Dad's Boyfriend escrita por Bruno Borges


Capítulo 1
O Estagiário


Notas iniciais do capítulo

O primeiro capítulo, traz uma breve explicação para a presença de determinados personagens em Storybrooke. É uma explicação massiva apesar de rápida, e talvez pareça muita informação de uma vez. Peço que leiam com calma porque tentei ser mais coeso o possível. Talvez fosse mais apropriado fazer uma espécie de prólogo, mas por ser a primeira fic que escrevo (a primeira publicada, ao menos), ainda estou em fase de aprendizado com a formatação e com as vantagens/desvantagens do site. Essa dinâmica vai ser abordada novamente, mais tarde. Obrigado pela compreensão e boa leitura!



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(David Nolan POV)

Eu nunca pensei que nosso amor pudesse acabar. Nosso amor era o que eu entendia por eternidade, infinito, e mais um monte de coisas. Mas Mary Margaret superou bem fácil. Em Storybrooke nunca fomos legalmente casados, então só nos separamos um do outro. Ela ficou com Neal e eu tive que morar num dos quartos da pousada da Granny. O que aconteceu? O tempo nos desgastou e nós nos afastamos. Primeiro nos tornamos quase estranhos. Depois vieram as brigas. Eu achei que sofreria para sempre. Mas ao fim do terceiro mês sem ela, as coisas também começaram a mudar pra mim.

Bem, pra chegar a esse ponto da história, temos que retroagir no tempo primeiro. Começou com a seguinte bagunça. Os deuses Poseidon e Hades, fizeram de Storybrooke um campo de batalha. A briga deles teria começado quando Hades matou uma tal Morgana, filha de Poseidon. Então Poseidon enviou tropas para atacar o submundo e Hades mandou tropas para atacar o reino dos mares e em resumo a briga dos dois tomou proporções épicas, que interferiram em vários mundos. Ursula, também filha do deus dos mares, veio para Storybrooke clamando por ajuda, inocentemente achando que poderíamos protegê-la de alguma forma, pois estava sendo perseguida. Então vieram atrás dela e tudo foi pelos ares. Muitos inocentes estavam sendo feridos e as notícias se espalharam por vários reinos.

Elsa, junto da irmã e do cunhado, veio à cidade numa missão de resgate, com a ajuda do Coelho Branco, um conhecido deles de Wonderland. A intenção era de levar por etapas, pessoas da nossa cidade para Arendelle, por portais que o coelho abriria. Infelizmente o plano não deu nada certo. O coelho levou a primeira remessa de pessoas e lá em Arendelle foi surpreendido por Hans e Black Beard, que o obrigou a trazê-los para nosso mundo, ameaçando fazer mal à família dele se não o fizesse. E tudo isso porque queriam reaver o Jolly Roger. Digamos que o coelho teve “muita pressa” pra voltar. Ele ficou tão aterrorizado com Hans e Black Beard, que assim que os trouxe, foi para casa e nunca mais voltou. Elsa nos contou de que ele já havia perdido a família uma vez e era muito frustrado em relação a isso. Pois bem, os deuses se cansaram. Seus homens praticamente se dizimaram, e a guerra indireta das divindades, também deixou muitos feridos em nossa cidade.

Uma ala do hospital foi completamente destruída, atingida por um raio, que subentendemos ser um sinal de Zeus, furioso com a briga dos irmãos. Foi o suficiente para matar dezenas de pacientes e alguns médicos. As pessoas estavam aflitas e em prantos. Elsa e companhia não tinham mais como voltar pra casa, e além da saudade que sentiam de seu reino, ainda tínhamos os dois vilões nos oferecendo riscos.

Então formamos um conselho, como costumávamos fazer para tomar grandes decisões na época da Floresta Encantada. E dessa vez além de Snow, Granny, Ruby, os anões e eu, Regina e Emma estavam incluídas. Depois de muita argumentação, nossa decisão foi unânime. Regina lançou um feitiço sob a cidade, que apagou as memórias de todos demais, restaurando os efeitos da primeira maldição, e de um modo com que não se lembrassem das pessoas que perderam. Além de nós do conselho, só mantiveram suas memórias intactas, Ursula, Henry e Hook.

