Castelo de Vidro escrita por Purple Sparkle


Capítulo 16
Lidando com o inesperado


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, voltei com mais um capítulo, acho que esse ficou até grandinho. Espero que gostem boa leitura :)



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# Narração Nathaniel (ON):

Dei uma volta pelo lugar, já que Felipe queria ficar um pouco sozinho, olhei de longe Anna dançando com o garoto que saiu a puxando mais cedo, não aguentei ficar vendo aquela cena e fui ver como meu amigo estava.

Quando cheguei perto da onde ele estava olhei duas vezes para ter certeza se o que eu estava vendo era real ou apenas uma ilusão, Melissa e Felipe estavam sentados juntos, ele acariciava o cabelo dela, tinha algo errado ali, aquela cena não era normal.

Melissa estava completamente fora de sim, ria que nem uma idiota, falava que estava tudo girando e não conseguia dar dois passos sem tropeçar.

Decidi levá-la pra casa, meu pai saberia o quê fazer com ela. Eu e Felipe escoramos Melissa e fomos pegar um táxi.

Durante o caminho ela falava algumas coisas desconexas e eu torci para que chegássemos logo, as vezes eu achava que ela estava dopada.

Comecei a me desesperar quando ela falou que ela queria dormir, não podia deixar isso acontecer, Felipe o tempo todo tentava a manter ligada.

# Narração Nathaniel (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Estava com Bernardo na pista de dança já fazia um tempinho, estava na hora de ver como Melissa estava, já tinha dado tempo o suficiente pra ela ficar com o Caio.

Vou para o bar procurar Melissa com Bernardo atrás de mim e não a vejo, avisto caio na mesa de sinuca fumando e vou até ele.

– Cadê Melissa?

– Sei lá... No meu bolso ela não tá.

– Sem palhaçada, Caio. Cadê ela? - estava sem paciência pra gracinha

– Acho que ela foi pra casa, sabe ela não tava bem não... - ele riu - ... Certas horas eu achava que ela não ia se aguentar nas próprias pernas.

– Merda... - praguejei

– Anna, se eu fosse você eu ligaria pro Nathaniel, eu tinha o visto aqui. Sabe como ele é... Se ele estiver com ela, você vai precisar mexer os pauzinhos. Ou será que ela foi pra casa com outra pessoa? - ele ria sadicamente

Sai correndo dali, precisava achar Nathaniel. Olhei todo o lugar e conclui que o melhor era ligar pra ele. Liguei uma, duas, três vezes, só na quarta que ele finalmente atendeu.

– Cadê você? Me diz que você está com a Melissa! - estava desesperada

– Indo pra casa. E sim eu estou com ela.

– Não vai pra casa, Nate. Por favor. - supliquei

– Ta louca, Anna Júlia? Ela precisa ir pra casa e meu pai precisa saber disso. - ele estava nervoso

– Deixa eu encontrá-los antes... Para em qualquer lugar, eu já to chegando. - precisava convencê-lo

– Beleza... Nos encontramos na praia então, no posto 7 pode ser? - ainda bem que ele me escutou

– Ok.

Fiz sinal para o primeiro táxi que vi e Bernardo acompanhava o meu nervosismo. Não tinha percebido que ele continuava me seguindo.

– Tenho que ir...

– Eu sei... Vou contigo.

– Sem chance...

– Não adianta você tentar me convencer, eu vou contigo.

– Você nem nos conhece direito, então pra que se envolver?

– Talvez eu possa ajudar e também não vou deixar você voltar sozinha a essa hora.

Não discuti e entrei no táxi com ele, disse para onde estávamos indo e supliquei para que ele fosse o mais rápido possível.
Estava preocupada e com medo do que estava acontecendo.

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Melissa (ON):

Minha cabeça girava e latejava e eu não sabia onde estava, escutava vozes e sabia que elas eram conhecidas, mas não conseguia dizer de quem elas eram. Estava com sono, mas alguém estava fazendo de tudo para eu não dormir, só conseguia focar em seus olhos negros.

