Observava o filme sem prestar muita atenção, o que lhe prendia mesmo era a voz de Rachel que acompanhava Barbra Streisand transformando my man num estranho dueto. Foi obrigada a chegar mais cedo a casa da morena para poder ajudá-la a escolher uma roupa para a festa, mas não é como se estivesse servindo de algo, já que Rachel não aceitava nenhuma de suas opiniões.

– Acho que esse serve. – Apontou para Quinn um vestido preto, essa que apenas sorriu, aprovando. Entrou no banheiro para se trocar e Quinn finalmente se pôs a prestar a atenção no filme.

Meia hora depois, elas estavam prontas. Quinn usava uma calça jeans escura, uma regata branca estampada e sapatilhas, já Rachel usava o vestido preto, por cima uma jaqueta Jeans com as mangas dobradas e nos pés também uma sapatilha. As duas usavam maquiagem básica e cabelos soltos. Foram no carro da loira, pois seria mais fácil, já que combinaram que depois da festa, iriam dormir na casa dos Fabray (leia isso como uma ordem de Judy) e durante o caminho, Rachel foi ditando o percurso ate chegar a casa de Finn.

No começo da rua já se podia escutar o barulho da música alta e ver vários carros parados. Estacionou o carro um pouco mais distante e suspirou antes de sair. Imaginava como a festa ia ser: Jovens bêbados se pegando, musica ensurdecedora e Quinn ficaria apenas sentada, observando todos os seus pensamentos se tornarem realidade.

– Vamos? – Rachel observou a loira sair do carro. Quinn estava tão linda... Na verdade, ela era linda. Sempre achou impressionante como a puberdade foi favorável a amiga que nesse tempo emagreceu, deixou de usar aparelho, os cabelos agora estavam dourados, os dentes perfeitos. Simplesmente linda, tanto por fora quanto por dentro. A loira segurou sua mão e levou aos lábios, depositando um pequeno beijo, como sempre fazia quando queria dizer que estava ali com ela.

Atravessaram todo o gramado até chegar a casa onde estava rolando a festa. Vários alunos do Mackinley estavam chegando, ou apenas conversando em suas rodinhas de amigos. Sentiram um peso se concentrar em seus ombros e então um rapaz de moicano se instalou entre as duas amigas segurando uma garrafa de cerveja. – Hey garotas, tudo bom? Você deve ser a Rachel ne? – Assentiu, afastando o próprio rosto do rosto dele. – Sou Noah Puckerman, mas me chamem de Puck. Você é a Quinn?

– Sim.

– Pode me chamar de Puck também.- Sorriu sedutoramente para ela. - Finn me pediu pra receber vocês... Então, estejam em casa. – Tirou os braços das meninas e apontou para a porta da casa. – Tem comida e bebida na cozinha. Qualquer problema, podem me chamar. – Piscou o olho e se juntou a alguns amigos que haviam chegado.

Quinn riu com Puck e abriu a porta para Rachel. Se acharam que a música do lado de fora estava alta, é porque não tinham entrado na casa. Não estava lotada, havia um grupo no sofá, outro perto da uma mesa, outro nas escadas... Então as duas se postaram a explorar a tal festa.

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As previsões de Quinn estavam certas. Lá estava a loira sentada perto da piscina, segurando uma garrafa de cerveja intocada oferecida pelo loiro da boca grande, também conhecido como Sam, há um tempo, olhando enquanto uns jovens dançavam e se divertiam um pouco mais adiante. Pensou em experimentar a cerveja, mas ela já estava quente, então colocou na grama perto do seu pé. Acenou com a cabeça para Santana Lopez que em resposta só levantou o canto da boca numa espécie de sorriso.

– Não sabia que falava com Santana. – Levou a mão ao peito dramaticamente com o susto. – Sou Kurt Hummel, meio irmão do Finn.

– De tanto me observar, achei até que soubesse. Quinn Fabray. – Apertou a mão que o rapaz estendia.

– Oh... Você percebeu. – A loira arqueou a sobrancelha, mas se pôs a rir baixo para a expressão do garoto. – Eu só estava curioso.

– Com?

– Você e a Rachel. – Se arrumou na cadeira, dando total atenção a loira. – Mas me diga, desde quando vocês estão juntas? – Quinn de repente engasgou com o ar e arregalou aos olhos para a pergunta. Recebeu tapas leves para ajudar na recuperação. – Ela que te pediu em namoro?

– O que? N-Nós não... – Limpou a garganta. – Não namoramos.

– Ora, por favor querida, passei o mês observando vocês, não precisa esconder. – Quinn continuava pasma com a conversa. – Conheço duas lésbicas quando vejo.

– Não estou... Não somos...

– Não se acanhe em contar, por incrível que pareça essa escola não tem tantos problemas com isso. – Deu de ombros. – Eu, por exemplo, sou assumido e ninguém tem problemas com relação ao meu namoro com Blaine. – Apontou para o Cara do Gel que se aproximava dos dois com um sorriso calmo no rosto. Ele se inclinou e deu um curto selinho em Kurt e se apresentou a Quinn. – Estava conversando com a Quinn sobre ela poder se assumir para nós.