Além disso, criou novas identidades para os que vieram de Arendelle, como havia feito antigamente com Belle, transformando-a em Lacey. Era quase como a maldição, mas não deslocava ninguém de lugar, então não exigia nenhum sacrifício. Foram simples feitiços de esquecimento e seja lá o que fosse, algo que além de fazer com que os visitantes gelados esquecessem de suas vidas anteriores, acreditassem estar vivendo algo que sempre viveram.

Elsa passou então a ser Teresa. Teresa era professora de literatura no colégio de Storybrooke e também a bibliotecária municipal, já que French agora exercia os negócios de Gold. Sua irmã Anna, na verdade se chamava Juliet, e era uma tagarela estudante de jornalismo na universidade da cidade. Ah sim, decidimos criar a universidade para oferecer melhores oportunidades pros jovens da cidade, e fizemos em grande parte pensando no Henry. É realmente fácil se criar uma universidade quando se usa magia ao invés de burocracia. Rapidamente já tínhamos corpo docente, todo tipo de funcionário que imaginar, além de estrutura adequada. Hans também passou a ser um estudante de jornalismo, de nome Peter. Peter era colega de classe de Juliet. O namorado da garota, Kristoff, era agora Christopher, por sua vez universitário de direito. Até Black Beard entrou na dança, ele foi inserido na mesma instituição como professor de física, e ainda dava aulas particulares para os estudantes do último ano do colégio. Beard era agora o Sr. Rogers.

Agora voltando ao tempo da história, foi logo após tudo isso que Snow e eu nos separamos. Como eu disse, ela superou mais facilmente. Um mês depois ela estava extremamente entusiasmada e alegre por se encontrar com Whale novamente. Ela estava dando uma segunda chance ao doutor, e ao que parecia, se surpreendendo. Nós prometemos que seríamos amigos, mas na realidade nem sequer nos falávamos. Isso era muito triste. Eu confesso que senti muita saudade até me acostumar. Bom, eu só sabia dela com o Whale porque praticamente forcei Ruby a me contar. Tratei de continuar minha vida.

Ao fim do terceiro mês, fui avisado de que um estudante de direito estava indo fazer estágio na delegacia. Mas eu não esperava que este estudante fosse Christopher. Eu evitava ver “Kristoff” e “Anna” até mesmo de longe, porque sempre senti falta deles, e agora os tinha por perto, mas não podia abraça-los e conversar sobre as aventuras que tive com cada um. Era torturante a presença de ambos na cidade. Tudo que eu menos precisava naquele momento, era de mais um motivo pra me sentir abatido. Mas não foi bem assim. Me lembro do primeiro dia dele na delegacia.

— Ei! Oi, eu... — ele começou a dizer ao entrar no recinto, ajeitando a mochila em um dos ombros, num visual todo despojado , no qual eu não tinha sido acostumado a vê-lo. Ele estava bem retraído e esforçava-se para não demonstrar. — eu sou um aluno da Universidade de SB e hã... eu fui orientado a procurar pelo Sr. Nolan. Você é o Sr. Nolan?

Eu não pude evitar de rir. — Sim, sim, entra. — gesticulei com a mão para que se aproximasse — Christopher Black, não? Recebi uma carta da Universidade ontem.

Sua feição denunciava o quanto estava apreensivo, extremamente nervoso. – Sim, sou eu. Por que está rindo? Ai caramba, são minhas roupas, não são? Eu deveria ter vestido algo mais formal, me desculpe senhor, se me permitir eu volto em casa para por uma camisa e...

— Não! Não Krist... Christopher. Você está ótimo. Não há qualquer necessidade de roupa formal. Eu só estava rindo porque você perguntou pelo “Sr. Nolan”. Bom, como pode ver, sou só eu aqui, sinto muito se a delegacia te decepcionou, filho. Acho que não é o que esperava. A cidade é pequena, então não há muito que você possa fazer na delegacia daqui. Na verdade acho que sequer seja o estágio apropriado pra você. Deveria procurar algo diferente.

— Isso significa que não vai me deixar estagiar aqui? – ele perguntou murchando-se, fez a mesma cara de um bebê prestes a chorar.

