Hinata's Revenge

Capítulo 13 - Epílogo

Naruto corria desesperado pelos corredores do hospital, seguindo em direção a um quarto específico. Podia ouvir as enfermeiras lhe repreendendo por tal ato, dizendo que era proibido correr em hospitais. Ou as pessoas reclamarem por esbarrarem nelas. Mas ele não se importava com nada disso, eram coisas tão triviais perto do que estava para acontecer.

Quando enfim aproximou-se da porta, permitiu-se respirar profundamente, regulando as batidas frenéticas no peito, assim como o nervosismo que o deixava com o coração na boca. Observou a luz que estava vermelha em cima da porta ficar verde, dando-lhe permissão para entrar. Ao aproximar a mão da maçaneta, ouviu um choro agudo. Sentiu novamente o coração querer pular da boca. Prestou mais atenção no som que ecoava dentro da sala. Suas grossas sobrancelhas arquearam, formando uma ruga entre elas. Balançou a cabeça e entrou no quarto.

Sakura e Tsunade pareciam exaustas. Deitada na cama, Hinata estava com o semblante distante. Os longos cabelos azulados estavam espalhados pelo travesseiro, dando-a uma aparência desgrenhada. As olheiras visíveis abaixo dos olhos mostravam o cansaço em seu corpo, mas em seus olhos, tudo aquilo se dissipava. O brilho intenso neles ofuscava aqueles traços, o pequeno riso formado em seus lábios iluminava sua face jovial. Era impossível não sentir-se um cara de sorte ao fita-la, sua linda esposa.

Ela usava roupas hospitalares, sobre seu corpo estava um fina coberta. Hinata notou sua presença e seus olhos perolados fitaram-no. As lágrimas em seus olhos brilhavam, seu sorriso alargou-se com o passar dos segundos. Sorrir diante daquilo tornou-se difícil, tamanha felicidade que percorria em seu corpo. Hinata indicou com a cabeça ao seu lado direito. Olhou rapidamente.

Seus olhos safiras arregalaram.

Não sabia o que fazer. Há tanto tempo esperava aquele momento, e quando enfim o presenciava, não sabia como reagir. Só sabia sorrir e segurar as lágrimas que, desde que viu Hinata, segurava. Seus passos hesitantes seguiram em direção a qual Hinata olhava fixamente, sua movimentação atraiu a atenção das kunoichis responsáveis pelo parto, sequer olhou-as. Não tirava os olhos da pequena maca.

Um choro alto de bebê inundou a sala, fazendo seu coração disparar no peito e rolar poucas lágrimas de seus olhos. Olhou com admiração a pequena criança de cabelo amarelados iguais aos seus, seus olhos azuis claros e traços do rosto suaves iguais aos de Hinata. Parou diante da pequena criatura enrolada em grossas camadas de cobertor. Seus olhos chorosos não olhavam para nenhum ponto específico, o som forte escapava da boca. Aquele som nunca foi tão prazeroso aos ouvidos de Naruto.

Não conteve a vontade e tocou a pequena face do seu filho, tão suave quanto seda. A criança fitou-o ainda chorando, no mesmo instante, Naruto olhou para Hinata. Ela os observava com alegria. Sorriu a ela e voltou a atenção a criança.

— Ei, garotão... — sussurrou baixinho. Surpreendeu ao ouvir a própria voz, diante do nó formado lá.

— Traga-me ele, Naruto.

— Deixa que eu ajudo... — disse Sakura, ao observar o súbito nervosismo do amigo.

A cena que presenciava fazia pequenas lágrimas escorrer de seus olhos esmeraldas. Todos estavam emocionados.

Aproximou-se de Naruto, e com cuidado pegou o pequeno bebê nos braços. Olhou para ele e sorriu. Ele não viu, pois não prestava atenção nela. Seus olhos não deixavam de encarar o filho. Engoliu em seco, e pegou desajeitado o pequeno ser em seus braços quando Sakura ofereceu-lhe. Segurava com o máximo cuidado que possuía. O choro do pequeno tornou-se ainda mais descontrolado. Balançou suavemente e encarou Hinata. Ela não olhava ambos. Encarava outra enfermeira que Naruto sequer notou que havia entrado no quarto. Ela aproximou-se de Hinata e entregou a pequena criatura envolvida em cobertas.

Naruto sentiu o ar faltar em seu pulmão.

Não sabia descrever o que sentia. Sequer sabia o que era. Era algo que seguia além do racional, algo nunca havia sentido. A felicidade extrema. Aproximou da esposa, ela o fitou com um sorriso, enquanto sua mão distribuía carinho na face da pequena criança de cabelos negros – iguais ao dela.

— Hinata... E-eu...

— Obrigada, Naruto. Obrigada... — Hinata sussurrava baixinho para não acordar a pequena que dormia aconchegada em seu colo. De olhos fechados, as lágrimas transbordavam pelos cantos. Um enorme sorriso contente brincava em seus lábios.

