Razões Para Amar escrita por Febraico


Capítulo 5
• In Who Should I Trust?


Notas iniciais do capítulo

Chegou mais um capítulo para vocês õ/



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— Não Emma! — Aurora se movia indignada. — Não era pássaro, não era gavião muito menos avião. Eu sei o que vi e era sim um dragão de verdade.

— Tudo bem então. Veremos o que a prefeita quer e voltaremos para Boston, certo?

Emma tentara manter Aurora calma naquela manhã após a mesma acordar de um sonho gritando feito louco. Desde que Aurora vira, na floresta, um dragão a loira não conseguira pensar em outra coisa a não ser aquilo. Nem em seu verdadeiro motivo de ter saído de casa, de ir atrás de seus pais biológicos, Aurora conseguia manter focada.

A jovem assentiu com a cabeça confirmando o que Emma dissera. Sentindo que falhou em sua missão, Aurora resolve ficar sozinha por um bom tempo deixando Emma no quarto da pousada.

— Volte antes das 19 horas. — Swan fala acima de seu tom de voz normal para que Aurora, já no corredor, a escutasse.

Com uma saia rodada, uma blusa preta cavada e seu cabelo solto ao vento Aurora apertava com firmeza seus passos pelas ruas de Storybrooke. Não muito longe da pousada a jovem se familiarizou com Belle dias atrás e resolve adentrar na biblioteca e ver se tem algum livro sobre a história de Storybrooke ou se Belle contaria algo a jovem.

Belle estava mais formal da ultima vez que Aurora estivera ali. Com calça jeans e uma camisa social, a bibliotecária atendia Aurora com simpatia depositando poucos livros sobre Storybrooke a mesa onde a jovem estava.

— Então está a fim de ficar na cidade e quer saber mais sobre?

— Nem a pau. — Aurora desvia seu olhar dos livros e olha para a moça. — Desculpe, é que... — Não sabendo as palavras corretas à loira continua. — Você sabe algo sobre dragões na cidade?

Belle franze a testa e engole em seco. Não esperava que a garota estivesse em busca de algo nesse tipo. Por um longo minuto sem piscar e olhando para Aurora com os olhos arregalados Belle perde o entusiasmo de ajuda-la e desvia seu olhar para o chão. Belle se acomoda na cadeira de frente para Aurora entrelaçando seus dedos sem saber por onde começar.

— Tudo estará claro para você daqui alguns dias se, claro, você ficar na cidade. — Finalmente Belle encontra o olhar de Aurora. — Tem que ser no tempo dela.

Belle se colocou de pé e caminhou até o balcão onde ficou o tempo todo observando Aurora vasculhar livros e livros. Mesmo sabendo que Aurora não conseguiria a resposta que estava querendo Belle não interferiu em sua busca até que uma moça, com cabelo castanho escuro até o ombro, adentra na biblioteca.

Acenou com a cabeça saudando a bibliotecária e partiu em direção da loira. Seus movimentos foram silenciosos e só depois de um bom tempo Aurora percebe a presença da jovem – que tira toda sua atenção dos livros – arqueando uma sobrancelha, assustando com a moça a sua frente.

— Tirou sua fantasia do halloween do ano passado? — Aurora faz uma observação rindo de leve.

— Bem observado. — A garota retribui o sorriso. — Por sinal, sou Mulan.

Aurora volta sua preciosa atenção nos livros abertos ainda em busca de algo para esclarecer todas suas duvidas. Mulan, curiosa, puxa um livro para si tentando ajudar a loira em alguma coisa mesmo não sabendo o que Aurora buscava. Ao decorrer dos minutos que se passaram ambas as garotas se entreolharam muitas vezes e, coradas, voltara suas atenções nos livros.

Cansada do que estava fazendo Aurora suspirou alto sem se importar com uma das regras da biblioteca: “o silencio absoluto” porque não tinha mais ninguém ali que precisasse de silencio.

— A prefeita marcou um jantar comigo e Emma.

— Então ela já tem um plano. — Mulan engole em seco.

— Sabe o que ela quer conosco? — Franzindo a sobrancelha Aurora questiona.

Negando com a cabeça Mulan responde ao ter a cabeça baixa fitando seus pés. Precisando falar alguma coisa para Aurora a morena parecera inquieta quando começou a batucar seus pés contra o chão e entrelaçar seus dedos.

