The Bastard Heir escrita por Soo Na Rae, Lady Ravena


Capítulo 30
Capítulo 26 - Os cavaleiros quase perfeitos.


Notas iniciais do capítulo

♥ Oi meus amores, desculpa a demora.
Eu prometi postar a algum tempo, mas eu estava completamente sem criatividade, apenas agora consegui terminar o capítulo.
Aqui esta e espero que curtam. Acho que vocês vão gostar, tem um... Ops... Não posso contar.
Boa leituras minhas princesinhas.

Look da Edith
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Look da Emma
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Look da Genova
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Look da Serafina
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Capitulo 26.

Os cavaleiros quase perfeitos.

“É difícil amar aqueles que não estimamos, mas é mais difícil ainda amar aqueles que estimamos mais do que a nós mesmos”. - François La Rochefoucauld

Vitamin String Quartet - Royals

Um passo para lá e outro para cá. Outrora uma fileira de moças, outrora de rapazes. Em seguida, todos trocam de pares e se juntam em uma roda de mãos dadas. Os músicos tocavam com alegria, principalmente agora que todos se dispuseram a dançar. Flautas, tamborins e alaúdes enchiam a sala em uma rica melodia.

A festa foi uma invenção de Genova, com seu poder de persuasão, não fora muito difícil convencer o rei. Edith não gostava muito de festas, mas obedientemente pôs sua máscara para aquela. Entretanto seus cabelos loiros sempre bem arrumados e seu andar gracioso eram facilmente reconhecidos, quase todos que a vissem com aquela máscara saberiam que era ela. Ou melhor, quase todos. Muitas moças loiras estavam presentes e para a desgraça da jovem senhorita, uma marquesa estava com o mesmo modelo de vestido que o seu, para piorar a cor também era igual. Com certeza a estilista da capital teria de dar uma boa explicação. Agora a filha do comandante era obrigada a presenciar sua irmã mais nova, divertir-se mais que ela e ainda por cima a marquesa, que ousou usar o mesmo vestido que ela.

Edith estava sentada, escutando aquela música sobre uma história de amor não correspondido, deixou passear os olhos castanhos muito claros — herdados de seu avô — pelo luxuoso salão daquele castelo.

Há quase duas semanas não tinha noticias de seu pai. Todos pareciam esconder algo, até mesmo a princesa parecia saber de algo, porém não tocava no assunto. Isso há deixava um pouco irritada. O que será que ele havia feito para ser exilado no castelo Von Zimmer? Edith não sabia se ficava feliz ou triste, pois alguns dias antes de ser exilado, Otto mencionou algo com ela sobre começar a procurar um marido para a primogênita. A filha do duque comandante estava em sua vigésima primavera, a maioria das moças em sua idade já são casadas e algumas até mães, porém Edith não queria passar as noites com um homem que ela não amava e muito menos conhecia direito. No entanto, conhecendo seu pai como ela conhece, saberia que ele estaria pouco se importando com o noivo. Se fosse velho, sem atributos físicos ou inteligência. Para Otto Von Strauber isso pouco importava, desde que o dote fosse algo bem generoso.

Preferiu deixar os pensamentos tristes de lado e escutar aquelas melodias. O tambor, o tamborim e as flautas e tenor tocavam agora uma canção um tanto... diferente e nada alegre.

O crepúsculo rasteja sombriamente em meio à mata e através dos campos

Nuvens se reúnem em volta da lua e o brilho da noite se rende.

Afagos de sonolência passam em todas as camas macias.

Pesadelos em breve beijarão a testa das crianças.

As luzes do castelo nunca mais virão.

Apenas a alma a de ficar sem dormir.

Não era a mais alegre das músicas, porém o ritmo na qual era tocada fazia seu tema ser apenas um mero detalhe. Edith acompanhou a música, marcando alegremente o ritmo com os dedos nos braços da cadeira. Emma com um sorriso permite que um moço de cachos loiros beije suas mãos após a dança e depois de sair daquela roda, sua primeira intenção era caminhar junto do tal rapaz pelo jardim, mas resolveu ficar perto da irmã. Tinha algo importante para lhe informar.

