Annabeth havia pensado em gritar, mesmo com o aviso do pai, mas não conseguira chegar acordada até o quarto.

Ela se lembrava de ter tentado correr para se trancar no quarto e gritar por Percy, mas seu pai foi mais rápido e a segurou pelos cabelos. Ela deixou um soluço escapar por seus lábios.

– Aonde pensa que vai, mocinha? - ele perguntou

– Papai - ela gemeu - Por favor...

– Cale a boca! - ele gritou - Você não devia ter dito á ele!

Annabeth soluçou e fechou os olhos.

Sentiu ele a joga-la no chão e pegar seus cabelos, a arrastando pela escada. Ela perdeu a consciência antes mesmo de chegar ao quarto.

Quando acordou, sentia dores em todo o corpo e não sabia onde suas roupas se encontravam.

Ela se encolheu e chorou.

Ela escutou as pedrinhas em sua janela e levantou os olhos. Ela pegou uma roupa qualquer e abriu. Percy estava na sua varanda, pronto para jogar mais uma pedra.

– Annie... - ele ia falar algo, mas de deteve - O que aconteceu?!

Ele quase gritou.

– Shii-iiu - ela disse, a voz tremula - Fale ba-ixo.

Percy largou as pedrinhas e pulou para a varanda da garota. Annabeth não deixou que ele falasse nada, apenas o abraçou com força e chorou em seu peito.

Percy a acomodou da melhor forma possível e começou a analisar o quarto da namorada.

As roupas que ela usará para ir para a escola estavam no chão e ele pode ver um pouco de sangue, tanto no chão quanto na cama da garota.

– Eu. Vou. Mata-lo - ele disse e soltou a garota.

Annabeth pós as mãos ainda tremulas sobre o peito do garoto.

– Não... Por favor - ela pediu.

– Annie! Já chega! Ele não pode fazer isso! - ele disse - Eu vou chamar a polícia e vou denuncia-lo! Antes vou dar uma surra nele!

Annabeth limpou os olhos e tremeu.

– Mas quando ele sair de lá, ele vai me bater mais ainda, Percy - ela disse fraca.

– Ele não vai sair de lá! E eu não vou deixar!

– Annabeth? - Percy escutou a voz de Frederick perto da porta.

Ele se afastou da garota e foi até a porta, abriu e deu de cara com Frederick, que ia falar algo, mas ele lhe interrompeu com um soco.

– Seu desgraçado - Percy continuou a soca-lo

Mas Frederick não ficou parado. Ele desferiu socos no estomago do moreno e em seu rosto. Percy cuspiu o sangue que havia em sua boca e eles continuaram.

– Parem! - Annabeth gritava desesperada.

Sally subiu até a varanda e viu tudo. Ligou para a polícia.

– Não toque nela, seu velho desgraçado! - Percy gritou

Eles só pararam quando a polícia chegou.

– Esse garoto é louco! - Frederick gritou - Um descontrolado!

– E você é um covarde que bate na própria filha! - Percy gritou mais alto, sendo segurando por um dos policiais.

– Todos calados! Vamos para delegacia, todos!

oOo

– Quero a história completa, com calma! - o delegado falou.

– Não tem história! - Percy gritou - Ele bate nela! Sempre!

– Isso não é verdade! - Frederick gritou - Ele está mentindo!

– Você quer que eu mostre as costas de Annabeth? Ou qualquer outra parte do corpo? Você quer que eu prove que você abusou dela? HEM? - Percy gritou, encarando Frederick.

– Se acalme, senhor Jackson - Ares, o delegado, disse.

– Não me peça para fica calmo, estamos falando da minha namorada! - ele disse.

Annabeth permanecia encolhida em uma cadeira, com Sally ao seu lado.

– Garota, você afirma tudo isso? - o delegado perguntou para ela.

Ela olhou para o pai, que lhe olhou de forma ameaçadora, e para Percy, que lhe olhava com carinho.

– É sim... - ela disse e escutou o pai rosnar.

– Quando isso tudo começou? - o delegado perguntou novamente.

– Um ano depois que minha mãe morreu... - Annabeth sussurrou - Eu tinha onze anos.

– Pode me mostrar suas costas? Com todo respeito, claro - Annabeth concordou e levantou, ficando de costa para o delegado e levantando a blusa até onde pode.

