanhã no Rotary Club participar do refrão, iremos todos e o convite se estende a senhora também é claro. - disse polido e admirei o seu respeito e uso das palavras

– Ela pode ir... - assenti facilmente cogitando em também ir

– Maravilha, então amanhã passo aqui para vir buscar a donzela. - Lucas disse piscando pra Anna

– Não é preciso, acho que ela não vai se incomodar de ir comigo e com o Daniel né? - Felipe disse

– Não mesmo, sem problemas... - Anna Júlia olhou para Felipe balançando a cabeça em sinal afirmativo e sorriu

– Então se já está tudo resolvido irei me retirar, boa noite pra vocês e mais uma vez fiquem a vontade e sintam-se livres para retornarem quando quiserem.

Me retirei e fui em direção ao meu quarto. Acho que a cada dia que passa Anna Júlia se adaptava mais a nova rotina.

# Narração Angela (OFF):

# Narração Miguel (ON):

Depois do soco que o Lucas me deu, cai no chão desnorteado e isso foi a deixa para ele ir embora com o babaca do Nathaniel. Vi uns dois garotos levando a Anna Júlia embora sem me deixar falar com ela, mas se eles pensam que eu vou desistir eles estão redondamente enganados.

Esperei até que todos eles fossem embora da casa dela para chegar perto, enquanto isso fiquei no carro bolando estratégias de como a fazer voltar para mim. Aguardei mais ou menos duas horas até que todos foram embora, decidi esperar mais 30 minutos para ver se realmente ninguém ia voltar e me atrapalhar.

Fui em direção à campainha, respirei e toquei. Agora aguardava a resposta.

# Narração Miguel (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Os meninos tinham ido embora, eles conseguiram alegrar o meu dia, mesmo não querendo ter ninguém por perto, aproveitaria o fato de estar sozinha e colocaria pra fora tudo o que eu não queria que os outros vissem.

A campainha interrompeu meus planos e quando eu abri a porta avistei a última pessoa que eu queria encontrar nesse momento. Minha vontade era de socar a cara daquele desgraçado e tirar aquele sorrisinho presunçoso de sua cara, mas somente tentei bater à porta em sua cara, porém ele foi mais rápido e me impediu.

– Anna... Meu amor... Não seja mal educada e não bata a porta na minha cara. Precisamos conversar. - ele possuía o olhar firme e não largava o seu sorriso

– Não temos nada para conversar, Miguel. Vá embora antes que eu perca a minha paciência e dê um soco nessa sua cara ridícula. - disse rosnando

– Meu amor... Claro que temos, não seja infantil, por favor me escute, se mesmo assim não quiser me escutar, pelo menos aceite essas flores. - disse ele me estendendo um buquê de rosas

– Só vou aceitar porque fui muito bem educada, porque você sabe a minha vontade, se não souber eu já te falo... Era mandar você enfiar essa porra de buquê no seu orifício anal, seu maldito. Anda fala logo o que você quer. - encarei ele com raiva enquanto apertava a base do buquê

– Eu amo você... Não podemos deixar nossa história acabar assim. Anna... Você terminou comigo por telefone, acho que merecia que pelo menos você dissesse que não quer mais ficar comigo na minha cara. - o seu tom dramático estava me dando náuseas

– Me ama? HAHAHAHAHAHA conta outra piada que essa não tem graça nenhuma. - ria olhando a cara dele de desespero vendo que não iria cair na sua ladainha

– Claro que amo, como você pode duvidar disso? - ele pôs a mão no peito dando uma de ofendido

– Simples Miguel, você não hesitou em me trair seu filho da puta, ainda por cima com a sonsa da Larissa. Você realmente acha que depois disso eu vou cair no seu papinho? Se humilha mais que tá pouco! E outra essa sua carinha de choro não convence ninguém. - disse olhando bem nos olhos dele com um sorriso irônico, sabia que o tinha surpreendido

Ele ficou tão surpreso com as minhas palavras que piscou atônito algumas vezes, aproveitei essa brecha e bati a porta na cara dele e sai correndo para o meu quarto. Quando cheguei percebi que ainda segurava aquele buquê ridículo, tirei o cartão que tinha nele e fui em direção à janela, percebi que ele ainda permanecia em frente à porta sem reação e joguei as flores pela janela.

Take a bow da Rihanna era a música que descrevia aquele momento é ironicamente ela começou a tocar no meu notebook.

How about a round of applause?

A standing ovation

You look so dumb right now

Standing outside my house

Trying to apologize

You're so ugly when you cry

Please, just cut it out

Don't tell me you're sorry cuz you're not

Baby, when I know you're only sorry you got caught

But you put on quite a show

You really had me going

But now it's time to go

Curtain's finally closing

That was quite a show

Very entertaining

But it's over now

Go on and take a bow

Grab your clothes and get gone

You better hurry up, before the sprinklers come on

Talkin' about, girl, I love you, you're the one

This just looks like a re-run

Please, what else is on?

