Depois de deixarem Loki muito bem preso do lado de fora, eles entraram na lanchonete e se sentaram ao redor da mesa. Steve e Bruce sentaram em cada ponta da mesa. Lena sentou entre Thor e Tony num lado da mesa, e no outro lado Natasha e Clint sentaram lado a lado. Peter preferiu ficar vigiando o Homem Rena. Mas, recebeu seu sanduba árabe no lado de fora.

Lena olhou em volta. Todos estavam exaustos. Steve cochilava em sua cadeira. Tony e Bruce agiam como se tivessem tido apenas mais um dia cansativo de trabalho. Thor devorava seu quinto shawarma como se nunca tivesse visto comida na vida. Mas o que lhe chamou mais a atenção era Nat e Clint. Barton tinha seu pé apoiado na cadeira dela. Os dois trocavam alguns olhares de vez em quando.

O problema foi que Tony também percebeu. Ele estava prestes a fazer uma observação sobre a situação, quando Lena se adiantou.

– Como descobriu o jeito de fechar o portal? – Lena perguntou. Eles a olharam.

– Oi? – Natasha pareceu despertar de seus pensamentos. – Falou comigo?

– Falei. Como descobriu o jeito de fechar o portal? – Lena repetiu. Natasha pareceu pensar.

– Bom... foi só uma ideia. Loki não deixaria tão fácil pra nós desarmarmos o portal. Portanto, não poderia ser destruído à força. Então, o único jeito, seria de forma mecânica, científica. Afinal, foi criado pelos melhores cientistas da SHIELD. – Natasha falou.

– Mas, como você iria desarmar, se foi criado pelos melhores cientistas? Seria difícil de pensar até pra mim! – Lena comentou.

– É. Acho que nessa parte, tive mais sorte que juízo. – Natasha comentou baixo cutucando seu sanduíche. - Aliás, acho que todos tivemos. – ela deu uma rápida olhada para Clint que fitava seu cestinho. – Dr Selvig estava lá. O que me ajudou foi o fato dele ter acordado do controle do Loki. – Natasha contou. – Como eu disse. Tive sorte.

– Legal. – Lena concordou. – E você Tony? Como foi lá em cima?

Tony suspirou como se não soubesse ao certo o que falar.

– Foi assustador, ao mesmo tempo que... não dá pra descrever o que eu vi. – Tony gaguejou. – Só posso dizer que foi forte, e nada bom.

Lena concordou com um aceno.

– Legal. Eu comprei uma ninja e coloquei na conta do Fury. – Lena disparou. Eles a olharam espantados. Menos Steve, ele estava dormindo.

– Enlouqueceu? Está querendo morrer? – Clint perguntou.

– Isso foi muito estúpido. Mais estúpido do que ter resolvido se socializar com o Hulk! – Natasha concordou.

– Lena, isso foi loucura. – Bruce falou a encarando.

– Eu sei. Legal, né? – ela sorriu.

– De onde você tirou essa ideia? – Tony perguntou. Até mesmo ELE estava surpreso.

– Bom, Peter me disse pra...

– O QUÊ???? –Tony se levantou. – Foi ideia do Parker???? Eu vou matá-lo! – Tony rumou pra sair, mas Lena segurou seu pulso, fazendo-o voltar.

– Senta aí, cabeça de lata. A ideia foi minha. – Lena falou. Tony a olhou.

– Será que se eu bater em você, em casos de ações estúpidas da sua parte, também seria considerado covardia? – Tony perguntou.

– Eu acho que não. – Lena respondeu.

– Ótimo! – Tony falou. E deu um tapa no ombro dela.

– Hey! Que é isso?? – Steve brigou assustando todos. – Não encoste nela de novo!

– Você estava acordado?! – Tony perguntou sentando.

– É claro que eu estava. – Steve respondeu coçando os olhos. – E não toque na minha neta outra vez, se não quiser ter a mão decepada. – ele ameaçou, e bocejou. Lena deu ar de riso.

