Um mal entendido muda toda uma vida. escrita por Maria Bonasera


Capítulo 4
Impacto




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Narrado por Hermione Granger

Desembarcar em Hogwarts sempre me trouxe uma sensação maravilhosa, eu não sei se de saudade, excitação, enfim... Mas agora sabendo que Lílian e James estão aqui junto comigo, desembarcar aqui é algo... perfeito! Mesmo que minha filha esteja tão irritada comigo.

É final de verão e o ar ainda esta um pouco úmido e pesado, mas nada tira a imponência que este enorme castelo transpassa.

Meus filhos foram de barco até o castelo, como manda o costume, mas eu tive que correr e pegar uma carruagem especial.

Draco veio me receber na entrada junto a Minerva, nunca vi um brilho tão maroto nos olhos de minha mestra.

_Granger! – Ela disse me abraçando sorridente.
_Mione! – Draco disse selando meus lábios de leve e utilizando um apelido que só duas pessoas usavam, uma delas não converso ha anos e a outra da última vez que vi não me chamou com esse apelido carinhoso.

Meus olhos de águia permitiram que eu visse Minerva torcendo o nariz pra a atitude do loiro. Acho que nunca contei isso mas Minerva ainda torce para um final feliz entre eu e Harry, e eu já expliquei a ela que contos de fadas só existem em livros. Não existem finais extremamente felizes.
_Vamos os alunos já vão chegar... – ela disse virando e saindo. Me soltei de Draco e corri atrás dela.
_Minerva! – Eu chamei e ela não virou – e o novo professor de DCAT? – Eu perguntei, mas a mulher me ignorou completamente.

Narrado por Harry Potter

_Rony! Eu quero chegar a tempo, ao menos da minha primeira aula de manhã!! - Eu disse para aquela anta ruiva que só reclamava ao invés de trabalhar.
_Harry que culpa eu tenho se esses neo-aprendizes de comensal resolveram atacar tudo de uma vez? – Ele me perguntou igualmente estressado.
_Neo-aprendizes? – Eu repeti rindo. É cada coisa que ele fala.
_Claro, eles se acham a própria reencarnação de Voldemort, se sentem tão maus, mas são tão burros que não sabem lançar meia maldição... as cinzas do tão adorado ‘mestre’ deles devem remexer no quinto dos infernos...- ele riu e eu também – já te contei que adoro nossas missões? - Ele disse.
_Milhares de vezes... – eu respondi sem animo.
_Só não gosto...
_Dos relatórios burocráticos que vem depois! – Eu completei rolando os olhos.
_É isso aí!! – Ele falou sorrindo.
_Rony ... – eu disse sério depois de um tempo – será que eu serei um bom professor? Será que os alunos vão me respeitar? – Isso era algo que vinha me atormentando há dias, eu tinha que desabafar.

_Céus homem! Você é Harry Potter, você dá curso para uma sala cheia de marmanjo que quer ser Auror e os caras faltam só te venerar e montar um fã club “Hei Potter” – ele disse fazendo continência – aquelas crianças vão te adorar... se você mandar elas dançarem Ula-Ula, elas vão dançar e ainda vão treinar para te mostrar no outro dia a evolução... – Ele disse fazendo um movimento com os braços e os quadris que eu imagino ser o Ula-ula. Eu tive que rir, na verdade eu gargalhei. Esse era o bom e velho Ronald Weasley.
_À uma hora dessas a seleção já deve ter começado... - eu disse distraído – não sei porque estou com um frio na barriga. – Rony simplesmente me olhou de lado, se eu não o conhecesse tão bem como eu o conheço, não repararia aquele olhar de “eu sei de algo que você não sabe” que ele me lançou. Preferi não comentar.

Narrado por Hermione Granger

Eles entravam amontoados uns nos outros, muitos com cara de assustados, talvez por causa de Hagrid ou pelo castelo em si, mas a maioria deles estava falante.

Reconheci Lilian de longe, cabeça erguida, olhar firme e sorriso duro, não falava com ninguém. James estava mais a frente falava sem parar com um menino mais baixo que ele, parecia muito assustado, meu filho falava e apontava para o teto, posso até imaginar o que ele estava dizendo “É encantado para parecer com o céu de verdade! Li em Hogwarts uma história” sorri com esse pensamento. Engraçado como me lembrei de alguém.

Os alunos chegaram ao fim do corredor onde já se encontravam Minerva, o banquinho e um velho chapéu.
_Sejam bem vindos, o banquete de abertura iniciará assim que vocês forem escolhidos para suas casas. As casas de nossa escola serão as famílias de vocês durante todo o período escolar, será com seus amigos que vocês assistirão as aulas e dormirão nos dormitórios. Chamarei cada um pelo nome e o chapéu dirá em qual casa devem ficar. – falou Minerva aos alunos – mas primeiro uma palavra de nosso sábio chapéu pensador:

“Astutos,
Guerreiros,
Mentes brilhantes,
De bom coração.

Se um dia,
Foram rivais,
Hoj,e com certeza são irmãos.

Novos corações,
Novas lutas,
Batalhas estão por vir.

E o maior inimigo,
Vocês verão;
É aquele que está dentro de si.”

Sabe aquela sensação de que a carapuça serviu? Pois é me senti assim com essa canção do chapéu. De tão abobada nem reparei que não bati palmas e só fui realmente sair do meu transe quando Minerva começou a chamar os nomes.

Narrado por Lílian Granger

Hogwarts é exatamente como minha mãe descrevera, o jardim parece lindo, mesmo na escuridão da noite, a área externa imensa de perder de vista, o saguão de entrada e o teto encantado. Todos entramos amontoados uns nos outros depois de um terrível passeio pelo lago negro. Odeio barcos.

Assim que chegamos no final do corredor e que Macgonagall nos cumprimentou o chapéu cantou uma bela canção que me atingiu em cheio, o porque eu não sei, e eu não entendo como uma coisa tão pequena, tão velha, e tão... chapéu pode ser dotada de tamanha inteligência e precisão.