– Kurt! Já conversamos sobre isso. – Agora se concentrou totalmente na loira. – Mas Quinn, se quiser contar algo, se abrir conosco... Se sinta a vontade. – Não pode deixar de sorrir para aquele casal, mesmo eles estando equivocados. – Aliás, onde esta a Rachel?

– Verdade.

– Ela disse que ia atrás de algo pra beber e me deixou aqui.

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Abri u porta e mais gente se pegando...

Esse povo devem ser uns coelhos porque né? Já é bem a terceira porta que eu abro mais gente se comendo. E que tipo de casa grande é essa?

Suspirou aliviada quando viu uma cara conhecida, ou melhor, um cabelo porque o rosto de Noah Puckerman estava sendo engolido por uma menina. Não queria se intrometer, mas também não queria ficar perdida naquela casa estranhamente grande e cheia de coito alheio. Cutucou as costas dele com o dedo indicador e fez careta para o gemido que saiu daquele desentupimento de boca.

Começou a char que Puck não ia largar a menina, mas ele se despregou dela e virou-se para a morena, sorrindo sacana com os lábios inchados e vermelhos.

Será que ele consegue falar com a boca assim?

– Fala aí, Rachel.

– É... Hum... – Passou a mão na barra do vestido. A menina a olhava sem paciência alguma. – É que eu não encontrei a cozinha.

Puck arregalou comicamente os olhos, mas depois sorriu apontando para uma porta atrás da garota – É ai, Rach. Vê se não se perde. – Antes que pudesse abrir a boca para agradecer, ele voltou a se atracar com a menina estranha.

Abriu a porta devagar para não ser pega de surpresa com nenhum outro casal, mas a surpresa lhe pegou do mesmo jeito. Olhos curiosos e divertidos lhe observaram, seguido de um sorriso que Rachel achava particularmente muito fofo.

Finn endireitou a coluna e fechou a porta da geladeira, puxando consigo uma garrafa de cerveja, juntando a outra que estava em cima da mesa. Ofereceu a Rachel, mas ela recusou.

– Está perdida, Rachel?

– Na verdade estava. – Os dois riram. – Mas Puck me disse onde era.

– Ah sim... Espero que ele não tenha feito nada demais. Pedi a ele pra te receber. Alias espero que esteja gostando da festa. – Ele sorriu sedutor e se aproximou da morena, passando a mão pelo seu braço. Rachel se arrepiou com o toque.

– Até agora sim. Só não sabia que tinha uma casa tão grande.

– Não é grande, só tem muitas portas. – Olhou confuso para o chão. – Estranho... – Murmurou mais para si, mas Rachel ainda pode ouvir.

–Obrigada por me convidar. – Lançou seu olhar mais sedutor e foi respondida a altura.

– Tinha pensado em chamar você. Então o Kurt falou sobre a Quinn e me pediu pra chamar. Achei fantástica a idéia. – Fez uma expressão maliciosa que confundiu a morena.

– Falou sobre a Quinn?

– É. – Passou a mão no cabelo tentando ajeitá-lo. – Faz tempo que namoram?

Rachel engasgou com o comentário do rapaz.

Namorar? A Quinn? Eles acham que eu namoro a Quinn?

As mãos gigantescas de Finn corriam as costas de Quinn tentando ajudá-la com o acesso de tosse. – Era um segredo?

– O que? Finn... – A porta da cozinha abriu e uma Quinn, agora fortemente corada, olhava o casal. – Quinnie. – Finn tirou a mão das costas da garota e se afastou lentamente. – O que foi?

– Preciso falar com você. – Olhou diretamente para Finn num pedido mudo de privacidade. Pedido que foi atendido de prontidão. Ele pegou as duas garrafas que estavam na mesa e saiu. – Precisamos ir embora.

– Por que?

– Kurt ta com ima idéia louca de que...

– Achei vocês! – Blaine sorriu da porta e chamou as duas com a mão livre. Vamos ali na sala? Quinn saiu correndo que não deu nem tempo de acompanhar. Se não fosse Puck, não ia saber.

Rachel olhava sem entender de Blaine para Quinn, essa que suspirou e estendeu a mão para a morena que a aceitou prontamente. Se juntaram ao rapaz e seguiram para a sala.

A sala estava lotada de gente em uma grande roda e Kurt se encontrava no centro dela. Quinn pode ver Santana em um canto da sala, com um braço em volta do ombro de Brittany, Finn encostado na parede conversando baixo com Puck, os dois com expressões maliciosas. Agora ela se encontrava ao lado de Kurt e todos prestavam a atenção ao Rapaz.

– Gente, elas estão com vergonha de contar, mas como somos todos mente aberta, vamos dar as boas vindas ao novo casal do Mckinley. – Quinn pensou em se engasgar com o ar, mas não pode, já que não tinha ar passando pelos seus pulmões. Olhou para Rachel que também estava sem expressão. – Eu sempre quis ter amigas lésbicas. – Ele sussurrou apenas para as garotas.

Oh eu estou tão, mas tão ferrada.