Primeiras Impressões escrita por Madame Baggio


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

MEU DEUS!!! QUANTOS COMENTÁRIOS, QUANTO AMOR!!

De verdade, pessoal, muito obrigada por todo o carinho que eu recebi com esses últimos capítulos. Eu sinto muito pela demora.

Para mostrar meu agradecimento... Capítulo duplo!



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As coisa foram voltando ao normal pela casa pouco a pouco. Bem devagar, mas foram. Obviamente nós não íamos ficar todas sofrendo para todo o sempre. Dor de cotovelo é legal e é necessário curtir um fundo de poço de vez em quando, mas o importante é saber que tem que continuar.

Então nós estávamos continuando.

Mary tinha acabado de ser chamada para seu primeiro projeto grande na agência de propaganda que trabalhava, Jane tinha virado a queridinha de sua chefe, Kitty tinha sido chamada para ajudar em um projeto importante e até Lydia estava namorando algum boy ai que ela não queria nomear.

Todas estavam indo bem e a coisa toda com Darcy e Bingley virou meio que uma memória.

Eu também estava indo muito bem, obrigada por perguntar. Um processo gigantesco brotou na firma onde eu trabalho e todo mundo estava a todo vapor para organizar tudo o mais rápido possível, porque a data da audiência preliminar estava chegando.

A melhor parte era que a última sexta-feira de agosto ia ser feriado! Eu nem tinha planos para fazer coisa alguma, mas meu chefe estava de bom humor porque um caso anterior nosso deu muito certo e todos que trabalharam nele iam poder sair mais cedo na quinta-feira.

Ou seja, eu tinha um pouco mais de tempo livre para fazer algo. Só faltava decidir o que fazer.

Então no sábado anterior ao feriado eu recebi uma ligação.

—Lizzie Bennet!

—Emma Woodhouse!

Emma Woodhouse era uma das minhas grandes amigas na escola. O que é engraçado, porque Emma é mimada ao extremo e eu geralmente não me dou bem com esse tipo de pessoa. Porém ela sempre foi uma mistura bem curiosa de menina mimada e pessoa com um coração absurdamente generoso. O pai dele sempre foi muito protetor (além de hipocondríaco e workaholic) e acabou fazendo dela uma mistura curiosa de independente e apegada. Ela gosta de gerenciar a vida das pessoas ao redor dela e faz tão bem que ninguem nem percebe que está sendo gerenciado até ser tarde demais.

Mas Emma é uma mulher incrível e é pura diversão.

—Eu estou te ligando para te fazer um convite. –ela falou animada.

—Diga.

—Como estão seus planos para o feriado? –ela quis saber.

—Nada demais. Meus pais vão viajar, então não estou indo para casa.

—Quer vir para Portsmouth? –ela perguntou na hora –Eu preciso desesperadamente de um ombro amigo.

Hum, interessante. Emma dificilmente pedia socorro.

—Claro. Por que não? –eu ri com o grito animado dela –Eu vou ser liberada do trabalho as 16 na quinta.

—Vem pra ca então! –ela falou na hora –Você chega a tempo do jantar e nós podemos passar a sexta fazendo nada!

A animação de Emma era contagiante e, antes que eu pudesse pensar melhor, ja tinha concordado.

XxX

Eu acho que não comentei isso antes, mas eu e as meninas temos um carro. Na verdade verdadeira ele é da Mary, os pais dela deram de presente quando ela entrou para a faculdade. Imagina a idade do negócio.

Nós não costumamos usa-lo porque andar de carro em Londres é quase impossível, além de ser caro estacionar e coisa e tal. Normalmente nós deixamos para quando vamos viajar para ver nossos pais.

Eu pedi para Mary para usar o carro para visitar Emma e ela deixou. Todas ja tinham programas para o fim de semana, então eu fui sozinha. Curiosamente Jane e Kitty também estavam visitando amigas nossas da escola; Jane tinha ido ver Elinor e Marianne Dashwood e Kitty foi ver Catherine Morland.