— Ora essa, minha irmã, estás parada aqui simplesmente deixando a noite passar — sussurra Emma sentando-se ao seu lado.

— Ultrajante, simplesmente ultrajante, pelo menos a máscara consegue me esconder um pouco.

— Essa não, ele veio — murmurou a irmã mais nova. — Pelo menos parece ser bonito...

— De quem está falando? — perguntou Edith, mas Emma disfarçava inutilmente virando seu rosto.

— Ninguém... — olhou para se certificar e não achou o homem, suspirou aliviada.

— Minha irmã, logo você que costuma a falar mais que um padre em missa, está sendo lenta demais.

— Anselm Krauss, ele é um duque muito rico que vive em Cloppenburg — confessou impaciente, ignorando o comentário sobre sua tagarelice.

— Deve ser apenas algum convidado do rei, oras — deu com os ombros. Por que se importaria com os convidados quando se tem o belo príncipe Orlando da França para ficar admirando? Havia também um rapaz chamado Matias, filho da Condessa Gabrielle, muito formoso por sinal. Eram tantos rapazes bonitos naquele baile.

Emma negou com a cabeça. Será que contava para sua irmã, ou não? Seu pai havia pedido para contar a Edith, no entanto Emma não queria estragar ainda mais a noite de sua querida irmã mais velha.

— Nosso pai mandou este homem aqui para ele lhe conhecer — disse a moça, temendo continuar mais, porém entendeu o olhar de sua irmã através da máscara que ordenava que ela prosseguisse. — Ele tem trinta e cinco anos, uma filha de minha idade e atualmente está cuidado do divorcio. Parece que a mulher era uma adultera...

— Emma, o que eu tenho haver com tudo isso? — indagou impaciente.

— Edith, minha irmã, eu não sei como poderei contar isto a ti — e segurando nas mãos alvas da moça. — Nosso pai está querendo negociar teu casamento com ele, porém o Duque Anselm ainda está em processo de divorcio, isso pode levar semanas e talvez meses, dependendo das provas contra a esposa. Tenha esperanças, sabes bem que muitos contratos de casamento nunca vão adiante, sempre aparece alguém com um dote maior e...

— Pelos céus, Senhor, tenha piedade.

Edith precisou de todas as suas forças para não gritar. Precisava agir como sua mãe, que casou aos quatorze anos, ou seja, ser firme e forte. A nobre donzela deveria recordar que era filha de uma falecida princesa e duquesa real. Já fora neta e agora é sobrinha de dois grandes reis. Sua estirpe era muito prestigiosa. Não poderia gritar, não poderia... Lágrimas escaldantes começaram a arder-lhe nos olhos, felizmente a máscara conseguia disfarçar. Edith pensou em fugir e em esconder-se longe dali, ou mesmo pegar um coche e ir até Henstaufen implorar piedade ao pai, pedir-lhe de joelhos que a deixasse ficar em casa, no seio da família.

— Srta. Von Strauber — cumprimentou uma voz grave.

Edith estremeceu. Precisou se segurar para não deixar tão claro que suas mãos estavam muito trêmulas. Ela, que se encontrava sentada, olhou para cima e nesse momento viu um homem alto, magro, com olhos cinzentos e de cabelos espessos aparentemente entre o castanho claro e loiro, parecia ser galante pela voz e postura elegante, mas aquilo de nada convenceu à donzela.

— Sinto muito interromper sua conversa com vossa irmã, mas estava demasiado curioso para lhe encontrar. Lady Emma — cumprimentou, a outra dama inclinou a cabeça.

— O senhor seria... — lógico que ela sabia quem era, mas uma pitada de esperança de que fosse apenas outro senhor, bateu-lhe no peito.

— Anselm Krauss, ao seu dispor — curvou-se e beijou sua mão gentilmente. — Pelo visto as conversas sobre a elegante beleza da sobrinha do rei eram verdadeiras.

Como seu pai ousou isto? A mandar um homem muito mais velho que ela. Será que ele não a amava? Aquilo não podia estar acontecendo.

Edith levantou-se com postura, como uma verdadeira dama. Pigarreou e disse de maneira educada.

— Senhor Krauss, é muita gentileza sua.

— O seu pai...

Não gosto de ser interrompida — murmurou.