Comecei a diferenciar os barulhos que ouvia, primeiramente tentei descobrir quem estava rindo histericamente até que me toquei que era eu mesma que estava fazendo isso. Ria sem sentir, não sabia do que estava rindo.

Somebody mixed my medicine
Somebody mixed my medicine

Well you hurt where you sleep
And you sleep where you lie
Now you're in deep
And now you're goma cry

Estava sendo levada para sentar em algum lugar, por que eu estava descalça? Sentia algo fino e fofo entre meus pés, o local estava rodeado por um cheiro muito gostoso. Tentei me focar para saber onde eu estava, depois de alguns segundos ou minutos, não tinha a menor noção de tempo percebi que estava na praia.

Já sabia mais ou menos onde estava, agora tinha que saber com quem eu estava. Me forçava a identificar as vozes até que reconheci uma delas, era Anna Júlia e ela estava discutindo com alguém.

– Anna... - disse arrastado

– Ai meu Deus, Mel...

– Amiga... Onde eu tô?

– Estamos na praia, mais exatamente no posto 7. Eu e o Bernardo vamos contigo até o quiosque para você beber uma água e comer algo.

Me senti sendo erguida e percebi estar no meio de duas pessoas, uma delas era Anna Júlia e a outra devia ser o tal Bernardo.

Got a woman to your left
And a boy to your right
You start to sweat so
Hold me tight cus'

Somebody mixed my medicine
I don't know what I'm on
Somebody mixed my medicine
Now baby, it's all gone
Somebody mixed my medicine
And Somebody's in my head again
And Somebody mixed my medicine
Again, again

# Narração Melissa (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Quando cheguei no posto 7 paguei rapidamente o taxista e deixei Bernardo debatendo com o vento sobre era ele que deveria pagar o táxi. Sai correndo em direção a Melissa, Nathaniel e Felipe a acudiam. Cheguei perto dela e a balancei, ela não respondia e isso não era bom.

– Felipe não deixa ela dormir... Se ela dormir vai dar merda.

– Precisamos levá-la pra casa, meu pai vai saber o quê fazer.

– Você tá louco? Ela não pode chegar em casa nesse estado, seu pai vai levá-la ao hospital e isso não é necessário. - estava nervosa

– Você tá vendo o estado que ela está? - ele estava raivoso

– CLARO QUE EU TO VENDO! POR UM ACASO VOCÊ ACHA QUE EU SOU CEGA, NATHANIEL? - explodi

– NÃO TO ACHANDO TO QUASE TENDO CERTEZA... AINDA POR CIMA TÁ PARECENDO BURRA! - ele perdeu a noção

– O ÚNICO BURRO AQUI É VOCÊ, PRESTA ATENÇÃO SE O SEU PAI A VER ASSIM VAI DAR MERDA. ATÉ PARECE QUE VOCÊ NUNCA A VIU BÊBADA, CERTAS HORAS PARECE QUE O ÚNICO CEGO AQUI É VOCÊ.

– Tudo bem... Não a levaremos pro meu pai, mas o quê vamos fazer?

Escutei alguém me chamando fraco. Felipe e Nathaniel a olharam esperando que fosse ela que tivesse falado e não fruto de nossas mentes preocupadas.

– Anna... - ela disse arrastado

– Ai meu Deus, Mel...

– Amiga... Onde eu tô?

– Estamos na praia, mais exatamente no posto 7. Eu e o Bernardo vamos contigo até o quiosque para você beber uma água e comer algo.

Olhei pra ele que observava tudo em silêncio e ele assentiu. A levantamos devagar e fomos caminhando devagar até o quiosque.
Nathaniel e Felipe vieram atrás em silêncio, provavelmente estava sendo difícil para eles lidarem com essa situação, até pra mim estava sendo, nunca a tinha visto nesse estado, isso não era só fruto da bebida, ela parecia dopada.

A sentamos numa cadeira e eu esperava a água que Bernardo falou que ia comprar. Ela tentava balbuciar algumas palavras, mas nada saía. Quando a água chegou fiz ela tomar a garrafa toda.

