"-Acho que podemos trabalhar juntos.-Esticou a mão-Malcolm Graves."

Foram dias muito difíceis, os que sucederam aquele.
Todos na cidade se encontravam furiosos com a dupla, especialmente com Twisted Fate.
Graves teve a ideia de invadirem uma casa para passar a noite, a casa de um senhor conhecido de Malcolm apenas de vista. Fate respondeu um "poder ser", pois estava muito cansado para algo mais produtivo.
Eles quebraram uma janela, "amarraram" o senhor, pegaram os trocados e umas coisas que encontraram e se acomodaram a noite toda, sabendo que deveriam viajar para outro lugar no dia seguinte.

***

Twisted acordou Graves as pressas:
–Levanta cara, anda logo!
–Mas o que foi?
–Isso que foi!-Abriu um pouco a cortina mostrando as dezenas de pessoas que estavam procurando-os pelas ruas.
–Mas o quê?-Se espantou.
Ambos planejaram sair da casa fantasiados com as roupas do idoso. Fingiriam ser uns estrangeiros amigos do senhor e levariam em mochilas suas roupas e o dinheiro.
–Tira esse chapéu Twisted Fate, eles vão reconhecer.-Avisou se aproximando dele, provavelmente para retirar o objeto da cabeça do outro.
–Calma ai parceiro!-Se afastou-Ninguém toca no chapéu.
Graves ficou com cara de confuso, mas não questionou.
–Você que sabe mas, se eles descobrirem eu te deixo para trás.
Fate confirmou, sorrindo.
Eles passaram pela multidão com um pouco de facilidade, pois Fate trouxe consigo um sotaque incrivelmente forte que, se Graves não estivesse com ele todo o tempo, teria se confundido também.
–De onde você tirou esse sotaque?
–*Tengo un acento muy fuerte, ¿no? (Tenho um sotaque muito forte, não?)-Sorriu Fate.
–Não sabia que você descendia de espanhóis.
–Sou cigano, sei um pouco de tudo.-Sorriu.

***

Por sorte, Twisted Fate conhecia uma cidade próxima o suficiente para ambos não morrerem de sede e fome até chegarem, porém, longe o suficiente para que eles não fossem conhecidos lá.
Assim que chegaram gastaram o dinheiro com uma boa refeição e duas garrafas de água, metade de cada para um e metade de cada para outro, pois uma garrafa era maior que a outra.
Depois precisaram encontrar um lugar para trabalhar.
–Sabe onde podemos ficar? Um cassino?-Questionou Graves-Já esteve aqui?
–Hum... Creio que ao norte.-Afirmou Fate-Mas nunca estive perto daqui.
Duvidosamente foram pelo norte. E depois de muito andar, avistaram um cassino pequeno e velho cheio de papéis amarelos (mutas) nas paredes com uma placa escrito: "Precisa-se de Funcioná ios", a letra "R", havia caído.
–Como você sabia?-Surpreendeu-se Malcolm.
–A sorte sempre me sorri.-Correu até o cassino e visualizou cada muta, depois guardou uma no bolso.
Após uma hora esperando, o dono do cassino apareceu. Eles entraram no cassino, pedindo emprego, lá dentro havia uma mesa de jogos, uma porta dos fundos e um banheiro. Era um lugar sujo e fedido.
–Vamos trabalhar aqui.-Afirmou Fate ao dono-Podemos ganhar muito dinheiro, em troca você nos deixa dormir aqui e dá uma parcela do ouro.
–Hum... Quinze por cento.
–O quê?-Gritou Graves, já estavam negociando há meia hora, e Twisted não tocara no assunto do salário-Não trabalho por quinze por cento, se você quiser Fate, você fica.-Levantou-se.
–Ah, Graves, senta ai.-Estava de cabeça baixa, olhou para ele.-É a coisa mais lógica do mundo que ele não vai pagar só quinze por cento.
O dono do estabelecimento olhou confuso.
–Já faz um ano que ele precisa de funcionários,-Prosseguiu Fate, exibindo a muta que pegara antes e colocando-a sobre a mesa-ele tem um mês para pagar pelo menos vinte das cem mutas que recebeu, se não o terreno volta para o governo, e as mutas não vão para o espaço após isso. Somos a única e a última forma de ele obter dinheiro, por outro lado, nós somos rapazes inteligentes e jovens... Bom, pelo menos eu... E podemos obter outra fonte de teto e salário. Acho que ele faz por vinte por cento.
–Vinte e cinco,-Corrigiu Graves-para cada um de nós.
O dono assentiu, assustado.

