I Forget escrita por Llanat91


Capítulo 2
Just a little




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1.
Estavam sentados Anna, David e o tal desconhecido. Um silêncio pairava o carro, e tudo que podiam escutar era o ruído do motor, e grilos do lado de fora.
– Eu sou o Carlos, estas são: Anna e Laura, minha filha e esposa. E meu filho, David. - explicou o pai quando já estavam ido em direção à cidade.
– Então... O que tem aí dentro? - perguntou David curioso sobre a sacola de pano que o novo companheiro de viagem carregava.
– Pra' falar a verdade, não faço ideia. Eu peguei porque estava em cima da mesa do local que eu estava amarrado, e não esperei até o dono voltar para perguntar o que era, claro. - abriu a sacola, mas David a puxou de sua mão. Enquanto isso Anna só observava. Ela nem pode olhar muito para o garoto, seu irmão parecia enciumando com a presença de outro rapaz.
– Olha, não me leve a mal, mas é que ainda não confiamos em você, então eu abrirei isso! - afirmou, e seu pai não o contrariou pois ele estava certo.
– Tudo bem. - respondeu compreensivo. Puxou seus cabelos castanhos para trás e bufou sentindo sua cabeça latejar.
– Ow! - David tinha uma cara de surpresa. Anna se inclinou para olhar o que tinha no maldito saco.
– Dinheiro, muito dinheiro - falou David. Assim, chamou a atenção de todos que estavam no carro.
– E o que mais? - David pegou um papel onde tinha algumas letras itálicas escritas.
– Deixe-me ler! - puxou Anna da mão do irmão. - Aqui diz: "Arthur, 17 anos" e uma data, de ontem, no caso.
– Arthur?! - desconhecido olhou para Anna. E ambos ficaram se olhando. Os olhos do garoto eram azuis, e os dela eram castanhos, quase negros.
– Você lembra... Desse nome? Você deve se chamar Arthur. - disse a menina sem parar de encará-lo, observando a sua boca um tanto fina, e seu nariz afilado. Uma mandíbula forte, barba por fazer e dentes perfeitos.
– Eu não sei... Eu...
Sentido-se incomodado, David forçou uma tossi.
– É, Arthur e tem somente 17 anos. - tentou deixar claro que ele era 3 anos mais novo que a irmã. A mesma se irritou com irmão por achar que ela fosse tão atirada a esse ponto. Nem conhecia o garoto.
David só queria proteger ela, lembrava bem do quanto sua irmã sofreu por conta do Gregório.
– Vamos te levar para nossa casa, estamos te dando esse voto de confiança, vamos tentar te levar para sua família, afinal, eles devem estar preocupados. - disse a mãe, Laura.
– Eu não sei como agradecer, eu me sinto muito mal por tudo isso.
– Você vai ficar bem conosco, filho. Agora você está seguro. - falou o pai.
– Obrigado. - assim ele olhou para janela e tudo foi ficando escuro.

–-----*------

Quando acordou estava em uma cama, em um quarto simples. Ainda estava com as suas roupas, tentou se levantar, mas sentiu uma tontura. Rapidamente colocou a mão no machucado que tinha na cabeça, que agora estava envolvido por um curativo.
Tentou levantar-se mais uma vez e dessa vez teve sucesso. Foi até a porta e escutou pessoas conversando. Era Carlos e sua mulher, Laura.
– Eu sei, mas ele parece ser um bom menino... - não estava estendendo o resto da conversa. - Não vamos meter o Paulo nisso, Carlos. Está ficando maluco?! Vamos esperar ele lembrar de algo, assim vemos o que fazemos.
– Você tem razão...
Ele precisava sair dali, não podia prejudicar ninguém daquela família, mas ele não tinha forças para levantar de uma cama, imagine para sair por aí procurando algo que ele se quer lembra.
Uma batida na porta. Arthur correu para cama e se sentou na mesma.
– Arthur, sou eu... Anna. - sussurrou a menina abrindo um pouco a porta.
– Pode entrar.
– Eu trouxe comida e roupas, também toalhas e uma escova nova pra você. Acho que por enquanto isso serve, né?! - Ela pôs as coisas em cima da cama, e depois botou as mãos nos bolsos da calça jeans. Inquieta.
– Ahn, obrigado. Eu nem sei como agradecer o que sua família está fazendo por mim, mas eu não posso ficar muito tempo aqui. - explicou encarando a menina que tinha uma expressão neutra. - Eu posso chamar o perigo para vocês. Pretendo ir embora amanhã mesmo.
– Olha, só estamos tentando ajudar. Não pense nisso agora, coma, tome um banho, durma um pouco... Descance, você precisa. A mamãe fez seus curativos, mas mesmo assim você não parece muito bem. - encostou sua mão na testa do garoto e ele curvou-se.
– Ai! - ralhou - Obrigado pelo elogio minha cara Anna, eu sei que estou um lixo.
Anna riu com o humor dele, mesmo sabendo que ele estava mesmo um horror só, mas com todos os ferimentos, ainda continuava lindo.
– Bom, vou indo! Você tem tudo aqui, o banheiro é naquela porta, qualquer coisa, estou no quarto ao lado. Ou pode chamar o Dav, que está do outro lado do corredor. - deu um sorriso amigável.
– Ele não gosta muito de mim.
– Não é todo dia que achamos um cara na rua, cheio de dinheiro e bonitinho. - saiu do quarto sem esperar uma resposta.
Arthur riu e se deitou na cama. O que ele iria fazer? Sentia-se cansado novamente. Ele precisava lembrar.