— Sinto muito, milady — respondeu um pouco intimidado. Imaginava uma dama discreta, calada e que facilitasse os cortejos.

— Eu sei. Minha irmã, Lady Emma, já me informou sobre o interesse matrimonial — e aproximando-se um pouco mais do nobre, sussurrou firme. — Eu não tenho nenhum interesse em casar-me com você. Até.

E a jovem saiu em passos acelerados daquele rincão. Por fora aparentava tudo que uma dama da nobreza deveria exalar: elegância e postura. Entretanto por dentro, sua alma estava um verdadeiro caos. Edith sentiu que mesmo de longe, seu pai havia lhe amordaçado por completo.

Mulheres Von Strauber... Rainha Beatriz confinou-se em um convento anos após a morte do esposo Leopoldo, pois não conseguia aguentar o peso da regência, as saudades da vida despreocupada de rainha consorte e Willian, tão novinho com apenas dezesseis anos, tornou-se rei pela graça do Senhor. Rainha Regina, a bela princesa, veio de terras inimigas para selar a paz, no entanto permitiu ser governada por um louco sentimento, para com um homem que nunca lhe amou de verdade e no lugar da paixão veio à loucura. Princesa Grethel, na inocência de seus seis anos, brincou e brincou, porém no poço debruçou-se demais e o reino vermelho, que já alfinetava brigas, levou a culpa oficial. Lady Emma, nasceu para ser ignorada, por aquele que ela é obrigada a chamar de pai e sua mãe, sua fortaleza, em maldade foi levada. Pobres donzelas Von Strauber.

Do I Wanna Know? - Vitamin String Quartet

Ao fundo do salão, pode-se observar o Príncipe Orlando, trajado com seu melhor gibão dourado, uma máscara da mesma cor e um longo casaco de pele. O futuro rei da França tinha dezessete anos, cabelos castanhos e olhos escuros, pele clara e uma fina barba rala. Juntamente do Príncipe Eduardo e de um príncipe português, era considerado um dos mais formosos nobres europeus. Dançava com uma dama um pouco mais jovem, após as palmas e um rodopio, o cetim rosa deu lugar a um bonito cetim prateado. O tecido no qual era feito o vestido da Princesa Serafina.

— Ora, ora, o que os ventos a trazem aqui Princesa Serafina? Da última vez que lhe vi seu cabelo era mais longo e sua estatura comparada a de um anão. Por acaso sabia de minha vinda e por isso pegastes a primeira embarcação? — perguntou risonho e sarcástico.

— Orlando, meu caro, por mais tempo que eu já não o vistes, nunca seria tempo demais. Poderia viver bem com isto — respondeu com um sorriso estampado no rosto.

— Claro, minha senhora, mas ainda recordo-me de quando nós tínhamos dez anos e você pulou de alegria em saber que estava noiva do Delfim da França — disse retribuindo o sorriso irônico.

Há alguns anos, a família real francesa juntamente com um séquito de embaixadores, precisava fazer uma importante viagem ao Reino da Polônia, porém devido à inimizade entre o rei da França e o imperador da Áustria, os Valois se viram obrigados a contornar o caminho pela rota dinamarquesa. Neste interim, passaram alguns dias com os Von Oldenburg, com quem possuíam uma boa relação, e um contrato de casamento foi feito entre Orlando e Serafina, pois Isabel, a princesa dinamarquesa mais velha já era comprometida. Tudo isso fora antes dos problemas enfrentados naquele país e a família real escandinava se separar por algum tempo.

— Sim, como a infância é um momento de ingenuidades, algumas são tão tolas príncipe. Lembro-me também que dois meses depois, o contrato matrimonial fora rompido, pois o Delfim da França não podia pagar o dote generoso à princesa da Dinamarca — retrucou com sorriso orgulhoso.

— Se a princesa fosse compreensiva saberia que meu reino estava em guerra contra a Espanha.

— Sei bem príncipe. A coroa de Nápoles, que no final perderam para o rei de Aragão. Cumprimentou o príncipe Eduardo, filho deste? — perguntou, segurando-se para não rir.

— Guerras custam caro — defendeu-se, mas já estava ficando claramente constrangido.