Reparei que Hermione também ficou intrigada com a canção, tanto que nem bateu palmas, só fui acordar literalmente quando Minerva chamou meu nome pelo que me parece pela segunda vez.

Ainda constrangida pelo fato de não ter escutado meu nome, caminhei resoluta até o banquinho.

A mulher sorriu para mim, sorriso que eu não retribui por estar muito nervosa, senti o chapéu em minha cabeça, fechei os olhos e em minha mente só um pensamento passava; Sonserina não.

Escutei uma vozinha dentro de minha cabeça, era o chapéu falando comigo.

_Hum!! Vejamos... curioso muito curioso, sim, sim é igual – falava o chapéu e eu pensava Sonserina não! – curioso muito curioso, quase vinte anos se passaram desde que ouvi isso, sim de fato é muito curioso – que diabos era curioso, o que eu tenho a ver com algo que aconteceu há vinte anos? Sonserina não. - Muita garra, determinação, o sim claro, persistência ... Sonserina não? – ele perguntou provocante e eu me assustei Sonserina não pensei com mais clareza.– Sim você está certa, Sonserina formou grandes bruxos, mas não a ajudaria tirar todas as dúvidas que estão aqui ... na sua cabecinha... eu não tenho dúvidas que o melhor para você será GRIFINÓRIA!!!! – Foi com alivio que escutei o chapéu gritar a casa que minha mãe ficou anos atrás, levantei do banquinho correndo e fui para uma mesa onde todos me aplaudiam freneticamente.

Só consegui pensar em uma coisa; que dúvidas eram essas que eu tinha que até o chapéu sabia e eu não?

Narrado por Hermione Granger

Parecia ter passado uma eternidade até que finalmente ouvi Minerva chamar o nome de minha filha, mas foi só na segunda vez que ela se mexeu, já estava até ficando preocupada.

Lílian sentou no banquinho e ali permaneceu por muito tempo, o que tanto aquele chapéu falava com ela? Depois de uma longa espera o chapéu anunciou que minha filha estava na Grifinória.

Tem como uma pessoa sentir um alivio e um aperto no peito tudo ao mesmo tempo?

Observei-a sair saltitante em direção aos seus novos colegas de casa.

Em seguida foi a vez de James, ele aparentava estar bem nervoso, e não precisou de muita história para o chapéu anunciar que ele estava na Corvinal. Vi meu filho levantar e ir em direção à mesa que o aplaudia, reparei que ele não estava tão feliz quanto deveria estar. Afinal ele estava em minha casa. Sorri assim que ele olhou em minha direção. Ele deu de ombros.

O banquete ocorreu tranqüilo e eu não faço ideia de como consegui comer de tanta apreensão, mas quando foi a hora da sobremesa eu não pude aguentar, tive que perguntar a Minerva sobre o novo professor de Defesa Contra Trevas.

_Minerva, e o novo Professor de DCAT? – Eu perguntei com uma voz que soou meio impaciente.
_Acalme-se Hermione, pessoas normais se atrasam! – Ela me disse sorrindo. Será que eu deixei transparecer que estava nervosa? O que será que ela quis dizer com pessoas normais? Será que ela me chamou de anormal? Céus, estou ficando louca.

Recolhi-me na minha insignificância e comecei a comer meu pudim de leite que de repente não me parecia tão apetitoso. Comi de frustração.

Passaram mais vinte minutos e ... Nada! Merlin por que aquilo me incomodava tanto?

Minerva levantou novamente e o salão ficou em profundo silêncio.

_Infelizmente alunos, nosso Professor de DCAT não conseguiu chegar a tempo da cerimônia de abertura... – ela falou com sua natural voz rouca mas mesmo assim sorrindo, não me lembro de ver MacGonagall sorrir tanto como nas ultimas horas – vocês então só vão conhece-lo amanhã quando as aulas começarem – houve murmúrios dos alunos, não era só eu que estava curiosa ara conhecer o novo professor -... Por favor alunos novos sigam seus monitores, vocês estão liberados.

O barulho começou novamente e eu suspirei derrotada. Só conheceria o “Tal” no outro dia. Os professores também levantaram e senti Draco pegar em minha mão, eu apertei e ele sorriu, já estávamos saindo pelas portas de trás da mesa dos professores quando eu ouvi Minerva falar novamente. Me voltei para trás mas Draco tampava minha visão.
_Se tivesse apostado eu perderia... – A bruxa falou em um tom bem mais alto que o normal, meio marotamente, e o salão ficou todo em silencio novamente – atrasado mas chegou....queridos alunos vamos saudar nosso novo Mestre de DCAT... Seja bem vindo Harry Potter.

Senti todo ar faltar em meus pulmões, tudo rodava e minha visão estava desfocada, nem o chão eu sentia mais, meu corpo amoleceu e minhas pernas tremeram, céus eu ouvi Harry Potter? Não pode ser, não é o mesmo Harry, não pode ser. Os murmúrios começaram de novo e a certeza de que era mesmo ele ali em Hogwarts só se solidificava dentro de mim, tentei puxar ar para dentro mas foi em vão. Nada fazia sentido em minha cabeça que trabalhava a mil. Só me lembrei onde estava quando ouvi a voz de desgosto de Draco atrás de mim. Desta vez eu tinha certeza que era ele.

_Hum, o cicatriz voltou... – Falou Draco que mal percebera minha reação. Devia ter ficado feliz com isso afinal me livrei de muitas explicações, entretanto se ele percebesse meu estado eu podia fingir uma dor de barriga e fugir dali o mais rápido possível, de preferência para a Groenlândia – Você não virá cumprimentá-lo também, o Perfeito Poderoso Potter? – Se fossem outras as situações em que Draco falasse isso, eu brincaria com ele e falaria que ele estava com ciúme, mas neste exato momento eu queria sumir dali. Não estava com espírito nem para respirar, o que dirá para fazer brincadeiras.

