A garota que eu amo me odeia escrita por Lailla


Capítulo 14
Não acredito que era...


Notas iniciais do capítulo

Mais um *----*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/618429/chapter/14

~ Minutos antes ~

Nana treinava, fazendo cestas. Ela sorrindo sempre que as acertava. Corria pela quadra fazendo dribles e girando para fazer o ponto.

Ela ia fazer mais uma cesta. Posicionou as mãos e jogou a bola.

– Run. – Alguém disse – Acha que mesmo trocando as fechaduras de casa eu não a acharia?

Nana arregalou os olhos e errou a cesta. Ficou paralisada. A pessoa andou alguns passos em sua direção, ela ouvia seus passos, começando a tremer. Se virou lentamente o fitando. Era um garoto alto de cabelos pretos e olhos azul-escuros. Ela suava frio.

– Nii...san?

Eles se encaravam. O garoto parecia irritado. Nana tremia de medo.

– Onegai... – Ela gaguejava recuando alguns passos.

– Esqueceu o que eu disse?

Ela respirava nervosamente, recuava em direção aos bancos.

– Eu disse pra você não jogar. – Ele rangeu os dentes.

– Mas...

– Cala a boca! – Ele gritou. Seu grito ecoou.

– Onegai... Nii-san... – Nana pedia, seus olhos estavam marejados.

Ele a fuzilou, se aproximando. Nana levantou os braços, nervosa, mas ele a pegou pescoço, deixando-a sem ar.

– Pára de jogar! – Ele gritou.

Jogou-a em direção ao banco. Nana caiu e acertou sua testa nele. Ela exclamou de dor, sem nem conseguir fazer o som sair de sua boca. Pôs a mão na testa, que doía, e viu o sangue em sua mão. Seus olhos estavam marejados, ela começara a chorar. Seu irmão de aproximou e a virou para cima. Sentou em cima dela, posicionando o punho para trás. Naquele momento Hare chegou e viu aquilo. Exclamou nervosa e saiu correndo. O irmão dela não se importou, continuou.

– Onegai... – Nana pedia.

Ele deu um soco em seu rosto. Nana exclamou de dor. Naquele momento se lembrou de Daiki. Ela estava feliz demais com ele e estava cansado de seu irmão sempre bater nela. E mais cansada ainda por causa do motivo. Ela começou a bater nele de volta, tentando evitar mais um soco bruto. Já sentia sua bochecha inchar um pouco. Arranhou o rosto dele, mas ele segurou seus punhos. Ela tentou dar uma joelhada, mas ele estava em cima dela segurando-a com seu peso. Ela sacudia os braços para tentar se soltar, e conseguiu. Mas ele recuou o braço de novo para dar outro soco. Ela colocava a mão na frente, tentando se defender.

Naquele momento, Daiki chegou. Arregalou os olhos, furioso. Não pensou duas vezes, foi pra cima do garoto dando um soco nele. O jogou para trás e agachou para ajudar Nana.

– Você está bem? – Ele a levantou vendo como seu rosto estava machucado. O sangue escorria pelo rosto se misturando com suas lágrimas. – Por que ele está fazendo isso?

Ela segurava em sua camisa, olhando para ele com pesar. Naquele momento o garoto se levantou e foi pra cima de Daiki. Ele fez Nana recuar e socou o garoto de novo.

– OE! Por que está fazendo isso com ela?!

Kagami e Hare chegaram. Hare já chorava e Taiga não entendia nada. Aomine e o garoto estavam brigando. Nana se desesperou.

– Nii-san! Pára!

– “Nii-san”?! – Kagami exclamou.

Alguém abriu a porta.

– O que está acontecendo aqui? – Riko perguntou franzindo a testa.

Olhou o que acontecia e arregalou os olhos, pondo a mão na boca. Não acreditava que aquilo acontecia. Nana foi até os dois e ficou entre eles.

– Pára! – Gritou.

– Nana, não! – Riko gritou.

Seu irmão acertou um soco, fazendo-a cair no chão, desmaiada. Daiki perdeu o ar vendo aquilo e deu uma joelhada no estômago do garoto. Ele perdeu o ar e Daiki deu um soco certeiro nele, fazendo-o desmaiar também. Pegou Nana no colo e correu.

...

Naname acordava, estava tudo embaçado e ela via uma luz forte, que logo ficou nítido. Era a luz de uma pequena lanterna.

– Kousen-chan? – Alguém dizia – Kousen-chan? Está ouvindo?

– Hum... Hai... – Ela dizia tentando se levantar.

– Não se levante. – Uma mulher disse. A enfermeira do colégio. – Você bateu a cabeça no chão. Pode sentir um pouco de dor por enquanto.

Nana pôs a mão na cabeça, lembrando o que ocorrera. Ela levou pontos na testa, acima da sobrancelha. Seu rosto desinchava. Mas estava tudo bem.

