Crônicas de um Bebê escrita por Kuroashi Boy


Capítulo 6
Dia de Aniversário




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Hoje, uma tarde de outono, é um dia extremamente importante e memorável, deveria até aparecer na grande mídia, tão importante é a data de hoje. Aí vocês me perguntam, o que houve? Descobriram a cura do câncer? Paz mundial? Aids? Transformaram metal em ouro?!

NÃO!!

Nada desses temas é tão importante quanto a realidade. Hoje eu estou completando exatos TRÊS poderosos anos de vida! Sabem o que isso significa? Exatamente, não significa nada!

Brincadeira, significa bastante coisa sim. A grande Mansão onde eu morava foi enfeitada com vários balões, mesas de doces, brinquedos espalhados, crianças barulhentas perdidas por aí, Doflamingo tocando o terror nos outros bebês e Rosinante caído em algum canto da casa.

Todos os meus super amigos maravilhosos que eu amo tanto estão aqui. O Dellinger, filho do Vergo, está brincando de maquiagem com o Cavendish, enquanto o pai dele tá junto com o Doflamingo. Eu estou sentado com o meu papai bonzinho, o Luffy e o Kid, e ele está nos ensinando a incrível arte do malabarismo.

– Ok, crianças, olhem só e aprendam com o melhor!

Nós três ficamos parados, sentados e com a mão na boca, só observando o Rosinante fazer Rosinantices. Ele pegou três bolas de cores diferentes e jogou-as para cima, dando-nos um excelentíssimo show de malabarismo. Nós três, crianças ingênuas, ficávamos direcionando nossos grandes olhos pra todos os cantos, seguindo as bolas.

O Luffy, que era um garotinho mais feliz, ficava batendo palmas e rindo como um idiota. O Kid era mais parecido comigo, já que nós dois ficamos aguardando o Rosinante fazer alguma besteira. A única diferença é que ele não sabia se isso iria acontecer, já eu, tinha certeza.

Ficávamos assistindo o adulto bobo e sorridente, que parecia ser mais infantil que nós, brincar com as três bolas coloridas, jogando-as para todos os cantos, até que o inevitável finalmente aconteceu. Todos os convidados olharam pra nós. Doflamingo apenas escondeu seu rosto atrás das mãos, batendo em sua própria testa, pois já estava acostumado.

Para sanar a curiosidade de vocês, no momento em que ele jogou as três bolas pra cima, ele acabou tropeçando não sei como, caindo no chão, e as bolas bateram todas em sua cabeça. Pra piorar, ele começou a pegar fogo no meio do nada, juntamente com as bolas. Resultado? Um verdadeiro incêndio na sala de estar.

Nós, crianças ingênuas, apenas ficávamos admirando o fogo, as chamas e o calor que saiam, já que o incêndio ocorreu bem à nossa frente. Os pais do Luffy e do Kid, que eram criaturas bem mais racionais, tiraram seus filhos de perto do Rosinante antes que eles morressem em conjunto. Bom, o Doflamingo não veio me tirar, então eu continuei lá.

– Tsc, tá parado por quê, pirralho? Não sabe andar? – Doflamingo me perguntou. – Se você acha que eu vou te carregar assim como os outros, você tá muito enganado, você precisa aprender que seres humanos não são confiáveis desde cedo!

E foi assim que o dia em que eu nasci quase se tornou o dia em que eu também morri. Não culpem o papai por falar assim comigo, provavelmente ele só estava irritado com o marido, mas tudo ficou bem no final. Ele usou um extintor de incêndio pra apagar o fogo e avisou para que os convidados se acalmassem que não iria se repetir, já que o Rosinante ficaria preso num cantinho, de castigo, pensando no que fez.

De qualquer forma, eu voltei a me reunir com os outros dois garotos. O Luffy pegou vários doces e salgadinhos pra ficar comendo e se recusou a dividir, mas até aí tudo bem. O Kid pegou uma espécie de robô que ele mesmo havia trazido e ficou me mostrando toda a complexidade do brinquedo.

