Pov Marlene

Sentada num banco no Central Park, vejo crianças correndo e dando gargalhadas melodiosas enquanto vão para o colo dos seus pais, que também sorriem, provavelmente admirando a alegria de seus filhos, nem percebo e lágrimas quentes já transbordam como cascatas do meu rosto, seco-as rapidamente enquanto me levanto do banco para ir para minha casa, se é que eu posso chamar aquilo de casa, não, não pensem que estou reclamando da ¨minha¨ casa por ela ser feia ou pequena, ao contrário, moro numa mansão, sim, numa mansão, e você deve está se perguntando por que alguém que mora numa pensão está reclamando da vida. Bom, meu nome é Marlene Jones, mas gosto que me chamem de Lene, mesmo que eu não tenha amigos, pelo menos eu me chamo assim. Ok, continuando, tenho 17 anos, meu pais morreram quando eu tinha 8 meses de nascida, então eu não os conheci, só tenho uma velha foto deles comigo, só isso que sei deles, certamente eu iria para um orfanato pois meu avós, tanto no lado paterno ou materno, já tinha falecido, mas eu tinha uma tia, tia Dominique Adams, que aceitou me criar , minha única parente viva nesse mundo. Você deve estar pensando ¨que coisa boa, ela não precisou ir pra um orfanato¨. Mil vezes em um orfanato do que com essa mulher, mas eu era um bebe na época então obviamente não tive escolha. Enfim, Dominique, (ela me proibiu de a chamar de tia sem ser na frentes das pessoas pra se passar de boa samaritana ) , ela me odeia, quando eu era criança viva chorando, não entendia por que ela me batia frenquentemente pois dizia que não tinha paciência para aturar criança, não entendia o por que dela me proibir de arranjar amigos, fiquei mas confusa ainda quando completei 12 anos e ela começou a me obrigar a realizar todas as tarefas domésticas, sempre depois que chegava da escola, tomava um banho rápido e já ia começar a limpar cada cômodo dessa maldita mansão de dois andares. Passaram-se 6 anos e eu continuo sendo sua empregada particular, claro que tem outros, que fazem minhas tarefas enquanto estou na escola. Meus pais eram simples, minha mãe já foi uma grande bailarina de balé, mas se tornou professora para ter uma vida mais calma ao lado do meu pai, que era um advogado, eles não tinha luxúria em sua vida mas nunca faltou nada pra eles, sei disso por que roubei umas pastas uma vez de Dominique, claro que isso me custou uma bela surra, mas fiquei feliz em saber mais dos meus pais. Enfim, mesmo sendo humildes, meu pai tinha criado pra mim uma fundo de garantia, tipo uma poupança, pra usar pra pagar a faculdade, mas eu só poderia pegar esse dinheiro quando completasse 18 anos, como sendo minha guardiã legal, teve acesso a esse dinheiro e antes de eu completar 1 ano de idade ela já o gastou comprando, ironicamente essa luxuosa mansão ridícula dessa que parece mais a casa da Barbie de tanto detalhe rosa que tem, então estou procurando um emprego que me pague bem para quando completar 18 anos fugir dessa casa e poder pagar nem que seja uma casa pequena ou um mínimo apartamento com um aluguel acessível, já desisti de fazer faculdade, nunca terei dinheiro.

Mas essa semana apareceu um convite inesperado, a Black Enterprise está com um programa de estágio no meu colégio, recrutando a melhor aluna pra ser a nova secretária. Achei meio injusto com alguns garotos pois alguns são uns gênios, mas não posso me dar ao luxo de me preocupar agora, não quando sou uma das finalista para a vaga, sim, tiro notas excelentes, como não tenho nenhum amigo(a) nessa droga de vida, passo bastante tempo estudando, e claro, sendo escravizada pela minha querida tia :( . Amanhã será a entrevista com o presidente, confesso que estou nervosa, mas preciso estar confiante, esse emprego é a minha chance de ser livre.