– Você ouviu meu avô. – Lena falou para Tony.

– E quanto a você! – Steve olhou para ela. – Fique sabendo que estou muito decepcionado com sua atitude.

– Eu sei. – Lena comentou num sussurro.

– Foi muita burrice. – Steve continuou. Lena abaixou a cabeça perante o tom severo do avô. – Comprar uma Ninja, e colocar na conta do Fury. Que ideia de jerico! – Steve brigou pegando seu sanduíche. – Um Rogers legítimo, que honra seu sangue, jamais faria isso!

– Eu sei. – Lena repetiu.

– Um verdadeiro Rogers teria escolhido uma Harley Davidson. – Steve completou mordendo seu sanduíche. E todos o olharam surpresos. Até Lena. Steve ergueu o olhar ao perceber que todos o olhavam. – O que foi?

Os outros desviaram o olhar no mesmo instante voltando sua atenção para a comida. Fez-se um silêncio constrangedor. Até que Bruce resolveu quebrá-lo.

– Lena, e o Charlie? – ele perguntou. Todos fizeram silêncio. Lena suspirou e se levantou.

– Eu vou ver se o Peter precisa de ajuda com o Loki. – ela falou pegando seu cestinho e deixando uma nota de U$100 em cima da mesa. E então se retirou da lanchonete.

– Eu disse algo errado? – Bruce perguntou.

– Quem é Charlie? – Thor perguntou.

– Vocês ainda não souberam, não é? – Natasha comentou.

– Não soubemos o quê? – Bruce perguntou. Steve pegou ar pra falar, mas Clint se adiantou.

– Foi minha culpa.

Peter estava encostado no poste em que Loki estava preso (e amordaçado).

– Precisa de um potinho d’água? – Lena perguntou. Peter e Loki a olharam.

– Eu não. Ele, eu não sei. – Peter respondeu dando uma mordida no seu sanduíche. Ele estava com a máscara levantada na altura do nariz, descobrindo a boca. Lena passou por Loki lhe lançando um breve olhar. – Você está bem? – Peter perguntou ao notar o jeito dela.

Lena concordou com um aceno e Peter reprimiu os lábios desconfiado. Mas resolveu não insistir.

– Aí. Quer trocar de turno? – Lena perguntou.

– Tem certeza? – Peter perguntou a olhando. Lena concordou.

– Deixa comigo. Cuido dele direitinho. Prometo. – Lena falou.

– Tá. – Peter se desencostou do poste e entrou na lanchonete.

Lena se sentou ao Lado de Loki que estava sentado no chão. Ela encostou as costas no poste e fechou os olhos suspirando. Loki suspirou olhando pra baixo. Lena o olhou.

– Tá com fome? Ainda tenho um Shawarma. – Lena ofereceu. Loki franziu o cenho. – Não se preocupe. É de cordeiro. Não sei se gosta de comida árabe, mas Thor pareceu gostar. – Lena comentou. Loki deu de ombros concordando. Lena deu um pequeno sorriso tirando a mordaça dele e lhe dando o cestinho com sanduíche.

– Obrigado. – Loki agradeceu e deu uma mordida no sanduíche. Mesmo amarrado conseguia se mexer. Lena o olhou surpresa pela pequena e simples, porém significativa palavra que ele pronunciara. Loki evitou contato visual. Lena desviou o olhar para suas mãos. – Por quê?

– “Por quê” o quê? – Lena o olhou.

– Por que não deixou me matarem? – ele perguntou para ela.

– Acho que essa é a pergunta que importa. – Lena falou desviando o olhar pro chão. Loki permaneceu em silêncio esperando pela resposta. – Eu e você. – Lena o olhou. – Somos iguais em muitos aspectos.

– Eu concordo. – Loki falou num aceno de cabeça. – Mas isso me serviria de incentivo pra matar você.

