Dad's Boyfriend escrita por Bruno Borges


Capítulo 23
A Equipe de Resgate


Notas iniciais do capítulo

Assim como uma fênix eu renasço das cinzas e quando vocês menos tão esperando, BUM! CAPÍTULO NOVO
Espero que ainda estejam vivos. Peço perdão pela ausência. Mais uma vez estou voltando, agora para concluir a história.



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— Ok, acho que toda turma do Scooby Doo está aqui. — Regina murmurou sarcástica enquanto Spencer e David encaravam nervosos para Ruby, Mulan e August.

— Tem certeza de que isso vai funcionar? — a asiática arqueou uma de suas sobrancelhas um tanto cética quanto à situação.

— Claro que sim! — Ruby interveio com seus grandes olhos expressivos. — Nós temos um fio de cabelo de Ursula, é fichinha pra Regina fazer um feitiço localizador!

— Eu acho que ela se refere ao portal daqui pra Portland... — August comentou, também preocupado.

— Hey! Eu sou muito bem confiante das minhas habilidades, ok? — Regina puxava um fio de cabelo de uma escova, achada ali mesmo, no quarto de Ursula na pensão da Granny onde estavam todos reunidos. — Não é como se eu precisasse de um feijão mágico pra levar vocês pra outro reino. Eu simplesmente estou lhes poupando alguns quilômetros de viagem, e podiam economizar esse tempo questionando meus métodos porque vão me agradecer depois. — ela o depositou num cálice dourado com alguns ingredientes mágicos e os misturou com os próprios dedos. A mistura começou a brilhar num laranja fluorescente e com os dedos sujos da própria mistura, Regina desenhou um padrão repetido de desenhos em um grande espelho no canto do quarto, que em questão de segundos se transformou num portal.  A parte antes espelhada, por dentro da moldura, começou a emitir uma forte luz branca, que foi ficando mais fraca lentamente.

Todos se entreolhavam sem saber o que falar, quando a porta se escancarou num estrondo enorme ao bater na parede. — PUTA QUE PARIU, QUE QUE ISSO!? — Ruby exclamou num pulo, virando-se para ver a figura de Christopher, agora Kristoff, que entrava tremendo no quarto.

— David! — ele entrou bufando. — Granny me disse que você estaria aqui. — ele estava extremamente ofegante. — Eu vou com você.

— Oh, céus... — Regina revirou os olhos.

Mulan e August se olhavam confusos.

— Chris, não é uma boa hora, eu estou partindo numa missão muito urgente e... — David começou a se justificar, para não tê-lo no meio daquilo. Eles estavam mal resolvidos e não tinham falado desde o beijo que cessou o feitiço de Chris. Seria extremamente desconfortável ter que se resolver com ele na frente de todo aquele grupo aleatório de pessoas sem noção que tinham aceitado ajudá-los na missão de trazer Ursula de volta.

— Eu sei! — Chris o interrompeu. — Eu falei com a Emma, eu falei com todo mundo. Eu sei onde está indo e eu vou com você. Por favor, não me peça para ficar.

Ruby cutucou August. — É exatamente assim que eu me sinto tendo você como meu cachorrinho de guarda. — a morena cochichou em seu ouvido e apontou para a cara de perdido e envergonhado de David naquele momento, após ouvir Kristoff. A garota estava bastante irritada com a insistência do rapaz em acompanhá-la na aventura que era pra ser um momento de aventura seu e de sua amiga Emily. August ali só reforçava a ideia de que eram um casal e ela estava tentando se desvincular disso.

August engoliu em seco, sem falar nada.

— Hã... eu lamento quebrar o clima híper estranho que tá isso aqui, mas... o portal não vai durar a tarde toda. — lembrou Regina ao apontar pro espelho que ficava com a luz cada vez mais fraca.

— Vejo vocês do outro lado! — Mulan avisou antes de atravessar o espelho rapidamente.

— Também vou indo nessa! — acompanhou Ruby, que foi seguida instantaneamente por August.

— Filho... — Spencer murmurou enquanto acariciava gentilmente as costas de David. Fez um sinal com a cabeça para que o seguisse e atravessou o espelho.