Draco tentou me puxar para fora, mas eu resisti.

_Vamos Mione, MacGonagall nos chama. – Dane-se MacGonagall, eu tinha que dar um jeito de desaparecer... Como Minerva poderia ter feito isso com comigo? Justo Harry... Mas Draco era mais forte do que eu e me puxou para fora do aposento que me protegia e foi então que eu o vi, milhares de sensações eu experimentei neste momento, era ele, o Harry, em carne, ossos, muitos músculos, sorriso e ... olhos verdes, meus amados olhos verdes.

Ele sorria para MacGonagall que sorria mais ainda, pude perceber o quanto ele estava constrangido com tanta gente olhando para ele e sorrindo.

_Alunos, Professores – disse MacGonagall – Uma salva de palmas para nosso novo Professor. – Foi então que ele reparou em nós, seus novos colegas de trabalho, - um barulho ensurdecedor ecoou por todo salão – Harry olhou para as pessoas ao lado da diretora e o barulho não pareceu incomodá-lo, não nesse momento, em que depois de onze anos, nossos olhares se cruzaram pela primeira vez.

Narrado por Harry Potter

Consegui me livrar dos relatórios antes mesmo do que eu esperava. Larguei Rony na sala arrumando as coisas e saí pelos corredores do Ministério meio desembestado.

Estava quase chegando ao Hall de entrada quando escuto a saudosa voz do Ministro me chamando, pensei em fingir que não o ouvira.

_Senhor Potter por favor não finja que não me escutou! – Eu tive que parar. Respirei calmamente duas vezes antes de me virar.
_Pois não Ministro? – Perguntei educadamente me virando para olha-lo.
_Venha até aqui por favor – dizendo isso ele entrou em uma sala, eu suspirei antes de ir até lá.
_O que foi senhor Ministro? – Fui direto o assunto, é incrível quando você está com pressa tudo acontece para te atrapalhar.
_Você tem certeza que vai mesmo para Hogwarts? – Ele ainda tinha dúvidas disso?
_Sim Ministro! – eu respondi.
_Mas e o seu setor? – Isso de novo?

_Achei que já tínhamos conversado sobre isso Ministro. – Falei com o último pingo de paciência que me restava – o senhor Wesley cuidará de tudo.
_Você confia nele para isso? – OK, esse foi o maior absurdo que eu já ouvi.
_Confio minha vida a Ronald Wesley, o que dirá meu trabalho. – Respondi secamente.
_Eu não tenho dúvidas disso. – ele respondeu sem graça e suas enormes bochechas coraram – o que eu quero dizer é se você conseguirá conciliar seus horários, as missões e a escola.
_Quanto a isso não se preocupe, nossas missões geralmente são noturnas, e se no caso, forem de dia, acredito eu Minerva me libere, se não Lupim poderá coordenar muito bem uma tropa, se o senhor quiser peço a ele que fique no lugar de Ronald. – Peguei no ponto fraco dele, ele morre de medo de Remo, depois disso ele não vai discutir, e eu tenho certeza que todas minha missões serão à noite. Sorri por dentro.
_Confio em você Potter, eu sei que você sabe o que está fazendo... bom vá em paz então. – Ele disse e eu somente acenei com a cabeça, ele estava morrendo por “perder” seu braço direito, saí novamente para o corredor, e desta vez não exitei em correr até o Hall e entrei na primeira lareira que encontrei vazia dizendo; Casa dos Potter .

[...]

_Achei que você não viria mais – Gina me disse assim que apareci na lareira – Madame Rosmerta já veio aqui três vezes perguntar se você iria precisar da lareira dela ainda, porque ela já queria dormir.
_Oh sim eu vou precisar... – disse enquanto sacudia a fuligem de minhas roupas – passei aqui só para um rápido banho e para pegar as malas.

Gina fez algum barulho incompreensível para meus ouvidos no momento.

Não passaram nem 5 minutos e eu já estava de volta na sala com as malas na mãos.

_Céus Harry! Você tem certeza que tomou um banho? - Gina me perguntou com uma cara zombeteira.

Eu fiz língua para ela que retribuiu. Já estava para entrar na lareira quando ela disse:

_Não esta se esquecendo de nada? ...
_Voltei até ela e lhe dei um beijo na bochecha... – acho que ela esperava mais, mas eu realmente não tinha tempo.
_Vou senti sua falta. – Foi tudo que ouvi antes de dizer “Bar Madame Rosmerta”
Eu acho que vão passar séculos e o bar de Rosmerta vai estar da mesma forma, assim que saí de sua lareira ela veio, vestida com um hobby horrendo.

_Boa noite Senhor Potter, achei que você não viria mais.... – Ela me disse.
_Pois é, muita coisa no Ministério. – Eu respondi sem graça por ter feito ela esperar.
_Eu entendo senhor Potter, mas eu acho que você já perdeu a seleção e o banquete ... – Ela disse.
_Eu também acho.... – falei sorrindo – Mas se eu me apressar acho que ainda consigo cumprimentar os alunos.
_Sim querido vá.

Saí de lá e fui o mais rápido possível para o castelo. A visão daquele monumento por um instante fez meu coração parar. Quantas lembranças ele me trazia. Caminhei para dentro dos portões e fui saudado por Hagrid, que já se encaminhava para sua cabana, e quase quebrou meus ossos em um abraço apertado.

_Harry, como você cresceu! - disse o gigante quase me sufocando e com a voz já embargada.
_Sim Hagrid eu cresci, mas você ainda consegue quebrar meus ossos. – eu respondi brincalhão. Ele me soltou.
_Claro! De.. desculpa – disse ele constrangido. Eu sorri. – Você perdeu a cerimônia... – ele disse – mas se correr aposto que ainda pega os alunos...
_Essa era a minha intenção ... – eu disse ainda rindo.
_Esta esperando o que então? – Eu apenas sorri mais e não respondi, se não seria grosseiro, afinal ele quem estava me segurando ali.
_Até mais ... – disse já andando. Ele acenou para mim.