Emma mora em Portsmouth, que fica a pouco mais de duas horas de carro daqui de Londres. É uma cidade portuária super importante. Aliás, é o negócio do pai dela: ele faz transporte marítimo e é dono de 1/3 das docas que existem lá.

Eu saí do escritório na quinta direto para a estrada. Lucy (como chamamos carinhosamente o carro) é velha, mas é firmeza. Eu gosto de dirigir e sentir a paz da estrada, sentir o vento no meu rosto e poder pensar com calma.

Aliás, eu tenho feito muito disso: pensar. E quanto mais eu penso, mais confusa eu fico.

A raiva passou. Eu não sinto mais tanto dela quando penso em Darcy e Bingley. Eu me sinto desapontada. Bastante. Eu sinto que, por algum motivo idiota, esperava mais dos dois. Eu esperava mais caráter, mais coragem.

Claro que eu até tenho que dar crédito pro Darcy: ele veio se declarar para mim na cara e na coragem e todos sabemos que isso não é fácil. Tá, ele foi um animal e só falou besteira, mas ele tentou mesmo assim.

É só um pouco de crédito, mas é melhor do que o saldo negativo que ele tinha antes.

E eu sei que esse assunto está encerrado, morto e enterrado, mas não consigo parar de pensar em tudo o que aconteceu. Todas as vezes que nós nos falamos, todas as vezes que eu o peguei olhando para mim... E ainda não consigo entender como fui tão burra, tão cega.

De certa forma acho que tem muito a ver com a minha implicância com ele. Ele feriu meu orgulho quando nós nos conhecemos e eu nunca gostei do jeito que ele tratava minhas amigas. Mas eu acho difícil acreditar que foi só isso que me impediu de perceber.

As meninas disseram que era óbvio (embora nenhuma delas tenha se dado ao trabalho de me informar), então eu devia ter percebido! Eu nem levei a parada da bunda a sério. Se bem que, sejamos honestas, homens olham para bundas e não tem muito a ver com amor eterno.

Não que Darcy tenha me jurado amor eterno. Aliás, ele parecia querer des-jurar amor bem rapidinho depois que eu dei um fora nele.

Homens.

Eu peguei um trânsito desgraçado na saída de Londres, o que acabou me atrasando bastante. Mesmo assim eu cheguei em Portsmouth pouco depois das sete. A vantagem do nosso “verão” é que o sol ainda estava brilhando forte no céu quando Emma desceu correndo as escadas da entrada de sua casa.

—Elizabeth Bennet! –ela gritou jogando os braços em volta do meu pescoço.

Eu quase caí para trás, mas consegui me apoiar no carro a tempo.

—Emma Woodhouse. –eu respondi abraçando-a –Parece que faz um século que eu não te vejo.

—Faz mais de um ano. –ela falou separando-se brevemente do meu pescoço –Nem parece que nós moramos tão perto. –suspirou –Eu preciso ir para Londres.

—Sim, você precisa. –eu sorri.

Emma é muito bonita. De verdade. Ela parece uma Barbie, toda loira, com suas roupas sempre perfeitas e aqueles enormes olhos azuis. Eu sempre achei engraçado como, embora ela tenha a mesma idade que eu, Emma sempre pareceu mais jovem. Muitas pessoas acham que ela tem 18 ou 19.

—Meu pai está super animado com a sua presença. –ela me informou.

Sr. Woodhouse era uma figura bem curiosa. Como eu disse antes ele é hipocondríaco e workaholic, então conversar com ele é diversão garantida. O Sr. Woodhouse me lembra muito o meu pai, então eu sempre gostei de conversar com ele. Não sabia que era recíproco.

—E o George vai vir jantar conosco. –Emma me informou.

—Ah, o George... –eu abri um sorriso divertido –Ele continua sendo aquela coisa linda pela qual todas nós babávamos?