— Chris. — David disse depois de olhar brevemente para Regina que o encarava com desaprovação pelo atraso. — Por favor, não fique chateado comigo. Não tenho tempo para te dar a devida atenção agora. Eu gosto muito de você e mal posso expressar o quão feliz estou de ter me procurado.

Dito isso, David atravessou o espelho. Sentiu seus olhos doerem com a claridade e um som muito alto incomodou seus ouvidos no processo. Saiu aos tropeços no meio de uma rua qualquer, de onde supostamente seria Portland. Mal teve tempo de raciocinar quando TUM! Alguém batia em suas costas, quase o derrubando ao chão. Alguém o segurou para não cair. Após alguns segundos para retomar a consciência, David analisou à sua volta. Emily o segurava e perguntava se estava tudo bem. Christopher saía de trás dele enquanto o último resquício de luz do espelho se apagou. — Oh, não... — ele murmurou indignado.

— Eu não pude te deixar ir sem mim, David. Sinto muito. — Chris argumentou um tanto orgulhoso.

David entretanto, não o respondeu. Olhou à sua volta, procurando os outros. — Cadê todo mundo?! — perguntou à Mulan bastante confuso.

— Eu ia lhe perguntar a mesma coisa.  Vocês dois foram as únicas outras pessoas a entrarem aqui depois de mim. — a garota respondeu preocupada, tirando fios de cabelo do rosto. — O que é ainda mais preocupante se pensarmos que a Ruby era quem estava segurando o outro fio de cabelo que não foi usado na poção de Regina e que deveria nos levar até o lugar em que Ursula está.

— Ah, droga... — o loiro mais velho disse esfregando as mãos sobre seu rosto.

(Enquanto isso, longe dali)

 

— David? Emily? Alguém?! — Ruby gritava e puxava August pela mão enquanto andava por um lugar escuro e cheio de obstáculos. Toda hora tropeçavam em algo maciço ou batiam a testa, até que passaram por uma porta e acharam uma sala um pouco menos escura.

            Se trava de uma fábrica, aparentemente.

— Tá sentindo esse cheiro? — August torceu o nariz. — De... podre?

— Não é qualquer podre. — disse Ruby. — Eu trabalhei no Granny tempo o suficiente para reconhecer de longe o cheiro de tomate estragado. Acho que estamos em uma fábrica de katchup.

— Katchup? — August não escondeu o riso. — Não acredito que vamos ter de tirar a rainha dos mares de um tonel de katchup.

A garota não riu. — Hã... na verdade eu não acho que Ursula esteja aqui... — ela levantou o fio de cabelo que tinha em sua mão e ele sequer brilhava. Estivera esse tempo todo como qualquer fio de cabelo sem magia estaria.

            August andou pela sala e achou uma caixa de chaves de energia numa parede. Enquanto acendia as luzes daquele bloco, Ruby tirou um grampo “tic-tac” do bolso, abriu e cuidadosamente torceu o fio de cabelo por uma de suas extremidades antes de fechá-lo novamente e o guardou no mesmo lugar para não perder o fio.

Por um momento, ambos ficaram em silêncio, ouvindo o som de dezenas de sequência de lâmpadas se acendendo. E então, passos. Passos largos vindo por trás deles, do ambiente ainda escuro. — Vocês acharam mesmo que o deus das portas não perceberia a presença de um portal sendo aberto a alguns poucos quilômetros de distância dele? — uma figura surgiu em meio às sombras, disparando a frase em duas vozes num tom grave e ríspido.

 

Ruby pôs uma mão sobre seu peito e fez uma longa pausa para respirar. — Definitivamente querem me matar de susto hoje. — disse em tom quase inaudível para August boquiaberto ao seu lado e então se dirijiu a Jano. — Onde estão nossos amigos!? Onde está Ursula!? O que você fez com eles!? — quando os rostos deformados dele surgiram sobre a luz, ela cobriu sua boca.

 

O deus riu, debochado. — Não muito longe. Apenas desviei um pouco o destino de vocês pelo portal. O suficiente para brincar com vocês enquanto perdem tempo tentando se reunir outra vez. — Jano estalou os dedos e um portal abriu do teto, de onde uma figura de um grande animal despencou no chão.

 

— Caralho! — August exclamou nervoso ao perceber que a figura se tratava do grande cão de três cabeças, Cébero, vindo furioso na direção deles.

