Depois de todos os acontecimentos da noite Elena foi direto para uma ducha, esfriar a cabeça. Como se fosse possível. Como se deixar de pensar em Damon Salvatore fosse possível!
Como seria beijá-lo? Qual seria o gosto de sua boca? E seus braços? Seria tão aconchegantes e calorosos quanto pareciam?
Sua filha era um encanto de menina. Muito parecida com ele afinal.
Ele estaria de gozação durante o tempo que passaram conversando? Todas aquelas cantadas e… OH! No que estava pensando?!
Definitivamente não iria se apaixonar, mesmo que fosse pelo homem, mais atraente, sexy, bonito e tentador que já virá.
Escrever. Era disso que precisa. Preencher a cabeça com algo que não fosse Damon.

Sentou-se em frente ao notebook e abriu a pasta onde seu livro estava salvo.
Começou a digitar, e digitar, de repente apagou tudo novamente ao se dar conta do que fizera. Adicionará ao personagem exatamente tudo o que Damon tinha.
O sorriso torto perfeito. O cabelo curto e escuro. O olhar penetrante. Os dentes brancos e definidos além de quase ter acrescentado a filha também.
Isto era loucura! O conhecera há apenas algumas horas e não parava mais de pensar nele. O que seria isso? Paixão? Amor à primeira vista?
– Não, não, não, não, não, não, não! - ela repetia enquanto esfregava os olhos freneticamente e fechava o notebook – Comida! - disse lembrando-se dos hot dogs.
Correu até a geladeira e os comeu com o resto da soda que sobrará.
Deitou-se no sofá e ligou a TV jogando em um canal de perguntas e respostas, e aumentando o volume até que o barulho irritante da água que caia do cano fosse à zero.
O telefone celular tocou a fazendo se assustar e ficar em pé.
Seria ele? O doutor engraçadinho?
Não, não podia ser. Ia ser muita falta de vergonha na cara!
Respirou fundo e apanhou o telefone com raiva:
– O que quer? - disse entre os dentes com o telefone no ouvido sem antes olhar no identificador
– Eu lhe acordei? - Bonnie perguntou com a voz fraca – Santo Deus que mau humor!
– Desculpe Bon. - ela disse respirando fundo – Pensei que fosse outra pessoa. Acho que estou meio que paranoica.
– Está com problemas? - preocupada
– Não, só estressada. Conte-me como foi seu dia… - disse sentando no sofá novamente
– Nada de muito bom. E o seu?Recebi seu recado. - avisou - Porque esta estressada?
– Nada que valha a pena se preocupar.
– Quem pensou que fosse?
– O vizinho do lado.
– E porque estava tão brav.. – Bon se auto interrompeu – Espere, você disse vizinho?
– Sim, por quê?
– Ele é bonito?
– Bonnie! - ela a repreendeu – Não quero falar sobre isso.
– Oh meu Deus você achou ele bonito! - disse reconhecendo pelo tom de voz da amiga – Me conte tudo! Tudo! - ela disse eufórica

Acordou com a claridade que batia em seu rosto e olhou pela janela.
Gemeu sentando-se na cama e logo depois bocejou. Alem do irritante barulho a pergunta de Bonnie, não a ajudou muito a relaxar e dormir sossegada, pelo contrario. Aguçou-lhe a imaginação com coisas eróticas. Coisas que não queria lembrar.
O dia mal começará a clarear e ela já sabia que não conseguiria dormir mais, apesar da fama de dorminhoca.