— Depois do senhor, meu antigo prometido, o Príncipe Conrad, ofereceu-me um dote que equivalia o dobro de meu nunca pago, dote francês, além de um maravilhoso colar de safiras e este país está em guerra com o reino vizinho há quase duzentos anos, mas nunca soube de uma grande falência, pelo contrário, os monarcas overatianos sempre ajudam seus aliados quando podem. Já os franceses...

— Oh sim, minha princesa, alguns anos depois seu “antigo prometido” lhe trocou por uma duquesa. Por acaso seria aquela bela dama conversando com a irmã de Vossa Santidade? Pois se for eu entendo bem por que o príncipe apaixonou-se por ela — falou Orlando observando de longe a moça da pele oliva e cabelos negros. — Ela possui descendência moura? Aqueles graúdos e misteriosos olhos lhe entregam.

— Continua um típico Dom Juan, príncipe. Não esperaria nada de um nobre francês como o senhor, parece-me que até vosso pai, o rei, sabe se comportar mais.

— Meu pai casou-se com a senhora minha mãe, apenas para não perder o ducado de Bretanha. O rei não permite que ela use um titulo que é seu por direito, Duquesa de Bretanha. Papai apesar de ser gentil com ela, detesta assumir que em Bretanha é apenas o consorte.

— Típico de um rei orgulhoso — suspirou. — Orlando, agora me solte, pois logo a nota da flauta anunciará que deveremos trocar de par. Talvez sua próxima e desafortunada parceira, tenha algum interesse em conversar contigo.

— Que isso minha querida, não diga algo assim — respondeu irônico e logo sussurrou em próximo de seu ouvido. — Sinta-se afortunada princesa, pois a maioria das damas nesse rincão queriam poder estar nesse seu lugar.

Quando girou, Serafina olhou por cima do ombro de Orlando a quantidade de damas que suspiravam para poder dançar com o príncipe francês, no outro giro fora a vez de Orlando exalar seu charme, alargando um sorriso galante as nobres francesas.

Robert curvou-se para beijar as mãos da princesa após o final da dança, como um verdadeiro cavalheiro, conseguiu arrancar um sorriso por parte dela. Ela brilhava como à senhora branca das noites. Muito bela, era naturalmente suntuosa. Depois a soltou delicadamente, saiu de perto e tomou uma taça de vinho que estava posta sobre uma bandeja, cujos criados ofereciam aos convidados. Viu de longe outro rapaz tomando a mão da princesa para uma dança, parecia ser o soldado Falk, pois o mesmo era o único dos rapazes cuja pele era um pouco mais amorenada.

Havia algo errado.

A princesa tinha todas as características de uma dama na qual ele prezava, mas faltava algo. Sentimentos. Isso o deixou pensativo. Simplesmente não sentiu nada que fosse além de um grande respeito ou carinho, porém era o mesmo que um irmão pode sentir pelo outro, ou carinho de amigos. Nada mais. Simplesmente.

— Você é um felizardo, apenas você, Nikolaus e agora aquele ali, conseguiram dançar com a princesa esta noite — comentou um rapaz de cachos loiros, que se aproximou do duque com uma bebida.

— Muito Obrigada, senhor Dupke— respondeu e bebericou um gole do vinho. — Sinceramente, não gosto muito de dançar. Sou tímido demais para essas situações, mas uma palavra oriunda da boca da princesa não é um simples pedido. Trata-se de uma ordem, por mais que sua voz soe mais doce que a de uma sereia.

— Mesmo assim, os outros rapazes devem ficar com algum tipo de inveja.

— Não acho! — afirmou. — A maioria está aproveitando que é um baile de máscaras para se divertir com outras damas. Alfons já dançou com cinco...

— Acha mesmo? — perguntou como se não soubesse de nada. — Teriam de coragem? Justamente em um baile no qual a princesa está?

— Ninguém é comprometido aqui — deu com os ombros e repreendeu Mikkel com um olhar. — Além disso, não fora o senhor que dançou com a filha mais nova do comandante?

— O que? — fingiu não ter entendido.

— Emma Von Strauber, a filha do duque de Henstaufen. Parecia estar se divertindo muito.

— É que... Bem...

