Crônicas de um Bebê escrita por Kuroashi Boy


Capítulo 5
Dia da Piscina




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/619100/chapter/5

Olá, galerinha, hoje eu estou muito louco! Se usei drogas? Não, um pouco pior do que isso!

Já é fim de semana, ou seja, dia dos meus papai lindos e maravilhosos ficarem em casa o dia todo, já que adultos que possuem bebês não possuem vida social e estão fadados a viver trocando fraldas e limpando vômito. Isso tudo antes da puberdade, aliás. Mas não interessa! Nada interessa, o mundo é lindo!

Meu papai Rosinante está dormindo, já que ele não dorme há três dias, já que eu choro muito, e também já que só ele pode me acalmar, já que o meu outro papai me dá medo e me faz chorar. Estou falando muito "já"? É porque não estou raciocinando muito bem e me sinto meio tonto, meio ansioso.

Para sanar a curiosidade de vocês, meu papai malvado está fazendo o almoço, mas antes ele colocou as roupas para lavar. Resultado? Estou sentado no chão, observando a máquina ligada girar, girar e girar, com todos os pijamas, cuecas e outras roupas, girando igualmente. Tudo estava girando e meus olhos acompanhavam, girando também.

Ela girava no sentido horário e, assim que o círculo fazia seu percurso, já tornava a girar mais uma vez. E eu assistia, feito um retardado, completamente hipnotizado, às roupas subindo e caindo, tendo sabão e espuma jogados pelo lado de dentro da máquina giratória. Ficava imaginando, e se eu estivesse lá dentro?

Será que o papai me botaria? Ele é meio doido das ideias...

E então tomei a decisão mais importante da minha vida: vou fazer o meu pai me colocar na máquina giratória.

Usei minhas pequenas pernas para levantar e me locomovi, indo em direção ao monstro gigante que eu chamava de pai. Ele estava ocupado com o almoço e nem notou minha presença insignificante, então simplesmente comecei a puxar suas calças com muita força de vontade e insistência, até que, demorou, mas ele finalmente deixou seus afazeres de lado e redirecionou seus olhos até mim.

– O que você quer, pirralho?

E eu simplesmente respondi, apontando para a máquina giratória enquanto olhava para ele, em súplica, puxando insistentemente sua calça, querendo dizer "Me coloca ali, eu quero brincar!" Mas não sabendo exatamente como soltar essas palavras, já que, embora eu seja um bebê superior, não consiga formar frases.

– Tá com fome, é? Quer panqueca?

E ele fez o quê? Pegou uma frigideira com panqueca e direcionou até mim, me mostrando o conteúdo. Eu respondi, arqueando minhas sobrancelhas e apontando com mais veemência para a máquina giratória, dizendo mentalmente: "Porra, tá difícil entender que eu quero me suicidar naquela coisa super divertida?"

Então ele começou a fazer uma série de perguntas escrotas e eu respondi mentalmente, com o olhar.

– Por que você tá apontando pra máquina? – Porque eu quero entrar. – Você quer entrar? – SIM, MUITO. – Eu não posso deixar você entrar. – Por quê?! – Se você morrer, o Rosinante vai fazer "doce" pro resto da vida. – Sério? Não sabia que ele era confeiteiro, mas o que isso tem a ver?

Resultado, não realizei meu sonho de morrer dentro de uma máquina de lavar, mas sejamos sinceros, existe maneira mais divertida de morrer? Porque na minha opinião, seria uma morte bem épica. Bom, mas isso não importa, já que eu voltei a sentar no chão e fiquei de cara emburrada, odiando meu pai por negar algo. E meu ódio só aumentou quando minha barriga começou a roncar, então achei que o capeta estava me possuindo e comecei a chorar.

– Tsc, mas não para de berrar um segundo, que porre! – Ele me pegou no colo. – Que é que tu quer, agora? Seu bebê chorão.