— Olha. — Mulan engasga ao alertá-la. — Não importa o que ela disser, não confie nela. Em ninguém.

— Em quem devo confiar? — Aurora ficara intrigada com a ordem de Mulan.

— Apenas em si mesmo.

Após um tempo em silencio Mulan continua:

— Você é igual seu pai...

— Você conhece meu pai? — Aurora não deixou a garota terminar a frase. — Onde ele está? Vivo? Morto?

Mulan engole em seco. A mesma se colocara de pé sem o sorriso que estava minuto atrás, caminhou até a saída com Aurora atrás implorando para que Mulan confirmasse se estava morto ou, quem sabe, vivo já que Mulan fora à única, até o momento, que tocou no assunto dos pais biológicos de Aurora.

Ambas percorreram boa parte da calçada uma distante da outra, só que Aurora gritando o tempo todo para Mulan parasse e contar o que estava acontecendo. A loira observara que estava perto já da pousada quando correu para alcançar a morena e a segurou pelo pulso virando-a para si.

Mulan parecia assustada com os movimentos bruscos da loira ao sentir a mão gelada da garota tomando seu pulso e a puxando para da loira. Aurora acabara de deixar Mulan sem nenhuma reação e até mesmo corada.

— Vamos Mulan, desembuche. Onde estão meus pais?

Mulan olhava bem nos olhos de Aurora percebendo que a garota estava com nenhum pingo de paciência e sentindo que a mesma apertava cada vez mais seu pulso, desviou seu olhar para o pulso que levou Aurora a soltar e desculpar-se.

— Acho melhor você ir se arrumar para o jantar. — Mulan se distanciava aos poucos. — Lembre-se do que disse. Vejo você depois.

Aurora observara Mulan saindo sem dar nenhuma satisfação sobre como conhecera seu pai biológico, apenas um vejo você depois. A loira estava cansada de todos ditarem as regras para si e continuar com sua cabeça cheia de duvidas, mas ela precisava checar até o fundo e não irá apenas voltar para Boston depois que descobriu que pessoas dali conhecia seu pai. Aurora não confiará em ninguém, como Mulan pedira, Aurora usará sua intuição para conseguir chegar a seus pais. Custe o que custar.

Desde que Aurora saíra da pousada para esfriar sua cabeça pensando em ter visto um dragão voando sobre a cidade Emma decidira caminhar um pouco também, conhecer mais os arredores de Storybrooke. Seu caminhar a levou até a baía contendo vários armazéns e docas. Emma se aproximara inspecionando mais o local, curiosa.

A maioria dos armazéns estava lotada de coisas relacionadas à pescaria e as docas estavam ocupadas por barcos, exceto uma ou duas. Sem averiguar muito perto dos armazéns Swan direciona-se para cerca alta de madeira que protegia toda a baía.

Apoiando seus cotovelos na cerca Emma observara o horizonte, gaivotas voando para lá e para cá. Seus pensamentos foram invadidos por perguntas de “como esse lugar bonito poderia haver tantas coisas, tecnicamente, estranhas?” e “O que há de errado com os moradores daqui?”.

Mas Emma não fizera questão de obter tais respostas, não agora. A loira não estava esperando para ser acordada daquela paisagem fascinante que prendeu toda sua atenção, até Sr. Gold ter chamado várias vezes Emma para a Terra.

— Senhorita Swan. — Gold a toca no ombro para conseguir atenção. — Me desculpe. Fascinante não?!

— Não sabia que estaria aqui... Sr. Gold, certo?

Gold confirmou com a cabeça e o silencio tomou conta do local. O senhor das trevas acompanhava o olhar de Emma que observava o bater das asas das gaivotas voando cada vez mais longe. Os olhares de ambos se encontraram e, para quebrar o gelo, Gold decidiu se manifestar.

— Não estarei no jantar. Como Killian disse, o jantar é para vocês, mas é fácil de achar a mansão da prefeita. — Voltando a fitar o horizonte. — Ela é uma pessoa compreensível, entende?

— Como o senhor sabe do jantar? Sem querer ofender, mas não...

— Killian. — Interrompendo-a, Gold mente. — Temos uma feição um pelo outro. Pode chamar-me de Gold.

Emma assentiu desapoiando da cerca e decidiu caminhar de volta a cidade para checar se Aurora já estava se arrumando para o encontro. Gold fez companhia caminhando ao seu lado. Conversaram pouco durante o caminho, só o necessário.