Não aguentou. Chorou junto da esposa. Aproximou dela o suficiente e inclinou a cabeça, tocando suas testas.

Ambos choravam com a mais pura alegria.

~xXx~

O som alto de uma risada gostosa ecoava pela casa quando Hinata abriu a porta. Tentou ao máximo não fazer barulho ao fechar a porta com cuidado. Caminhou em passos silenciosos até o local onde vinha o som. A sala.

Encostou-se na parede, e cruzou os braços sobre o peito admirando a cena com um terno sorriso.

Naruto brincava com as crianças no chão. Vários brinquedos estavam espalhados em sua volta, porém Hinata não importou-se com aquilo. Boruto e Himawari puxavam os curtos cabelos de Naruto, o mesmo esboçava uma careta, murmurando de dor – por mais que não doesse –, assim arrancava gargalhadas de ambas as crianças que engatinhavam no chão.

Ele sentou-se no chão dobrando as pernas em posição de índio. Pegando um por um, colocou as crianças em seu colo, que tentavam a todo custo desvencilhar do seu abraço. Seus olhos safiras encararam Boruto depois Himawari.

— Fala papai. — pediu ele. — Pa-pai.

As crianças o encaravam em confusão. Ele tornou a repetir:

— Vai, fala pa-pai.

Hinata sorriu com a interação do marido com os filhos. Andou com cuidado até eles, ouvindo Naruto repetir várias vezes o pedido. Próxima o suficiente, os olhos espertos de ambos os filhos se encontraram com os seus. Naruto estava tão entretido que sequer lhe notou. Boruto e Himawari sorriram em sua direção. Naruto e Hinata fitaram Himawari ao notar ela mexer a boca.

— Fala pa-pai, papai — persistiu ele.

Ela mexeu a boca novamente.

— Mamãe. — murmurou fitando Hinata.

A alegria havia tornando-se habitual no dia a dia da família.

~xXx~

Deitados na cama, o casal dormia tranquilamente após o dia agitado. Imersos no mundo dos sonhos, não notaram o ranger da porta se abrindo.

Duas pequenas criaturas entraram no recinto de maneira calma. Trocaram olhares cúmplices.

Boruto levou o indicador a frente da boca. Um mini chiado escapou de seus lábios, alertando a sua irmã gêmea, poucos segundos mais nova, a permanecer quieta. A pequena assentiu a ele enfaticamente, fazendo seus cabelos negros azulados balançarem de um lado para o outro pelo movimento. O garoto sorriu a ela, segurou mão da irmã e ambos andaram sorrateiramente até os pés da cama de casal.

Aos três anos de idade já aprontavam várias travessuras juntos.

Boruto ajudou a irmã baixinha dele a subir em cima da cama. Um suspiro alto do otou-san deles deixaram-nos estáticos. Ficou na ponto dos pés e verificou se os pais haviam acordado com a movimentação. Sorriu travesso ao constatar que não. Assentiu à irmã e ela lhe estendeu as mãos para ajudá-lo. Não precisava de ajuda para subir, porém aceitou de bom grado.

Encarou a irmãzinha com um sorriso em agradecimento. Mas logo o sorriso foi desfeito ao fitar sobre o ombro da irmã. Himawari seguiu o olhar do seu nii-san e engoliu em seco ao ver seus pais sentados na cama com os braços cruzados sobre o peito. Seus semblantes sérios os deixavam nervosos.

— Boruto. Himawari.

Sem dar tempo das crianças reagirem, em movimentos ágeis, Naruto e Hinata pegou cada uma das crianças e distribuíram cosquinhas neles.

A gargalhada da família ecoou por todo o quarto.

~xXx~

— Boruto, eu não acredito que você fez isso. — brigou Naruto, andando de um lado para o outro.

O herdeiro Uzumaki cruzou os braços, emburrado, e olhou torto para seu otou-san.

— Aquele pirralho empurrou a Hima, eu não podia deixar barato.

Naruto parou de súbito, aproximou-se do filho e ajoelhou em sua frente, ficando quase na mesma altura dele.

— Não funciona assim. Você deveria ter falado comigo ou com sua mãe. Iríamos resolver isso. — colocou a mão no ombro do filho. — Não pode sair brigando por aí.

Boruto apenas alargou o bico nos lábios e virou o rosto para o lado, envergonhado.

— Desculpa!

~xXx~

Hinata estava sentada no sofá tricotando um cachecol para os filhos. O inverno logo chegaria, e aquele ano seria um dos mais rigorosos. Concentrada no que fazia, não percebeu a aproximação sorrateira de Naruto caminhando nas pontas dos pés até onde ela estava. Um sorriso persistia em seus lábios. Aproximou-se por trás do sofá e vendou os olhos delas com suas grandes mãos.

Hinata sorriu instantaneamente com o ato. Tirou a mãos dele dos seu olhos e o olhou.

— As crianças não estão em casa. — sussurrou ele, contra o ouvido dela. — Poderíamos...