Jano deu meia volta, e sumiu num breve clarão.

 

(Alguns minutos antes)

 

— Você não vai escapar dessa, patife! — Spencer vociferou para a monstruosidade diante dele, tentando se libertar da cadeira a qual estava amarrado, perto de Ursula.

 

A semideusa, olhou para ele com dificuldade, os olhos pesados não expressavam muito, além de confusão. Seus lábios grossos, estavam trincados e tremiam. E seus cabelos louros grudavam com suor em seu rosto.

Jano aproximou do homem calvo e agarrou seu rosto pelo queixo, quase amassando-o. — Quem não vai escapar é você e os outros humanos que vieram junto tentar resgatar essa aberração.  E o que reservo pra você é pior, seu frouxo vira-casaca.

 

Ursula murmurava algo com extrema dificuldade. — B-beija… o meu traseiro.

 

Spencer arregalou os olhos e nesse momento ambos rostos de Jano ficaram vermelhos e suas veias saltitantes. Ele olhou ao redor procurando alguma coisa, e depois de não achar nada que lhe fosse útil, avançou na direção de Spencer, o ergueu no ar com sua cadeira e arremessou em Ursula, mandando os dois longe.

Houve um estrondo, inclusive de algo quebrando e ambos gritaram de dor.

 

— Agora se me dão licença… — o deus disse, arrumando o terno e recompondo sua voz. — Tenho outros mortais me esperando para brincar. E se teleportou dali.

 

Spencer tentou se mover, mas não conseguia. — Você está bem? — perguntou com dificuldade, levantando o rosto para ver a mulher que estava derrubada em sua cadeira a cerca de meio metro dele.

Ursula primeiro moveu a cabeça, cuspiu uma pequena quantidade de sangue e olhou na direção daquele homem até então desconhecido. — Sim…

 

Spencer entretanto, não podia dizer o mesmo. Sua cadeira de madeira havia quebrado, e uma grande lasca da mesma atravessava sua coxa direita, quase na altura da virilha.

 

— Me diga. — saiu de sua boca em meio a murmúrios de dor. — O que acontece se ele tocar em você?

 

Ursula demorou alguns segundos pra responder. — Não sei. Mas definitivamente nada bom pra ele.

 

(Na fábrica de katchup)

 

Estava acontecendo uma briga de feras e a lobisomem não estava levando a melhor contra o cão infernal. August tentava ajudar, mas não era tão habilidoso com a espada. Depois de ser arremessado contra uma parede e ter a espada atirada para ainda mais longe, o rapaz teve a ideia de atrair o animal para algum lugar alto para que pudesse derrubá-lo dentro dum dos tonéis de molho. Assim, ele correu para uma escada próxima dali e subiu até um corredor suspenso no ar. — Hey Totó! Hey! Aqui em cima, vem me pegar! — ele balançou os braços como um boneco de posto e correu de um lado pro outro para atrair a atenção de Cébero.

Não demorou para que o cachorro saísse de cima de Ruby, que choramingava como um filhote. — Isso! — ele comemorou quando aquelas três cabeças rosnaram na direção dele e pequenos passos indicaram que seria perseguido. Mas era um tanto cedo pra comemorar. A loba agarrou uma das pernas traseiras de Cébero com a boca ferozmente, e tornou a lutar com ele. — Não, Ruby! Não! — ele bateu com as mãos fechadas no corrimão do corredor suspenso. — Garota má! Larga! Larga!

Visto que seus esforços não valeram a pena, August correu pela extensão do corredor e desceu por outra extremidade, procurando alguma máquina que pudesse mexer para causar algum barulho pra chamar a atenção do adversário. Por fim, achou uma máquina com uma série de botões e alavancas e mexeu em tudo que pôde. Alguns não surtiram nenhum efeito, mas logo máquinas se ligaram e mesmo uma garra mecânica surgiu e começou a se mover.