Em certos momentos Swan ficara entusiasmada com a cidade e com o encontro que tinha com a prefeita – estava tentando aproveitar suas férias – mas à mesma lembrara que não estava sozinha ali. Estava com Aurora e, sentia necessidade de leva-la de volta a sua família.

Deixando-a na entrada da pousada Sr. Gold tomou seu rumo um pouco mais adiante, na sua loja de penhores. Sua necessidade de utilizar a bengala era mínima, mas precisava senão demoraria mais para chegar aos lugares. Gold teve pouco tempo desde que adentrou a sua loja e logo foi abordado por Killian, que não poupou gentileza ao abrir a porta do estabelecimento partindo para cima do dono.

— Fiz o que pediu, agora devolve meu coração crocodilo.

Rumple assustou-se ao ver o rapaz entrando, com ferocidade, em sua loja e não gostou nenhum pouco do tom de voz do rapaz.

— Capitão... — Rumple buscava palavras. — Estamos quase terminando, portanto ficarei até o jantar delas com a prefeita para que nada saia do controle.

Senhor das trevas pensara um pouco antes de continuar:

— É claro você não pode estar pensando em ter um caso com a senhorita Swan, está?

Killian não o respondeu. Bufando, saiu da loja deixando Rumple com um sorriso sarcástico estampado no rosto.

Emma estacionara o carro sem pegar na guia.

Ao descer do banco do carona Aurora ajeita seu vestido fazendo-o com que endireitasse na cintura. Um vestido branco com estampa de flores sempre chamara atenção de Aurora em Boston, – na verdade qualquer vestido de flores chamava sua atenção – mas aquele que a loira trouxera na mala quando partiu de casa era seu predileto.

Emma, por sua vez, não tinha nada de diferente tanto em seu armário em Boston quanto aqueles que trouxeram em sua mala. Vestida uma calça jeans, uma blusa básica branca e uma jaqueta de couro vermelha, para Swan estava pronta para o jantar com a prefeita.

Pelo único caminho que dava acesso a entrada da casa da prefeita – que cortava o jardim da entrada – ambas percorreu em silencio. A jovem Aurora se distraia olhando o jardim quando alcançaram a porta. Emma ergueu sua mão para batê-la contra a madeira branca, mas antes de Emma realizar tal movimento o mordomo da prefeita abriu e acenou para que as duas entrarem. Aurora e Emma trocaram olhares e entraram.

— Espero que Sidney não encheu o saco de vocês. — Malévola descia a escada toda elegante. Um degrau por vez mantendo a pose. Quando alcançou o solo completou. — Ele é desagradável, se é que me entendem.

A prefeita mantivera uma risada suave ao percorrer o corredor que levava a sala de jantar. Emma e Aurora não se seguraram e fitou tudo que tinha direito dentro da casa de Malévola. Seus quadros, as estantes pelas quais passaram, até se encontravam um vão de porta aberta elas davam um jeito de bisbilhotar.

Aurora ficou de boquiaberta ao colocar seus pés na sala de jantar. Nunca conseguiu imaginar uma mesa enorme iguais em filmes na vida real, mas ali estava uma com três lugares marcando que estariam ocupadas pelas três em breve com cada lugar um conjunto de louça de porcelana, talheres de inox e taças de cristais. Aurora também não podia de deixar de reparar os candelabros sobrepostos e distribuídos à mesa de uma forma que iluminasse toda a sala.

— Agradeço por terem aceitado o convite.

— É uma honra senhora prefeita. — Emma assentiu.

— Para que tanta formalidade? Fique a vontade de chamar-me de Malévola.

Aurora não conteve a risada. Riu até sentir dor no abdômen e só depois de perceber um olhar severo de Emma a garota conteve.

— Sua mãe devia ser do team villains quando assistia os desenhos da Disney. ­— Aurora tentou explicar-se seu momento constrangedor.

Mas Malévola não a levou a mal, sorriu de lado e pediu que trouxessem a refeição. A cozinheira entrou na sala empurrando um carrinho, onde uma por uma fora distribuindo os pratos. A prefeita, naquela tarde, tinha avisado aos seus criados sobre o jantar e pediu que a cozinheira fizesse um prato especial. Jambalaya*. À medida que iam comendo, as convidadas foram agradecendo sem parar Malévola por ter as convidado. Malévola interveio.

