Unlucky Fate escrita por Hont91


Capítulo 4
Capítulo 4, São pedro e o Destino


Notas iniciais do capítulo

ok, como meu amigo Lysferd teve a gentileza de me lembrar (com palavras não tão gentis como essas) eu sou um idiota.
esse capitulo tava sentado no meu hd a mais de 6 meses(no minimo), completo, faltando só uma pequena revisão...
e eu não me lembrava disso -_-"
com isso dito, se alguem ainda acompanhar, aproveitem... depois de dois anos(eu acho...) -_-" eu devia me sentir pior por fazer isso com voce(s?) mas eu não sinto o.o"



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Acordei em um lugar branco, luz vinda de todos os lados, estava nu, bom, quase, tinha um pedaço de pano extremamente fino me cobrindo. Estava deitado em alguma coisa não muito confortável, não tentei me mexer, mas não estava sentindo dor alguma também.

Akira: Fala serio, eu realmente fui pro céu? Cadê o portão? Cadê as virgens? E cadê a droga da bata, aqui esta frio!

O rosto de um homem apareceu do meio da luz, era enrugado, relativamente velho, tinha olhos atentos e parecia um pouco surpreso em me ver.

Akira: Você é São Pedro? Tava em horário de almoço ou o que? Eu já to aqui esperando minhas boas vindas ao céu a mais de 10 segundos, sabe quantas pessoas devem ter morrido nesses 10 segundos e devem ta querendo me matar de novo por atrasar a entrada deles?

‘São Pedro’ riu, e riu alto, ouvi alguns sussurros em volta, e notei que a luz não estava realmente vindo de todos os lados, eram meus olhos que estavam ruins mesmo.

São Pedro(?): Ok ok, então pelo seu bem para chegar ao paraíso vamos nos apressar com isso, qual o seu nome e como morreu?

Ele estava tirando sarro da minha cara com aquela prancheta, a caneta pronta pra anotar e aquele jaleco branco, ainda mais com a risadinha no rosto. Pensei que São Pedro devia ser mais amigável, que seja...

Akira: Tsuki Akira, hum... Acho que uns 30 ou 40 tiros nas costas, nenhum em pontos vitais, resultando em hemorragia, seguido de uma queda de um prédio de 6 andares, possível traumatismo craniano e dano a espinha, ossos quebrados e por ai vai...

Ele fingia escrever alguma coisa na prancheta.

São Pedro(?): Na verdade eram 23 tiros, e um deles acertou no pescoço, aparentemente uma arvore aparou a sua queda, mas depois caiu em cima de você, milagrosamente sobreviveu até que alguém te trouxesse aqui já que todas as ambulâncias haviam estragado e sobreviveu a uma cirurgia de horas e horas arriscadas com todo o tipo de dificuldade imaginável e inimaginável... *ele coçou a cabeça* Não sei se digo que você tem sorte ou azar...

Akira: Azar, é obvio...

...

...

...

PARO TUDO!!!

Akira: Você disse que eu sobrevivi?!?!?!

Na hora que gritei me arrependi, sentindo meus músculos e todos os pontos do meu corpo doendo, hora perfeita pra anestesia passar não é?

Akira: Ai! Isso dói!

O medico não parava de rir de mim, acho que ele tem algo de errado para rir assim de um paciente.

Ex-São Pedro: Você realmente é do tipo engraçado, muitos já me confundiram com São Pedro, mas você é o primeiro a perguntar se eu estava em horário de almoço. *riso*

Akira: Bom, levando em consideração que eu acreditava estar morto e considerando minha falta de sorte não seria difícil... E afinal quem é você? To achando que não é medico coisa nenhuma

Ex-São-Pedro-e-medico-duvidoso: Bem, se eu não sou medico, faço milagres, já que fui eu quem fiz a cirurgia em você.

Eu senti uma vontade absurda de socar aquele sorriso sarcástico dele.

Suspirei.

Akira: Então, eu sobrevivi, que noticia maravilhosa – Não tentei esconde minha falta de animação com mais uma escapada das garras da morte mais que milagrosa. – E agora? Por favor não me venha com um clichê de que vou ficar numa cadeira de rodas pelo resto da vida...

O filho-da-mãe (pra não dizer coisa pior) riu.

Medico-duvidoso: Não se preocupe, alguém se recusa a te dar descanso, apesar do braço e da perna quebrados, e das cicatrizes de balas você logo logo vai estar de pé para outra saraivada.

É serio, um medico não deveria falar assim.

De qualquer forma, depois da minha breve e ‘adorável’ conversa com o suposto medico que me salvou do eterno descanso livre do azar eu finalmente recebi minha bata- quero dizer, eu recebi aquele pijama ridículo de hospital que só cobre a parte da frente e fui escorado por uma enfermeira que parecia ter saído de um ringue de luta livre masculina até meu quarto aonde um senhor semiconsciente e a um passo de visitar o verdadeiro São Pedro esperava ansiosamente (ou seja, resmungando como todo velho rabugento) pela minha chegada para dividirmos o quarto minúsculo com apenas um banheiro...

M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.