Levantou-se e foi até o banheiro. Escovou os dentes, tomou banho e trocou as roupas largas de dormir, por uma blusa de algodão e um jeans velho, sem se maquiar.
Foi até a cozinha e abriu a geladeira, a fim de encontrar algo comestível para o café da manhã.
Precisa urgentemente ir a um supermercado. Comeu o resto de hot dogs que sobrará da noite passada com vontade.
Sentou-se na frente de seu notebook e começou a digitar sem parar, até que a campainha a atrapalhou. Salvou o documento e levantou-se para abrir. Quem seria a esta hora da manhã?
Talvez o vizinho do lado, ou…. Seria Damon?
A ideia provocou-lhe um arrepio.
Abriu a porta rezando para que seu semblante fosse de uma pessoa brava e não de alguém que tinha sonhado coisas eróticas com um certo homem vestido de encanador.
– O que… - ela começou a falar mais parou – Pois não? - disse com uma pontada de frustração ao constatar que não era Damon.
– Olá senhorita. Ligaram-me ontem à noite, dizendo que estavam precisando de um encanador nesta casa. Posso entrar?
– Sim, - disse confusa – o cano da pia quebrou. - falou sem saber o que dizer enquanto o homem entrava porta adentro.
– Sim, acabaram de me falar quando pagaram por meus serviços.
– Como assim pagaram por seus serviços?
– Sim, me chamaram ontem à noite e me disseram para aparecer aqui hoje de manhã. Eu cheguei me pagaram e me indicaram que o cano quebrado se encontrava nesta casa.
– E quem lhe pagou? - perguntou cada vez mais confusa
– O seu vizinho do lado. - ele disse colocando algumas panelas para fora do armário para melhor aceso ao cano – O senhor Salvatore.

O celular de Elena tocou antes que ela pudesse falar algo e ela o pegou de cima da mesa e olhou no identificador. Não conhecia o número.
– Alô? - perguntou saindo da cozinha e caminhando até a sala
– Bom dia Elena. Espero que o encanador não tenha lhe tirado da cama. - falava com a voz amigável
–Damon? - ela perguntou ainda confusa
– Damon, - ela disse começando a ficar brava – Posso saber que história é essa de ter pagado o encanador?
– O que tem demais? - ele perguntou parecendo falar sério
– Eu não lhe pedi que fizesse isto. - ela se defendeu
– Mas mesmo assim eu quis fazer. - ele rebateu
– Tudo bem. - ela respirou fundo tentando se acalmar – Muito obrigada pela gentileza, eu lhe agradeço, mas vou logo avisando que eu lhe pagarei.
– Não é preciso.
– Mas eu quero Damon. - disse cruzando os braços
– Já lhe disse que sua boca fica provocativa quando diz o meu nome? - ela bateu o pé no chão brava – E quando esta brava fica mais bonita ainda.
– Não estou brava. - mentiu
– Não minta. Eu estou vendo que está brava.
– Não minta você. - ela rebateu – Nem se quer esta me vendo!
– Ah eu estou sim.
Elena olhou ao redor e viu ele lá. Parado em frente à janela de sua casa que dava diretamente para a janela da sala de Elena, com uma camisa social branca aberta, deixando a mostra o peitoral bem definido.
– Isso meio que é abuso de privacidade sabia? - disse olhando em sua direção
– Talvez. - ele sorriu
– Eu podia lhe processar. - disse colocando a mão na cintura
– Talvez. - ele repetiu sorrindo – Sabe, tenho que trabalhar agora. Mas você já tem o meu número, se precisar me ligue. Tenha um ótimo dia Elena. - desligou e mandou um beijo com a mão para ela antes de sair de sua visão.
Ela queria esbofeteá-lo. Mais ao invés disso preferiu ligar para Bon e avisar que não precisa mais de encanador algum. Bonnie atendeu no segundo toque.
– Elena, não me diga que conseguiu o encanador.
– Sim, eu consegui. Não vai ficar conhecendo o Damon desta vez.
– Como conseguiu o encanador?
– Ele o chamou, e ele o pagou.
– Ele quem o vizinho do lado, o tal de Damon que me falou?
– Sim.
– Eu acho que ele esta tentando te impressionar.
– Eu também acho.
– Então a questão é… ele está conseguindo?