Andei o resto da extensão do jardim até chegar às escadas, entrei pela primeira porta e respirei fundo. Eu estava indo para um mundo totalmente desconhecido, apesar de ser tão familiar. Isso soava tão ... paradoxal.

Já podia ouvir a falação que vinha da salão principal, juro que nesse instante pensei em dar meia volta, volver, e aparecer só amanhã, mas que tipo de covarde eu seria? Medo de crianças! Eu ri comigo mesmo. Coloquei a mão na grande maçaneta de bronze da porta.

Meu sexto sentido insistia em me dizer que minha vida jamais seria a mesma se eu cruzasse aquela porta.

Então eu entrei.

O salão principal era o mesmo de quando eu entrei aqui pela primeira vez...! Perfeito. As quatro mesas dispostas uma ao lado da outra, e as decorações ... incríveis. Sorri por fazer parte disso tudo novamente.

Os alunos falavam alto e já saíam de sus mesas. Ninguém havia reparado a minha presença. Pelo menos era o que eu achava. Até ouvir a voz de Minerva, mais alta por causa de um provável feitiço sonoro, ecoar por todo local chamando minha atenção e parando completamente a agitação dos alunos.


_Se tivesse apostado eu perderia... – eu voltei minha atenção para a mulher que sorria, eu sorri em retribuição – atrasado mas chegou....queridos alunos vamos saudar nosso novo Mestre de DCAT... Seja bem vindo Harry Potter. – Agora todos reparam em mim. Os alunos me olhavam ainda incrédulos e maravilhados, pareciam não acreditar que estavam vendo Harry Potter. Eles cochichavam e sorriam. Vi os filhos dos meus cunhados mais velhos, eles acenaram e eu sorri. Nunca havia me sentido tão constrangido.

_Alunos, Professores – disse MacGonagall – Uma salva de palmas para nosso novo Professor. – Foi aí que eu voltei minha atenção para frente, meus futuros colegas de trabalho já haviam voltado e estavam ao lado da diretora. Quase não reconheci Neville lá de cima. Confesso minha surpresa.

Meus olhos passaram por cada um, sorriam para mim. O salão explodia em palmas, o barulho para qualquer um podia ser ensurdecedor, mas neste exato momento, para mim, eram ruídos distantes ecoando em meu cérebro entorpecido que esquecera de trabalhar. Será ilusão? Ou era realmente ....ela?

Vi que ela estava como eu, petrificada. Posso jurar que correntes elétricas passavam entre a gente.

Senti que poderia cair a qualquer momento e o ar faltar em meus pulmões, não sentia minhas pernas. Mas eu não podia cair, eu não queria cair... Não podia perder um segundo se quer desse momento, em que depois de 11 anos eu cruzei com o olhar de Hermione Granger pela primeira vez.



Narrado por Hermione Granger

Harry olhava para mim fixamente e eu não conseguia cortar essa linha que havia entre nós. Era como se existisse um fio de energia magnética que de alguma forma nos ligava impedindo que eu desviasse o olhar.

Reuni todas as minhas forças e cortei esse magnetismo entre nós. Olhei para Minerva que ainda sorria. Saí dali pisando firme, nem Draco esperei. Subi todas as escadas do castelo e parei em frente à porta com a Fênix, disse a senha e entrei, a raiva que sinto nesse momento pode me levar a cometer loucuras. Nem pensei no que os outros iriam pensar de mim quando saí tão abruptamente. Na verdade danem-se os outros. Tenho contas a acertar com MacGonagall.

Talvez eu devia ter imaginado que o cargo seria ocupado por Harry, mas ao mesmo tempo não esperava por isso. Parte de mim quer matar o primeiro que passar na minha frente nesse momento. E outra parte, que permaneceu muito tempo escondida está pulando de felicidade e sacudindo a poeira que se acumulou por estar tanto tempo guardada. Vocês me entendem?

Esperei mais ou menos uns quinze minutos antes de ouvir passos chegando naquele local. Minerva adentrou a sala e o sorriso que estava em sua face momentos atrás havia se dissipado, sua postura era séria, ela sabia que eu estaria ali.

Ficamos nos olhando por uns instantes, ela não disse nada, ela queria que eu começasse. Então eu comecei.

_Como você teve coragem de fazer isso comigo Minerva? E ainda por cima pelas minhas costas? – Eu disse furiosa. A raiva ganhou a alegria. A mulher não se moveu nem se alterou.
_Nunca escondi de você que queria Harry nessa escola Hermione. – Ela me disse e isso só me deixou mais possessa, ela parecia não se dar conta do que tinha feito.
_Há claro, eu acho que me esqueci de você ter comentado comigo que ele viria para cá esse ano! – eu disse sarcasticamente.
_Só para te lembrar, eu ainda sou a diretora desta escola Senhorita Granger, e quem eu contrato ou deixo de contratar ainda diz respeito a mim, com ou sem seu consentimento. – ela disse.
_Eu não estou querendo interferir no seu trabalho Minerva – Eu gritei – sei quais são suas atribuições e as minhas, mas por que você trouxe Harry para a escola? Por que me fazer passar por isso? Eu só quero saber o por quê?
_Hermione está na hora de encarar seus problemas de frente. – ela disse. E contratei Harry porque acredito em sua competência, não para te provocar.
_Eu acho que eu é quem deveria saber a hora certa de encarar meus problemas. – retruquei. Essa conversa não esta dando em nada.