Depois de me deitar no colchão e constatar que era duro como pedra eu fiquei me perguntando onde diabos estava Ume, e se a minha intervenção havia ajudado ela pelo menos um pouco. Eu sabia que não deveria me importar, afinal de contas eu SOU um cara egoísta, devia dizer a mim mesmo que o resultado não importa já que fiz a minha parte e voltar ao meu dia-a-dia entediante...

Então porque diabos eu não conseguia deixar de me preocupar? Mesmo com o gesso começando a coçar malignamente eu não conseguia desviar meus pensamentos...

(Isso deveria ser meio obvio não?)

Diabos, agora você vai se intrometer de novo?

(Eu estou sempre me intrometendo nessa historia, ela é minha)

Se é sua, porque não faz meu azar desaparecer!

(Porque é mais divertido assim *sorriso maligno*)

*medo* En-então, por que eu não consigo parar de pensar se ela esta bem?

(Céus, você é lento pra caramba...)

Culpa sua.

(Agora que não conto)

Miserável!!!

(...)

Ume: Akira-kun?

Akira: Miserável!!! Hein?

Por culpa do autor eu acabei me distraindo e gritando pra ela, tomara que ela não me odeie, tomara que ela não me odeie, tomara que ela não me odeie...

(Cara, isso é deprimente...)

Cala a boca...

Ume: De-de-desculpe... Eu...

A coitada estava com aqueles lindos olhinhos lacrimejando e o rosto vermelho, cara eu devia estar assustador quando gritei.

Agora, pensando bem...

Akira: Desculpa, não foi pra você, mas... O que você esta fazendo aqui?

Ume: Eu-eu-eu vim... Agradecer...

Ela falou tão baixinho, como se tivesse com medo... AHHHH que idiota eu sou por gritar assim, agora a primeira garota que já chegou a me olhar como se eu fosse uma pessoa normal... Bem, não exatamente normal,  mas pelo menos não como uma doença ambulante esta quase chorando por culpa do maldito autor.

(foi você quem gritou, não eu)

Respira fundo, respira, no stress...

(veja se ela ta bem...)

Boa ideia...

Dei uma boa olhada nela, o rosto estava um pouco vermelho e ela parecia prestes a chorar, desviei os olhos rapidamente para que nossos olhares não se encontrassem, ela ainda estava vestindo o uniforme, que estava um pouco rasgado e manchado em algumas partes, mas tirando isso ela parecia em perfeitas condições, sem o menor arranhão, eu me peguei suspirando aliviado... Obviamente ela também me pegou suspirando e seguiu o meu olhar, que no momento estava fixo nas coxas dela logo abaixo da saia... O que eu posso dizer? Sou um cara...

O rosto dela ficou mais vermelho que antes só que dessa vez de vergonha.

Ume: Aonde você esta olhando?!

Recuperei a sanidade rapidamente e olhei para o seu rosto.

Akira: ah... Ah... Desculpa, eu não quis... Eu digo, eu olhei, mas é que você é tão bonita... Seria um insulto não olhar, então eu... Err... Eu só estava checando se você estava bem e então... Então... Ah droga, já nem importa mais o que eu falar não é?

E, para a minha surpresa, ela riu.

Eu fiquei ali, com a minha maravilhosa cara de babaca enquanto ela ria da minha cara, eu não sabia exatamente o porquê, mas ouvir aquela risada me deixou muito mais aliviado.

Ume: Você realmente é divertido.

Ela disse isso sorrindo e limpando as lagrimas que se formavam. Ela também parecia muito mais aliviada agora.

Akira: Então?

Ume: O que?

Akira: O que aconteceu depois que eu te empurrei? Você ficou bem?

Ela sorriu e acenou com a cabeça.

Ume: Por alguma razão esquisita o clube de atletismo tinha deixado um dos colchões que eles usam no salto com vara bem embaixo do lugar onde você me empurrou, então consegui sobreviver sem problemas, eu realmente tive muita sorte, não acha?

Eu apenas me limitei a sorrir, uma gota na cabeça.

Akira: Sim... Muita...

Paramos por alguns segundos em silencio. Eu sabia o que ela queria perguntar, mas ela mesma não sabia como devia fazer isso, nesse meio tempo o velho com o pé na cova começou a resmungar algo como ‘roteiro estúpido, cadê o realismo?’, eu a encarei.

Akira: Pode perguntar.

Ela abriu a boca, nenhum som saiu, fechou, pensou, abriu de novo.

Ume: Ah... Você...

Acenei com a cabeça, a incentivando, eu já não sabia o que estava fazendo, mas ela tinha me visto usar meu poder, não é como se eu pudesse esconder para sempre, ainda mais quando ela confiou em mim o suficiente para me contar sobre o poder dela.

Ume: O que... Você fez?

Viu só? Não foi tão difícil

Akira: Simplificando... Eu te dei sorte, o suficiente para sobreviver de uma queda de um prédio de seis andares por uma razão ridiculamente bizarra, o que significa que eu te dei sorte pra caramba.

Não acredito que falei ‘aquela’ palavra duas vezes...

Ume: Eu não... Eu não entendo. Primeiro você muda o destino que eu vejo e depois você me passa uma quantidade absurda de sorte? Não faz sentido...

