Vollfeit - Interativa escrita por N Spar


Capítulo 13
Capítulo 12: sovinnas


Notas iniciais do capítulo

Parei com essa fic faz meses, mas a vontade de continuar escrevendo surgiu e, bem, é isso aí. Não sei se algum leitor antigo voltará, então é apenas um teste. Se surgir algum novo, olá c:
Boa leitura, o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/618264/chapter/13

— CAPÍTULO 12 –

Sovinnas



— Treinando para o Torneio de Verão, princesa?

Violet, desviando seu olhar para o homem esguio que se aproximava, respondeu sem pausar os golpes pesados que trocava com seu adversário.

— Não deveria também, senhor Daran? – questionou com um sorriso divertido.

— Ah, minha querida – retornou o sorriso – Não preciso de espadas para conquistar as belas senhoras desta terra – aproximou-se ligeiramente e piscou.

Violet riu no momento em que defendia um ataque e empurrava a arma do moreno a sua frente.

— E continue olhando para seu oponente, menina! – o homem retrucou, falsamente, em tom raivoso. – Não posso passar pelo vexame de ver minha própria sobrinha perder para esses fracotes! – olhou rapidamente para o jovem que lutava com a mesma.

— Não ligue para ele, Zephyr – mirou o garoto e o aconselhou em seguida. – Agora deve ir, tio, sua gata deve estar preocupada!

— É claro que está! – estendeu os braços para o céu e começou a se distanciar. - Boa sorte no treino, menina!

Notando os olhos curiosos de Zephyr, Violet pausou a batalha e retomou:

— O que há?

— Hm, ele realmente tem uma...”gata”? – pronunciou como se aquilo fosse inteiramente inacreditável, fazendo-a rir e parar o combate.

— Sim, uma que deixa o quarto lotado de pelos.

— Ah, é claro... Deveria adivinhar – arqueou uma das sobrancelhas e sorriu ironicamente.

— É incrível como ele vê o sofrimento das criadas para limpar tudo e sai sem peso na consciência – falou descontraidamente.

— É realmente algo para se admirar – respondeu ainda com ironia. – Hora de água contra água? – mudou seu tom, deixando transbordar entusiasmo.

— Sempre pontual, Zephyr – passou sua espada para o garoto, que estendia o braço para pegá-la, e, agora livre, estalou os dedos, lançando um jato de água pelas costas do garoto.

(...)

A equipe de dez agentes de Vollfeit conversava animadamente enquanto trotava pelo caminho cheio de pedras da Floresta de Norte-Oeste. A trilha era estreita, fazendo com que se organizassem em duas filas, e cercada por morros cobertos por árvores finas, que deixavam alguns raios de sol iluminarem o solo marrom.

— E por que não “Floresta de Norte-Sul”? – um dos soldados questionava em voz alta. – Se dizem que aqui as pessoas se perdem por ser um lugar complexo, não deveriam usar direções opostas?

— Ora, Renfry, e qual seria a beleza desse nome? – outro rebateu.

— Existe beleza em “Norte-Oeste”? Bem, pelo menos combina com esse cenário entristecedor!

— É como sua mulher, Renfry: face terrível, nome ao nível! – retrucou, arrancando gargalhadas até dos soldados na retaguarda.

— Vamos, rapazes, fiquem em silêncio pelo menos até sairmos desse local – Zane disse, com o rosto um tanto retraído por impaciência.

— Ah, o que foi, Zane? Estás com medo de que algo nos apareça surpreendentemente? – um soldado ao lado o fitou divertidamente.

— Quem deixou as bebidas nas mãos dele? – o homem suspirou, encarando os vidros quase vazios entre os dedos livres do companheiro.

— Estamos cavalgando há dias e nada de emocionante acontece. Deixe-me ter diversão! – levantou os braços com ânimo.

“Acho que alguém precisa ganhar umas bebidas também”, Varev, ao lado de Zane, cochichou enquanto se voltava para trás, onde Deschen se distanciava por alguns metros.

— Não é hora disso, Varev – reprimiu-o.

Zane o encarou jocoso.

— Você realmente leva a sério essas lendas, né? – sorriu. – Você sabe, quando dizem que aqui moram espíritos de outro mundo... Os criadores só se assustaram com os guaxinins.