"Me alimenta, humano" disse mentalmente, utilizando de meus adoráveis olhos para obter comida grátis, já que a fofura de bebê serve para isso: conseguir coisas dos seus pais. Como resultado ele voltou a me colocar no chão, então pensei que estava sendo subitamente ignorado, porém o papai apenas se virou, começando a preparar algo para mim.

Eu fiquei assistindo ele pegar várias frutas e picá-las, colocando com leite no liquidificador e fechando a tampa do eletrodoméstico. Até que ele direcionou suas mãos cruéis e impiedosas até o botão de ligar e, assim que aquela porra lig...

AIMEUDEUSPUTAQUEPARIUQEUPORRAÉESSA

SOCORRO GENTE O MUNDO TÁ ACABANDO

QUE BARULHO É ESSE? ALGUÉM ME AJUDA POR FAVOR

UMA BOMBA NUCLEAR INVADIU A COZINHA E EU QUERO SABER PORQUE NINGUÉM TÁ TOMANDO ATITUDES

Pra vocês que não são obrigados a ouvirem esse som infernal e não estão passando por um terremoto neste exato momento, eu vos explico. Quando o demônio do meu pai ligou o aparelho igualmente demoníaco chamado liquidificador, eu fui obrigado a ter um ataque cardíaco imediato. É SÉRIO.

A pessoa que nunca utilizou essa máquina infernal pode considerar-se sortuda, porque esse barulho não pode ser de Deus. Na minha concepção realista, era como se a Al Qaeda tivesse feito um ataque terrorista e tacado uma bomba na cozinha. Óbvio, em defesa eu comecei a chorar feito um condenado e tapar meus ouvidos, esperando a morte vir me buscar.

E o meu papai lindo fez alguma coisa? NÃO! Não sei porquê, acho que ele é tão malvado que até mesmo se juntou ao grupo terrorista, então aquilo não fazia a menor diferença para ele. O Doflamingo me viu chorando, desesperado, e tudo que fez foi ficar cantarolando para si mesmo e assobiando, fingindo que não me via.

Aliás, eu arrisco dizer que ele até gostou, já que o barulho era tão grande que o meu choro ínfimo de bebê prestes a morrer não era nada. Eu gritava e berrava, mas fui completamente ignorado pelo barulho do liquidificador. E ele gostou disso, tanto é que aumentou a velocidade do aparelho demoníaco e ficou rindo sadicamente.

Na minha imaginação infantil, eu via chifres vermelhos crescendo em sua cabeça e ele segurando um tridente, rindo de mim por estar quase tendo um ataque cardíaco com aquele barulho infernal que ficava cada vez mais alto. E ele simplesmente me ignorava completamente, era como se a minha tentativa de pedir ajuda não fosse importante.

Até que o barulho finalmente foi parando e meu pobre coração foi voltando ao normal, junto com a tontura que era chorar por horas e ser ignorado bruscamente. Ao fim, ele tirou um líquido rosa de dentro do monstro liquidificador e colocou numa mamadeira. Fico me perguntando se aquele troço seria o meu almoço.

– Pronto, agora você vai ficar bem quietinho.

Nossa, quando eu ouvi essa frase jurei que ele tinha colocado alguma coisa na minha bebida, pra ver se eu morria de uma vez ou ficava mudo. Doflamingo apenas me pegou no colo mais uma vez, me colocando em seus braços monstruosos e enfiou aquele troço cremoso na minha boca, até a garganta, deixando que eu quase engasgasse com o líquido.

No começo eu não gostei muito por não estar acostumado com o gosto, além de, como eu havia dito antes, ele era tão malvado que nem se importaria se eu engasgasse ou não, mas com o tempo foi ficando melhor. O líquido era bem docinho e foi escorrendo pela minha garganta enquanto eu era obrigado a chupar a mamadeira, então fui ficando com sono e acabei dormindo em seus braços.

(...)