Foi o suficiente para a criatura se soltar de Ruby mais uma vez e dessa vez, tentar lutar contra a garra mecânica que estava no alto de um dos tonéis. Ficou pulando como um cão doméstico tentando pegar um petisco. Mas August não conseguia controlar a garra para pegá-lo. Então correu para uma das máquinas onde uma espécie de motor estava com uma tampa mal parafusada. Desparafuzou a mesma com pouca ou nenhuma dificuldade e deixou longos fios elétricos à mostra. Então subiu em cima da máquina e novamente gritou para chamar a atenção do bichano. Dessa vez teve sucesso. Cérebro correu para sua direção e sem conseguir atacá-lo, enroscou um de seus focinhos em uma sequência de fios. August pulou a criatura, caindo rolando no chão atrás dela. Correu até Ruby que retornava à sua forma humana. Nesse momento, houve uma grande explosão. O som foi estrondoso e August e Ruby ficaram surdos por alguns minutos. Mas não se feriram porque ficaram protegidos por um dos grandes tonéis. A parede perto da máquina destruída por Cébero, tinha sido destruída e um incêndio se formava, começando pelo cadáver do cão infernal, agora sem uma cabeça e meia.

 

— Vamos sair daqui. — Ruby disse arrastando August por onde podiam passar entre as chamas, até a passagem agora aberta para o exterior.

Do lado de fora, uma surpresa. Ruby sentiu algo em seu bolso. Era o grampo se movendo e brilhando. Assim que ela o retirou do bolso e o abriu, o fio de cabelo saiu dançando pelo ar emitindo todo brilho mágico que podiam esperar.

— Está funcionando agora, Ruby! — August exclamou em êxtase. — Ursula deve estar por perto, vamos segui-lo!

 

(Agora, em outro lugar)

 

— Ruby não atende o celular. — informou Mulan, guardando seu aparelho no bolso e se virando para os rapazes.

 

— Eles vão ficar bem, Ruby tem seu poder e August está com a espada de Emma. — respondeu David, suando frio. — Alguém pode checar no GPS do celular se pelo menos estamos no lugar certo?

 

— Eu confio mais na minha própria espada. — a garota retrucou um tanto seca.

 

— Portland. — respondeu Kristoff. — Acabei de checar. É aqui mesmo?

 

— Sim. — David afirmou aliviado. — Bom, acho que não nos resta nada além de conferir a área a procura de alguma pista. — e deu de ombros.

 

Os três saíram caminhando pelo que parecia um simples bairro pacato de classe média-alta e olhando para as casas ao redor, com bonitos jardins. Passaram por um pequeno grupo de crianças brincando na rua que pararam para admirar o trio.

 

— Wow! — exclamou uma delas. Uma menina aparentemente latina de uns 7 anos. — Sua espada é incrível! — disse apontando para a mesma, presa num suporte, nas costas de Mulan. — Parece a da Mulher-Maravilha!

 

Todos adultos sorriram e as outras crianças se voltaram para Mulan para admirá-la. — Aposto que sim. Você gosta muito da Mulher-Maravilha? — a guerreira perguntou gentilmente.

 

Antes que a menina pudesse responder, Kristoff interveio. — Ei, por um acaso algum de vocês teria visto um casal de cabelos negros e olhos claros passando por aqui? Um deles também tinha uma espada maneira. Talvez eles estivessem com um senhor junto.

 

— E um cara de dois rostos? Alguém viu um cara de dois rostos!? — completou David.

 

Mulan lançou-lhes um olhar claramente irritado. — Pessoal!

 

— O que foi? — respondeu David. — Temos que tentar todas nossas chances.— Nesse mesmo minuto, houve uma explosão a alguns quarteirões. Todos olharam assustados. — Rápido, crianças! Pra dentro de casa! — David disse dando amigáveis tapinhas nas costas para os baixinhos mais perto dele. — Emily, Chris, vamos nessa! — e assim as crianças e o trio correram em direções opostas.

 

A explosão tinha vindo de uma área industrial não tão longe assim. Com sorte, seria um sinal de que seus amigos estavam por ali.

 

Chegando ao local, entretanto, nada mais havia além de uma equipe de corpo de bombeiros. Acharam melhor não se aproximarem, especialmente pelo fato de Mulan estar armada com uma espada. Mas notaram que toda aquela extensão era de grandes prédios de diferentes fábricas. Com uma rápida consulta ao GPS, Chris constatou que estavam no Northwest Industrial, um bairro na seção noroeste da cidade inteiramente industrial. Era um local afastado de moradores e curiosos, fácil de se esconder ou esconder alguém. Ursula com certeza estava por perto. E iriam continuar procurando.

