Castelo de Vidro escrita por Purple Sparkle


Capítulo 18
Eu preciso de você


Notas iniciais do capítulo

Olá!! To de volta com mais um capítulo, espero que vocês gostem.



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# Narração Amanda (ON):

De um tempo pra cá tenho escutado algumas discussões aqui em casa, o relacionamento dos meus pais anda estranho, parece que eles estão juntos só de fachada, todos estamos estranhos ultimamente, certas horas parece que tem uma áurea ruim sobre nós.

Se eu fosse contabilizar quanto tempo as coisas estão esquisitas diria que tem no máximo um mês que as coisas estão assim, antes de Anna se mudar pra casa da avó, pra variar com esse clima ruim eu não sei nem como vai ser o Natal e o Ano Novo.

Faltava uma semana para o Natal e não tínhamos nada planejado, todos os anos passávamos juntos como se fossemos uma grande família feliz e o Ano Novo a mesma coisa, em janeiro geralmente vamos cada um para o seu canto viver suas experiências magnificas como a Melissa diz.

Não conseguia lidar com essa situação toda, realmente acho que vou ser obrigada a concordar com o fato de ser humana demais e não estar preparada para as atrocidades da vida, quando eles falam isso dá a entender que eles são monstros, mas eu sei que não são.

Meu celular toca e é o Lucas, já estava com saudade dele, atendi rápido.

– Oi meu amor, tudo bem?

– Na verdade não... – sua voz estava embargada

– O quê aconteceu?

– Acho que mexi em algo que não devia...

– Quer que eu vá para aí é assim você desabafa comigo?

– Você faria isso?

– Claro... Já to indo para aí, preciso só de um tempinho...

Precisava sair de casa sem que meus pais percebessem, não queria que eles soubessem que eu escutei a discussão deles, afinal eu sei que se eles descobrirem a fachada de casal perfeito vai por água abaixo.

# Narração Amanda (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Bernardo estava demorando, ele disse cinco minutos e já tinham se passado dez. Não era possível que ele tinha se perdido, não estava mais aguentando segurar nada, decidi ir embora até que fui interrompida por uma voz totalmente familiar.

– Anna Júlia querida! - tentei fingir que não tinha escutado, mas era tarde demais

– Dona Paola... Que bom revê-la. - sorri cordialmente

Dona Paola é a mãe de Miguel, também conhecida como minha ex-sogra, chega a ser irônico encontrá-la aqui passeando com o seu poodle frufru, tenho que me lembrar que o prédio do Lucas fica a duas quadras do prédio do Miguel. Apesar dela ser um amor de pessoa, o filho é um imbecil, mas fazer o que, só enxerguei isso depois que ele me traiu com a minha desafeto.

Certas horas eu acho que se não fosse isso ainda estaríamos juntos, nunca fomos aquele tipo de casal que vivia grudado, mas existia uma coisa inexplicável entre nós.

Não me arrependo de ter acabado tudo, o que ele fez foi imperdoável, mas sei que ainda sinto algo por ele. Falam que o amor e o ódio são separados por uma linha tênue, mas eu não sinto nenhum dos dois.

– Dona Paola? Desde quando somos tão formais Julinha? - ela arqueou a sobrancelha

– Me desculpe tia... É a força do hábito... - tentei desconversar

– Tudo bem... Minha querida me fala como você está, sabe tenho sentido muito a sua falta, não a vejo mais lá em casa e também o Miguel anda tão cabisbaixo, sabe eu to preocupada, você sabe o que aconteceu?

– Deve ser só impressão sua tia... Miguel cabisbaixo, é quase impossível. Realmente não tenho ido mais na sua casa, também senti a sua falta.

– Isso a gente pode resolver meu amor, vá jantar amanhã conosco, sabe que eu adoro quando vocês estão lá em casa.

– Eu não posso... É melhor não... - deu um nó na minha garganta

– Por que? - ela disse surpresa

– Eu não posso fazer isso... Desculpa.

– Está tudo bem entre você e o meu filho? Não minta pra mim, toda vez que pergunto de você lá em casa ele vira as costas e não me responde. Por um acaso vocês brigaram e por isso você não quer ir? Se for não fica assim, logo vocês irão se resolver. - ela dizia sorrindo

– Na verdade nós terminamos... Por isso não poderei ir, sabe é muito recente ainda.

– Entendo minha querida... Mesmo que vocês não estejam mais juntos as portas lá de casa estarão sempre abertas para você. Espero que você encontre alguém fantástico, afinal você merece. Sobre o jantar, podemos marcar para outro dia em outro lugar, só nós duas.

– Obrigada... - a abracei - Vamos marcar um dia sim, vai ser um prazer.

– Minha filha eu vou indo, não quero tomar mais o seu tempo, até porque tem um menino lindo vindo pra cá e parece que é pra te encontrar... - ela me lançou um olhar malicioso

Olhei para trás e vi que era Bernardo se aproximando, já era hora dele chegar, ele estava super atrasado. Voltei a olhar pra dona Paola e ela mantinha seu olhar malicioso sob nós.

