Anjos Humanos escrita por Perigo


Capítulo 2
2 – Gabriel




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Sábado 08:30 da manhã.

Gabriel se materializou em um parque, o sol estava começando a aquecer a terra com os seus poderosos raios. Ao se materializar Gabriel não trajava mais uma armadura, o Arcanjo trajava uma calça jeans azul com tênis pretos, blusa vermelha aberta e uma camiseta branca com uma asa dourada estampada.

– Faz muito tempo que não venho a terra. – Comentou o Arcanjo.

Levando as mãos até os bolsos da calça o anjo começou a caminhar, o Arcanjo admirava a beleza do local realmente muita coisa havia mudado desde a última passagem do Arcanjo na década de 70.

Saindo do parque ao tocar os pés na calçada Gabriel sentiu uma forte dor de cabeça. A dor se multiplicava a cada segundo que se passava, o anjo quase desmaiou por causa da dor a sensação era parecida com uma faca sendo cravada em seu crânio, e lentamente o objeto cortante era conduzindo para trás abrindo um buraco em sua cabeça.

“Hoje é sábado não queria ter de ir trabalhar” ... “estourei na balada ontem peguei várias menininhas” ... “bora pro jogo Andrezão”.

Gabriel também é conhecido como “O Mestre das Mentes” ele é capaz de entrar na mente de qualquer ser vivo podendo controla-lo ou se preferir ou, descobrir seus segredos mais ocultos nada escapa da poderosa mente de Gabriel, mas essa habilidade as vezes tem seu custo. Estar em uma cidade ou em um local concentrado de gente era doloroso para Gabriel o Arcanjo, necessitava ter uma grande concentração para deixar de ouvir todas aquelas vozes em sua mente. Fechando os olhos ele respirou fundo. Aos poucos foi sentindo o ar invadindo os seus pulmões lhe dando uma sensação de alivio a dor, que a cada segundo aumentava agora diminuía quando conseguiu eliminar todas as vozes em sua mente Gabriel finalmente pode voltar a caminhar.

Saindo o parque o Arcanjo caminhou por uma avenida, o local já estava movimentado àquela hora da manhã. Os comércios começavam a abrir as portas, alguns ônibus passavam lotados transportando trabalhadores, alunos, viajantes e baladeiros. No final da avenida Gabriel se deparou com um grande prédio era branco e com várias janelas, com esculturas de leões, tigres e até alguns anjos em mármore na fachada gravado em dourado estava escrito “Prefeitura de Alameda dos Anjos”.

– Então esse é o nome dessa cidade? -Perguntou o Arcanjo.

– Vim para o local aonde senti uma concentração de energia maligna, mas não me preocupei em saber para aonde iria não posso cometer esse erro novamente ou isso pode ser fatal.

O arcanjo iria retomar a sua caminhada quando uma voz novamente invadiu a sua mente.

– Santo anjo do Senhor...

– Mas como? – Gabriel estava surpreso, ele havia eliminado todas as mentes de sua cabeça como poderia estar ouvindo vozes novamente?

– Meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege me guarde me governe e me ilumine.

– Isso não é uma voz... isso é uma oração!

Fechado seus olhos Gabriel se deixou guiar indo em direção a voz. Quando percebeu Gabriel estava em um quarto.

O local tinha as paredes rosas e alguns brinquedos estavam espalhados pelo chão. A cama era pequena e estava bagunçada, ajoelhado os pés da cama estava uma criança. Uma menina de no máximo sete anos de idade.

A menina vestia um pijama branco de coelhinhos azuis, tinha a pele era morena e seus cabelos negros estavam bagunçados. De olhos fechados, e com as mãos entrelaçada e os cotovelos apoiados no colchão a menina prosseguia com a oração.

– Amém. Santo Anjo da Guarda, guardai-me!

– Que linda. – Disse o Arcanjo sorrindo. - Lindo esse ser pedido a proteção divina o seu anjo está cuidando de você minha pequena. – Fazendo uma rápida pausa Gabriel vasculhou a mente da menina procurando o seu nome. – Laryssa.

– Papai do céu... – O tom de voz da menina havia mudado, a serenidade e a alegria de segundos atrás desapareceram e agora, a dor e a tristeza eram ouvidas. – Papai do céu por favor ajude a mamãe a ficar boa, ela disse que se um dia eu ficar doente ela pediria para o papai do céu para cura-la, então por favor meu papai eu peço por ela agora faça a mamãe sarar.

A cena partiu o coração de Gabriel voltando a se concentrar o Arcanjo procurou entender melhor o que se passava e descobriu o que afligia aquela menina. Sua mãe estava internada em coma no hospital a duas semanas, Laryssa todos os dias se dirigia ao hospital com sua avó para visitar a mãe na esperança dela finalmente acordar. A avó, não aguentava ver aquela cena. Ver sua filha entubada causava uma grande dor em seu coração, além disso a senhora se preocupava com a sua neta Laryssa, ela já havia perdido o pai vítima de um acidente de transito a um ano atrás a menina, não iria suportar a perda da mãe.