_Realmente deveria ser você, mas não é o que parece, você vive fugindo. – Ela esta me chamando de covarde?
_É? E você espera que eu faça o que? Conte a ele que ele tem dois filhos de onze anos? – Essa idéia me pareceu tão absurda que ela saiu com dificuldade da minha boca.
_Sinceramente é isso que eu espero que faça, pois não vejo outro meio de você explicar para ele porque essas crianças tem seu sobrenome.
_Eu não vou explicar nada a ele Minerva. – Pela primeira vez ela ergueu as sobrancelhas surpresa –Meus filhos não sabem quem é o pai delas e não vão ficar sabendo.
_Isso é extremamente egoísta Hermione. – Ela gritou. – eles tem o direito de saber.
_Eu sei do que meus filhos precisam, eu os criei – eu gritei e as lágrimas corriam por meus olhos. – A única coisa que eu lamento é que eles não poderão curtir essa escola como eu curti.
_Como assim? – Minerva me perguntou.
_Eu estou partindo essa noite mesmo, e meus filhos vão comigo.
Eu já ia me virando decidida quando Minerva disse:
_Escute bem o que vou te dizer Hermione, se você ousar sair desse castelo, preste bem atenção, ouse, Hermione, sair desse castelo, e eu mesmo conto ao senhor Potter que ele tem dois filhos e faço ele ir atrás de você onde quer que esteja. E ele vai te encontrar. Você sabe disso. – Ela me falou séria e eu não tenho dúvida alguma que ela fará isso, fiquei completamente sem chão.
_Você está me ameaçando Minerva? – Não sei qual é o grau da minha raiva nesse momento.
_Com certeza Hermione. Experimente e verá.
_Você não tem esse direito. – Eu gritei.
_Está em suas mãos, fique e resolva os seus problemas, ou vá e deixa que eu me encarrego disso. – Ela jamais mudará de idéia. - E então?
_Você não podia ter feito isso comigo! – Minha voz saiu tremula e baixa. – Não podia, confiei tanto em você Minerva.
_Não tanto quanto eu confio em você Hermione. – Ela me disse.

Eu não queria escutar mais nada. Sabia que Minerva tinha feito isso para meu bem, mas meu ódio no momento não me deixava raciocinar.

Saí da diretoria batendo a porta atrás de mim, desci as escadas correndo e encontrei Draco no meio do corredor. Quando o vi pulei em seu colo. Precisava de um amigo, precisava de pensar, pensar muito bem o que eu iria inventar, porque a verdade eu não diria. Jamais.

_Hermione o que foi? – Draco me perguntou assustado afagando meus cabelos – aconteceu alguma coisa? – Ele segurou em meu queixo para poder me olhar nos olhos. O que eu poderia dizer?
_Harry... – foi tudo que saiu da minha boca, será que ele entendeu?
_Não te entendo Mione... o que há...?? – então ele parou de falar e eu vi o entendimento passar em seus olhos – as crianças! – Não foi uma pergunta e sim uma afirmação. Fechei os olhos e ele me abraçou – está na hora do cicatriz saber que você tem filhos Hermione, ele vai te entender, e por mais que eu não goste disso, vocês são amigos.
_Harry não pode saber! – Eu falei contra seu pescoço.
_Mione o que você vai dizer então? São seus primos, ou melhor seus irmãos? – Draco não reparou mas me deu uma grande idéia, afinal as crianças eram parecidas comigo, James então nem se fala, só Lílian que será um caso mais complicado. Fiquei tão perdida em meus pensamentos que perdi o fio do que Draco estava falando. – Mione – ele falou mais alto e eu o olhei – Você e o Harry são melhores amigos desde os onze anos por que tanto... – Mas eu não deixei ele continuar, estava na hora dele saber de umas verdades.

Me separei dele e respirei fundo.

_Draco, faz onze anos que eu e Harry não nos falamos... para ser mais exata essa é a primeira vez que nós nos encaramos depois da...depois da guerra. – Vi Draco fechar e abrir a boca diversas vezes antes dele conseguir pronunciar qualquer palavra.

_Mas .... Mione, o.. casamento... Mione... você me ..disse... você foi...!- Draco não conseguiu formular sua frase direito, mas eu entendi muito bem.
_Eu fui Draco mas ele não me viu... – eu disse de olhos baixos tentando inutilmente afastar de minha mente aquelas imagens de Harry casando.- Mas você me deu uma grande ideia e vai me ajudar. – eu disse e sabia que meus olhos estavam brilhando. Isso deixou Draco alarmado.
_Dei? Ajudar? Mione seja mais clara por favor! – Draco me disse.
_Pense Draco, direi a Harry, se ele perguntar que Lilian e James são meus irmãos, afinal não nos vemos faz todo esse tempo mesmo, falo com as crianças, invento uma história e fica tudo certo. – Eu falei e ele estava petrificado.
_Hermione isso é terrivelmente terrível. E olha que de coisas terríveis eu entendo. – ele disse passando as mãos nos cabelos, engraçado como isso me lembrou alguém.
_Draco você tem que me ajudar...
_Eu não vou te ajudar com isso, é muito sério. – Ele me falou sério.
_Você precisa Draco...- eu estava desesperada e iria apelar.
_Hermione me dê apenas um motivo cabível para que eu minta sobre isso, um motivo, caso contrário, eu não vou fazer, nem mesmo por você. – Nada mais justo, mas o que eu poderia dizer...? Não tinha motivos que podiam ser ditos, nem mesmo inventados.
_Por favor Draco....- eu implorei.
_Um motivo...- ele disse resoluto.
_Por favor...
_Sem chances ....- ele negava.
_Draco.... – supliquei.
_Mione por que o Harry não pode saber? – ele me olhou e seus olhos exigiam uma explicação, aquilo estava me deixando louca, as lágrimas pularam de meus olhos e então eu explodi.
_ELE NÃO PODE SABER PORQUE ELE É O PAI DE LILIAN E TIAGO! – Eu gritei para ele e ele ficou chocado – Satisfeito? – Minha voz não foi mais que um sussurro.

Não queria esperar para ver a reação de Draco, saí correndo dali e em menos de 30 segundos senti alguém segurar meu braço me forçando a parar. Sabia que era ele e pude sentir sua respiração pesada trás de mim. Esperei mil perguntas, cobranças e insultos, mas fiquei surpresa quando Draco simplesmente me abraçou apertado. E eu só pude me deixar desabar em seus braços.