Nós ficamos brincando como crianças normais. O robô dele soltava uma espécie de laser pelos olhos, então nós resolvemos nos unir contra o Luffy, sabe-se lá porquê. Colocamos o raio do robô apontado pro chão e o pobre garoto inocente foi seguindo a luz vermelha, tentando pegá-la, mas sem êxito, parecendo um gato atrás de um rato.

Nós dois riamos vendo o Luffy com esperanças de algum dia conseguir segurar o laser, até que paramos de rir quando ele começou a chorar. Quando ele chorou, nós simplesmente ligamos o foda-se e fomos embora, já que bebês não tem empatia pelo próximo.

Mas aí o meu papai bonzinho saiu do castigo e não gostou nada do que viu. Foi até o Luffy, que chorava e berrava, e tentou alegrá-lo, mas sem êxito. Eis que ele pareceu ter uma brilhante e ideia e desapareceu novamente, indo pegar algo. Eu já fiquei assustado com o que poderia ser, e um pouco preocupado também.

Ao mesmo tempo em que o Luffy chorava, eu e o Kid continuávamos a brincar com o robô, até que o Rosinante voltou a aparecer. Mas ele não estava normal, estava com uma roupa diferente e coisas pintadas na cara, parecendo um desses palhaços de circo, e foi em direção ao garoto chorão.

Em sua face, ele pintou quatro triângulos verdes abaixo do olho direito, de cabeça para baixo e, em seu sorriso, ele colocou um batom vermelho que ia da ponta de uma orelha até a outra. No cabelo, cobriu-se com uma touca de coração e no corpo, pois um casaco de penas negras. Os pais das crianças pareceram gostar, mas eu e Doflamingo ficamos perplexos.

– Rosinante, que porra..?

– Doffy, de agora em diante não me chame pelo nome. Eu sou o Corazón, e vim fazer as crianças sorrirem!

– Eu não conheço essa pessoa... eu juro que eu não conheço...

Mas até que deu certo. O “Corazón” foi até o Luffy, fazendo vários tipos de brincadeiras com as mãos e o garoto respondeu, finalmente parando de chorar e voltando a rir. Dellinger também se interessou pelo palhaço e foi sentar-se junto a Luffy, o que deixou Cavendish irritado, já que ele queria toda a atenção para si. Os únicos que não sabiam muito bem o que fazer eram eu e Kid.

Sim, no meu aniversário de três anos meu papai se fantasiou de palhaço pra nos fazer sorrir. Não é um amor? Pena que não foi bem como o esperado. Nós ríamos mais dele se fodendo do que dele fazendo palhaçadas, já que a especialidade do Corazón era tropeçar e a nossa, como crianças demoníacas, era rir da desgraça alheia.

Depois que o papai já tava cheio de machucados, maquiagem borrada graças às brincadeiras com fogo e, até me arrisco a dizer, alguns ossos fraturados, já era hora dos parabéns. Por ordens do Doflamingo, o Rosinante foi tirar a maquiagem e se ajeitar, indo até nós logo depois.

Eu estava sendo segurado no colo pelo meu papai malvado, em frente à mesa de doces, onde também tinha um bolo de chocolate enorme, porém sem velas, ao lado do meu papai gentil. Em frente a nós, todos os convidados estavam, incluindo as crianças que eu chamava de amigos. O pai do Luffy precisou se afastar um pouco, se não o filho atacava o bolo.

– Ei, cadê a vela? – Perguntou um dos convidados.

– Nós já tivemos um incêndio e você ainda quer vela?! – Respondeu Doflamingo, gentil como sempre.

– Ai Doffy, também não precisa exagerar né. – Disse Rosinante. – Vamos colocar vela sim, eu não vou fazer nada demais!

– Rosinante, tem trocentos pirralhos aqui, você quer mesmo brincar com fogo? E qual é o problema de ficar sem velas? Ninguém liga pra isso, todo mundo só vem à festa de criança pra comer bolo!