Erguendo a cabeça para o alto Gabriel falou com serenidade – Pai... eu peço por essa criança, que a mãe dela possa acordar e voltar para os seus braços. Eu te peço pai conceda isso a ela.

Gabriel sentiu um calor envolver o seu corpo e começou a sorrir.

– Obrigado. – Sussurrou o Arcanjo.

Gabriel agora estava em uma pequena sala branca, as janelas estavam fechadas e as luzes apagadas. A única fonte de luz eram os aparelhos que estavam ligados a uma pessoa. Uma mulher estava deitada sobre a cama, com a máscara de oxigênio em seu rosto. Seus cabelos negros estavam espalhados pela cama, seu rosto lembrava o da pequena Laryssa.

A mulher dormia profundamente. Olhando aquela cena Gabriel teve pena de querer acorda-la. A mulher parecia estava envolvida em um gostoso e profundo sono. Caminhando em direção a mulher o espaço a volta de Gabriel começou a mudar. A luz tomava conta do local. Os aparelhos e a máscara haviam sumido a mulher ainda dormia e gentilmente Gabriel tocou em seu ombro.

– Clarissa... – Disse o anjo com gentileza.

– Clarissa por favor acorde.

Lentamente os olhos da mulher começaram a se abrir, no início sua visão estava embaçada ao conseguir focalizar algo a mulher avistou o anjo e um sorriso surgiu em sua face.

– Dormiu bem minha jovem?

A mulher sorrindo assentiu.

– Ótimo. – Respondeu o anjo. – Agora você tem que acordar e cuidar da sua filha ela a está esperando.

O sorriso deixou o rosto da mulher e agora as lagrimas e a tristeza estavam estampadas em sua face. Gabriel gentilmente limpou o seu rosto e tornou a falar.

– Calma ela está bem sei que também está com saudades dela e ela de você não quer se levantar e ir ver a sua filha?

– Minha... filha... – Sussurrou a mulher.

– Isso mesmo sua filha você quer ver sua pequena de novo não quer?

– Sim quero eu quero muito ver a minha filha.

– Então me de sua mão e então poderá vê-la.

Gabriel estendeu a mão para ela e sem hesitar mulher segurou firme em sua mão. A luz em volta começou a brilhar intensamente e quando se deu conta Clarissa estava sentada na cama do hospital.

– Lary... Lary. – Os gritos da avó da menina eram ouvidos pela casa, devagar a menina parou a sua oração e caminhou até a porta.

– Lary a mamãe acordou a mamãe acordou. – Entrando no quarto a vó segurou a menina nos braços e a encheu de beijos. Logo ela a abraçava forte e chorando começava a falar em voz alta.

– Obrigado meu Deus obrigado por tudo.

– Obrigado papai do céu. – Disse a menina também chorando.

Gabriel sorrio com a cena e erguendo a sua cabeça uniu suas mãos e fechou seus olhos.

– Obrigado pai!

O arcanjo voltou para a rua seguindo o seu caminho. Quando percebeu Gabriel havia caminhado o dia todo e a agora a noite reinava nos céus, o arcanjo aproveitou o dia para conhecer toda a cidade passando próximo a um convento Gabriel sentiu um arrepio.

– Realmente não há nenhum anjo na terra. – Dizia uma voz grave.

– Se não há anjos não há problemas e se não há problemas então podemos festejar a há vontade. – Sussurrou outra voz alegre.

Próximo ao convenio havia uma pequena praça. Na praça algumas criaturas estavam se reunindo, elas tinham a pele marrom e o corpo esquelético, olhos amarelos com dentes pontudos e chifres.

– Demônios. – Sussurrou Gabriel.

– Vamos atacar a cidade, atormentar os humanos e destruir tudo. –Disse um dos demônios.

Ele tinha a mesma aparência que os demais a diferença era o seu corpo não era esquelético e sim musculoso, e em sua testa um terceiro olho era visível.

– Sim! – Disseram os outros em uníssono e caminharam em direção ao centro da cidade.

Uma grande luz fez com que os demônios parassem de andar e cobrissem o rosto com as mãos. A luz que os cegavam rapidamente se dissipou. A imagem a seguir chocou os demônios. A frente deles estava um ser usando uma armadura dourada o ser levou a mão na cintura e lentamente retirava um objeto.

Os demônios olhavam com atenção e perceberam que o objeto era uma espada mas não uma espada comum. A lamina ao sair da bainha tinha a largura duas vezes maior e em sua volta, uma chama envolvia a espada. A cena deixou os demônios surpreso e chocados. Eles sabiam o que estava a sua frente, e quando avistaram suas asas brancas os seres das trevas rosnaram e trincaram os dentes como uma alcateia de lobos.

– Anjo. – Disseram novamente em uníssono.

– Isso mesmo. – Disse o anjo. – Sou um anjo e sou o pior pesadelo de vocês.

Dizendo essas palavras Gabriel com sua espada na mão partiu em direção aos demônios.


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