Escudo do Tempo escrita por Poly


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, espero que gostem desse capítulo!



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Sophie mal conseguia acreditar que finalmente estava livre. Naquele momento ela não se importava com o fato de estar sozinha no mundo, que sua história pesava em seus ombros ou que não fazia nem ideia do lugar que estava.

Enquanto aqueles dois estranhos que a libertavam conversavam em sussurros, ela tirou o seu colar, que tinha uma chave como pingente, e o deixou em um canto da cela. Ela sabia que o seu homem bom, com seu braço de metal e semblante malvado, que havia a ajudado a sobreviver, encontraria aquela chave e saberia que ela estava finalmente livre. Ela não sabia se ele possuía um trabalho muito importante ou alguma amada em outro lugar, já que quase nunca aparecia na base, mas sabia muito bem que aquele homem se importava com ela. Ela sabia que havia uma alma boa perdida naquele mar de maldade.

Despertando de suas lembranças, Steve vendou os seus olhos, com um pedido de desculpas. Ele não estava raptando-a, como já haviam feito, apenas protegendo seus olhos da claridade que não via a anos. Depois de pedir permissão, a pegou no colo, receoso que a garota caísse depois dos primeiros passos, já que a mesma se resumia em pele e osso.

–Que fique bem claro que dessa vez você não pode contar comigo. -Disse Natasha, mesmo sabendo que em alguma hora sobraria alguma bagunça para limpar, e ela sabia que no fim das contas teria que ajudar seu amigo.- Já me basta ser babá dos nossos novatos, não estou precisando cuidar de mais alguém.

–Eu sei disso. Cuido dela, mas apenas não conte isso para ninguém. Mas preciso de roupas, não saberia comprar roupas de moças.- Steve falava enquanto colocava a garota no banco de trás do carro de sua amiga.

–Steve Rogers! Nunca havia passado por minha cabeça que você gostasse de usar roupas femininas!- A ruiva, com um sorriso irônico estampado no rosto, não perdeu a oportunidade de provocar seu amigo.

–Ah, eu não... Eu não quis dizer isso.

–Eu sei disso, Steve.- Natasha disse ao suspirar.- Mas tudo bem, posso arranjar algumas coisas para ela.

–Nada que seja dessa década de preferência. Mulheres da minha época não gostariam de usar essas roupas modernas.

–Primeiro: Não abusa. E segundo: Não acredito que isso tudo seja verdade, Steve. Você sabe como conseguem mexer com a cabeça das pessoas e sabe muito bem que ela pode ser perigosa.- Disse Natasha, sem se importar se a garota estava realmente ouvindo.- Acho que é loucura você abriga-la na sua casa.

–Confia em mim. Sei que dessa vez nada vai dar errado.

–Sua ingenuidade nunca vai parar de me surpreender. Mas tudo bem, faça o que quiser, apenas faça os meus relatórios por um mês, e eu terei uma amnesia sobre o que aconteceu nessa missão.

–Duas semanas ou nada feito.

–Rogers, eu preciso de tempo para encontrar Bruce, sabe como Fury colocou essa busca no topo das minhas responsabilidades.- Apelou Natasha enquanto dirigia em alta velocidade.

–Fury colocou? Depois do flerte que eu vi naquela festa, acho que você é quem colocou Bruce no topo da sua vida.

Natasha apenas lançou um olhar mortal ao herói e calou-se durante todo o percurso restante. Ela sabia que encontrar Bruce era sua prioridade, mas nunca admitiria isso em voz alta. Era certo que nem em um milhão de anos ela conseguiria resistir à Bruce, talvez devido sua bondade, sua inteligência ou seu jeito tímido, mas sua opinião sobre amor ainda não havia mudado, era apenas uma brincadeira de criança, um ponto frágil em uma mulher tão independente como ela. Então não, ninguém precisava saber quem estava no topo da sua lista, talvez até ela deveria fingir não saber.

–Pode virar na próxima direita, e depois de duas quadras entre na esquerda.- Steve começou a orientar sua amiga sobre o caminho do seu novo apartamento minúsculo no Brooklyn.

–E depois de mais quatro quadras, esquerda novamente.- Disse a ruiva, aliviada por ter Bruce afastado de sua mente.- Eu sei onde fica seu novo apartamento.

–Tem certeza? Eu me mudei semana passada.

–Eu sei de tudo, meu caro Rogers. Nunca se esqueça disso.

Pouquíssimos minutos depois o carro parou em frente ao prédio velho que Steve havia acabado de se mudar. O herói pegou no colo a jovem, que permaneceu calada durante toda a viagem, e depois de ouvir Natasha prometer que realmente traria as roupas e que ficaria muda sobre o ocorrido, despediu-se da mesma.

Steve mostrou cada canto do seu minúsculo apartamento para Sophie, que ficou especialmente animada com a ideia da água quente que deveria sair do chuveiro.

–Então, acho que essas roupas vão ficar grandes, mas por enquanto é isso, mas logo terei algo mais apresentável para te dar.

–Não se incomode com isso, já está ótimo. É muito mais do que tive durante anos.- Disse Sophie com seu sotaque francês, aceitando alegremente as roupas que seu herói entregou. Ela mal se continha de animação com a possível água quente que a esperava.- Mas antes, me desculpe não ter perguntado, posso saber o seu nome, soldado?

–Steve Rogers, senhorita Chevalier.

O herói de uniforme antiquado se retirou do comodo após um leve sorriso, mas parou por alguns segundos perto da porta, conseguindo ouvir a risada da francesinha após ligar o chuveiro. Enquanto Sophie ria ao sentir as gotas que quentes aquecerem sua pele e tirarem a sujeira e o sofrimento de anos de seus ombros, Steve se agilizou para deixar tudo em ordem. O grande herói parecia uma criança hiperativa tentando fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Dobrava, pela sétima vez, os cobertores que havia separado para Sophie, conferia a sopa que estava fervendo na cozinha, e fazia o primeiro de muitos relatórios de missão que havia prometido à Natasha.

–Que cheiro maravilhoso, senhor Rogers!- Sophie se atraiu pelo aroma da sopa que borbulhava na panela, distraindo o capitão do seu relatório.

O capitão desviou os seus olhos cansados de alguns documentos para encontrar a beleza esplêndida de Sophie. Seu olhar irradiava tranquilidade e seu leve sorriso fez o coração do grande herói falhar. Sua beleza era estonteante. Seu corpo magro demais, provavelmente devido ao estado de inanição, e seus cabelos completamente tortos, recém cortados por ela mesma, eram ofuscados pela tranquilidade que ela emanava. Não parecia que aquela mulher, que aparentava ser apenas uma garota, havia passado anos aprisionada. O mundo inteiro da francesa sempre insistia em desabar, mas ela nunca deixava seu sorriso se apagar. Aquele banho quente e o cheiro de uma boa comida eram como a sensação de respirar normalmente depois de se afogar. Ela estava viva e bem, e nada mais importava no mundo. Passado era passado. E Steve aprendeu isso naquele momento, seu passado formou sua ética e seus costumes, mas apenas o seu presente importava. E seu presente se resumia em cuidar e proteger da garota que havia o ensinado tanto com apenas um sorriso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. E não se esqueçam, críticas e elogios são sempre bem vindos! (: