Anjos Humanos escrita por Perigo


Capítulo 4
4 - Rafael




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– Demorou muito para aparecer e não vai dizer que foi o transito por que essa hora já terminou o horário de pico. – Disse o Arcanjo sorrindo para o irmão.

Miguel sorriu em resposta e apontou para o portal.

– Feche. – Ordenou o príncipe.

Rafael odiava receber as ordens de Miguel, seu irmão poderia ser o príncipe dos anjos. Ter qualquer autoridade sobre qualquer anjo a serviço de Deus, mas Rafael a cima de tudo ao olhava para Miguel ele apenas via seu irmão, os dois eram iguais Miguel não era superior e nem inferior a Rafael. O anjo da cura caminhou em direção ao portal. Os demônios continuavam em vão tentando passar pelo portal, estavam tão determinados que Rafael por um momento hesitou. – Mas aqueles eram demônios! - Disse o Arcanjo a si mesmo. – Seres que torturam e existem apenas para fazer mal aos humanos e destruir as criações de meu pai.

Com esse pensamento em mente Rafael, uniu as suas espadas a fazendo se tornar uma só. Suas “Ceifadoras Gêmeas” eram duas espadas que unidas se transformavam em uma. O arcanjo segurou o cabo da espada com as duas mãos. Fechando os olhos Rafael se concentrou.

Ele sentiu como se fosse um só com o universo, ele podia sentir todas as moléculas se aquecerem e o seu poder aumentar, seu corpo todo brilhava e em segundos o brilho começava a se dissipar e acumular na lamina de sua espada que brilhava intensamente fazendo parecer que a lamina era feita de luz.

Quando toda a energia estava em sua espada e Rafael, com um movimento rápido partiu o portal em dois. A imagem dos demônios no portal pareciam ter se congelado. Lentamente as duas metades do portal caíram e ao tocarem ao solo se estilhaçaram como um copo ao cair no chão da cozinha. Rafael lentamente guardou sua espada na bainha e o que era antes um portal havia desaparecido como se nunca houvesse de fato um portal naquele local.

– Trabalho terminado. – Sorrindo ele guardou a espada em sua cintura.

– Meu Deus do Céu!

Ao ouvirem essa voz os Arcanjo viraram o rosto em sincronismo em sua direção. O mesmo sincronismo pode ser visto em suas faces ao demonstrar que estavam surpresos.

Atrás dos anjos e próximo aos muros do convento estavam as freiras que olhavam para a cena chocadas. As irmãs usavam seu habitual traje religioso o “Hábito” suas vestes eram completamente bancas da cabeça aos pés cobrindo todo o seu corpo parecendo um grande vestido. Elas usavam sapatilhas brancas e todas, aparentavam ter idades que variavam de dezoito e no máximo vinte nove anos de idade.

Uma das freiras saindo do meio das demais, usava uma roupa diferente o Habito era idêntico aos das outras irmãs a diferença, era o capuz e as sapatilhas que ao invés de brancas eram pretas e sua aparecia, era de uma pessoa mais velha. Ela fitava atentamente com seus olhos verdes e cansados. Era a Madre superiora. A diretora do convento e líder das freiras. Rafael a conhecia muito bem o anjo, além de morar próximo ao convento inúmeras vezes se dirigiu ao local para tratar de algum morador de rua ou, um animal ferido que eram encontrados pelas irmãs.

– Irmã Clotilde? – Disse o Arcanjo surpreso.

– Doutor Rafael? – Respondeu a madre com o mesmo tom de surpresa do anjo.

Fomos descobertos. – Disse Gabriel através da mente de Miguel que olhava com atenção para qualquer uma das freiras.

– Sim. – Respondeu o Príncipe. – Apague a mentes delas Gabriel. Faça com que elas não se lembrem de nos ter visto e nem qualquer cena que envolva os demônios.

– Tudo bem meu irmão.

Gabriel guardou sua espada e lentamente ergueu sua mão na direção das freiras que o olharam assustadas.

– Não se preocupe não irei feri-las irmãs. – disse o Arcanjo com a voz gentil.

Gabriel se preparava para sondar e apagar as mentes das irmãs quando um trovão ecoou pelos céus assustando ainda mais as religiosas e, surpreendendo mais ainda os anjos.

– Vocês ouviram o que eu ouvi? Ou eu entendi errado? – Perguntou Rafael mais confuso do que já estava.

– Não meu irmão. – Respondeu Gabriel. – Eu também entendi o mesmo que você. – Gabriel voltou-se para Miguel tentando encontrar respostas. Mas o seu irmão estava tão confuso quanto ele o que era algo muito raro de se ver.

– Eu também não entendo. – Respondeu Miguel que mostrava estar procurando as palavras certas a dizer. – Mas se nosso pai diz para que elas saibam do que está acontecendo é por que... tem algum plano e não devemos nunca questionar as ordens do pai, mesmo que pareça completamente sem sentido para nós.

O arcanjo guardou a sua espada e retirou seu elmo. Balançando a cabeça de um lado para o outro como se estivesse com o rosto molhado após ter saído do mar. Miguel olhava com atenção para cada uma das irmãs e percebeu que seus olhares estavam voltados para as a suas asas, elas custavam a acreditar no que estavam vendo.

– Rafael é melhor você falar com elas.

– Ok. – Tirando o seu elmo Rafael caminhou em direção as freiras mesmo reconhecendo o seu rosto o olhavam com um certo receio. Gabriel também retirou o seu elmo mostrando sua face os seus olhos azuis e seus cabelos louros arrancando suspiros de algumas das irmãs.

– Olha madre tem uma coisa que tem que saber aliás, é melhor eu explicar tudo que está havendo aqui certo?