Sally arfou e tocou nos cabelos da loira.

– Oh, minha querida... - Sally disse.

Annabeth sentiu as lagrimas voltarem a cair e se deixou ser abraçada pela sogra.

– Frederick, assuma logo, você não tem saída - Percy olhou para o homem.

– Você é um imbecil - ele rosnou - Você sabe que eu bato nela. E eu vou preso, mas quando eu sair vai ser muito pior! Eu vou manda-la para o hospício!

– Você não tem motivos para tal coisa! - Percy rebateu - Ela está reagindo ao tratamento! Eu não vou permitir que ela volte para lá! Eu vou ajuda-la! Coisa que você não fez, seu velho imundo!

Frederick rosnou e olhou para Annabeth.

– Você teve mais sorte que sua mãe, querida - ele disse.

Annabeth deixou um soluço escapar ao ouvir a mãe ser citada.

– Não fale dela! - ela disse, a voz embargada - Você não tem esse direito.

Frederick riu e foi levado.

Percy abraçou Annabeth e a acomodou.

– Vamos para casa, Corujinha - ele disse - Agora ninguém pode machuca-la.

oOo

Eles haviam respondi mais umas perguntas e Frederick havia pego alguns bons anos atrás das grades.

Annabeth se mudou para a casa dos Jackson's, o que não tinha sido um grande problema, já que Sally amava a garota.

– Percy, está doendo - Annabeth sussurrou.

Percy suspirou

– Você já disse isso cinco vezes, Annie - ele resmungou - Eu não posso cuidar se você ficar repetindo. Fico nervoso.

– Desculpe - ela disse, baixinho.

Percy queria desmaiar com o estado que estavam as costas dela. Da última vez elas não estavam tão feias. Estavam quase em carne viva.

Ele escutou ela gemer baixinho quando ele passou o pano molhado pelos ferimentos. Ele colocou um curativo improvisado.

– Pronto - ele disse e beijou a testa dela.

– Agora me deixe cuidar de você - ela disse

Percy resmungou algo sobre não precisar de nada, mas Annabeth ignorou.

– Você é tão bobo - Annabeth disse enquanto colocava uma bolsa de gelo na testa de Percy, enquanto o mesmo segurava um pano no nariz.

– Eu já disse que fiz isso para proteger você, Corujinha - ele disse - Tudo para lhe proteger.

Annabeth sorriu com os olhos marejados e depositou um beijo delicado no nariz do namorado.

– Eu amo você - ela segredou no ouvido dele.

– Eu amo mais - ele disse no mesmo tom.

Annabeth sorriu e voltou a cuidar dele, assim como ela cuidará dela minutos antes.

– Annie? - ele chamou

– O que seu pai quis dizer quando disse que você teve mais sorte que sua mãe? - ele perguntou - Responda apenas se quiser.

Annabeth sorriu tristemente e se sentou ao lado dele.

– Tudo bem - ela disse - Seria bom desabafar, eu acho.

"Minha mãe sempre foi uma mulher muito doce, sabe? Quando ela descobriu que meu pai a traia, ela não desistiu dele. Ela o perdoou... e fez de tudo para continuar com ele. Ela o amava tanto. Meu pai, já foi um homem alegre. Mas uns dois anos depois que eu fui diagnosticada com a Esquizofrenia, ele ficou frio... vivia estressado, não almoçava quando eu estava, passava dias foras em seja lá onde estava, e quando voltava... batia na mamãe. Percy... ele queria bater em mim... mas minha mãe nunca deixou, ai ele descontava nela. Todos aquelas marcas, todos os abusos no corpo dela, era pra serem no meu. Mas ela me amava tanto, ao ponto de sofrer tudo por mim. Eu já fui duas vezes para a reabilitação. Uma quando tinha sete anos, por causa do incidente com Dave (N/A: O palhaço, lembram?) , e outra a alguns meses depois da marte dela. Na primeira vez, eu fiquei quase um ano lá. Minha mãe ia sempre me visitar, mas meu pai não. Então, quando eu sai, eu descobri que ele tinha feito muito mais que bater nela... ele se recusava a pagar qualquer coisa para nós duas. Seja roupas, comida, água...

Percy trincou os dentes. Annabeth segurou a mão dele para acalma-lo.