Robert riu e entregou a taça de cristal para alguma criada que passava com uma bandeja de copos sujos.

— Não lhe culpo, ela é muito bonita.

— Ela está ali perto daquela pintura, conversando com outra dama. Imagino que seja a princesa da Grécia – informou Mikkel. — Linda, não? E parece estar falando grego fluentemente.

— Realmente — concordou.

— Acha que ela aceitaria dar uma volta no jardim? — perguntou animado.

— Pelo jeito é seu primeiro baile — murmurou Robert sorrindo. — Não tens experiência nenhuma pelo visto. Um cavalheiro já teria feito isso há muito tempo, os homens não facilitam muito para as mulheres bonitas em uma festa.

— Está tão na cara assim...

— Se eu fosse o senhor, convidaria logo a dama, pois não duvido que uma beleza natural daquelas seja admiradas apenas por ti. Achas mesmo que é o único a olhar para ela?

— Tens razão! Acho que é exatamente isto que irei fazer. Afinal ninguém está se reconhecendo aqui mesmo.

— Vá logo então — e aproximando-se mais dele, sussurrou. — Aproveite que o pai dela não está aqui.

Mikkel sorriu e deixou sua taça na mesa, com certeza estava radiante. Radiante como um verdadeiro jovem que acabara de cair nos encantos de uma donzela pela primeira vez.

Robert por outro lado, já frequentou tantas festas, mas não guardava experiências agradáveis. Quando tinha quinze anos, sua mãe o convenceu a participar de um baile na mansão do Barão de Innsburg. Não fora uma experiência muito agradável. Ah, a casa era bela, a comida maravilhosa e a música muito harmoniosa. Entretanto, Olga, a herdeira do barão, quase o fez perder um dedo do pé na hora da dança. Ela tinha o cérebro do tamanho de uma ervilha e uma voz tão irritante, que Robert saiu da mansão com as mãos no ouvido e precisou fingir que o frio era o motivo de sua descomodidade.

Inspirou-se muito na austera moda espanhola quando escolheu seu traje. Estava com um gibão negro de gola e um casaco da mesma cor, sua máscara fazia contraste com a escuridão em decorrência de sua cor prateada. Por pouco, suas vestes não se identificavam com as do Rei, porém o mesmo estava completamente de negro, incluindo na máscara. Como um cavaleiro sombrio e solitário.

Precisava de um ar puro e aquela festa estava lhe sufocando por dentro. Saudades de Wesel, do clima fresco, de observar as caravelas aproximando-se do porto de Klares Wasser e principalmente de sua mãe. Mas ela deveria estar feliz, Alarik estava com ela. O que será que os outros iriam dizer, caso os dois venham a se casar um dia? Até pouco tempo, Robert se importava com isso, porém percebeu apenas no olhar de sua progenitora que o amor de verdade não sente medo.

Quantos casais haviam se escondido naquele belo jardim, cujas flores de inverno eram o principal destaque, o som da fonte de água dava a entender que de fato estavam todos dentro de algum bosque e que a água fazia seu percurso pela mata livremente. Era cada árvore maior que a outra, arbustos grossos e muitas pétalas de flores brancas no chão.

A grande e infinita piscina escura, que estava o céu, deixava-se iluminar pela lua, a rainha das noites, que cintilava naquela escuridão como se fosse uma mãe abraçando seus filhos. Entretanto, naquela área, já um pouco distante do castelo, Robert observou apenas uma figura cintilar.

A beleza dela vinha de dentro. Ela brilhava. Para o duque, ela brilhava mais que a luz. Robert sentiu-se... Feliz.

Robert sentiu-se feliz de uma forma que não conseguia lembrar-se de ter sido alguma vez. Aquela mulher tinha algo e ele precisa urgentemente conhecê-la. Ela se encontrava sentada, pois a ponte em forma de arco, sobre o pequeno riacho era de pedra e não possuía lugar onde segurar.

Saiu discretamente de onde estava e foi por trás, torcendo para não fazer algum barulho. Ela parecia estar fungando, como se estivesse chorando, isso apenas despertou mais sua curiosidade. O que faria aquela moça derramando lágrimas? Mas quando se aproximou, a jovem virou-se abruptamente.

— Quem é você? — indagou um pouco assustada.