And don't tell me you're sorry cuz you're not

Baby, when I know you're only sorry you got caught

But you put on quite a show

You really had me going

But now it's time to go

Curtain's finally closing

That was quite a show

Very entertaining

But it's over now

Go on and take a bow

And the award for the best liar goes to you

For making me believe that you could be faithful to me

Let's hear your speech out

How about a round of applause?

A standing ovation

But you put on quite a show

You really had me going

But now it's time to go

Curtain's finally closing

That was quite a show

Very entertaining

But it's over now

Go on and take a bow

But it's over now

Ele olhava em direção a janela enquanto as flores caiam. Ele gritava, porém fechei a janela e aumentei a música. Resolvi ler o cartão que estava preso nas flores e quando terminei resolvi queimá-lo. Nele estava escrito algo como me perdoa blá blá blá, eu te amo, volta pra mim. Aquilo me dava náuseas e me enchia de raiva. Soquei meu travesseio e chutei o porta retrato que estava estraçalhado no canto do quarto. Tirei a foto que estava nele e rasguei a parte que ele estava e depois queimei.

Me sentia quebrada e destruída, chorei e fui em direção ao banheiro e procurei a minha necessaire e com muito custo achei. Já estava pensando que a tinha deixado na casa do meu pai e isso com toda certeza me traria problemas. Abri e achei alguns antidepressivos que eu tinha escondido, peguei dois comprimidos e tomei, engoli em seco e fui caçar a mala das bebidas, a achei bem escondida embaixo da cama, minha avó não poderia desconfiar que tinha isso aqui e muito menos meu primo, senão já imaginava a tempestade que ele faria. Peguei a garrafa de whisky e tomei dois goles no gargalo mesmo, fechei tudo e guardei em seu devido lugar.

Me olhei no espelho e fiquei encarando o meu reflexo. Sabia que estava me fechando para o mundo e que não tinha volta, mas quem disse que eu iria me arrepender... Não tinha motivos para ficar entusiasmada.

Quiero toma la medicina ideal

Que libere en mi la dopamina

Poder sentir que te puedo olvidar

Escapar de ti solo una noche

Fuga de amor, desilusion

Carpe diem hoy soy resurrección

La noche es anestesia ohoh

Me envuelve y me da Amnesia ohoh

Mi mente da mil vueltas ohoh

Me tengo que olvidar de ti hoy

La noche es mi anestesia

No quiero en mi vida mas tragedias

Prefiero aceptar la soledad

Que ser la doma de las camelias

Y morir en la esquizofrenia

Fuga de amor, desilusion

Carpe diem hoy soy resurrección

La noche es anestesia ohoh

Me envuelve y me da Amnesia ohoh

Mi mente da mil vueltas ohoh

Me tengo que olvidar de ti hoy

La noche es mi anestesia...

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Lucas (ON):

Cheguei em casa após constatar que a minha prima estava bem e que não faria nenhuma besteira, só assim consegui relaxar. Tive tanto medo de a encontrar imersa na escuridão que nem ela ficou quando soube que a mãe dela a abandonou pra seguir sua carreira de modelo na Europa, que quando vi o possível causador da próxima imersão foi impossível segurar o soco que foi dado, sabe ainda foi pouco ele tinha que ter apanhado mais, porém eu precisava ver como ela estava após vê-lo.

Deitei em minha cama e fiquei repetindo para mim que AJ estava bem, que ela era forte e que dessa vez eu não a deixaria se afundar na escuridão, pensei na apresentação dos Troublemakers no refrão e que com toda certeza arrasaríamos e ela ficaria feliz pela nossa performance. Comecei a escutar Everybody hurts do R.E.M. e assim que os primeiros versos começaram me lembrei dela, era inevitável.

When your day is long and the night

The night is yours alone

if you're sure you've had enough of this life

Well hang on

Don't let yourself go, 'cause everybody cries

and everybody hurts, sometimes ...

Sometimes everything is wrong,

Now it's time to sing along

When your day is night alone (hold on, hold on)

If you feel like letting go (hold on)

when you think you've had too much of this life

Well hang on

'Cause everybody hurts

Take comfort in your friends

Everybody hurts

Don't throw your hands, oh no

Don't throw your hands

If you feel like you're alone

no, no, no, you're not alone

If you're on your own in this life

The days and nights are long

When you think you've had too much

of this life, to hang on

Well everybody hurts,

sometimes, everybody cries,

And everybody hurts ...

sometimes

But everybody hurts sometimes

So hold on, hold on, hold on, hold on, hold on,

hold on, hold on, hold on, hold on, hold on

Everybody hurts

You're not alone

– AJ você não está sozinha... Nunca esteve na verdade. Eu sei que você é forte pra seguir em frente... - fechei meus olhos e tentei dormir

# Narração Lucas (OFF):