"Você está se perguntando "se sua mãe não trabalhava, porque não usou o próprio dinheiro", pois bem, ele pegava todo o dinheiro que ela ganhava. Ela sofreu o acidente quando voltava do trabalho. Helena fez questão de me mostrar. Percy... ela estava com uma cara horrível. E ficava murmurando "Preciso chegar a casa. Preciso cuidar de Annie. Não estou mais aguentando". E... e ela não prestou atenção que atravessará o sinal vermelho...

– Foi tudo minha culpa... Se... Se eu não fosse louca, minha mãe estaria comigo! Meu pai seria aquele herói divertido de sempre, e nós seriamos uma família feliz! - Annabeth disse chorando - Deus... Eu nunca vou ter uma família. Nunca.

– Ei, Annie, pare com isso! - Percy brigou e a puxou para perto de si.

– Mas Percy... Eu nunca vou ter minha própria família. Diga-me, como vou ter filhos? Eu vou assusta-los.

Percy deu uma risada baixinha.

– Ei, falta muito pra isso - Percy riu - Até lá, nós já demos um jeito de mandar Mel e Helena embora.

– Nossa... Quanto amor– Helena murmurou.

Annabeth sorriu e beijou o namorado.

– Eu nunca tinha pensando em filho antes - ela disse corada.

– Okay, então vamos tirar o resto da tarde para pensar nisso - Percy se ajeitou na cama, a puxando para seu lado - Como acha que vão ser?

– Ham? - Annabeth perguntou, perdida.

– Nossos filhos, Annie. Como eles vão ser? - Percy riu.

Annabeth sorriu com o "Nossos filhos"

Oh Deus, como era bom ter com quem planejar um futuro. Era tudo tão novo para a garota, mas ela se sentia tão bem com Percy mostrando a cada dia o quanto a amava. Ele tinha dado e recebido vários socos no mesmo dia, por causa dela.

– Eu acho que se for um menino, ele vai ser muito parecido com você - ela disse.

– Você acha? - Percy perguntou - Mas ele pode ser loiro como você.

– Ah, mas uma garotinha loira... Ela seria tão fofa - Annabeth disse sonhadora.

– É... Não seria nada ruim ter duas Annabeth's - Percy disse e se levantou - Já pensou? Duas Annabeth's correndo pela casa e outra correndo atrás delas?

– Gêmeas, Cabeça de Alga? - Annabeth rio com a empolgação dela

– Ue, qual o problema? - Percy perguntou - Eu acho legal. Tipo, seria muito interessante as ver brigando com coisas do tipo "EU SOU A MAIS VELHA" "POR APENAS 7 MINUTOS, QUERIDA" (N/A: Muito eu e a Danny isso. Só que nós discutimos sobre quem vai casar primeiro. Vai ser eu ♥) (N/Danny: EU SOU A MAIS VELHA)

Percy fez uma péssima imitação, o que fez Annabeth rir.

– Pare, Percy. Você não imita bem - Annabeth riu

– Ei! - ele fez cara feita - Eu imito muito bem.

– Não imita, não - ela disse, sorrindo travessa.

– Annie, vou tirar esse sorriso do seu rosto - ele disse, sorrindo maliciosamente.

– Ui, que medo - ela disse - O que vai fazer? Encher-me de beijos?

– Como assim? - Percy riu - Que tipo de tortura seria essa?

– Você só tem torturas fofas, Percy - Annabeth disse, rindo ainda mais.

– Ae? Então eu posso te encher de cócegas, o que acha? - Percy olhou a unhas, como se estivesse as examinando.

– Você não seria tão malvado - Annabeth fez um biquinho.

Percy se aproximou dela e começou a fazer cócegas em sua barriga. Annabeth ria e às vezes dava gritinhos de agonia.

– Para, Percy - ela disse.

Eles mal notaram que Percy já estava em cima dela. Annabeth fez um biquinho e Percy sorriu e morde-o de leve.

– Ai - Annabeth sussurrou

– Nem doeu - Percy disse no mesmo tom

Annabeth sorriu e mordeu a bochecha dele

– Amo você - ela disse, com uma voz fininha e manhosa.

Percy riu

– Eu também amo - ele disse, no mesmo tom que se fala com um bebê - Um montão.

Annabeth sorriu. Sorriu também, porque sabia que, mesmo que o céu desabasse e todas as estrelas caíssem, ela estaria sã e salva, apenas por está com ele.