Saíram então pela esquerda, dando uma volta por trás de uma grande sequência de prédios, procurando qualquer coisa suspeita. Estavam há uma distância razoável e fora do campo de visão dos bombeiros, quando avistaram um portal se abrir do céu. — Abaixem-se! — David gritou antes dele mesmo jogar os outros dois ao chão, quando um enorme grupo de vultos negros caiu do céu, fazendo manobras sobre eles. Quando olharam para cima, todos souberam do que se tratava. Macacos voadores de Oz. Todos cobertos em armaduras e portando machadinhas ou maças.

Kristoff foi rapidamente apanhado por um, que o levou para o alto e o arremessou para um companheiro. Assim, Kristoff foi jogado de macaco pra macaco por pelo menos cinco vezes, enquanto gargalhavam dele, até ser jogado com força no chão.

David gritou por ele e foi ao seu encontro, sacando sua arma. Um dos macacos tentou acertar-lhe com uma maça, mas ele foi mais rápido e desferiu um tiro em uma de suas asas. — Que fique bem claro, eu sou contra a violência aos animais! — justificou-se após o tiro certeiro. — Mas você me deixa sem opções, isso é legítima defesa.

— Ei, atrás de você! — Kristoff gritou para Mulan, que imediatamente acertou o macaco voador num golpe certeiro com sua espada, bem no meio de seu peito. O macaco desapareceu como pó.

Todos outros macacos olharam surpresos, junto dos rapazes. David e o macaco atingido por ele então se entreolharam e David lhe disparou novamente, dessa vez no coração, e o macaco também se desintegrou.

Nesse momento, Mulan pensou ter visto alguém os observando entre alguns prédios e correu naquela direção. — Aguentem um pouco, eu já ajudo vocês! — ela gritou passando por eles e no mesmo momento, toda “horda” de macacos partiu pra cima deles raivosamente. Mulan fatiou pelo caminho o máximo que pode, transformando-os em nuvens de poeira.

David se jogou por cima de seu amado e disparava tiros indistintamente, enquanto protegia seu próprio rosto e olhos com a outra mão, dos ataques dos macacos mais próximos. Com tiros e mais tiros letais formando nuvens, alguns macacos foram se afastando e David pôde prestar mais atenção no que estava fazendo. Mas estava ferido. Tinha levado pancadas e até tinha conseguido alguns cortes de leve pelos ataques muito próximos.

Enquanto isso, Mulan surpreendeu Jano que os espreitava. Literalmente. A garota foi capaz de decepar sua mão esquerda que estava apoiada em uma parede, antes que ele pudesse pensar em reagir. O rosto mais viril olhou assustado e boquiaberto, tentando segurar lágrimas de dor. O outro, mais deformado, agonizou de dor e caiu aos prantos. Em seguida, desferiu uma série de socos contra a guerreira, mas nenhum a acertou. Frustrado, Jano abriu um portal, mas assim que foi entrar, Mulan se atirou nele e agarrou em sua roupa.

No segundo seguinte, estavam em um galpão escuro e sujo. O cativeiro onde Ursula e Spencer se encontravam.

Enquanto continuavam a luta, Spencer se rastejava na direção de Ursula. Ele conseguiu cortar parte de suas amarras esfregando com as mãos na madeira lascada que atravessava sua coxa. Agora, tentava desesperadamente libertar a semideusa.

Mulan e Jano ainda lutavam, mas ela perdeu sua espada. Dificilmente era atingida e ainda estava em vantagem no mano a mano.

As cordas que amarravam Ursula, eram entretanto mais densas. Tinha sido o próprio Spencer a amarrá-la e por ironia do destino se queixava agora da dificuldade de soltá-la. Neste momento, todos ouviram uma série de batidas no que parecia ser um portão de metal.

Spencer percebeu que a espada de Mulan havia sido arremessada para perto dele, numa altura em que poderia chutar com a perna boa. Foi no momento ideal em que ele a chutou de volta e gritou por Mulan, que pegou a espada antes que Jano pudesse realizar a magia que estava iniciando. A espada refletora de magia fez com que o efeito fosse refletido, mas não surtiu efeito sobre ele, além de deixá-lo mais irritado.