Emma fez um cara de nojo.

—Sinceramente, eu não sei o que vocês sempre viram nele. –ela falou –O George não é lindo.

—Claro que ele é! –eu protestei –Você não pode dizer que não só porque cresceu considerando-o um irmão.

Emma revirou os olhos e eu ri. Aquela conversa era tão velha quanto a nossa amizade.

Emma tinha um vizinho/amigo da família que era bem mais velho que ela, chamado George Knightley. A irmã mais velha de Emma, Isabella, casou com o irmão caçula dele. Ele sempre frequentou a casa da família e quando nós o víamos, nós nos derretíamos, não só porque ele era muito charmoso e tinha um sorriso incrível, mas também porque eu nunca vi um homem mais educado e maduro em toda minha vida. Claro, Bingley era uma gracinha e um princípe, mas George era um lorde. Mas se fazia 1 ano que eu não via Emma, devia fazer 5 que eu não via o famoso Sr. Knightley.

—Deve ser por isso que você nunca se envolveu como homem nenhum. –eu comentei distraidamente –Com um cara como George em volta, você deve esperar muito dos meros mortais. Ele elevou suas expectativas.

—Homens são criaturas idiotas e eu serei feliz se nunca mais ver um. –ela resmungou.

Isso capturou minha atenção. Emma sempre falou que não ia se casar nunca, mas ela nunca foi amarga ou alguém que odiava homens.

—O que aconteceu? –quis saber.

—Bom, é uma longa história. –ela suspirou –E justamente porque eu preciso de apoio moral.

—Ah Emma... O que você aprontou agora?

XxX

Como eu tinha dito antes, Emma adora se meter na vida alheia, mas dessa vez tinha se superado. A história de forma resumida era a seguinte: ela tentara unir sua assistente pessoal (uma menina chamada Harriet) com um promissor jovem advogado (chamado Philip) por meio de muitos esquemas. Ela achou que tudo estava indo bem, até ela descobrir que, na verdade verdadeira, Philip estivera interessado nela, não em Harriet. E pior ainda, interessado nela pelo status e dinheiro que a família dela tinha!

Philip tentou se declarar para Emma, ela deu um fora nele (obviamente) e agora, menos de quatro meses depois, ele estava noivo! Pelo jeito ele queria só casar mesmo e qualquer mulher com dinheiro ia servir.

Emma estava sentindo-se culpada, porque ajudara Harriet a criar expectativas (e se conheço bem Emma, ela praticamente enfiara as expectativas na goela da menina), só para ver que estivera completamente errada, fazendo a menina decepcionar-se.

—Eu nunca mais vou me meter  na vida dos outros. –Emma jurou ao terminar de contar a história.

Eu tive que engolir uma risada.

—Sério! –ela protestou –Chega desse negócio de dar palpite. Agora só se me pedirem.

—Emma, quando você quer dar palpite na vida alheia você considera até um olhar como um pedido. –eu indiquei.

—Ei, eu sou boa em perceber sinais sutis!

Ela era boa em inventar sinais, isso sim.

Quando entramos na sala (porque gente rica aparentemente se encontra numa sala pré-jantar) o pai de Emma, sr. Woodhouse, estava conversando com...

Uau.

Uau.

Sinceramente, eu não consigo entender essa parada da Emma não querer pegar esse homem!

—Lizzie! –sr. Woodhouse falou com sua voz alta –Quanto tempo! Você lembra de Knightley?

Opa se eu lembro. Eu apertei a mão do pai de Emma, então virei-me para George.

—Oi, Knightley. –eu sorri –Faz muito tempo que eu não te vejo.

—George está bom, Lizzie. –ele sorriu para mim –E sim, faz muito tempo. A última vez que eu te vi você estava indo para a faculdade.

—Nossa. –eita, fazia mais tempo do que eu achava –Eu ja formei e estou até trabalhando em Londres.