– Amiga... Minha cabeça tá girando e não é como das outras vezes.

– Vai passar... Mel, eu preciso que você não durma e fique conosco.

– Conosco... Quem tá aqui?

– Eu, Bernardo, Felipe e Nathaniel.

– Nathaniel... Merda... O quê ele tá fazendo aqui?

– Ele que te trouxe pra cá...

– Merda...

Ela estava recobrando a consciência aos poucos e isso era bom. Sua aparência estava melhorando, ela não parecia tão pálida quanto antes.

– Estou com fome... - ela disse

Quando ela disse isso resolvi levantar e ver algo pra ela comer, mas uma mão me impediu, olhei pra Nathaniel e ele fez sinal que ele iria.

– Deixa que eu vou, fica com ela. - ele disse

– Tudo bem...

Ia voltar a dar atenção a Melissa quando os olhos preocupados de Felipe entraram no meu campo de visão, ele estava aflito e parecia em choque. Aposto que essa era a primeira vez que ele participava diretamente de algo assim. Acho que foi mais impactante principalmente porque está tudo acontecendo com a garota que ele gosta.

– Ei, Lipe... Não fica assim... Vai dar tudo certo... - sorri otimista pra ele

– Tem certeza, gatinha? - ele me olhou suplicante

– Tenho sim...

Quando chamei Felipe de Lipe, Melissa pareceu que acordou mais, ela franziu o cenho e isso era um sinal claro que ela estava melhorando.

– Amiga... Não me diz que o outsider tá aqui.

– Não chama ele assim...

– Ele então é errado chamar de outsider... O quê você vê nele de tão diferente dos outros?

– Ele é meu amigo, Melissa. Por isso não quero que você destrate ele, além do mais ele está preocupado contigo sua ídola, você deu um susto em todo mundo!

Ela piscou os olhos assustada e abaixou a cabeça.

– Desculpa... Vou tentar controlar a minha língua... - ela disse

– Tudo bem... Não precisa brigar com ela, Anna. Valeu por me defender, mas eu aguento as porradas dela tranquilamente. Isso é até um bom sinal, ela tá melhorando.

Nathaniel finalmente chegou com a comida, acho que ele pediu até coisa demais. Tinha batata frita, um sanduíche cheio de queijo, bacon entre outras coisas, sabia que ela não comeria aquilo estando no seu estado normal, principalmente com aquela psicose dela de ter que emagrecer, porque ela acha que está enorme. Ela comeu sem reclamar, esperava que ela não colocasse tudo pra fora.

– Ela realmente parece melhor... - Bernardo disse

– E ela está... Ainda bem... Obrigada pela ajuda.

– Que ajuda? Você que basicamente fez o trabalho todo.

Quando ela terminou de comer, ela já conseguia ficar em pé sozinha, resolvemos caminhar um pouco pra adrenalina passar.

Caminhamos cerca de quinze minutos quando decidimos ir pra casa.

– Vou ligar pro motorista. - Nathaniel disse

– Nem pensar... Ninguém pode ver a sua irmã assim. - Felipe o rebateu

– Concordo com o Felipe, se o seu motorista a ver assim tem quase 99,9% de chance dele falar pro seu pai.

– Parem de discutir, minha cabeça ainda tá doendo um pouco. - ela suplicou

– Vamos com o meu motorista e ponto final. - Bernardo disse

Ele fez a ligação rapidamente antes que alguém rebatesse e em menos de dez minutos estávamos a caminho de casa.

Não demoramos muito a chegar, dormiria na casa de Melissa, já que de manhã teria que ir na casa do meu pai buscar o quê minha avó tinha pedido, aproveitaria e a levaria comigo.

Descemos do carro e eu o agradeci, antes dele ir embora trocamos telefone, ele pediu para eu lhe dar notícias e eu assenti.

O trajeto até o apartamento foi silencioso, entramos evitando fazer qualquer barulho e fomos para os respectivos quartos. Melissa foi tomar um banho e eu fui depois dela, decidimos não tocar em qualquer assunto naquele momento, de manhã teríamos tempo o suficiente para conversar.