–-----*------

Minha casa... Minha família... Meus amigos... Meus inimigos...
Arthur repetia mentalmente buscando algo na sua memória.

– Você está aqui há horas... Sozinho. - disse Anna entrando no quarto. Ela havia prendido os cabelos castanhos e vestia um vestido solto. Já deveria ser tarde e Arthur nem tinha visto a hora passar.
– É, mas eu prefiro assim, se não se importa. - arrependeu-se por ser tão frio.
– Sabe, nem parece que você tem 17 anos, agora mesmo está agindo como se ainda estivesse no maternal. - retrucou a menina se sentando na poltrona marrom perto da cama.
– Olha, eu posso muito bem ainda estar no maternal, quando eu lembrar, eu te aviso. - ela bufou - Desculpa, mas eu só quero ficar aqui e tentar lembrar de algo.
Ele a encara e ela parecia despreocupada.
– Essas coisas levam tempo, e é aos poucos, você não vai lembrar tudo de vez... Mas talvez...
Anna saiu correndo do quarto e ele ficou lá pensando no quanto aquela menina era maluca, e ele gostava daquilo.
Ele ficou esperando ela voltar e quando voltou estava com uma caixa nos braços.
– Eu trouxe algumas coisas... Que podem te fazer lembrar de alguma coisa. Quer tentar? - perguntou de uma forma doce. Assim pousou a caixa na cama.
– Por que não?!
Escutaram alguns CDs, Anna mostrou alguns filmes, vídeos engraçados e até mesmo uma caixinha de música. Às vezes ele achava que ia lembrar, mas a memória fugia. Como quando estamos com a palavra na ponta da língua, mas não conseguimos lembrar. E isso o irritava.
– Bom, vou por mais uma música. Eu gosto dessa, por isso vou colocar. - ela deu play e Use Somebody do Kings of Leon começou a tocar. Anna pegou uma revista da caixa e passou as folhas para não encará-lo. Arthur jogou sua costa na cama e fechou os olhos, tentando lembrar novamente.
Ele prestava atenção na letra e na melodia, cada detalhe, tentando absorver tudo.
O celular de Anna tocou avisando uma mensagem de Karen.
"Preciso falar contigo! :'("
"Fala logo! Você tá bem?" Respondeu Anna.
"Amanhã, pessoalmente..."
O refrão começou e Anna começou a cantar bem baixinho para Arthur não escutar, e ele fingiu não fazê-lo. Deu uma risadinha.
Após o término da música Anna levantou-se e recolheu suas coisas alegando que estava tarde. Ele só sacudiu a cabeça e assim ela se foi.
Ele não queria ficar mais sozinho. Parecia bipolaridade, mas ele se sentia confuso. Ele não queria ficar sozinho, ele queria a companhia dela.
Momentos depois Carlos e Laura foram dar boa noite para o menino.
E depois deles, David.
– Eu sei que deve estar sendo difícil pra' você, cara. Estou aqui também pra' te ajudar. - diferente da sua irmã, Dav tinha os cabelos mais negros e lisos, e seus olhos eram mais claros. - Mas vou estar de olho em você. Até!
Bateu à porta.
Arthur foi até a janela e observou a rua deserta e úmida. Decepcionado deitou-se na cama e acabou dormindo.


Eu estava dirigindo e escutando aquela música no volume máximo. As luzes da cidade batiam no meu rosto e eu acelerava cada vez mais. Velocidade. Ah, fazia-me sentir mais que vivo. Tinha um braço fora do carro e um cigarro entre os dedos. Eu me sentia invencível!
Alguns motoristas xingavam por eu estar em alta velocidade, mas eu não dava a mínima. Ajeitei meu óculos escuro, e uns chaveiros que ficavam no espelho.
Cantarolei alto, e sorri.
Somente like you!

Arthur acordou assustado, ele havia sonhado com uma lembrança. E era a música que Anna havia lhe mostrado.
Era ele, antes de perder a memória.


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Notas finais do capítulo

X.x



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