—Eu lembro de Emma comentando algo do tipo. –ele falou lançando um rápido olhar para Emma –Você está morando com as outras meninas, certo? Como estão Jane e Lydia?

Em questão de idade eu, Jane, Lydia e Emma temos a mesma. Mary e Kitty são as mais novas, mas elas sempre vieram no pacote.

—Elas estão bem. Todas trabalhando.

—Mas morando em Londres, Lizzie! –Sr. Woodhouse falou de repente –Trabalhar é ótimo e todos deviam fazer, mas Londres? Aquela cidade é um perigo para a saúde de qualquer um! Aquele tanto de gente! Imagine as bactérias, fora os acidentes, os bebâdos... Um perigo.

—Pai. –Emma suspirou.

Acho que algumas coisas não mudam mesmo.

XxX

E daí durante o jantar o universo provou que quer acabar comigo. Eu estava conversando com Emma, enquanto George estava conversando com o sr. Woodhouse quando eu escuto...

—... nossos advogados aconselham. Embora Darcy seja da opinião que...

Sério! Não é possível! Esse homem é onipresente?

—Darcy? –eu cortei antes que pudesse me conter –Darcy Darcy? O advogado da DeBourgh que não tem um nome?

George virou para mim confuso.

—Eu estava pensando em Fitz Darcy, mas eu conheço Darcy Darcy, o primo sem nome. –ele falou com um pequeno sorriso.

—Fitz é seu advogado? –eu perguntei curiosa.

—Ele faz parte do time de advogados da empresa. –ele me explicou –Você conhece Fitz?

—Eu o conheci num casamento que eu fui recentemente. –eu falei sinceramente.

George parecia estar me analisando com cuidado.

—Na Escócia? –ele perguntou.

O jeito que ele estava me olhando estava me deixando desconfortável. Emma estava olhando entre nós dois, claramente curiosa.

—Sim. –eu respondi hesitante.

—Alguma chance de você ser a ruiva que deu um fora fenomenal no primo dele? –George perguntou, um pequeno sorriso em seu rosto.

Eu juro que senti minha cara ficar vermelha. Meu rosto estava tão quente de vergonha que acho que dava para fritar um ovo na minha testa.

Emma tinha se virado para mim, olhos brilhando de curiosidade, quase quicando de vontade de saber a coisa toda.

—Verdade? –ela exigiu.

—Eu... –Jesus amado, estava até gaguejando –Eu não acredito que ele saiu contando pra todo mundo!

—Em defesa dele... –George falou de forma conciliatória –Eu perguntei do casamento e ele me contou de forma geral o que tinha acontecido. Uma dessas coisas era que uma ruiva tinha dado um fora em Darcy e agora ele estava mais chato do que o normal.

Ei, eu não vou me sentir culpada. Aprenda a lidar com foras, homem! Ninguem tem a obrigação de gostar de ninguem, sabia?

—Darcy, Darcy, Darcy... –Emma estava repetindo o nome olhando para o teto, batendo as unhas contra a madeira da mesa –Eu conheço esse nome.

—Ele estava no jantar de Natal que demos ano passado na empresa. –George lembrou Emma –Você disse que ele tinha cara...

—De que tinha chupado um limão. –ela completou, obviamente lembrando-se –Ele ainda tem cara de quem chupou um limão?

—Tem. –eu respondi cruzando os braços.

—E ele se declarou para você? –ela insistiu curiosa.

—Se você pode chamar aquele discurso dele de declaração... –eu resmunguei.

—Ah essa juventude. –Sr. Woodhouse lamentou –Não é a toa que o mundo está perdido.

Eu tenho que concordar com ele.


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Notas finais do capítulo

Algumas pessoas chutaram que a participação especial seria da Emma, e vocês acertaram.

Eu amo a Emma e o Mr Knightley (até mais que o Darcy) e tenho grandes intenções de fazer a versão deles depois que terminar PI!

Vamos ver mais um capítulo?