Ele não saberia se ela era bonita. A noite não permitia, e a luz do luar era escondida pelas grandes árvores. Os cabelos lisos pareciam ser de um louro escuro e, com a máscara presa em torno da cabeça, não era possível ver nem sequer metade do seu rosto. Seus olhos? Bem, Robert não podia perceber nada, talvez um castanho ou verde. Era difícil distinguir algo naquela escuridão.

De perto seu semblante era diferente. Uma compleição de agonia e pura melancolia, talvez se o riacho não fosse tão raso e sim bem fundo, a mesma já teria pulado e acabado com sua própria vida. Claro que não faria isso, mas seu rosto mostrava ao contrário.

— Sinto muito, não era de minha intenção perturbá-la, senhorita — meneou a cabeça.

A dama virou-se e ficou de costas eretas, ela observava o castelo de longe. A música ainda tocava alegremente, o salão estava dominado pelas baladas francesas, estas eram mais alegres que as inglesas e overatianas.

— O senhor não deveria estar falando comigo — ela respondeu e sua voz um pouco embargada, confirmou o que Robert pensava. Ela estava chorando. — Não sabes que é errado um homem ficar sozinho com uma mulher, ainda mais durante a noite. Posso chamar os guardas agora mesmo, sabia?

Não falou com rancor e muito menos raiva, parecia estar apenas com medo.

O duque de Wesel a observou com interesse. Ela não reagia como qualquer mulher que ele conhecia poderia reagir em uma situação destas. Histérica e ignorante. Não, esta era diferente. Esta agia com elegância até na maneira de pronunciar suas palavras. Um nobre reconhecia outro nobre, e esta donzela com sua voz e postura, exalava a firmeza que apenas um membro da realeza reconhecia. Além disso, apenas uma pessoa de grande status tem autoridade para mandar nos guardas e outros trabalhadores de um castelo. Robert sabia muito bem disso.

— Estaria disposto a pagar qualquer penitência, apenas para não sofrer essa chicotada em minha alma de presenciar uma dama tão bonita chorar.

Isabela Amalie Beckhard, Marquesa de Feld Der Blumen.

Para Genova Marie Beckhard, Duquesa de Brauner, Marquesa de...

Viena, Áustria, 08 de julho no ano do Senhor de 1508.

Duquesa de Brauner, senhora minha mãe, há tantos meses que não sinto o aconchego de seu caloroso abraço maternal que tantos sorrisos já me trouxeram. As saudades que sinto de Vossa Digníssima Graça, turva-me e doí-me o coração de maneira inacreditável, principalmente quando estou em minhas leituras eclesiásticas no pequeno santuário de meu castelo, ou até mesmo sentada no jardim a contemplar a beleza estonteante dos vales austríacos. Lembro-me de sentar aos seus pés para ouvir suas histórias, que tanto contribuíram para minha formação moral. Senhora, Viena é belíssima. Deveis reservar algum momento de sua vida, Vossa Graça, para conheceres o Sacro Império. Meu senhor e marido, o Marquês Edgar da Áustria, está muito atarefado com os compromissos para com o Imperador. Meu falecido pai não poderia ter escolhido marido melhor para mim, eu e Edgar nos conhecíamos desde crianças e nunca imaginei que um dia ele iria de se tornar meu consorte. Esta que vos escreve, tinha acabado de completar quinze, a mesma idade na qual Vossa Graça desposou meu querido pai. Diferente de outras moças com minha estirpe, eu tomei em posse a grande sorte de ter um casamento feliz. Nesses anos de um maravilhoso matrimônio, ganhamos dois varões saudáveis e bonitos. Aliás, seus netinhos, Jorge e Friedrich, estão com muitas saudades. Eles possuem nossos olhos azuis acinzentados! Os olhos dos Von Strauber. E meu irmão, Adam, como está? Bem ocupado com as tarefas do clero, imagino. Ele é um homem que desde criança, mostra tamanha bondade no coração que jamais vi em toda minha vida. Como vai o meu padrinho, o Rei? Esta nova princesa é mui formosa e gentil? Espero que sim. Meu padrinho já sofreu tanto nesta vida, torço avidamente para que essa moça ilumine o coração de Vossa Majestade. Ultimamente meu marido tem participado de muitas campanhas militares, em consequência dos cercos turcos que vão desde a Hungria e Polônia, mas creio que Deus a de olhar por nós. Uma prova do que vos digo, é que temos saído vitoriosos nas últimas batalhas. Assim, eu espero que continue. Quando a primeira oportunidade surgir, estarei voltando para Overath, afinal sou a futura Duquesa de Brauner, desde que meu irmão mais novo, abdicou dos seus direitos como filho varão para a vida religiosa. Creio que nunca poderei ser tão boa como à senhora é nesta posição, no entanto farei meu melhor. No mais, minha senhora, eu espero que minha ausência não transmita tristeza a vosso imenso coração.