Ela pegou no sono rápido e só assim eu me permiti dormir.

Era bem cedo quando decidimos levantar, ela novamente foi tomar banho antes de mim e assim que ela terminou ela foi em direção à sala de jantar tomar café da manhã.

# Narração Anna Júlia (OFF):

# Narração Melissa (ON):

Ressaca era a palavra que definia a minha manhã, estava explodindo de dor de cabeça e sabia que uma hora ou outra teria que conversar com a Anna. Eu não me lembrava de quase nada da noite passada, a única coisa que sabia era que tinha jantado no rotary club e depois tínhamos ido a um lugar, dali em diante está tudo em branco.

Estava faminta, por isso nem esperei Anna terminar seu banho, fui caminhando pra sala de jantar quando fui parada pelo outsider sem noção.

– Você está se sentindo melhor? - ele parecia preocupado, mas eu não me importo

– Por que eu estaria mal? - indaguei

– Sabe... Ontem... Você estava um pouco fora de si.

– Sério? Eu não me lembro de exatamente nada. - disse não me importando

– Nem do nosso beijo? - ele me olhou suplicante

– Beijo? Você pirou? Eu nunca te beijaria! - fui grossa, até parece que eu o beijaria

Sai andando e o deixei atônito, quando pensei que conseguiria retomar o meu caminho pra mesa de café da manhã meu braço foi puxado e eu virei bruscamente.

– Qual é o seu problema, Melissa?

– Você quer que eu fale a verdade ou quer que eu minta?

– Sem rodeios, Melissa.

– Meu problema geralmente é você seu estúpido, agora o que se passou nessa sua cabeça desprovida de um pingo de noção em puxar o meu braço assim?

– Você perdeu a linha dessa vez e passou de todos os limites...

Fomos interrompidos pelo meu pai e a cara dele não era das melhores, já imaginava o porquê, eu e Nathaniel estávamos brigando logo pela manhã.

– Quem perdeu a linha? - ele perguntou

– Melissa. - o idiota ainda responde

– O quê ela fez?

– Bebeu demais ontem e teve que ser carregada. - Não acredito que ele estava me dedurando, isso não ia terminar assim

– Acho que você bateu com a cabeça em algum lugar, Nathaniel. Todos sabem muito bem que eu não bebo. Não é papai?

Vi Anna Júlia chegando junto com o outsider sem noção e espero que ela tenha pego o assunto no ar, não podia deixar Nathaniel me ferrar.

– Tem certeza que era Melissa, Nathaniel? - ele arqueou uma sobrancelha

– Tenho.

– Impossível isso ter acontecido ontem, tio. - Anna Júlia soltou

– Por que impossível?

– Sabe ela estava o tempo todo comigo, Nathaniel deve ter se confundido, até porque sabemos que a Mel não é a única ruiva que circula aqui nas proximidades. Ontem nós fomos jantar com a minha avó e depois eu e ela fomos na sorveteria.

– Já que foi somente um mal entendido, vamos tomar café.

Ele pareceu acreditar na mentira e isso me deixava aliviada, sentamos à mesa e nós servimos. Percebi Anna trocar mensagens discretamente e logo a campainha tocou. Um garoto loiro e alto foi trago até a sala de jantar e eu tentei reconhecê-lo. Ainda bem que Anna foi sagaz e o recepcionou.

– Bernardo! - ela exclamou

– Bom dia, desculpe interromper o café da manhã de vocês, mas queria saber se você já estava se sentindo melhor, sabe eu estava preocupado. - ele olhava pra mim

– Quem estava passando mal? - minha mãe perguntou

– Eu... - Anna Júlia respondeu - ... Sabe como é tia, fui na sorveteria com a Mel ontem depois do jantar e nós apostamos quem comeria mais rápido mais sorvetes, no fim acabei me sentindo um pouco enjoada. O Bernardo foi um gentleman e nos trouxe em casa. - minha amiga salvou a minha pele

– Ah sim entendo... Por favor, Bernardo junte-se a nós.