– Tia não nos olhe assim, eu e ele somos só amigos.

– Amigos? Conta outra...

– É sério tia... Não estou preparada pra ter um novo relacionamento tão cedo.

– Se você diz... Enfim se eu fosse você agarraria ele, ele é um gatinho.

Fiquei pasma com isso, mas ria internamente, ela voltou a fazer o seu caminho enquanto Bernardo continuava a vir em minha direção. Sinceramente espero que ele aguente o meu ataque, porque vou falar muito, afinal ele me deixou esperando quase vinte minutos. Quem ele pensa que é?

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Bernardo (ON):

Anna Júlia ia comer o meu fígado assim que eu a encontrasse, até porque eu disse cinco minutos, mas demorei quase vinte. Tudo bem que eu tenho uma desculpa plausível, me perdi umas duas vezes, chega a ser irônico me perder aqui, até porque aqui não tem muitos lugares pra se perder, mas finalmente tinha chegado no Riverside. Teve também o fato de eu demorar para sair de casa porque minha mãe resolveu meio que fazer um interrogatório.

* flashback (ON):

– Vai aonde com essa pressa?

– Vou encontrar uma pessoa.

– Que pessoa, Bernardo?

– Uma amiga mãe.

– Trabalho com nomes.

– Anna Júlia Konkovic, tá bom pra você?

– Vão aonde?

– Acho que vou trazê-la aqui.

– Tudo bem. Vai logo, não deixe a menina esperando.

* flashback (OFF):

Quando cheguei ela estava conversando com uma mulher, resolvi me aproximar aos poucos, acho que ela não me mataria com testemunhas, mas acho que a sorte não estava muito do meu lado porque a mulher que estava com ela foi embora.

– Você não tem relógio não? Cara, você falou cinco minutos e me demora vinte. Na boa a sua sorte é que eu encontrei a dona Paola, senão tinha ido embora!

– Desculpe a demora...

– Você só vai me dizer isso? - ela estava ficando irritada

– Não demorei porque eu quis, sabe eu me perdi...

– Como você se perdeu aqui? - ela começou a gargalhar

– Você se esqueceu que eu sou novo aqui? - fingi que estava magoado

– Mesmo assim... É impossível se perder aqui, mas como você é novato tá perdoado. - ela ficou me zoando

– Quer ir pra onde? - faria o que ela quisesse

– Sei lá... Eu quero sumir... - ela olhou para o céu que estava azul e sem nuvens

– Vamos lá em casa então, tenho uns livros que você vai se amarrar.

– Como você tem tanta certeza? - ela estava curiosa

– Um passarinho roxo me contou que você ama ler.

– Roxo? Não seria verde? - ela arqueou a sobrancelha

– Não... Verde é muito clichê. - ri da pergunta dela

– O passarinho roxo estava certo, eu amo ler. Vamos ver se você me impressiona.

– Como assim? - indaguei surpreendido

– Dizem que os olhos são a janela da alma e através deles podemos conhecer as pessoas, mas se não conseguimos descobrir quem elas são através dos olhos, descobrimos através do que elas gostam de ler. Geralmente lemos coisas que nos identificamos e subliminarmente esses livros que lemos possui alguma influência sob nós. - ela falava como se tudo fosse simples

– Isso então quer dizer que para eu descobrir quem você realmente é eu vou ter que ler os seus olhos nebulosos e caso eu não descubra nada terei que olhar seus livros? - a questionei

– Talvez. Mesmo assim não te garanto que descobrirá muitas coisas. - ela sorria

– Vamos ver então o quê você descobre.

Fomos caminhando até a minha moto, recebi um olhar desconfiado da parte dela, achei cômico e resolvi implicar.

– Não me diz que você tem medo.

– Claro que não, se enxerga, até parece que eu vou ter medo de andar de moto.

– Então por que você está com essa cara?

– Essa? Então é a única que eu tenho. - ela ficou zoando

– Responde sem gracinha AJ.

– Quem diria que você com essa cara de mauricinho mimado andaria numa moto dessas, jurava que você tinha medo de despentear o cabelo.

– Vamos falar então sobre a impressão que passamos a primeira vista?

– Agora que comecei pode terminar, da pra perceber que você está louco pra falar. Aproveita que é a sua única oportunidade.

– Achei que você era uma patricinha fútil e superficial que faz escândalo por qualquer coisa mínima, sabe aquelas garotinha chatas não se forem contrariadas fazem um show e sempre tá cercada de pessoas pra enaltecer o seu ego, mas eu vi quinze minutos depois que eu estava um pouco equivocado e algumas horas depois que você só tem cara de metida e nojenta, mas no fundo é um grande mistério a ser desvendado.

– Sabe essa sua primeira descrição tava certinha, porque você mudou de ideia? Eu sou um mistério? Só você mesmo pra achar essas coisas Bê!

– Bê? Acho que isso aí é só para os íntimos AJ! To brincando, eu gostei do apelido.