– Bon desista. Não vai conseguir me deixar balançada por um cara só por causa destes comentários. - cochichou para que o encanador não ouvisse
– Tudo bem. - defendeu-se – Não esta mais aqui quem falou. A esperança é a última que morre. - disse rindo – Vou ter que desligar caso contrário minhas panquecas irão queimar.
– Esta fazendo panquecas? O que foi desta vez? Estourou o cartão de crédito do Jeremy? - disse brincando
– Vá se ferrar cunhadinha, vá se ferrar. - ela disse brincado ao desligar o celular
Elena sorriu e largou o celular junto ao notebook. Logo depois se atirou sobre o sofá ligando a TV. Ouviu um pouco de noticias, as quais só informavam sobre morte, violência e trafico de drogas, até que o encanador a despertou:
– Já vou indo senhorita. Esta tudo consertado.
– Oh, obrigada. - ficando de pé em um pulo – Eu lhe acompanho até a porta.
O homem sorriu e ela abriu a porta deixando-o passar. Ficou aguardando até que o homem afastar-se e encarou o céu.
– Olá. - ouviu alguém falar
– Olá. - respondeu mesmo sem conhecer quem era
– É a nova vizinha? – Elena assentiu para a loira com cabelos na altura dos ombros – Então, prazer. Sou Caroline. Sua vizinha da frente. Me chame de Car.
– Prazer. Elena Gilbert. - apertando sua mão – Mas me chame de Lena.
– E então? Gostou do local? Da vizinhança? - ela disse simpática
– Sim, muito agradável. E na verdade só conheço você e o vizinho do lado. - fez uma careta
– Já vi que você não foi com a cara do Damon. - ela disse sorrindo – Ele ficou te cantando não foi?
– Oh, não... – Elena disse mais do que depressa
– Mas o Damon não tem jeito mesmo. - disse com humor
– O que quer dizer com isso? – Elena perguntou confusa
– Sabe não se deixe intimidar por Damon. Acredite em mim. Ele sabe o poder que tem sobre as mulheres, e aproveita para deixá-las encabuladas.
– Não entendo. – Elena disse sincera – Estou curiosa. - admitiu
– No inicio será constrangedor ter que aturá-lo com aquelas piadinhas, mas é o jeito dele. Ela adora deixar as pessoas envergonhadas, não sei por quê! - completou sorrindo – Se você não der bola e não corar, ele desiste. - ela disse sorrindo – E acredite se quiser, ele não é mulherengo. - riu - Ele nunca teve uma namorada depois da morte de… - insegura se devia falar
– Sua mulher? - Lena completou mostrando que já sabia da história - Nenhuma? - perguntou incrédula
– Nenhuma. Por traz daquele Damon que você deve ter conhecido ontem, tem um Damon muito romântico, gentil e sensível. - garantiu Caroline
Por um momento Elena perguntou se Caroline já havia tido um caso com Damon. E esta leu seus pensamentos;
– Mas não pense que algum dia eu tive algo com ele. Emocionalmente ou… sexualmente falando. Somos apenas amigos, mesmo. Vai por mim… - ela disse atravessando a rua – Ele é bem diferente se você der uma chance para ele ser seu amigo.
– E como você ficou sabendo de tudo isso? - ela perguntou curiosa
– Só depois que nós tornamos amigos. Ah, alias, - ela emendou - vou fazer uma festa hoje aqui em casa. Vai ser as 20:00. Esta convidada. Espero que venha!
Antes que Elena abrisse a boca para falar alguma coisa ela alertou:
– É uma espécie de “seja bem vinda” e não terá muita gente eu lhe prometo. Se tiver namorado ou algo do tipo traga-o. Vão se divertir.
Ela disse e logo depois entrou dentro de casa. Elena suspirou e alisou a testa.
Uma festa era tudo o que não queria. Mas também não poderia recusar e passar por metida ou algo do tipo.
“Se você não der bola e não corar, ele desiste.“ - disse lembrando das palavras de Caroline. Alguma pontada no peito fez seu coração ficar em sinal de alerta. Ela queria que ele desistisse afinal?
E o que ela falará sobre Damon ser romântico, gentil e sensível?
Damon estaria na festa?
Sua cabeça dava voltas.
– Uma coisa de cada vez Elena Gilbert… - ela se auto alertou – Uma coisa de cada vez. Começando pelo supermercado...