Hank fez com que Anjo e Scott fossem deitar, dizendo que cuidariam de mim. Vi em sua mente que ele informou Charles assim que Scott foi avisá-lo que eu estava passando mal. Por sorte, Logan estava com o grandão e veio junto. Era bom ter alguém que sabia o que estava acontecendo por perto.

– O quão preocupado ele está? – perguntei ao grandão azul que eu via como uma pelúcia ambulante.

– O que? – ele foi pego de surpresa e pensou “Ela está falando do Charles?”. Apenas assenti – Ele sabe o que está se passando e... Bem, está pensando em uma maneira para ajudá-la.

O carinho de Hank por mim era visível em seu olhar e em seus pensamentos. “Vou protege-la a todo custo. Por Charles e, principalmente, por Emma.” Assim que chegamos ao quarto de Hank e Logan, abracei o primeiro e revivi uma sensação de minha mãe.

– Emma gostava muito de você, Hank. – sorri, vendo o grandão abrir um sorriso enorme, literalmente.

– Eu gostava muito dela também. Vejo muito da Emma em você. – ele disse ao acariciar minha bochecha com seu polegar peludo, me fazendo sorrir ainda mais.

“Não acredito que sou obrigado a ver uma coisa dessas... Sério.” Logan pensava, jogado em sua cama com as mãos atrás da cabeça. Suspirou e revirou os olhos quando o encarei. “Desculpe, quer um abraço também?” disse mentalmente a ele, que torceu o nariz e quase sorriu.

– Acho que devo ir para o quarto. Desculpa pela preocupação... – falei.

– Você está bem mesmo? – Hank perguntou, e bocejou.

– Sim, estou. – sorri – Boa noite. – olhei para Logan que ponderava se me acompanharia ou não até o quarto – Boa noite, babá. – sorri e abri a porta.

– Espera, menina. – Logan disse, se levantando e me fazendo parar – Te acompanho.

– Certo. – disse olhando para ele ainda de costa, sorrindo por imitá-lo mais uma vez.

Caminhávamos pelos corredores em direção ao dormitório feminino e ele não parava de pensar “Qual é seu problema comigo, menina?”

– Acho que eu deveria te perguntar isso. – falei, pegando-o de surpresa.

– Maldição! Já não te falei para ficar longe da minha cabeça! – ele saiu batendo pé e falando alto. Me assustei e recuei. “Merda, o que foi agora?”

– Você parece... – me arrepiei inteira e encostei na porta de vidro, olhando o céu estrelado, tentando me distrair – Deixa. – abri a porta e fui para a varanda e me sentei em uma das mesas dali.

– Você é maluca, menina? – ele saiu atrás de mim, tentando rastrear alguma ameaça.

– Eu saberia se tivesse alguém aqui e... – “Da mesma maneira que viu Anjo se aproximar?” – Foi um descuido! Eu estava enlouquecendo! – gritei – Continuo enlouquecendo a cada segundo que passo nesse lugar! – tapei meus ouvidos com as mãos, me encolhendo de olhos fechados.

– É por isso que digo pra você ficar longe daqui. – ele cutucou a cabeça com o indicador.

– Não faço isso intencionalmente. – falei, cruzando os braços – Eu nunca precisei controlar nada disso, porque ninguém... Ou melhor, – dei um meio sorriso – quase ninguém se importava com isso.

– Deveria ficar feliz ao saber que não sou o primeiro a me irritar com isso? – ele perguntou com uma ironia engraçada. “Com quem será que ela vivia?” – Como você se virou depois que sua mãe...?

– Ah, tio Erik... – O QUE? – ele falou, me assustando novamente. Recuei mais uma vez, com o coração acelerado – Desculpa, não queria te assustar. Magneto? – ele ainda parecia não acreditar.

– Bem... É. Ele ajudou minha mãe desde que... Ela teve que fugir comigo e... – acabei contando para ele como tudo aconteceu.

– Então quer dizer que você fez Magneto brigar com a Mística? – ele parecia se divertir, e imaginava cada cena que eu descrevia.

– Várias vezes. Ela sempre me odiou por ser a “filha da mulher que lhe roubou Charles”. – falei rindo – Mas ela não foi a única inimizade que eu arrumei... – tive outro calafrio – Você conhece todos os aliados do Erik?

– Alguns... – ele respondeu, se perguntando onde esse assunto levaria.

– Um deles me atacou uma vez. – respirei fundo e engoli seco – Pensei que ia morrer... – “Por que?” ele pensou – Porque eu fiz isso. – sorri sem graça.

– Por isso você se assusta comigo as vezes? – ele perguntou com uma mistura de preocupação, culpa e doçura, e foi estranhamente bom ouvi-lo.

– Também. – olhei para longe enquanto a cabeça dele estava confusa e o olhei novamente – Você é parecido com ele, principalmente quando fica agressivo. – ele ficou pensativo, várias hipóteses passaram por sua mente.

– De quem você está falando? – ele estudava minha expressão.

– Não sei seu nome de verdade, só o conheço como Dentes-de-sabre. – assim que pronunciei o nome do outro, Logan congelou. O ódio e um misto de preocupação e medo tomaram conta dele, assim como xingamentos e lembranças – Você o...

– O nome dele é Victor. – ele falou, cerrando os dentes – Ele era meu amigo.

Senti a gravidade da situação quando ele falou que seria melhor entrarmos, enquanto pensava que o problema era mais grave do que todos achavam. Me acompanhou até meu quarto, pensando em uma maneira melhor de me proteger.

– Você acha que ele... – o medo foi visível em minha voz e minha expressão.

– É provável. – ele falou baixinho, olhando para os lados – Mas enquanto eu estiver de olho em você, nada vai te acontecer. – ele piscou, me fazendo sorrir de leve. E o abracei, pegando-o de surpresa. “Estou com medo” pensei.

– Não se preocupe, menina. – ele me abraçou de volta com muito cuidado – Agora vá dormir. – “por mais que já seja quase hora de acordar”, ele disse e pensou, com uma expressão cansada.

– Obrigada, babá. – sorri, antes de abrir a porta, e quando o fiz, disse: - Boa noite.

– Certo. – ele saiu andando com um sorriso irônico no rosto, pensando “Boa noite, menina.”