– Sim senhora...

O café da manhã seguiu normalmente, e antes que fôssemos pra casa do pai de Anna Júlia meu pai resolveu conversar com Bernardo.

– Você é novo aqui certo?

– Sim senhor, minha mãe achou melhor se mudar pra cá, sabe fica mais perto dos pacientes dela e também de seu consultório.

– Presumo então que seja o filho da Dra. Erica Duarte.

– Isso mesmo, sou Bernardo Duarte. É um prazer conhecê-lo.

– Papai, desculpa interromper o papo maravilhoso que vocês estavam tenho, mas temos que ir.

– Tudo bem... Espero lhe ver mais vezes.

Sai arrastando Bernardo dali enquanto Anna Júlia falava alguma coisa com Felipe e Nathaniel, quando ela viu que consegui tirar o nosso novo amigo do meu pai ela veio em nossa direção. Descemos o elevador e ela o agradeceu por ontem e por hoje.

# Narração Melissa (OFF):

# Narração Bernardo (ON):

Em menos de 24 horas já fui tragado pelo mundo de Anna Júlia Konkovic, ela é misteriosa e possui uma personalidade extremamente forte. Não sei se foi sorte ou azar cruzar o caminho dela, mas sei que foi de uma maneira totalmente inusitada. Acabei esbarrando nela no rotary club e ela só faltou me matar com aquele olhos castanhos claros. Já tive a singela impressão que ela já me fuzilou pelo menos cem vezes com aqueles olhos turbulentos. Dizem que os olhos são a janela da alma, mas os dela parecem ser uma janela fechada, porque é impossível a ler pelos olhos, eles transmitem muita coisa e isso é muito confuso.

* flashback (ON):

– Você não olha pra onde anda não! - ela esbravejou

– Eu olho, mas parece que você não. - retruquei

– Acho que você não sabe quem eu sou né, aqui todos abrem caminho pra mim passar e você deve fazer o mesmo! - ela me lançou um olhar como se falasse que ela é superior

– Vamos AJ, não dê moral pra ele, temos que chegar no chafariz. - fomos interrompidos por um garoto com o cabelo quase do mesmo tom que o dela, ela possuía um cabelo castanho acobreado

Eles saíram andando e antes que eles se afastassem gritei.

– Então o seu nome é AJ... Bom saber... - gritei com um sorriso

– AJ é só para os íntimos... - ela respondeu

– E quem disse que não vamos ser? - a respondi e continuei sorrindo

Logo depois esbarrei em outra pessoa, dessa vez foi em um garoto e eu fui levemente ameaçado, ele disse para eu ficar longe dela senão eu me arrependeria. Tratei logo de descobrir quem era aquela garota misteriosa que as pessoas abriram caminho e ameaçavam se ficassem perto e não foi difícil.

Estava sentado no balcão da sorveteria quando fui abordado por um velhinho.

– Chegou com o pé esquerdo hein meu filho.

– Por que? - estava intrigado

– Esbarrou com Anna Júlia Konkovic, também conhecia como rainha gelada e logo depois esbarrou com o ex namorado da mocinha. A ruiva amiga dela é Melissa, ou furacão ruivo, o moreno que a chamou é o primo dela Lucas e a outra menina se chama Amanda.

– Que sorte a minha hein.

– Realmente você teve sorte, porque geralmente ninguém sai ileso se falam do jeito que você falou com ela sem a conhecer. Têm muita gente disposta a defendê-la principalmente os três que estavam com ela.

Conversei mais um pouco com o velhinho e descobri muitas coisas, paguei a minha conta e fui para o local que ele me indicou o tal Porão.

Quando cheguei achei o local interessante, ele é perto da minha antiga casa, o quê achei super louco, porque nunca tinha passado por aqui. Andava observando os ambientes quando uma pessoa esbarra em mim, era a tal Anna Júlia.