Naruto pulou o móvel e quebrou a distância entre os dois. As bochechas de Hinata ficaram ruborizadas com a proximidade. Por mais que houvessem passado anos juntos, aquele ato ainda era capaz de atiçar um fogo em Naruto. Reacender as chamas num piscar de olhos. Encarou-a com desejo sendo veementemente correspondido. Segurou Hinata pelo queixo, e aproximou seus lábios dos convidativos dela. Mordeu-os e beijou-a com desejo.

A porta foi aberta abruptamente, Boruto e Himawari entraram não dando mais que um passo para dentro do recinto. Ficaram estáticos com os pais se beijando no sofá. Boruto rapidamente saiu do choque, e com uma mão tapou os olhos de Himawari para não deixar ela ver mais daquilo, e com a outra mão tapou seus próprios olhos.

— Eca. — murmurou, alto o suficiente para os pais ouvirem-no.

Himawari riu alto da atitude do irmão. Enquanto Naruto bufava alto pela interrupção.

~xXx~

Atravessava a esquina seguindo em direção ao parque da cidade quando avistou Sakura do outro lado da rua. A mesma acenava enfaticamente em sua direção. Correu até ela, próxima o suficiente, fez uma mesura, cumprimentando-a.

— Querida, avise sua mãe que o resultado do exame está pronto.

— Tudo bem. — sorriu a ela.

Sakura havia se tornado uma das kunoichis mais importantes da vila. Após o ataque à vila, no qual Hinata teve participação direta, muitas coisas haviam mudado. O reerguimento da vila aconteceu em um processo lento. Muitas residências foram à ruínas, não sobrando muitas coisas intactas. Apenas a vontade dos habitantes da vila em se reerguer. O último caminho do Pain devolveu as vidas àqueles que haviam morrido em batalha. Agora, anos depois, a vila estava totalmente diferente.

Himawari passou por Sakura após se despedir, porém lembrou de algo.

— Sakura-oba-san, quando irá abrir sua clínica? — perguntou, a curiosidade brilhava em seus olhos azuis.

— Em poucas semanas, Hima. — sorriu verdadeiramente contente.

Após muito tempo, havia decidido abrir uma clínica para o tratamento da saúde mental de crianças, vendo os traumas criados após a invasão. O sexto Hokage, Kakashi, havia lhe concedido o espaço onde o clã Uchiha residia para erguer o seu espaço.

Himawari sorriu para rosada e partiu correndo pelas ruas de Konoha. Passou em frente ao clã Hyuuga onde sua mãe estava trabalhando como líder do clã. Pensou em ir visita-la, mas desistiu por não querer incomoda-la. Aproximou-se do portão, e espiou pela fresta o quintal repleto de flores. Um mão lhe segurou no ombro, assustando-a. Virou-se para encarar a pessoa, e sorriu de leve ao ver o conselheiro do clã Hyuuga e seu avô, Hiashi.

— Desculpe... — murmurou envergonhada por ter sido pega no flagra. — Tenho que ir, até mais.

Hiashi não respondeu, apenas observou com um sorriso a neta correr até desaparecer da sua visão, então entrou no distrito Hyuuga.

~xXx~

A grande multidão de pessoas, que até então estava aglomerados em frente ao prédio – onde havia sido realizado a coroação do novo Nanadaime Hokage –, se dispersavam com largos sorrisos em suas faces contentes com a merecida cerimônia para Naruto.

Seu nome era famoso na vila. Sua história, sua vida. Muitos se orgulhavam dele. Do quanto havia se dedicado sem perder os princípios, seguindo à risca do seu sonho, que foi enfim realizado. Admiravam o foco que ele possuía, a garra de persistir quando muitos desacreditaram dele. Naruto era um exemplo a seguir.

— É, você conseguiu... — murmurou Hinata, abraçando-o com ternura. Podia sentir o batuque acelerado do peito dele, era reconfortante.

Naruto afastou-a um pouco ainda mantendo as mãos na cintura fina dela. Encarou ela. O amor refletia em seus olhos. A felicidade percorria em suas veias.

— Nada disso faria sentido sem você ao meu lado, Hinata.

Ela sorriu, sendo prontamente retribuída por Naruto.

~xXx~

É bom ver que o tempo é capaz de nos mudar. Podemos, no passado, ter sido o pior tipo que poderia existir de um ser humano. Enganamos, odiamos, traímos, matamos... Porém, o tempo permite a nós corrigirmos esses erros.

A vida nos traz ensinamentos.

Ensinamentos esses que levaremos até o último suspiro de nossas vidas.

Percebemos as atrocidades de nossos atos quando o feitiço se volta contra o feiticeiro. Quando caímos em nossas próprias armadilhas. E então, somos obrigados a mudar. Nem sempre é para melhor, mas há exceções.

São lições. Ensinamentos, e somente na prática ganhamos amadurecimento.

Que bom que foi e é desse jeito.

Que bom que temos uma chance.