Akira: Concordo com não fazer sentido, mas é assim que as coisas são, eu tenho a habilidade de passar... Ugh... Sorte... Para as pessoas, ao custo da minha própria, eu só achei que se conseguisse passar o suficiente para você, você poderia sobreviver, e considerando o modo como a minha vida tem sido até hoje, eu duvidava seriamente que iria morrer...

Ela ficou quieta me encarando parecia estar pesando as minhas palavras com muito cuidado. Acho que ela não era acostumada a confiar demais nas pessoas.

Velho-com-o-pé-na-cova: ARGH!! Não aguento mais essa historia sem sal!

Eu e Ume pulamos quando o velho de repente levantou da cama, como se não estivesse quase morto à segundos atrás, ele olhou para nós como se fossemos culpados de alguma coisa, e apontou aquela mão velha na minha direção.

Velho: Afinal! Que ideia estúpida é essa de uma pessoa que possa dar sorte aos outros? Cadê o drama? Cadê a tragédia! Épicos devem ter tragédia, devem ter profundidade! Você não tem nada disso, e ousa se meter com o meu script? Agora aquele amador do Acaso passou dos limites! Ah se passou, ainda mais, fazer minha obra prima de drama e tragédia se encontrar com ele!

Nós continuamos assustados encarando o velho enlouquecido, ele apontou o dedo para Ume então.

Velho: VOCÊ! Estava seguindo o meu script certinho, as mortes, os acidentes, você via tudo e não podia fazer nada, porque o destino era inevitável, era uma obra-prima! Drama e tragédia são o que move o mundo! Mas como você OUSA desafiar a historia que eu criei e se encontrar com esse personagem saído de uma comedia barata por um diretor amador!?!!? Hein?!! Atores devem agir como atores! E não ficar estragando o meu roteiro perfeito!

Mais ou menos no meio do discurso ele se agachou do lado da cama, que só agora eu tinha visto, estava rodeada por pilhas de papeis, ele puxou algumas folhas e quase as esfregou nas nossas caras, elas estavam cheias de corretor e com palavras escritas a caneta por cima das letras digitadas, como se ele estivesse mudando a historia de ultima hora.

Velho: Olhem só! Meu script perfeito! Arruinado, por sua culpa!!! SUA!!!

Eu conseguia ver as veias saltando dos olhos saltados dele, e já estava começando a ficar assustado quando Ume solta um gritinho horrorizado ao meu lado, imediatamente agarrei a folha de papel que ela segurava.

Na parte mais baixa, estava escrito ‘fim’ em letras estilizadas, mas não foi isso que fez  gritar, mas a ultima frase do texto, riscada por uma caneta azul de maneira que me pareceu estranhamente furiosa: “O assassino puxa o gatilho, a garota vai ao chão, sangrando, começa a chover, em seus últimos instantes Ume amaldiçoa o próprio poder pela sua morte. Termina o ato final, desce o anjo da morte.”

Akira: O que é isso?!

Ume: Isso é... Bem... Meu destino, antes de te encontrar...

Akira: Tem certeza?

Ume: Bem...

Velho: É claro que era o destino dela antes de te encontrar! Que melhor modo de demonstrar o drama do que dar a ela a habilidade de ver como iria morrer, mas sem saber quando e onde? Era genial! Olhe essa linha: “Ao ver o assassino, a garota reconheceu o destino que tantas vezes viu para si mesma, 'então é aqui' ela pensou, o desespero começando a se formar em seu coração.”.

Velho: Essa era um linha genial! Mas eu perdi ela inteira! Por sua culpa seu desgraçado, não me importa que aquele amador do Acaso tente fazer um trabalho aqui ou ali, mas quando ele se mete com as minhas obras-primas, ai ele quer guerra!

Eu não sabia mais se deveria achar esse velho louco ou não, eu já não sabia de mais nada a essa altura, e o maldito gesso estava coçando pra caramba também.

Akira: Então, você é?

Ele me olhou como se estivesse magoado que eu não o reconhecesse, como uma estrela de cinema que caiu no esquecimento, mas ainda não se deu conta disso, ele encheu o peito raquítico para falar.

Velho: Eu sou o maior roteirista de todos os tempos, com certeza já deve ter ouvido falar de mim, ou dos meus maiores trabalhos, a ideia do diluvio foi minha, a ultima praga do Egito também teve um dedo meu, eu criei Atlântida com o simples proposito de afundá-la e permiti que os maiores ditadores da história tivessem grandes vitorias apenas porque assim suas quedas seriam ainda melhores, ainda estou trabalhando no apocalipse, a dois mil anos a humanidade espera por ele, mas tenho que admitir que a ideia não foi minha, e sim dos Maias, por isso a dois mil anos eu estou atrasando esse projeto... Eu sou o roteirista universalmente famoso, eu sou... O Destino!

Realmente, talvez eu tenha batido a cabeça com força demais quando cai...


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Notas finais do capítulo

sem promessas dessa vez, todos sabemos que eu nunca as cumpro ^^
Akira: Concordo
Calado ¬¬