Draco me apertava cada vez mais forte contra seu peito, poderia me matar sufocada a qualquer tempo, mas quem disse que eu estava me importando com isso? Eu estava quebrada em pedaços e era ele que de alguma forma tentava segurar e juntar os cacos.

Aos poucos nossas respirações foram voltando a um ritmo quase normal. As mãos quentes dele estavam entre meus emaranhados cabelos e seu queixo repousava em minha cabeça, já meu rosto estava perdido em suas vestes negras.

_Hermione! – Ele disse ainda sem me soltar, fiquei em silencio esperando ele continuar – poucas foram e são as pessoas que conseguem me surpreender nessa vida. – ele segurou meu rosto em suas mãos me forçando a olhar para ele – mas você... – ele fechou os olhos e riu - me surpreende a cada dia que passa – seus olhos brilhavam e focavam profundamente os meus.

Eu tentei, juro que tentei, entender o que isso significava mas tenho que admitir que não obtive sucesso.

_Como assim Draco? – Eu tinha que saber se isso era uma coisa boa ou ruim.
_Você é impressionante! Como você conseguiu suportar isso praticamente sozinha? – Ele me perguntou.
_Hã ... eu ... – eu iria responder que não estava sozinha, mas ele não deixou.
_Você se faz de durona, mas eu sei que você é frágil ... – ele passou as mãos nas maçãs do meu rosto – precisa de cuidados – senti seus dedos em meus lábios – e eu estarei aqui para cuidar de você e te proteger. – Nunca vi o olhar de Draco tão doce como naquele momento.

O que eu poderia fazer diante disso?

_Obrigada! - Agradeci. Eu realmente estou grata a ele, por tudo.
_Não precisa agradecer Mione, quero que você saiba que vou te ajudar com tudo, tudo mesmo, Potter Pateta jamais saberá que teve filhos - não pude deixar de rir do “Potter Pateta”- Eu já não gostava dele, eu não sei o que aconteceu, e particularmente não quero saber, mas ele te abandonou e saber disso, com certeza, não fez com que ele ganhasse tijolinhos na morada do meu coração. A não ser pelo fato de que ele deixou essa família linda para mim...

Por algum acaso eu já falei que o Draco tem um dom para falar besteiras? Pois é, ele tem. Mas agora ele estava me fazendo rir de verdade e isso era bom.

_Obrigada mesmo Draco. – Eu disse o abraçando.
_Não há de que madame. – Ele disse fazendo uma reverencia tremendamente exagerada.

Nós começamos a caminhar em direção aos dormitórios, estava realmente tarde.

Ele me deixou na porta de Minha sala. Mas eu não fiquei ali, me dirigi até a Grifinória, não podia deixar para amanhã a conversa com as crianças.

Foi um pouco antes de chegar ao corredor de minha antiga casa que eu “O” ouvi conversando com Minerva. Sua voz ainda me dava calafrios involuntariamente.

“Eu entrego essa casa a você Harry, confio ela plenamente a você, todos esses anos eu fui diretora de Grifinória. – Ela disse.
“Não se preocupe Minerva, Grifinória ficará bem em minhas mãos” – Ele respondeu.
“Eu espero Harry... – E sua voz foi sumindo.

Então eu não ouvi mais nada.

Meu coração dava saltos e eu tive que encostar nas paredes frias do corredor para conseguir fazer com que meus sentidos voltassem, se não ao normal, pelo menos a um jeito “aguentável”. Sabia que estava suando, e minhas pernas pareciam não suportar o peso do meu corpo. Elas estavam tremendo. Me senti como se ainda tivesse 17 anos e estava no meio da noite indo me encontrar com Harry. Os sintomas eram os mesmos, somente as circunstâncias que não.

Quando eu tive certeza que já poderia andar, o que levou um tempo considerável, e que eles não estavam mais a vista eu fui até lá, minha cabeça estava mais a mil do que nunca afinal meus encontros com Harry seriam freqüentes do que eu pudera imaginar, Minerva abriu mão de Grifinória para ele, então agora ele também era diretor de uma casa. Céus Minerva queria me enlouquecer.

_Vai ficar parada aí a noite toda? - disse a Mulher Gorda com sua voz estridente.

Olhei para ela com cara feia e disse a senha, por um segundo achei que ela não iria liberar minha entrada, mas ela liberou, com muita má vontade, mas liberou.

O salão comunal não mudara muito desde de minha saída, as poltronas, as mesas e a enorme lareira me soavam tão familiares, por incrível que pareça eu não me sentia tão em casa assim desde muito tempo.

Por sorte o local estava praticamente vazio, exceto por uma figura que olhava distraidamente pela janela, seus cabelos longos e negros dançavam com o vento que entrava por ela. Se isso não me fosse tão oportuno seria obrigada a lhe chamar atenção por estar fora da cama tão tarde sendo que no outro dia teria aula. Merlin sabe o quanto me controlei para não dar uma de chata. Vocês sabem velhos hábitos são difíceis de mudar.

_O que deseja? – Ela perguntou antes mesmo de eu falar seu nome.
_Nossa! – Falei espantada.
_Vi seu reflexo pelo vidro. – Ela falou se defendendo. Deu de ombros.
_Preciso falar com você uma coisa muito delicada... – eu vacilei no final.

Ela somente confirmou com a cabeça.

_Minha filha... – eu me aproximei – eu... eu vou precisar de um favor seu e de seu irmão... é só por um tempo... até tudo ficar certo...