— Não te darei explicações sobre minhas crenças – desviou o olhar. – Agora tente fazer os outros ficarem em silêncio, nunca sabemos quando seremos atacados.

— E acha que seremos? – arqueou a sobrancelha. – Ninguém faz esse caminho, ainda mais para ir até a casa de Milicence.

— Assim como sabemos que ela pode nos ajudar, nosso inimigo também tem conhecimento disso.

Varev balançou a cabeça, assentindo.

— Ei, rapazes – Varev começou a gritar para que os soldados da frente também pudessem ouvi-lo. – Calem a bo... – mas foi interrompido pelo assobio agudo de um dos companheiros da dianteira.

— Uau, olha essa figura! – o soldado, que parara de cavalgar, apontou para frente, onde uma jovem de cabelos curtos e pele pálida, agachada, colocava ervas em sua cesta de palha. – Que beldade nessas terras sem graça! – e voltou a avançar, indo em direção à mulher.

Tomado pela animação do homem, outros guardas o seguiram. Varev encarou Zane aguardando uma resposta, mas recebeu apenas a expressão séria de costume do companheiro.

Próximos à figura feminina, encaravam-na com olhos brilhantes.

— Diga-me onde mora e a levaremos até lá, senhora – o primeiro disse.

— Você é uma estrela, minha cara senhora?! – outro perguntou com admiração.

Após diversas falas em tentativas de conquistá-la, a desconhecida finalmente falou.

— Meus cavaleiros, vocês ouvem?

— Não ouço nada além de sua linda melodia, senhora.

— Ouçam, meus cavalheiros – levantou as mãos para o céu e sorriu. – Ouçam os pássaros.

No mesmo momento, os cantos misturados de diversos pássaros encharcaram o ar daquela floresta. Alegre e cada vez mais alto, o som surpreendeu os homens. Ficaram lá, deleitando-se com a imagem da garota e a música da natureza.

— Devemos ir... – Zane olhava para todas as direções atentamente enquanto, com o braço livre, segurava com ansiedade sua aljava repleta de flechas.

— Acha que é uma armadilha? – Varev imitou o amigo e começou a analisar o local.

— Acho tudo isso estranho – respondeu e olhou para Deschen. - Vamos alcançá-los e partiremos.

Assentindo com um leve aceno de cabeça, a espiã continuou no encalço dos dois soldados, que trotavam até os outros. Estavam perto quando, inesperadamente, ruídos de galhos sendo esmagados se juntaram ao canto das aves, fazendo todo o grupo olhar ao redor. Nos pequenos morros que o cercavam, diversas outras mulheres, tão pálidas quanto a primeira, apareciam carregando um brilho intenso nos olhos. Um brilho de felicidade misturada com maldade.

— Zane... – Varev o convocou.

— Emboscada! – o homem agitou as mãos que seguravam o cabresto de couro, deixando seu cavalo na velocidade máxima.

Enquanto o resto do grupo o seguia, as mulheres, agora, começavam a descer as colinas de ambos os lados. Gritavam, com aquelas vozes agudas, coisas que os soldados não conseguiam entender, mas que os faziam sentir um calafrio em todas as suas espinhas dorsais.

“Sovinnas”, Zane pensou, relembrando os contos que sua avó lhe contava enquanto tentava tirar seus colegas daquela situação, que parecia, no momento, tão apavorante quanto as histórias.

— O que faremos?! – Varev, galopando pesadamente para acompanhá-lo, gritou. – E não me diga que precisamos de um girassol mágico para afastá-las!

— Precisamos achar uma queda d’água! – respondeu diretamente, sem tempo para rebater o sarcasmo do amigo ou explicar a situação.

Com o barulho dos cascos batendo contra o chão da floresta, a equipe de Vollfeit tentava se afastar do grupo de mulheres que, inesperadamente, apresentava-se tão veloz quanto os cavalos. Não bastasse a agilidade descomunal, tinha energia suficiente para soltar gritos – que se assemelhavam a uivos – durante a corrida. O que deveriam fazer naquele instante se resumia em tentar ignorar aquelas vozes repletas de ódio oculto e torcer para achar uma catarata ou cachoeira antes que aquelas mulheres os surpreendessem mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!