***

Eles receberam o prazo de quatro dias para o cassino começar a funcionar. Fate ficou responsável por pintar, limpar e arrumar o cassino para receber visita humana.
Graves arrumou um serviço na faxina de uma lanchonete e por isso trazia marmitas de almoço e janta para Twisted. Arranjaram um dinheiro com o emprego de Graves para reforçar a placa do cassino: "Cassino da Sorte".
Roubaram umas vassouras, tintas, entre outras coisas, mas conseguiram colocar o lugar para funcionar. No quartinho havia apenas um colchão e um cobertor, mas às vezes, eles sabiam dividir.
No banheiro existia um vaso velho e uma banheira que lhe foram bem prestativos.

***

Assim, a dupla trapaceira, Twisted Fate e Malcolm Graves, ganhava muito dinheiro. Em menos de três meses não havia mutas em nome do cassino. E já faziam seis meses que a dupla estava junto. Fate jogava e fingia ser apenas mais um cliente, enquanto o crupiê Graves trapaceava astutamente para o lado de seu parceiro.
Acontece que um dia, o dono do cassino, em uma das visitas semanais, pediu para que Graves fosse até um lado da cidade entregar algo ao correio.
–Hey Fate, não abre o cassino até que eu volte.-Avisou Graves.
–Relaxa.-Pediu Twisted-Eu sou um cliente como qualquer outro.-E piscou.
Infelizmente, o próprio dono do cassino se fez de crupiê e abriu o estabelecimento. Quatro homens que se vestiam iguais entraram no estabelecimento. Fate reconheceu na hora, eram magos, pessoas que tem acesso a magia.
Já havia conversado com Graves sobre magia uma vez, fazia umas semanas já. Malcolm rira da cara dele e dissera que era besteira. Mas para Fate, besteira era não querer magia.
Os magos sentaram e jogaram. Fate trapaceou como sempre fez, mas os homens perceberam a trapaça, usando um método bastante normal para feiticeiros, e resolveram se vingar.
Uma esfera de fogo foi lançada no dono do cassino, fazendo ele cair no chão e correr até o banheiro assustado. O fogo era artificial, só para ele temer.
Eles andaram em direção a Fate que pediu enquanto tentava se afastar.
–Calma ai parceiro.-E complementou correndo até o outro lado da rua-É hora de ir.

***

Graves não demorou muito. Largou o que quer que fosse aquele negócio em um correio velho que encontrou próximo dali e voltou. Um segundo perdido era equivalente há muito dinheiro. No caminho ao cassino ouviu de um beco um grito de dor e reconheceu a voz.
Não demorou muito para que ele chegasse até o beco e confirmasse a suspeita. Quatro magos incompetentes batiam em um sujeito conhecido, que só fazia questão de proteger o chapéu.
O tal do sujeito levou um soco na bochecha e cuspiu um pouco de sangue, foi quando visualizou Graves, o chapéu dele, caiu no chão.
Graves empurrou o mago que acabara de bater em Twisted no chão, retirou uma pistola que até então, ninguém sabia que ele possuía e disparou três vezes, três magos mortos, enquanto gritava:
–Por que você não me esperou?! Eu falei para esperar!- E mais um disparo.
Fate se assustou com o último disparo, mas foi no outro mago, não nele.
Nada foi respondido, só complementado:
–Vão vir mais.-Comunicou Fate, com a voz estranha e cabisbaixo, cambaleando um pouco-Eu acho.-Se abaixou para recolher o chapéu e quase caiu.
–Era para você ter esperado seu babaca!-Graves estava alterado.
Uns minutos passaram com eles se olhando, Graves furioso esperando respostas.
–De onde você tirou essa arma?-Estava recuperando a postura.
–Na casa daquele velho. Ele tinha umas pistolas, eu guardei essa porque eu tinha umas munições. Sabia que daria problema, uma hora ou outra.-Aumentou o tom de voz-Agora me responde Fate, por que você não esperou? Sabia que você podia estar morto uma hora dessas?! E se eu tivesse entregado aquele pacote, igual o cara mandou? E se você tivesse morrido?!
–Por que... Por que você se preocupa tanto?-Perguntou de cabeça baixa mas indo até ele-Tanto faz para você, se eu estou aqui, ou não.
–Você é meu amigo, não quero que você morra.-Avisou Graves-Vamos dar um jeito nesses caras.
Twisted Fate quis dar um abraço e agradecer, mas não ia perder a postura.