_Mãe, daria para você ir direto ao ponto? – Por um segundo eu me esqueci do porque tinha ido lá, ela tinha me chamado de mãe e isso foi tão ... demais! Eu sorri. Ela percebeu o que tinha feito e se virou. Eu voltei a realidade.
_É sobre isso que eu queria falar... sobre ser mãe...
_Eu não estou entendendo... – de repente ela se virou séria e assustada – HERMIONE! Eu não prendendo ser mãe tão cedo. – Eu tive que rir.
_Não é sobre isso que eu quero falar –pude ver o alivio passar por seus olhos - é que... só... eu... por enquanto eu gostaria que você fingisse que não fosse minha filha... e
_O que? – Ela me perguntou, e eu quase desisti da ideia, ela achava isso um absurdo, eu sabia, mas agora iria em frente, de qualquer maneira. – Eu me chamo Lílian Granger lembra?
_Sim eu lembro, e eu me chamo Hermione Granger lembra? – Fiz o mesmo gesto com a mão que ela fez – você se passaria por minha irmã, assim como James... é só por enquanto...
_Pra que isso? – Ela quis saber.
_É... – eu não tinha o que falar. – É só por enquanto até as coisas se acertarem... por favor.
_Ótimo! – Ela disse indiferente – Se você tinha vergonha de ser mãe, você poderia ao menos ter contado para a gente, mas vai ser bom pelo menos como sua irmã eu não te devo tanta obrigação.

As palavras de Lílian me derrubaram como se eu tivesse levado vários socos. Minha filha estava subindo as escadas quando eu falei.

_Eu ainda sou sua professora! – Não dava tempo para arrependimentos.

Ela deu de ombros como resposta.

Saí do salão comunal de Grifinória e fui para o de Corvinal. James não estava por lá e eu tive que procura-lo no dormitório, cheguei bem a tempo, antes de ele contar para os colegas que é meu filho.

_Mãe!- ele disse quando desceu e chegou perto de mim – o que há? Eu estava me apresentando. – ele falou meio indignado.
_Filho, eu vou ter que te pedir um favor...
_Pode mandar...
_Você não pode contar a ninguém que é meu filho...
_Há é isso.... O QUE? – Eu achei que as coisas com James seriam mais fáceis, mas ele ficou tão chocado quanto Lílian.
_Meu filho, é uma história um pouco complicada que eu prometo que vou esclarecer logo, mas eu preciso que você e sua irmã finjam que são meus irmãos e não meus filhos...
_E Lílian concordou com isso? – Ele quis saber.
_Ela concordaria com qualquer coisa que a mantivesse afastada de mim. – Eu falei e as lágrimas brotaram em meus olhos. Meu filho me abraçou.
_Olha mãe, isso é a coisa mais absurda que eu já ouvi, mas se e o que a senhora quer, eu aceito, e ... bom fingir que vovô e vovó são meus pais será uma coisa muito fácil, já que é como se eles fossem mesmo e também eu sou a cara de vovó. – Se o rosto de James não dissesse outra coisa eu poderia dizer que ele está empolgado com essa ideia.
_Obrigada meu filho! – Eu o abracei.
_De nada ... irmã. – Ele falou rindo.

Fui dormir essa noite com a sensação de que tudo estava no seu lugar. Mas eu não tinha, até então, ideia do monte de neve que eu estava juntando e é claro não sabia quais proporções tomariam a avalanche que estava por vir.

Narrado por Harry Potter

Os dias que se seguiram desde o inicio das aulas foram os mais esquisitos possíveis. Eu não fazia ideia de como dar aula era trabalhoso, dementadores, comensais, são amadores perto destas criaturas chamadas adolescentes, principalmente quando essas figurinhas carregam o sobrenome Weasley. Eu não era terrível assim quando era mais novo, pelo menos não tanto assim. A diferença entre eles é que as criaturas do lado negro te odeiam e as crianças te veneram, então como brigar com estes seres que quase choram quando você pronuncia seu nome? Tecnicamente é impossível.

Ah claro esqueci de comentar o fato de que Hermione circula pelos mesmos corredores que eu e até hoje eu não consegui encontrá-la. Na hora do almoço ela não aparece e a sala dela fica na ala mais longe possível da minha. Coincidência? Vai saber. A única coisa que sei é que depois que nos olhamos naquele salão ela saiu em disparada, e com ninguém mais ninguém menos que Draco Malfoy em seu alcance. O que ele faz aqui? Eu sei que ele é professor mas ele é o ... Malfoy, bonzinho, loiro e correndo atrás de Hermione. Isso definitivamente não é bom.

Vê-la novamente fez um monstro ha muito adormecido, despertar dentro de meu peito o qual eu não sei se posso controlar, isso me deixa mais frustrado ainda. Passei as mãos por meus cabelos e soltei todo ar dos pulmões. De tudo que já sabia com tudo que aprendi, a cada dia que passa só sei que nada sei. Será que ela ainda pensa em mim? Harry, Harry, você é um cara casado. Suspirei. Só queria poder olhar nos olhos dela por um instante, sei que ela ainda conseguiria lê-los.

Já é sexta –feira e essas são minhas duas últimas aulas. Primeiro ano Grifinória e Corvinal. Eram as duas únicas turmas as quais eu ainda não conhecia. Nem mesmo a da Grifinória já que Minerva ainda queria desfrutar seus últimos momentos como Diretora da casa usando como desculpa o fato de eu estar me adaptando a esta nova rotina. Confesso que está ajudando bastante.

Apesar de estar adorando essa nova profissão, neste momento eu queria estar só, remoendo minhas lembranças, claro aquelas em que ela estava, e tentando colocar meus pensamento em ordem, e eu que tinha certeza que saberia o que fazer quando este momento acontecesse. Vã ilusão. Sorri. Os olhos, fechados.

Ainda faltam vinte minutos para os alunos chegarem. Deixei minhas costas cair no encosto cadeira e apertei as têmporas em movimentos circulares. Puxei todo ar que pude para dentro dos pulmões e soltei de uma vez só. Abri meus olhos e para minha surpresa uma pequena figura me encarava com seus olhos absurdamente verdes e profundos. Fiquei parado, não sei se de susto ou de qualquer outra coisa. Ela percebeu.


_Algum problema Professor Potter? – Ela me perguntou. Professor Potter? Eu tive que rir.
_Não há nenhum problema, só um pouco surpreso, ainda é cedo, e por favor me chame de Harry. – Eu disse sorrindo. Ela corou.