– Essa é uma diferença grande entre nós. – Lena o olhou com um pequeno sorriso. – Você vê isso como um problema. Eu vejo como uma vantagem. Porque eu consigo te compreender. O que pra outros, já é praticamente impossível. – ela desviou o olhar. – Eles te veem como um lunático. Eu te vejo como um mal incompreendido.

– Mas não é tudo. – Loki comentou dando outra mordida no shawarma.

– Não. Não é. Você consegue ser perspicaz quanto aos outros, menos, consigo mesmo. Já eu sei exatamente quem eu sou. E o que tenho que fazer. – Lena falou olhando pra ele.

– E quem é você? – Loki perguntou.

– Eu sou uma vingadora. – Lena olhou pra frente. – E minha maior missão aqui, é fazer da vida do Fury, um verdadeiro inferno. Assim como ele fez comigo. – Lena o olhou com um pequeno sorriso.

Loki não conseguiu segurar o riso. E Lena também riu.

– Mas você se esqueceu de um detalhe importante, de nossas diferenças. – Loki comentou. Lena o olhou esperando que ele continuasse. – Eu jamais usaria uma máscara assim. – ele apontou pro rosto de Lena.

– Cada um tem seu jeito constrangedor de se vestir. – Lena deu de ombros. – Certo, Homem Rena? – Lena lhe empurrou levemente com o ombro.

– Na verdade é uma forma de demonstrar poder. – Loki comentou.

– De onde eu venho, significa que é corno. – Lena retrucou brevemente.

– O que significa? – ele perguntou.

– Corno? Alguém que foi traído. – Lena respondeu calmamente.

– Bom, se é assim, seria o meu caso também. Eu também sou considerado corno. – Loki comentou terminando de comer seu shawarma. - Eu era um rei. E fui traído por meus súditos. - Lena mordeu o lábio inferior segurando o riso. Loki era tão inocente nesse ponto...!

Lena ouviu o movimento dentro da lanchonete, e percebeu que todos tinham terminado de comer. Se apressou em colocar novamente a mordaça em Loki.

– Não se preocupe. É só pra nossa segurança. Principalmente a minha. – Lena falou com uma pequena careta. Loki deu de ombros suspirando. Já tinha terminado de comer mesmo.

Os outros saíram da lanchonete e se aproximaram.

– E aí? Como ele se portou? – Thor perguntou enquanto Lena se levantava e desatava Loki do poste.

– Bem. Ficou quieto. – Lena simplesmente respondeu. – Uma boa companhia nessas horas. – ela lançou um breve olhar para os outros. Tony ia responder, mas um Quinjet pousou na rua à frente deles. – Bem na hora. – Lena suspirou. – Vamos. – ela falou segurando Loki pelo braço. A rampa do jato se abriu, e Lena tomou a dianteira. Loki a acompanhou calmamente, sem hesitar, ou pestanejar.

Os outros os seguiram estranhando. Lena fez com que Loki se sentasse num canto do Quinjet, e Thor insistiu em ficar de guarda. Lena nem discutiu, apenas foi se sentar com os outros. Sentou-se entre Steve e Bruce, já que Tony tinha ficado em NY pra cuidar de sua queridinha torre. E Peter ficou porque morava lá.

Todos estavam exaustos. Lena estava cansada, e suas feridas latejavam. Lena involuntariamente encostou a cabeça no ombro de Steve, que a envolveu com seu braço forte, de forma acolhedora. Apesar de tudo, ele ainda era seu avô, e ela ainda era apenas uma garota.

– Tudo bem. Vamos pra casa. – Steve falou em tom manso. Lena lhe deu um pequeno sorriso e relaxou. Olhou para frente, e viu do outro lado do jato, Clint e Natasha sentados lado a lado conversando baixo. Mas em tom calmo. Lena sorriu e fechou os olhos tentando relaxar e ignorar a dor.

Agora ficaria tudo bem. O perigo já passou, e ela podia ficar tranquila por alguns minutos. Ela ia pra casa agora. Nada podia deixa-la mais aliviada e feliz. Por enquanto...