– Você! - ela exclamou como se não acreditasse

– Nossa é a segunda vez que nos esbarramos, será que na terceira eu posso pedir música? - indaguei zoando

– Isso deve ser algum tipo de piada né? Você tá me seguindo? Porque não é possível! - ela parecia não acreditar

– Nem to AJ, mas se você quiser adorarei te seguir. - brinquei com a fera

– Já te disse que só os íntimos podem me chamar de AJ.

– Então vamos começar esse processo... Meu nome é Bernardo. - estendi a mão para ela

– Bernardo... Interessante... - ela apertou a minha mão - Por um acaso você é filho de chocadeira? Ou quem sabe um experimento de laboratório?

– Não... Por que? - a olhei curioso

– Então se apresente direito. Bernardo de que?

– Ah sim... Duarte... Bernardo Duarte.

– Você é o tal filho da psicóloga dos adolescentes problemas Erica Duarte!

– Tá sabendo direitinho, Anna Júlia Konkovic. Como você sabe quem é a minha mãe, por um acaso já se tratou com ela?

– Que nada, é só que eu tenho uns idiotas pra indicar pra ela, sabe como é né? Afinal falam que ela é uma das melhores na área... Você parece que também fez o seu dever de casa...

– Depois que eu esbarrei em você recebi uma represália e então procurei saber o porquê.

– Interessante... Agora eu tenho que ir...

Ela foi pro palco e arrasou cantando Goin' Down do The Pretty Reckless, cada vez mais tinha a noção de que ela era uma caixinha de surpresas, provavelmente com algumas bem problemáticas.

* flashback (OFF):

Nesse período já fui arrastado para a praia, na verdade eu fui porque eu quis, entrei numa encenação para o pai da amiga dela evitando que a garota se desse mal. A menina ontem estava totalmente fora de si, não é atoa que a chamam de furacão ruivo, a guria passa e todos percebem. Nunca tinha pensado em fazer isso, mas ela me convenceu, ela tem esse poder de persuasão.

Será que é possível se afeiçoar por uma pessoa em menos de 24 horas? Será que com o pouco que já descobri sobre ela é possível ficar cada vez mais intrigado?

É muito difícil saber o que você é. Uma pessoa muito misteriosa e isso chega a colocar meus sentimentos em dúvida. Me faz não saber distinguir o que é certo e errado.

Me sinto envolvido e atraído pelo seu mundo que é tóxico, tento descobrir as mensagens que ela deixa nas entrelinhas, como em Goin' Down, aquilo não foi totalmente espontâneo, nada nela é espontâneo, tudo é altamente planejado e calculado e tem um motivo.

Vim pra cá pra aproveitar cada dia como se fosse o ultimo já que ele literalmente pode ser e já vi que ela vai ser uma ótima anfitriã.

# Narração Bernardo (OFF):

# Narração Felipe (ON):

A ver naquele estado me deixou em choque, nunca tinha participado diretamente de algo assim e nem pretendia participar de algo parecido outra vez. Ela estava tão frágil e debilitada e isso partia o meu coração, a minha vontade era cuidar dela até que ela melhorasse e quem sabe assim eu talvez ganhasse a sua afeição.

Quase a levamos para casa, mas a gatinha convenceu Nathaniel a não fazer isso. Paramos na praia e a esperamos, ela chegou rápido e discutiu levemente com ele, quando Melissa a chamou ela focou somente nela. Essa menina nos deu um susto tremendo, ver ela se recuperando me deixava mais tranquilo, mesmo que com isso viessem os insultos e o tratamento hostil, nada disso me importava, só queria que ela melhorasse.

Na manhã seguinte de toda essa loucura tentei falar com ela, queria ouvir da boca dela que ela estava melhor, mas ela já tinha voltado ao normal e me respondeu rispidamente, confesso que dói ser maltratado por ela principalmente quando ela fala que não se lembra de nada da noite anterior nem do nosso beijo. Certas vezes penso que o pior nem é ela não lembrar, mas sim falar que eu to louco e que ela nunca me beijaria.