Com muito carinho, de vossa saudosa filha.

A bela senhora apertou o papel contra seu peito. Sorriu. As palavras carinhosas de sua primogênita sempre lhe levantavam o ânimo. Mesmo com seus vinte e dois anos, a filha de Genova, que era agora esposa, mãe e marquesa ao lado de seu esposo, sempre manteve um espirito de garotinha perto de sua mãe. Isabela apenas errou em um fato na carta, Genova casou-se aos treze anos, porém só conheceu seu marido e passou a viver junto dele com quinze, idade na qual as mocinhas já podem ser consideradas maiores, por fim tornou-se mãe aos dezoito.

Assim como Willian, a Duquesa de Brauner também teve um casamento por representação, ou seja, um nobre escolhido pela família a de representar o noivo ou noiva na hora do matrimônio, e os cônjuges geralmente se conhecem apenas semanas, meses ou anos mais tarde após o casamento. No caso de Willian, foram semanas mais tarde e de Genova, dois anos, pois seu marido Wagner Beckhard, era austríaco e a Áustria estava enfrentando sérios problemas com a França, principalmente nas fronteiras e sair do país naquela crise era algo perigoso.

Seu marido era quatro anos mais velho, era sério, mas sabia ser carinhoso na hora certa, também foi culto e bem atraente. Eles não viveram um grande conto de fadas, pois as vezes não concordavam em diversos assuntos, porém tiveram um casamento tranquilo, Wagner soube ser leal a sua esposa. Em seus meses finais de vida, Genova fora para ele mais uma enfermeira que esposa. Casando com ele, a prima do rei ganhou muitos outros títulos, mas Duquesa de Brauner era um titulo apenas seu por direito, herdado de seu pai, que não teve filhos homens.

Escondeu a carta, que carregava consigo para matar as saudades da filha nas mangas fofas do vestido. Genova não se incomodava muito, sua fisionomia era boa e ela sempre fora apaixonada demais pela moda austríaca, para se incomodar com esses meros detalhes da roupa, além disso, as mangas bufantes femininas eram a última moda em todos os reinos e condados germânicos, desde a Áustria, Alemanha e Flandres, até Overath e Hessen. Os franceses amavam aquela tendência, os ingleses, por mais que não admitissem, copiavam a moda franca em diversos aspectos.

Genova ainda não havia parado para dançar e muito menos saborear os petiscos deliciosos da festa, não. Estava ocupada, cumprimentado cada convidado e tentando usar de toda sua boa memória para reconhecer através da máscara.

Péssima ideia esta minha — pensou após errar o nome do homem a sua frente duas vezes, até reconhecer o embaixador francês. Ele apenas sorriu e beijou-lhe a mão.

Felizmente, tudo estava ocorrendo bem. Pelo menos os Valois e Tudor ainda não tinham partido para a briga fisicamente, mas de perto era uma verdadeira guerra de ironias e sarcasmo.

— É a minha vez — insistiu a Rainha Catarina da Inglaterra. — Duvido que consigam adivinhar minhas senhoras.

Brando é o campo,

Negra é a semente,

O homem que semeia

É bom conhecedor.

A bela mulher ao lado de Catarina, de ondulados cabelos castanhos e um par olhos azuis, sorriu sarcasticamente. Era Ana, Rainha Consorte da França e Duquesa Soberana da Bretanha.

— Todo mundo sabe essa! Um pouco mais de criatividade, por favor.