– Ainda bem que você gostou porque eu não ia mudar. E AJ é para os íntimos, já te falei isso.

– E eu já respondi que vamos ser.

Subimos na moto e dessa vez eu não iria me perder e também se eu me perdesse com toda certeza renderia uma boa história.

# Narração Bernardo (OFF):

# Narração Lucas (ON):

Amanda estava demorando e eu estava me sentindo totalmente culpado por revirar o passado da minha prima, ela saiu daqui chateada. Eu deveria ir atrás dela e desempenhar o meu papel de primo quase irmão, mas eu sabia que se eu fosse atrás dela eu ia escutar poucas e boas, não é que eu tenho medo de escutar o esporro, mas dessa vez vou seguir o conselho de Melissa, ela precisa de espaço às vezes, se a sufocarmos ela fará besteira.

Certas vezes eu penso e concluo como é bom que aqueles dias ficaram para trás. Naquela época ela sumia por dias e vestia uma máscara impenetrável, conseguimos quebrá-la e ela nunca voltou a se reconstruir.

Fui envolvido por um abraço e seu aroma familiar invadiu as minhas narinas, aquele cheiro floral que eu já estava me acostumando. Tirei seus cabelos negros de seus olhos castanhos e os fitei, tinha acontecido algo, ela precisava tanto de mim quanto eu precisava dela.

– O quê aconteceu? - a desarmei

– Não seria eu que deveria te perguntar isso?

– Primeiro você me conta o que aconteceu e depois eu falo, ok?

– Certo. - ela respirou fundo - Meus pais estavam brigando em casa, mas eles nem desconfiam que eu escutei tudo, sabe eu acho que eles só estão juntos por minha causa, o relacionamento deles é uma farsa é tudo pelas aparências. Não sei nem como vou ficar em casa com esse clima.

– A dona Maristela e o Sr. Alexandre brigando? Nossa eu via essa cena como algo super impossível. Sobre você não querer ficar em casa, você pode ficar aqui, afinal eu gosto quando você está aqui. Realmente tudo aqui é pelas aparências, podemos fazer tudo contanto que não envergonhemos as nossas famílias. Irônico né, todos querem ser iguais a nós enquanto só queremos ser normais.

– Sério que eu posso ficar aqui? Não vou atrapalhar? - seu olhar parecia mais aliviado

– Você nunca atrapalha, põe isso na sua cabeça minha flor. Pode até escolher onde você vai dormir, tem o meu quarto ou um dos quartos de hóspede, sabe eu acho, na verdade eu tenho certeza que você vai ficar mais à vontade aqui no meu quarto.

– Agora que já resolvemos o meu lado, me fala o que aconteceu contigo?

– Mexi em algo que não era da minha conta.

– Como assim? - ela ainda não tinha entendido

– Depois do refrão eu descobri que meu pai estava falando com a minha tia Clara, a mãe da Anna Júlia, eu decidi mexer nisso e tentar entender o porquê ela foi embora, olhei o computador do meu pai, juntei tudo que consegui naquela pasta e mostrei pra minha prima.

– Ai meu Deus...

– Ela ficou chateada e saiu correndo daqui, ela não quis olhar nada e deixou bem claro que ela não tem mãe. Acho que passei dos limites essa vez. Me meti demais aonde não sou chamado.

– Eu poderia falar pra você que eu avisei, mas não vou. Tenho certeza que ela um dia vai querer saber da mãe e vai pedir a sua ajuda, sabe eu acho que foi um choque inicial pra ela tudo isso. Não fica assim, em breve vocês voltam a se entender.

– Depois daquele esporro que a Melissa me deu depois do refrão eu nem sai correndo atrás da minha prima, ela precisa de espaço às vezes.

– Vou ser obrigada a concordar. Vamos fazer alguma coisa, esse clima deprê não é bom pra gente.

– Vamos até a sorveteria, eu sei que você adora aquele lugar.

– Realmente você sabe do que eu gosto. Sabe por que eu gosto tanto de lá?

– Não tenho certeza, mas imagino o motivo.

– É porque eu tenho boas memórias da galera lá, antes de todas as loucuras.

– Nossa então essas memórias já tem tempo, até porque qual foi a última vez que ficamos sem nos meter em nenhuma loucura?

– É difícil lembrar com precisão. Vamos logo, estou afim de criar novas memórias maravilhosas lá.

O poder que ela exercia sobre mim parecia ser o mesmo que eu exerço sobre ela. Ela tem o dom de me animar quando estou triste. O tempo passa e cada vez mais eu tenho a certeza que ela não é um erro, mas sim uma das poucas coisas que eu acertei na vida.

You drive me crazy
Someone like you
Always be my baby
Best I ever had
Hips don't lie
You make me wanna *uff*
One more night
Irreplaceable, yeah
Crazy, we're crazy

Oh I don't know how else to sum it up
'Cause words ain't good enough
There's no way I can explain your love, no
Oh I don't know how else to sum it up
'Cause words ain't good enough
I can't explain your love, no

# Narração Lucas (OFF):


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, beijinhos :)



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