Então, o barulho no portão metálico foi mais forte e depois alguém lá de fora levantou o portão e por ele uma fera correu em direção a Jano, derrubando-o no chão. Eram Ruby e August, chegando para ajudarem no resgate finalmente. O cabelo mágico que os guiava, chegou até poucos centímetros de sua dona, girou no ar fazendo desenhos aleatórios por alguns segundos e apagou, caindo no chão como um fio de cabelo qualquer.

Ruby com certeza fizera um estrago nas costas do deus, que tentava falhamente removê-la de suas costas. Mulan aproveitou a oportunidade para tentar cravar-lhe a espada, mas não foi rápida o suficiente, e num movimento certeiro, a atirou para longe e ainda derrubou Ruby. August então correu para fazer algo, sacando a espada que trazia consigo. Mas no momento em que se aproximou dele, escorregou na poça de sangue causada pelo punho vazio que tivera sua mão decepada por Mulan. Jano o fitou raivoso de cima pra baixo, por ser muito alto e August o encarou apavorado por breves milésimos de segundo. E então, numa tentativa arriscada, moveu-se de modo a perfurar o estômago do deus com sua espada. Para a própria surpresa, conseguiu.  Jano também ficou surpreso e gemeu de dor. No mesmo instante, Mulan pulou em suas costas e cravou a própria espada na jugular dele. Ele levou sua única mão para repelir Mulan, mas ao mesmo tempo, August enfiou mais fundo sua espada e girou dentro dele, enquanto Ruby, em sua forma lupina, abocanhou a mão dele a tempo e começou a mastigá-la, sem soltar.

Jano caiu de joelhos e nenhum dos três se desgarrou dele. Spencer a esta altura estava completamente solto e havia soltado Ursula também. Ele andou aos tropeços, mancando até aquela aglomeração. Observou que Mulan agora segurava o deus pelo pescoço e ela lhe lançou um olhar indicando a sua espada e depois tirou seu braço do caminho do pescoço de Jano, e agarrando-o por seus cabelos, puxou as cabeças para trás. Nesse momento, o velho “pai” de Charming sacou a espada do corpo de seu ex-parceiro de crime e num só golpe, rasgou seu pescoço, fazendo da cena, um banho de sangue.

Todos estavam bufantes, mas o deus apesar de muito debilitado estava vivo e tentando reagir. Era impressionante e assustador ao mesmo tempo. Eles não tinham mais ideia do que fazer. E então todos viram Ursula se levantar do chão com dificuldade. Ela limpou a boca e olhou para o deus com um ódio mortal. Nesse momento, o encanamento de emergências de incêndio foi acionado, e vários esguinchos de água surgiram do teto. Ursula foi recuperando suas forças a cada passo e inclusive melhorando sua aparência até estar frente a frente com ele. A água lavava o sangue em todos naquela pintura renascentista ao vivo. — Eu queria muito saber o que acontece com você se encostar em mim com a proteção do tio Hades. — ela disse sorrindo maliciosamente. — Morra, filho da puta. — e com esses dizeres, afundou suas mãos em ambos os rostos de Jano, enfiando com força dedos seus contra os olhos dele, e tentando afundar suas unhas o máximo que podia. Instantaneamente, seu rosto começou a queimar e derreter, como se ela fosse feita de ácido, e em meio aos gritos dele, as mãos dela foram afundando em sua carne, até atravessar seu crânio e por fim, seu cérebro, fazendo os gritos cessarem.

Houve um tremendo silêncio, mesmo enquanto se recompunham, cansados, e recuperavam suas armas.

O silêncio só foi interrompido quando o celular de Ruby tocou. — Alô… — ela respondeu numa voz fraca.

— Ruby! É o Chris. — a voz em tom baixo, quase cochichando, se identificou do outro lado da linha. Os macacos fugiram por onde vieram, mas a gente tem um problema maior agora.... Hã, o David foi levado pra um pronto socorro e tá bem, mas… Eu vim parar na delegacia e vão trazer ele pra cá também. Escutaram barulhos de tiro e ligaram pra polícia. Chegaram a tempo de nos apanhar e acharam uma mão decepada no local. Por favor, me ajudem, eu só posso fazer essa ligação...


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