Viu Riko e Aomine em frente à cama que ela estava deitava. Kagami e Hare estavam perto da janela. Todos eles estavam na enfermaria do colégio. Daiki a encarava.

– Era seu irmão. – Ele rangia os dentes ainda tentando acreditar.

A enfermeira olhou para os dois e saiu, dizendo que precisava fazer outra coisa naquele momento. Nana o olhava, com os olhos marejados.

– Onegai, Daiki...

– Mentirosa. – Ele disse.

– Eu não menti.

– Não interessa! – Ele exclamou – Você teve todo esse tempo pra me contar e mesmo assim escondeu!

Ela o olhava, cabisbaixa. Não sabia o que dizer. Ele bufou e saiu.

– Aomine-kun. – Riko o chamou e foi atrás dele.

Hare se aproximou de Nana e sentou na cama, abraçando-a. Ela começou a chorar. Pensava que havia perdido Daiki.

Riko o seguiu pelo corredor.

– Aomine-kun! – Ela pegou na manga de sua camisa.

– Nani? – Ele rangeu os dentes, fazendo-a soltá-lo.

– Não é culpa da Nana!

– Ela escondeu que o irmão dela batia nela! – Ele exclamou, parando e a encarando – Eu nem sabia que ela tinha um irmão!

– Muitas pessoas não sabem. – Ela disse como se implorasse para ele escutá-la – Hyemi é adotado.

– Hyemi... – Ele repetiu. Nunca mais se esqueceria desse nome – Não é motivo pra ela esconder.

– É sim. Há motivo porque ele se apaixonou pela Kin.

– Quem é Kin?

– A irmã da Nana.

Ele arregalou os olhos sem entender. E a cada palavra que Riko dizia para explicar tudo, ele se arrependia mais por ter tratado Nana daquele jeito.

Os pais de Naname adotaram Hyemi nos Estados Unidos. Mas quando ele ia fazer quatro anos, a mãe deles ficou finalmente grávida de Kin e Nana. Elas nasceram no Japão, mas quando fizeram dez anos todos eles se mudaram para os Estados Unidos. Os três cresciam, e Hyemi tinha um afeto gigantesco por Kin. Ele a amava de verdade. E não via nada de errado já que não eram irmãos de sangue. Nana achava que ele era o melhor irmão do mundo... Mesmo ele não gostando tanto dela como gostava de Kin. Ela era loira e tinha os olhos azuis. Diferente de Nana, mesmo sendo sua irmã gêmea.

Elas cresciam e começaram a se apaixonar pelo basquete. Naname era péssima, mas Kin a ajudava. Ela amava Nana. Quando as duas completaram doze anos, voltaram para o Japão. Seu pai conseguiu um emprego lá. Elas jogavam pelo seu colégio e ficaram bem habilidosas, na mesma época que o time de Teiko começou a ficar famoso. Naquela época, Nana conheceu Hare.

As duas irmãs queriam conhecer Aomine, e apostaram para ver quem seria habilidosa o suficiente para ser “digna” de conhecê-lo. Quando elas fizeram 14 anos, Hyemi começou a demonstrar que amava Kin. Ela dizia que eles eram irmãos e que aquilo não era certo, mas ele insistia. Uma noite Nana os ouvi no quarto de Kin, eles gemiam. Ela arregalou os olhos, espantada. Já sabia dos sentimentos de Hyemi por Kin, mas não imaginava que os dois fariam isso. Os pais deles não sabiam e Nana não contava nada. Kin parecia mais feliz, assim como Hyemi. Nana começou a se afastou um pouco dos dois, ficando mais próxima de Hare. Achava aquilo errado e fez com que Hyemi começasse a ignorá-la.

No dia que Nana finalmente entrou na zona com a estudante de intercambio da escola rival, aconteceu o acidente. As duas voltavam de carro com a mãe para casa depois do jogo. Quando passavam por um cruzamento, um carro com os freios ruins as atingiu. Elas gritaram pelo impacto. Kin viu o caminhão que se aproximava na outra rua, ele não pararia a tempo. Ela soltou o cinto e empurrou a irmã para o lado prendendo-a no cinto, mas não a tempo de prender o seu. Nana não conseguiu ter reação. O caminhão as atingiu brutalmente. A mãe delas morreu na hora. Kin ficou presa nas ferragens. Naname teve alguns arranhões. As resgataram, mas Kin não sobreviveu.

No hospital, o pai e irmão dela foram vê-las desesperadamente, mas o médico deu a notícia de que apenas uma sobreviveu. Hyemi ansiava esperançoso que fosse Kin, mas ficou desesperado quando não a viu. O médico disse que foi um milagre Nana ter sobrevivido sem nenhum ferimento grave. Naquele momento Hyemi franziu a testa encarando Nana, que estava dormindo na cama do hospital. Ele ficou com raiva dela, furioso. Perder Kin o destruiu por dentro, e ver que Nana sobreviveu o deixou enraivecido. Hyemi achava que Kin deveria ter sobrevivido, e quando descobriu que ela salvou a irmã, começou a odiar Naname. Ele achava que foi culpa de Nana por Kin ter morrido.

