Passados obscuros escrita por Sadie Ketchum Potter


Capítulo 2
2. Do nada para lugar nenhum




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As 12:00 Kate teve de parar o carro para dar almoço para as filhas. Ao entrar no motor home, Lee assistia TV enquanto May e Marie brigavam por um urso de pelúcia.

– PAREM VOCÊS DUAS! LEE, NÃO DISSE PRA CUIDAR DELAS?!

– N-não mamãe…

O rosto da mulher estava, além de inchado, vermelho e com o rímel escorrendo pela bochecha, o que assustou a loirinha. A menor começou a chorar, irritando ainda mais a mãe.

– Faz comida pra suas irmãs, vou parar no próximo posto pra abastecer o carro.

– Mas eu…

Não ouve tempo da ruivinha mais velha terminar a frase, Kate bateu a porta do motor home antes. Lee olhou para a cozinha, pediu para as irmãs pararem mas não adiantou, logo, uma briga se iniciou, mas acabou assim que a mais velha das três pegou o urso.

– Escutem aqui, vou fazer nosso almoço! May, Marie, peguem os hambúrgueres congelados na geladeira!

– Tá bom… - Responderam as menores.

Elas abriram a geladeira, pegaram três hambúrgueres e deram para a ruiva maior, que colocou-os no microondas. O motor home parou de repente, ao olharem para fora, viram a mãe parada e colocando gasolina.

Algum tempo depois, a mulher abriu a porta, pegou um mapa e desceu do local. As crianças deram de ombros e pegaram o ketchup, jorrando no sanduíche. May, por ser a menor, espirrou o molho no olho de Marie, que se vingou, jogando no cabelo da menor, que começou a chorar.

– CALA A BOCA MAY! - Lee gritou, indo pegar um papel.

– Irmã má! - Disse a loirinha, mostrando a língua para a ruiva menor.

Marie nem prestara atenção, estava tentando escrever uma carta para seu pai, com suas palavras em letras de forma. As meninas nunca foram de frequentar escolas, viviam se mudando de casa em casa, de homem para homem.

Papai,

Como está? Eu estou bem! A mamãe e o Bob se separaram, e de novo estamos de mudança. Eu sinto falta de você, você é legal e eu te amo! Vou te mandar outra carta assim que pararmos em algum lugar pra morar.

Beijos, Marie

– Tá escrevendo pro seu pai de novo? - Perguntou a mais velha.

– Sim, eu amo meu papai!

– Mas você já viu ele?

Ela assentiu, entrando em seu quarto e pegando uma foto na cômoda. O pai da menina chamava-se Richard, tinha cabelos castanhos que vinham até o ombro, um cavanhaque e olhos pretos. Na foto, segurava Marie e Lee, uma de cada lado.

– E o meu papai foi embora… - Começou a chorar a menor.

As duas tiveram de consolá-la, e foi nessa mesma hora que Kate apareceu, estralando os dedos e vendo que havia uma carta da filha do meio para o pai. Ela bufou, a ruiva maior detestava esse laço entre pai e filha, já que Marie não era tão amorosa com ela.

– Vai mesmo mandar isto pra ele?

– V-vou…

– Ok, o próximo correio fica em Cincinnati. - Ela respondeu, com um meio sorriso.

Novamente a mulher ia descer, mas desta vez foi interrompida pela mais velha.

– Onde vamos morar?

– Aqui.

– Em qual cidade?

– Nenhuma por enquanto.

Lee arregalou os olhos, não teria um lar decente como sempre teve, teria de aturar toda sua família num mesmo cômodo por tempo demais e isso era algo que ela nunca havia aceitado muito. Teria de aguentar May chorar toda noite por conta de um pesadelo com o Monstro da Fossa, teria de aturar Marie reclamando de seu cabelo ruivo, e o pior de tudo, aturar a mãe, que mal e mal as amava.


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