Nathaniel tentou me defender e por um momento achei que ela se ferraria, porque o pai dela a pegou discutindo com o irmão, o anjo da guarda dela é muito bom, ou seria melhor dizer que a Anna Júlia sempre chega no momento certo e consegue livrá-la de se ferrar.

Começo a entender melhor a rede de mentiras, elas são contadas no intuito de proteger aquelas pessoas importantes para nós, cada vez mais essa rede aumenta. É a primeira vez que vejo de perto os efeitos dela. Todos os pedidos de desculpa parecem falsos e altamente calculados, somos meros fantoches no show.

Band-aids don't fix bullet holes
You say "sorry" just for show
If you live like that, you live with ghosts

# Narração Felipe (OFF):

# Narração Jennifer (ON):

Dorothéia estava empacotando as encomendas que a avó da Anna tinha feito, provavelmente daqui a pouco ela estaria aqui. Estávamos ansiosas para vê-la, ela faz falta aqui em casa, e também não me acostumei ainda em não encontrá-la todos os dias.

Escutamos a porta abrir e era ela, sai correndo e a abracei forte, Melissa sorria com essa cena, elas não eram muito de demonstrar afeto em público, mas tinha horas que era impossível evitar.

– Que saudade de você maninha. - disse a abraçando

– Também estava com saudade... Mesmo se passando somente dois dias. - ele falou rindo

– Dois dias que pareceram dois anos, nunca sei quando irei te ver de novo. - exagerei

– Não exagera Jen, você sabe muito bem que pode ir lá em casa a qualquer momento. - Anna falou, às vezes ela não gosta de exageros

– Quando você quiser ir lá me da um toque Jennifer, sabe você pode falar pra broaca da sua mãe que vai no shopping comigo e ai nós desviamos do caminho e vamos visitar a Anna.- Melissa disse

– Isso é perfeito, Melissa. - disse animada e vi Anna assentindo

As levei até a cozinha e Dorothéia só faltou matar Anna, ela estava ficando roxa por causa do abraço de urso.

– Dorothéia, assim você vai matar a Anna! - estava ficando desesperada

– Ai meu Deus! Ai meu Deus! Quase matei minha menina! - ela começou a a ficar nervosa

– Calma gente, eu não vou morrer tão fácil assim não. Se eu não morri quando morava aqui intoxicada pelo veneno alheio, não vai ser com um abraço de Dorothéia que eu vou morrer. - Anna Júlia ficou zoando

Escutei minha mãe me gritando e recebi um olhar dizendo para eu ir ver o que ela queria.

# Narração Jennifer (OFF):

# Narração Anna Júlia (ON):

Quase morri com o abraço de Dorothéia, mas mesmo assim não o evitaria, sentia falta dela, ela é como uma mãe, a conheço desde pequena e ela sempre esteve comigo.

Foi fácil demais entrar na minha antiga casa, as chaves ainda serviam, não pretendia passar muito tempo aqui, então decidi pegar logo o quê tinha que pegar e ir pra casa. Melissa me ajudaria a descer com as encomendas da minha avó e eu desceria com algumas malas.

– Dorothy, preciso pegar umas coisas no meu antigo quarto, sabe me dizer se as coisas ainda tão lá?

– Estão sim minha menina, vai lá. Quando você voltar eu já vou ter terminado de embalar as coisas que são pra levar hoje.

– Beleza... A Mel vai me ajudar a descer com isso.

Deixei as duas na cozinha e fui em direção ao meu antigo quarto, mas antes passei pela sala de estar onde por um acaso estava a minha madrastra Miriam junto com Larissa e Jennifer. Estava na hora de brincar um pouco.

– Anna Júlia, minha querida, que bom que você está em casa! - a falsa animação dela me dava nojo, demorei mais ou menos três segundos pra entender o quê estava acontecendo, ela estava sendo entrevistada

– Nossa que bom que chegou quem faltava, junte-se a nós, é um privilégio entrevistar as quatro mulheres da vida de Carlos Konkovic.