No dia seguinte estava sol e, como nós moramos em uma Mansão super daora, nós tínhamos piscina no quintal da casa e os meus pais cismaram que eu deveria aprender a nadar. O Doflamingo inventou que eu seria uma espécie de nadador olímpico profissional e ficaria rico, cheio de medalhas, enquanto o meu pai realista apenas queria se divertir. E a piscina era ótima, já que ele não poderia tropeçar ou pegar fogo.

Na verdade ele tropeçou sim, na hora de entrar na água, mas nós dois relevamos por estarmos acostumados. No momento, eu estava na água sendo segurado pelo Rosinante, que não me deixava morrer afogado e ficava soprando a água pra fazer bolhas. Até que era bem divertido.

– Aawn, Law, até na piscina você fica fofinho. Não se preocupa, eu não vou te deixar cair aqui...

– Papá!

Eu ficava sorrindo pra ele, batendo na água afim de provocar uma tsunami, mas só deixava tudo a nossa volta mais molhado ainda. Ele segurou meu corpo, botando-me de lado e me ensinando a nadar direito, dando braçadas pela piscina, fazendo eu me sentir como um verdadeiro campeão olímpico e já estava expert em girar meus braços aleatoriamente, nadando por aí com o auxílio de suas mãos.

– Own, olha só, Doffy, o Law tá nadando direitinho!

– Ei, Rosinante, o que acha de brincarmos todos juntos?

– O-O que você está sugerindo..?

– Vai, me empresta ele um pouquinho!

E assim, eu fui tomado das mãos do meu papai bonzinho e manejado até o demônio do Doflamingo, que me encarou com seu sorriso costumeiro e eu respondi, fixando meus pequenos olhos nos seus. O Rosinante ficava olhando atento, com medo do que o outro estaria planejando fazer comigo e eu retribuía sua preocupação.

E nossas preocupações tornaram-se realidade quando o meu pai teve a brilhante ideia de me jogar, literalmente, debaixo d'água, me afogando completamente. Eu apenas fechei meus olhos, aguardando a morte, enquanto tinha suas mãos pressionadas pela minha cabeça e via bolhas saindo do meu nariz, escapando e levando todo meu oxigênio junto.

– D-DOFFY, NÃO FAZ ISSO!

E graças aos céus, antes que eu morresse de uma vez por todas, meu papai consciente bateu nas mãos do outro e voltou a me segurar. Eu tossi um pouco de água, lógico, mas até que ficou tudo bem, não foi tão ruim assim. O Doflamingo, entretanto, apenas começou a rir de nós dois.

– Hiahiahiahia, eu só queria ensiná-lo a respirar debaixo d'água!

– Você quase afogou o Law! Como você pode ter coragem?

– Lá vai você começar a mimar o garoto...

– Manter uma criança VIVA não é mimá-la! Que coisa, eu vou acabar te colocando num psicólogo alguma hora.

– Deixa disso, Rosinante. Vai, vamos brincar juntinhos!

E nós nos reunimos em uma espécie de círculo, onde eu estava no meio dos dois, batendo minhas perninhas para flutuar na água. Eis que eles dão as mãos e, junto comigo, acabam entrando na água novamente, mas dessa vez com cuidado pra eu acabar não morrendo tragicamente. E foi melhor do que eu esperava, já que eu estava me divertindo mais do que lutando para puxar oxigênio.

Não sei exatamente como eu continuo vivo com esses dois, só sei que brincar com eles é divertido. O Rosinante não deixava eu me afogar, mas ao mesmo tempo ele conseguiu realizar o impossível e seu ombro direito começou a pegar fogo dentro da piscina! Como? Não me perguntem, pois não sei. Tudo o que sei é que o Doflamingo deu um banho de água nele e logo começamos uma guerra aquática.

E eu acabei adquirindo mais mobilidade com as pernas, aprendendo a nadar na marra, se não meu papai malvado me afogava. Foi um dia bem divertido até, apesar de perigoso.

Fim.

Próximo Capítulo: Dia de Aniversário.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pergunta do dia! Qual é o papai preferido de vocês?
O meu é o Doffy *o*