Quando Nana voltou para o colégio, estava totalmente mudada. Não era mais a Naname alegre e divertida de antes. Ela vivia triste e cabisbaixa. Tanto pelo luto da irmã, como por Hyemi começar a bater nela. Seu pai não sabia, e ela não contava. Nana também achava que era a culpada pela morte da irmã, e com Hyemi sempre repetindo isso, não a vazia melhorar. Ele acabou indo para a faculdade e ela para o Ensino Médio. O pai deles voltou para os Estados Unidos a trabalho. Perguntou se Nana queria ir com ele, mas ela preferiu ficar por causa de Hare. Ela era sua melhor amiga, e mesmo mudada, Hare ainda gostava muito dela. Seu pai alugou uma casa simples pra ela e a ajudou na mudança. Ele a ajudava com as contas e o dinheiro que ela precisasse, queria que ela ficasse bem. Nana era a única coisa que o fazia se lembrar de sua esposa.

Naname precisou ser transferida do seu colégio quando uma garota começou a chamar Kin de vadia. Ela estudou no mesmo colégio que as duas e algumas pessoas desconfiavam da relação que ela tinha com o irmão. Nana bateu tanto da garota, que seu maxilar deslocou. Hare se transferiu com ela. Riko conseguiu convencer o diretor do antigo colégio de Nana a não ligar para seu pai. Que ela tomaria conta de Nana.

Seu pai não sabia de nada sobre o que acontecia e pedia a Hyemi para ver se estava tudo bem com Nana. Sempre que ele a visitava, batia nela, deixando sérios hematomas em seu corpo. Ele ficava com raiva por ela ser tão parecida com Kin e por estar crescendo, em vez da irmã. Nana nunca disse nada ao pai, pois pensou que ele odiaria Hyemi. E principalmente por ter receio de que Hyemi dissesse que era por ele ser adotado. Ela o amava como seu irmão mais velho. Ele era seu irmão mais velho!

Hyemi a proibiu de jogar basquete, se não bateria nela. Dizia que era apenas de Kin e que Nana não tinha o direito de jogar. Por muito tempo Nana ficou sem jogar, mesmo amando o basquete. Ela queria que ele parasse de bater nela. Porém tudo voltou a acontecer quando ela entrou para o time da Seirin.

Riko encarava Aomine.

– Entendeu agora?

Ele a fitava, espantado. Nunca imaginou que aquilo acontecesse com Naname.

– Não é culpa dela. Ela... – Riko pensou duas vezes, mas tinha que dizer – Nana ama você!

Ele arregalou os olhos, surpreso.

– Ela dizia que o odiava porque isso era coisa delas. Elas queriam conhecer você, mas... Nana te amava mesmo. Sem nem ao menos conhecê-lo. As duas foram a um de seus jogos uma vez e ela ficou tão feliz... – Riko se emocionada, começando a chorar.

Daiki a encarava, prestando atenção.

– Ela está feliz e... Eu não vejo Nana assim há tanto tempo. E foi graças a você. Graças a todas as amigas que ela ganhou quando começou a estudar aqui. Antes dela se transferir, eu a forcei a me contar o que acontecia, mas ela me fez prometer que não contaria nada pro meu tio. Depois que ela bateu na garota eu fiz meu tio mandá-la para cá. Ele acha até hoje que ela não tinha se adaptado, mas era pra ficar perto de mim. Pra eu ajudá-la de alguma forma. Me sinto horrível por não ter conseguido fazer nada, mas... Sabe? Acho que você foi a melhor coisa que aconteceu pra ela.

Aomine perdeu o ar. Pôs a mão na testa.

– Eu... Eu preciso ir embora.

– Aomine-kun.

Ele a olhou.

– Onegai. Só... Não a odeie.

Ele arregalou os olhos. Ficou indignado, mas não demonstrou.

– Eu nunca faria isso. – Daiki disse, sério.

Ele se virou e foi embora. Riko o fitou até sumir no corredor. Voltou para a enfermaria. Abriu um sorriso, fingindo que nada acontecera. Abraçou Nana, tentando mostrar que estava tudo bem. Mesmo sem saber se estava mesmo.

Aomine não dormiu àquela noite. Ele assimilava tudo o que aconteceu com Naname. Agora entendia porque ela o odiava tanto. Nana queria evitar qualquer ligação entre o basquete e Kin. Mas agora ele sabia que ela sempre o amou. Tudo parecia fazer sentido naquele momento e ele a queria mais que tudo agora. Queria ficar com ela pra sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A garota que eu amo me odeia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.