O Doflamingo acabou convencendo meu outro pai a deixar as velas de lado, então nós apenas cantamos aquela música enjoativa que ninguém gosta, mas ninguém tem coragem de admitir, e depois nós, crianças, ficamos esperando nossos pais cortarem o bolo. Ou melhor, as outras crianças ficaram esperando, já que meu pai teve a brilhante ideia de me ensinar a usar uma faca.

– Fufufu, vamos ver se você é tão descuidado quanto o seu outro pai.

– D-D-Doffy, não acho que seja uma boa ideia dar facas às crianças...

– Besteira, tem que aprender a fazer as coisas sozinho! Não sou empregado de ninguém pra ficar cortando bolo.

Então o Doflamingo pois aquele troço pesado nas minhas mãos delicadas e, é claro, eu não aguentei o peso. Deixei a faca cair em cima do bolo, o que já o deixou irritado, mas ele entendeu que era minha primeira vez e voltou a tentar. Mais uma vez, colocou a faca na minha mão, porém ficou a segurando junto comigo, guiando-me até o bolo.

O Rosinante quase arrancava os próprios cabelos, de tanto nervosismo, temendo que algo fosse dar errado, mas até que funcionou melhor do que o esperado. Primeiro o meu papai malvado me obrigou a fazer um círculo no meio do bolo, depois nós tiramos várias fatias em forma de triângulos.

– Viu só? Funcionou! – Doflamingo comemorou.

– Ainda bem... – Rosinante se acalmou.

– Fufufu, o bebê é melhor do que você com facas.

– Ai, você é muito malvado comigo!

– Deixa disso, Rosinante, vamos comer logo esse bolo. Vai, quem quer o primeiro pedaço?

Depois de todos nós nos servimos, pudemos finalmente comer o bolo. Quer dizer, os adultos comeram direitinho, mas nós crianças ficamos com mais bolo na cara do que no estômago, já que nos sujávamos com uma extrema facilidade. Logo após, os pais prepararam os filhos para irem embora.

E quem disse que eles obedeceram? Criança tá pouco se fodendo pra adulto! O Kid segurou a minha mão e correu comigo pela casa, aproveitando que a Mansão era grande pra caralho, então nós ficamos correndo por aí, nos escondendo dos nossos pais. O Luffy veio atrás de nós, com um pedaço de bolo nas mãos.

– CADÊ VOCÊ, SUA PESTE? – Doflamingo gritava por aí, me procurando. – APAREÇA, SE VOCÊ TEM UM MÍNIMO DE AMOR À VIDA!

– A-Ai meu Deus, ai meu Deus, e se o Law tiver se perdido na casa? E se nós nunca mais o encontrarmos? Eu disse que não precisava comprar uma casa tão grande! – Rosinante se lamentava.

E onde eu estava? Atrás de alguma porta em um cômodo qualquer, já que o Kid correu tão rápido que eu nem me dei conta de onde viemos parar. Tudo o que eu sei é que eu, ele e o Luffy ficamos escondidos aqui, rindo feito retardados, ouvindo nossos pais desesperados à nossa procura.

– Kishishi, a gente ganhou! A gente ganhou! – Luffy ria e gritava, então o Kid resolveu tapar a boca dele.

– Shhhh, fala baixo.

“Puquê?” – Mesmo assim, o garoto não calou a boca.

– N-Não é melhor a gente voltar? – Perguntei, temendo a bronca que iria levar do Doflamingo mais tarde.

– ENTÃO É AÍ QUE VOCÊS ESTÃO, PIRRALHOS! – Mas não adiantou nada, pois o demônio nos achou.

– F-Foge!!

Nós três gritamos da forma mais aguda que conseguíamos e voltamos a correr pelas nossas vidas, mas não deu muito certo. O Doflamingo nos segurou e nos arrastou pela calça até o primeiro andar, onde os outros pais estavam a nosso aguardo. Resultado, acabei tendo que me despedir dos meus amigos à força.

Fim

Próximo: Dia de Quê?


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Notas finais do capítulo

Será que dá pra shippar bebês?