Era mais uma manhã como qualquer outra no estado de Ohio. Em uma das cidades do interior, numa casa razoavelmente grande, três meninas brincavam no enorme quintal.

Aquelas eram Lee, Marie e May Kanker, filhas da mesma mãe, porém de pais diferentes. No caso, moravam com o outro marido da mãe, que não era pai de nenhuma delas.

Lee era ruiva, seus cabelos eram ruivos, encaracolados e vinham até a cintura, olhos esmeraldinos, o rosto repleto de sardas e a pele um pouco rosada. Ela era a mais velha, tinha 7 anos.

Marie era ruiva também, porém não tinha sardas e nem olhos verdes, e sim olhos pretos. O cabelo, além de ruivo, era curto e liso. Ela era a do meio, tinha 6 anos.

E por última, mas não menos importante, May. Ela, diferente das irmãs, era loira, tinha belos olhos pretos e algumas sardas no nariz. Seus dentes da frente eram maiores e pra fora. Ela era a mais nova, tinha 5 anos.

– Vamos logo! - A dos olhos verdes disse, fazendo um sinal com as mãos.

– Calma Lee, a May ainda tá lá atrás!

A loirinha começava a tentar correr mais do que o normal, mas não conseguia. Marie fizera questão de voltar e pegar a irmã pelo braço e correr com a mesma.

– Olhem lá meninas, a gente pode pegar aquelas maçãs numa boa certo? - Disse a mais velha.

– Certo!

A ruiva maior pulou a mureta e correu em direção a uma árvore. Escalou-a com o maior cuidado possível e pegou três frutas, jogando uma para cada irmã. Passado uns minutos, começou a chover, fazendo as garotas entrarem na grande casa.

Ao entrarem, depararam-se com sua mãe brigando seu padrasto. A mãe das crianças chamava-se Kate, era ruiva também, tinha olhos verdes e o cabelo liso vinha até o cotovelo. Já Bob, o padrasto, era um homem robusto de seus 50 anos, careca, pele bronzeada e um bigode grisalho ao estilo mexicano.

– Por que está me expulsando?

– Acha mesmo que eu te quero?! Quero mulheres novas que não tenham crianças pra me encherem isso sim!

– Mas eu sou nova, tenho 34 anos… - Ela dizia aos prantos.

O homem lhe dera um tapa bem na cara. Encarou as crianças que assistiam a cena horrorizadas e pegou May pelos cabelos, fazendo a menor chorar.

– TÁ MACHUCANDO MINHA IRMÃZINHA! - Gritou Lee.

– SOLTA A MAY!

– SÓ SOLTO SE VOCÊS SAÍREM DAQUI ATÉ 12:00!

Kate parou de chorar, assentiu e pegou a filha no colo, abraçando-a. As maiores olharam o relógio, era 10:30. A mulher chamou as filhas para subirem e começarem a fazer as malas, tentariam sair de lá o mais rápido possível.

As meninas pegaram suas roupas e alguns brinquedos. Não haviam muitas fotos para guardarem, afinal, mal e mal conheciam seus pais verdadeiros, sempre havia acontecido algo com todos.

O pai de Lee morreu num acidente de caminhão quando ela tinha 3 meses. O pai de Marie fora preso por tráfico de drogas quando ela ainda tinha apenas 2 meses, mas sempre mantinha contato com a filha. Já o pai de May fugiu quando a mesma tinha 6 meses. Bob era o sexto marido de Kate, viveram 3 anos juntos.

– Vamos meninas… - A mãe delas disse, pegando as chaves de seu carro com motor home.

– NÃO VOLTEM MAIS!

As menininhas olhavam pela janela de seu novo lar a antiga casa em que viveram. O lar de 3 anos delas. May foi até o quarto que dividia com as irmãs, pegou seu bicho de pelúcia favorito e abraçou-o.

– Tudo bem May? - A ruiva menor perguntou.

– Não… A mamãe e o Bob vão se separar?

– Já se separaram. - Disse Lee encostada no batente da porta.

As três se entreolharam, foram até uma janelinha que dava de frente para o carro e avistaram, pelo retrovisor, o rosto inchado da mulher ruiva que não parava de chorar.