_Tudo bem Harry. Bom eu terminei umas tarefas mais cedo e o professor Malfoy me liberou. Não achei que fosse incomodar. - Me olhou com tom de desculpas. O nariz dela franziu quando mencionou o professor de poções. Nem preciso dizer que simpatizei com esta criança.

_Você não me incomoda de jeito nenhum. – disse a ela que sorriu de alivio.

_Mesmo assim me desculpa, mas na verdade é que estava ansiosa por sua aula. – Nada como um dizer desse para levantar seu ego.

_Bom, então porque não conversamos enquanto os outros não chegam? – ela apenas confirmou com a cabeça – Qual o seu nome e a sua casa?

_Me chamo Lilian e sou da Grifinória. – Meu estomago colou nas costas. Meus olhos queriam ficar úmidos mas eu me controlei. Foquei seus olhos verdes e deixei a imagem de minha mãe tomar conta de minha cabeça. Lilian. Lilian Evans Potter. Olhos verdes...

_Professor? – Ela chamou me tirando do transe – O senhor está bem? - Seus olhos estavam preocupados. Como será que estava a minha cara?

_Eu... ham... eu estou ótimo é só que seus olhos me lembraram alguém... alguém que eu não tive o prazer de conhecer.

_Sua mãe! – A menina disse rapidamente e isso não foi uma pergunta. Eu juro que fiquei espantado. Eu sei que todos sabem da história de minha vida, mas ainda assim é assustador. Ela percebeu tensão e completou – Desculpe ser tão direta e indiscreta, mas é que eu cresci ouvindo suas histórias pela boca de minha av... mãe, ela disse que nossos nomes eram em homenagem aos seus pais, já que você tinha derrotado o Lord das Trevas ao lado de seu amigo Rony e de minha irmã Hermione, na verdade eu nem acredito que Hermione estava com vocês já que ela nunca fala de você, e quando a gente pergunta ela fala que isso foi coisa do passado que era para nós deixarmos para lá e não nos intrometermos nisso,e minha mãe diz que vocês eram tão amigos. É quase inacreditável, só não sou totalmente descrente porque vi os jornais que ela guardou da época e ela aparece na foto. Me lembro até da manchete; “Trio maravilha, o mundo deve muito a eles”. Ah jamais conte isso a ela, eu sei que ela guardava cada matéria que era sobre você até o ano em que ela entrou em Hogwarts, depois disso ela se fazia de indiferente. – Ela falou tudo isso sem respirar. E um olhar maroto apareceu na última frase.

Eu ainda estava tentando colocar as coisas em ordem na minha cabeça. Nossos nomes, Hermione... irmã, ...Merlin. Ela ficou me olhando esperando uma reação minha.

_Hermione, irmã...?...- Foi o que eu consegui dizer.

_Sim! Hermione Granger. Ela é minha irmã, meu nome é Lilian Granger, e o do meu irmão é James.

_Uau... eu não sabia que Hermione tinha irmãos. – Falei meio abobalhado, passando as mãos pelo cabelo.

_É, nós nascemos depois que a guerra tinha acabado e como Hermione só pensava em estudar e trabalhar acho que ela esqueceu dos amigos. – Ela me olhava como se estivesse se desculpando. Há se ela soubesse do verdadeiro motivo da irmã ter se afastado dos amigos. Isso fez meu estômago revirar. A conversa não tinha tomado um rumo muito seguro.

_Todos nós nos distanciamos um pouco depois da guerra, admito que também fui culpado por isso...-falei tentando de algum modo diminuir o ressentimento dela por Mione, e a minha culpa interna, mas acho que não obtive sucesso algum. Em ambas as coisas, devo acrescentar.

Quando ela ia responder as portas da sala se abriram e uma multidão de alunos falantes entraram na sala. Reprimi um suspiro de alívio. Ela nada mais disse.

Fiquei de pé vendo os alunos entrarem e sentarem, a animação era visível em cada rosto, isso se repetiu a semana inteira, não pude esconder o sorriso.

Um aluno me chamou mais atenção que os outros, ele caminhava até Lilian, seu uniforme era azul, ele era da Corvinal, percebi que era o irmão que ela havia se referido, e se ela não tivesse me contado que eles eram irmãos eu juraria que ele era filho de Hermione. Era a mesma cara.

_Sabia que você já estaria aqui. – disse ele a ela – você sempre foi louca para conhecer Harry Potter. – Ele riu. A menina nem o olhou. Continuei observando a turma que entrava e se acomodava.

_Ele foi o melhor amigo de Hermione. – Ela disse como se isso fosse uma justificativa.

_Se fossem tão bons amigos ele frequentaria nossa casa e nós poderíamos chamá-lo de ...Ai. – Ele gritou. Chamar de ai?? Não entendi o que ele quis dizer e me virei na direção deles.

James massageava o braço e agora Lilian olhava muito feio para ele. Aposto que ele levou um beliscão.

_Não fale besteira James. – O olhar que ela lançou para ele foi muito mais significativo que um apelido qualquer que eles poderiam me chamar, ele entendeu, eu não. - Você não sabe o que aconteceu, nunca passou por uma guerra e agora está fissurado em Draco Malfoy. E sim, estava ansiosa para a aula dele, a regra era não falar de Harry Potter, mas eu nunca segui as regras não é mesmo?

Eu queria poder ficar ali ouvindo os dois, descobrindo a vida de Hermione pela visão daquelas duas crianças, mas eu tinha que dar aula.

_Bem vindos alunos. Eu saldei antes que James pudesse responder e eu ficasse envolvido por sua resposta. Eles pararam de conversar e passaram a prestar atenção em mim, e ficaram assim a aula inteira, Lilian me olhava com os olhos doces, cheios de um brilho indecifrável, seremos grandes amigos eu posso sentir, quanto ao garoto, ele seguiria a regra de não falar sobre o passado, e conseqüentemente de Harry Potter.


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