– Casa? - me fiz de desentendida - Miriam, meu amor, você sabe muito bem que eu moro mais aqui, já faz um tempinho que to morando com a minha avó, lembra? Foi até você que deu a ideia. - Respondi no mesmo tom de falsa empolgação e a jornalista parecia um pouco chocada

– Anna, não brinque na frente da jornalista. - Miriam estava sem graça

– A Julinha é bem brincalhona, sabe como é... - Larissa tentou contornar a situação

– Vocês já mentiram melhor sabia? Qual foi a desculpa para eu não estar em "casa"? - olhei para a cara das duas com um olhar de deboche - Sabe... Eu só vim aqui hoje porque a minha avó pediu pra eu buscar umas encomendas com a Dorothéia e aproveitando a situação vim buscar o quê faltou eu pegar no dia da mudança. - sorri quando terminei

– Então quer dizer que você não mora mais aqui e que elas mentiram sobre esse fato. Eu gostaria de entrevistá-la melhor o que você acha?

– Eu vou adorar explicar essa história toda, sabe onde me encontrar né?

– Sim... Na casa da sua avó né? Amanhã estarei lá entrevistando ela.

– Maravilha... Então amanhã nos falamos.

Sai da sala satisfeita, Miriam teria um trabalho enorme pra reverter isso, principalmente quando eu passasse pela sala com as malas, estava tudo se saindo melhor do que o esperado.

Quando entrei no meu quarto, as coisas ainda estavam no lugar que eu tinha deixado, peguei tudo o quê eu precisava e arrumei dentro de três malas, passei pela sala com as malas e a jornalista arregalou os olhos comprovando o quê eu tinha falado era verdade.

Deixei as malas na cozinha e Melissa junto com Dorothéia tinham meio que escutado o quê eu falei para a jornalista que entrevistava Miriam.

– Você pisou nela. Adorei! - Melissa estava eufórica

– Minha filha, ela vai ficar uma fera. - Dorothéia estava apreensiva

– Relaxa... Ela não vai dar escândalo enquanto a jornalista estiver aqui.

Fui no escritório do papai pegar uma caixa que tem algumas lembranças da minha mãe é assim que eu consegui pegá-la e ia sair Miriam entra furiosa no escritório.

– Quem você pensa que é pra sabotar a minha entrevista? - ela tentava controlar o tom de voz para não gritar

– Sabotar? Aprendeu novas palavras, Miriam? - debochei

– Sem gracinhas pirralha! - ela estava com raiva

– Vai fazer o quê? Me mandar pra um internato no exterior? Contar pra minha avó que eu falei que não morava mais aqui pra jornalista e a fiz ver que você estava mentindo? Estou morrendo de medo, vai lá fala! - a desafiei

Estagnamos quando a porta foi aberta e por ela passou meu pai. Ele fez uma cara de quem estava surpreso, eu só não sabia dizer se era porque estávamos no escritório ou se era porque eu estava em "casa".

– Minha filha, que bom vê-la em casa.

– Papai! É bom vê-lo também!

– Querido, você não está atrasado pra reunião? - acho que ela queria que meu pai fosse embora

– Ainda não, tenho tempo. O quê vocês fazem no meu escritório?

– Vim pegar algumas fotos antigas pra escanear em casa, já estou de saída.

– Já está chamando a casa da sua avó de sua casa? - Miriam perguntou debochada

– Estou sim, até porque é lá que eu moro agora, lá é a minha casa.

Passei por eles e fui em direção à cozinha, fiz sinal pra Melissa e quando estávamos para sair e esperar no hall do prédio o Sr. Matias me buscar, Miriam puxa o meu braço.

– Sua malcriada, você vai se arrepender de ter me desafiado.

– Estou pagando pra ver se eu vou mesmo me arrepender. - sorri sadicamente

Me soltei e consegui sair de lá de vez, esperava não encontrá-los novamente tão cedo, quero distancia daquela casa, principalmente agora que Miriam acabaria com qualquer pingo de amor que meu pai tinha por mim. Era questão de tempo até minha avó saber do incidente.

# Narração Anna Júlia (OFF):


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