— Já que gostaram tanto do Jambalaya e estão me agradecendo tanto, tem algo que preciso da ajuda das visitantes.

— Amanhã após meio-dia voltaremos para Boston, mas se for ant...

— Não seja tola. — Malévola interrompeu Emma. — Amanhã é o Festival de Arrecadações da Igreja em Storybrooke. Vocês não podem partir sem ao menos conhecer nossa cultura.

— Festival de Arrecadações? — Questionou Aurora.

— Todo ano na praça em frente da igreja é feito esse festival onde todos se unem em barracas e mostram seus dotes. Por exemplo, a vovó que fará seus maravilhosos pratos para conseguir uma boa quantia e doar para a Madre Superiora a fim de melhorar o santuário sagrado.

No andar da conversa Malévola percebera que ambas terminavam o jantar e levava o guardanapo à boca com intuito de limpar se havia algo sujo. Malévola faz um sinal a um de seus encarregados e o mesmo retira primeiro o prato da prefeita – que a mesma cochicha algo do ouvido do servo – e logo em seguida retira os pratos das convidadas.

Não demorando muito um rapaz adentra no local e primeiro deposita uma taça de milk shake a frente da prefeita, seguindo por Emma e por ultimo Aurora. A jovem estava tão entusiasmada com Malévola explicando o evento que quase deixou de perceber no jovem que depositara sua sobremesa. Ela reconheceu aquelas mãos.

— Phillip?

O rapaz estava quase chegando à porta pela qual entrou segundo atrás quando a garota o chamou. Virou-se para trás e viu que a mesma se posicionara de pé com uma expressão de confusa. Phillip não conseguiu responder Aurora de uma melhor maneira a não ser com um sorriso murcho e ao ver Aurora correndo casa afora o rapaz não esperou muito para ir atrás dela.

— Deixa. — A prefeita interrompeu Emma que se levantara para ir atrás da jovem também. — Sabe como são adolescentes. Dramáticos e eles vão se entender.

Emma volta a se sentar desviando muitas vezes seu olhar de Malévola para a porta na esperança que Aurora voltaria a sentar do seu lado, mas nada. Por enquanto nada.

No topo da escada Sidney observara Aurora saindo possessiva da casa e logo atrás da moça estava Phillip tentando alcançá-la.

A loira levou a mão à cabeça tentando processar o que estaria acontecendo e por que saiu assim como estivesse brava de encontra-lo lá. Repetiu várias vezes para si que ou enfrentaria aquilo, seja lá o que aquilo seria, ou voltaria para Boston sem nenhuma informação sobre seus pais biológicos. Emma não podia dizer que iria ajudar a prefeita nesse festival tosco que essa cidade tosca faz todo ano tosco. Aurora estava convencida de ir embora. Rodopiou muitas vezes no jardim sem saber o que fazer, mas ao vê-lo atrás de si soube imediatamente o que fazer.

— O que faz aqui atrás de mim? — Cada silaba dita Aurora elevava seu tom de voz.

— Querendo explicar as coi...

— Explicar? Ok. Comece explicando quem são seus inimigos já que a Malévola é a prefeita, a manda chuva daqui. — Intensificando o nome da prefeita, a jovem partia para cima do rapaz, enchendo-o de perguntas. — Vai me dizer que naquela esquina — Aurora apontara para qualquer direção. — mora a branca de neve e é ela que vocês tanto temem.

— Se você entrasse Malévola explicaria as coisas com clareza.

Aurora não conseguiria voltar para lá, precisasse pensar no que Mulan dissera naquela tarde longe dali. Sem muito que fazer, e nem dar satisfação para Phillip, Aurora dá as costas para o rapaz deixando-o sem reação e corre o mais rápido possível.

Já longe da casa da prefeita Aurora foi pensar em Emma e no que ela pensaria a respeito daquilo, mas Emma sabia onde encontra-la, já que ambas estavam dividindo um quarto numa pousada.


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Notas finais do capítulo

*Jambalaya = Prato típico da cozinha cajun-creole do estado de Louisiana - EUA. De influência francesa e espanhola, o jambalaya é uma espécie de paella feita com arroz, frango, linguiça, frutos do mar, legumes, aipo, cebola e pimenta caiena.
PS: Tentei achar um prato norte-americano que contem frutos do mar, esse foi o único ;-;

Espero que tenho gostado *--*



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