— Não foi o que eu disse, Christopher. Tá tudo bem. Só achei que pudesse ter um interesse maior em outro lugar. Mas se você quer, é claro que pode ficar. Você se senta ali, e vou te mostrar umas coisas. – Na verdade, se coubesse a mim negar-lhe o estágio, eu o faria. Não queria correr o risco de tê-lo por perto. Mas eu não tinha escolha.

Kristoff parou de me encarar. Olhando pro chão tirou a mochila do ombro, e dela pegou uns papeis. – Aqui Sr. Nolan. Devo pedir que assine isso pra mim. Acho que uma via é pra mim, uma pra universidade e outra fica aqui, não é?

— Não fica nenhuma aqui, as outras vão todas para a universidade. Me dê aqui.

Somente os primeiros dias foram esquisitos. Eu lhe arrumei o que fazer e em algumas semanas falávamos normalmente. Ele contava muito da namorada, Juliet, e do quanto a amava. Isso me deixava muito curioso para ver Anna. Mas eu consegui me conter e não contar nada pra ele. Um dia nós comemos pizza no almoço. Foi nesse dia que ele me mostrou que eu fazia algo que eu não havia reparado ainda.

— Hm! — ele murmurou enquanto terminava o seu pedaço de pizza. – Sr. Nolan, posso te perguntar uma coisa? — eu apenas concordei com a cabeça, e abocanhei o pedaço de pizza na minha mão. — Por que as vezes o senhor me chama de “Christoph”? — eu quase engasguei. Ele não tinha como saber porque não se lembrava do seu verdadeiro nome, mas pelo que ele dissera, eu havia o chamado de “Kristoff” um bocado de vezes. — Olha, eu não ligo. Mas meus amigos me chamam de Chris. Pode me chamar assim se quiser. Afinal, somos amigos, não somos?

Eu assenti por alguns segundos e então respondi com um sorriso. — Sim. Chris. Nós somos amigos. — ele sorriu de volta pra mim e logo após acrescentei – Mas você vai parar de me chamar de Sr. Nolan então. Combinado? Afinal, essa é a terceira vez que te digo isso: você pode me chamar de David.

Agora ele sim tinha engasgado com a pizza. Até deu umas tossidas, o que me fez levantar como quem vai dar tapinhas nas costas de alguém precisando desse tipo de ajuda, mas ele se recompôs. Ajeitando-se na cadeira, ele respondeu com a mão em frente à boca. — Ok. Trato feito, David.

E no dia seguinte ainda havia pizza, que guardamos no frigobar. Estranhamente, ele tinha o mesmo gosto por pizza fria que eu, o que achei divertido. Como de costume, fomos almoçar às 15hs. Chovia forte lá fora, era um dia muito frio. Chris, como era todo desajeitado, conseguiu derrubar calabresa com molho, apesar de um pouco duro, na sua blusa cinza. – Ai não! – ele resmungou.

— Caramba, vou buscar um pano molhado e ver se dá pra limpar, espera um pouco. — eu falei me levantando da minha cadeira. Em seguida voltei com o pano molhado. Estava trovoando. — Posso? — perguntei me inclinando para limpá-lo.

— Por favor.

Apoiei uma mão em seu ombro esquerdo, e com a outra limpei a mancha no meio de seu peito. — Obrigado. Obrigado David. — ele disse levantando a cabeça e me olhando nos olhos. Eu não respondi, só me afastei.

Agora ele tinha é uma mancha de molhado na blusa. Não demorou dois minutos para que o menino começasse a tremer de frio.

— Chris, toma. — eu lhe disse tirando a jaqueta que estava por cima da minha camisa e do colete de xerife. — Vai lá no banheiro, tira essa camisa molhada e veste isso.

— Não David! Não precisa mesmo, obrig... — ele começou, mas eu o interrompi.

— Por favor, veste. — e lhe entreguei a jaqueta em mãos. Eu me sentiria muito culpado se o garoto pegasse um resfriado por minha culpa.

A chuva estiou aquela noite, e deixei que ele fosse embora com minha jaqueta. Ele me devolveu no outro dia agradecendo a cada trinta segundos. Reparei que ele não tinha lavado, dava pra sentir o perfume dele. Mas eu não me importei.


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