A Madre juntos com as irmãs assentiu e voltara a olhar atentamente para o Arcanjo.

– Bem irmãs é o seguinte...

***

Todos agora estavam dentro do convento na pequena capela aonde aos domingos e dias santos, eram realizadas missas celebradas pelo Padre Thiago. A capela por dentro era cercada por estátuas de anjos grandes, pequenos, existia até um anjo com uma espada na mão. O piso era de granito e o altar era de mármore com quarto poltronas de ouros e estofado vermelho. Ao lado do Altar a esquerda havia uma estátua da virgem Maria com o menino Jesus em seu colo e a direita de São José também com o menino Jesus em seu colo e, sobre o altar havia uma estátua de Jesus usando túnicas brancas. Das três fileiras de corredores com bancos marrons as irmãs, ocupavam as três fileiras da frente e mais duas fileiras atrás deixando apenas o terceiro banco a direita da terceira fileira vazia.

Os Arcanjos estavam próximos ao altar a frente das irmãs que os olhavam com atenção. Miguel estava a direita com a mão esquerda pousada em sua espada, e a direita segurava o seu elmo com o rosto calmo mas ao mesmo tempo sério o arcanjo, percebeu que algumas irmãs olhavam com medo para a sua mão que estava sobre a arma. Relaxando o Arcanjo deixou a mão ao lado da espada e percebeu que agora as irmãs olhavam com um certo alivio.

Gabriel estava a direita em frente à estátua de são José com a mesma postura de Miguel sua mão direita segurava seu elmo e a esquerda estava ao lado de seu corpo próximo a espada, mas diferente de seu irmão Gabriel estava com a mesma expressão de receio que as irmãs demostram minutos antes de entrarem no convento.

Rafael diferente dos irmãos estava despreocupado, ele estava no centro e deixou o seu elmo em frente ao altar embora, o arcanjo mostrasse que estava confiante Rafael pensava em como iria explicar aquela situação para as irmãs, ele havia recebido junto com os seus irmãos a ordem de contar tudo a elas sobre o que estava acontecendo. Mas não era fácil revelar toda a verdade agora, desde o momento em que desceu a terra após o diluvio Rafael, sempre viveu escondendo das pessoas exceto, de suas esposas o que ele realmente era, e agora ter que revelar a todos algo que a até o momento se acostumou a fazer, esconder a sua verdadeira identidade não era algo fácil.

Ele olhou para a direita e seu olhar se encontrou com o de Miguel que lentamente balançou a cabeça concordando.

Olhou para a esquerda e seu olhar se encontrou com o de Gabriel que ainda estava com receio. Seu irmão após um tempo o olhando mostrava estar pensando sobre o assunto. Gabriel levou o que pareceu minutos para finalmente assentir dando apoio ao irmão que voltou a olhar para as irmãs.

– Bem... – Rafael atraiu a atenção de todas até das irmãs que estavam com medo de Miguel e sua espada e agora, olhavam atentamente para Rafael. – Irmãs sei que vai parecer loucura mas nós somos anjos.

A palavra anjo causou um pequeno murmuro entre as irmãs. A madre superiora ergue a mão direita fazendo com o que todas parassem de falar e tomou a dianteira.

– Anjos? É difícil de acreditar doutor Ra... – Ela se interrompeu não sabendo se deveria completar a frase.

– Ainda sou o doutor Rafael Madre. – Respondeu o Arcanjo e a religioso ficou aliviada mas ainda com dúvidas.

– Olha só gente eu sou o Arcanjo Rafael. – Pronunciar o nome do Padroeiro dos viajantes surpreendeu a todas as irmãs principalmente a madre e aproveitando a deixa Rafael continuou. – Esse a minha esquerda é o Arcanjo o Gabriel e meu irmão mais novo. – As irmãs voltaram a sua atenção para Gabriel ficando mais chocadas com a revelação. – E esse outro a direita é o Arcanjo Miguel e meu irmão mais velho.

– Meus Deus – Disse a Madre tampando a boca com as mãos.

– O príncipe dos anjos? – Disse uma das irmãs que tinha a pele morena e olhos cor de mel e Rafael lembrou seu nome era a gentil e doce irmã Carol.

– É isso mesmo irmãs não estamos mentindo olha sei que é difícil acreditar mas é o que somos e desculpem eu nunca dizer isso mas eu não podia revelar quem eu era não até agora. – Rafael abaixou a sua cabeça suspirando. A irmã Carol levantou de seu assento e caminhou até o Arcanjo. Suas irmãs olhavam com atenção para a cena. Rafael voltou o seu olhar para ela e a irmã gentilmente tocou sua face.

– Eu sempre soube que o senhor era diferente de nós, eu sempre sentia uma paz interior quando o olhava ou falava com o senhor aliás não só eu todas as minhas irmãs também.

Rafael olhou paras irmãs e uma a uma elas confirmaram assentindo principalmente a madre.

– Bom é o que eu sou um Arcanjo e eu vivo na terra a muito tempo desde o diluvio irmã.

– O senhor deve ter muitas coisas para nos contar e ensinar.

– Realmente eu tenho e irei contar a todas vocês agora se assim permitirei.

A Madre ficou de pé e caminhou na direção de Rafael ficando ao lado da irmã. Fitando o anjo com atenção um sorriso tomou sua face à fazendo rejuvenescer vinte anos e Rafael não resistiu e também começou a sorrir.

– Nos conte tudo que pude Arcanjo Rafael essas irmãs estão com muita sede de conhecimento.

Agora era Gabriel quem sorria um sorriso, grande e alegre como de um menino até Miguel que sempre se mostrava sério não conseguiu deixar de sorrir.

– Ok madre irmã voltem aos seus lugares por que agora a história vai começar a ser contada bom pelo menos parte dela.


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