Catarina ficou estupefata. Seria a intenção de Ana fazê-la passar por ridícula? De qualquer modo, a Rainha da Grécia não lhe apoiou muito, deixando-a apenas mais constrangida.

Ali não havia um idioma próprio, outrora as rainhas falavam em alemão, outrora latim e às vezes espanhol, grego ou francês. Uma rainha precisava saber de todos esses idiomas e mais.

— Catarina, apesar de eu nunca ter sido uma ávida jogadora de adivinhações, esta é fácil demais. Tem que se esforçar mais — afirmou Talia, a rainha da Grécia. Seu olhar era sério e um pouco intimidador, mesmo através da máscara violeta, pois de longe ela observava seu marido de máscara dourada conversando e provavelmente flertando com uma dama da festa, a tal aproveitadora usava uma máscara da mesma cor.

Genova observando aquela situação aproximou-se das rainhas e fez uma reverência.

— Estão tão belas, Vossas Majestades. Se for digna, posso saber o que estão conversando? — perguntou em um latim maravilhoso, espantando a rainha Ana, que até então imaginava os overatianos como um povo atrasado. Igual aos escoceses.

— Estamos jogando adivinhações e enigmas. Gostaria de participar? — perguntou Catarina gentilmente, tentando manter a postura firme de rainha.

— Majestade, eu agradeço a honra — fez uma mesura para Catarina.

— Comece então, duquesa — disse a rainha Talia, com um pouco de desdém.

A mesma não era tonta e percebeu que seu esposo Aquiles, o rei, mostrou certa atração pela elegante nobre. Genova por outro lado, ignorou e prontamente já estava com o enigma na ponta da língua.

— Está bem, que tal este.

Ao pé de uma raiz é pequenina,

Ao pé de uma rocha, ainda é menor.

É mais amarga que a bílis,

Porém mais doce que um legume.

As rainhas se entreolharam. Nenhuma sabia adivinhar, porém para sair vitoriosa no jogo com sua concorrente, Talia proferiu.

— Ora essa, obviamente trata-se de uma muda. Não seria?

Genova balançou a cabeça negativamente e olhou para a rainha Catarina, discretamente deu uma piscadela, como se estivesse dizendo a formosa dama que estava do lado dela.

— Uma muda? — sorriu. — Não chegastes nem perto, Majestade. Estava me referindo a uma semente.

— Uma semente? — a loira indagou indignada. — É muito difícil, isso não vale.

— Bem... — deu com os ombros. — Pensei que uma mulher nascida no berço da sabedoria, pudesse responder a um simples enigma.

Catarina ficou profundamente agradecida, seu olhar azul dizia tudo. Talia, por outro lado, fuzilou a duquesa com o olhar.

Foi por uma boa causa, as alianças com a Inglaterra são mais importantes que as gregas — pensou consigo mesma, saindo daquela área do recinto e dirigindo-se a mesa de comes e bebes. Finalmente!

As rainhas foram para outra área, menos Catarina, que achou mais proveitoso conversar com Dominique há perder seu tempo com aquelas duas fúteis.

Genova estava em seu terceiro morango. Como ela amava morangos com calda de chocolate, eram seus doces prediletos. Antes de pegar o outro doce, sua mão foi abordada devagar pelo homem de máscara dourada. Rei Aquiles

— Majestade, sua esposa está muito exasperada hoje — comentou tirando sua mão daquelas grossas do rei.

— É algo que aguento há quase dezoito anos, mas é neta do antigo Imperador Bizantino, mesmo com o fim do reino, a família permanecia rica e negócios são negócios — disse risonho, não estava bêbado pelo menos.

Genova iria sair, mas fora novamente abordada, porém dessa vez em seu pulso.

— Gostaria de uma dança, senhora?

— Não é de minha vontade — respondeu prontamente e fria.

— Por favor, uma senhora tão bonita ficar parada aqui, sendo apenas uma presença em uma festa tão bem feita.

— E certas presenças são tão desnecessárias, Majestade. Isso é tão lamentável — deu com os ombros.

— Pelo visto terei de usar da minha posição privilegiada para forçar-te.

— Forçar-me? — indagou indiferente.

Antes que continuasse, Genova sentiu as mãos em seu ombro e olhou um pouco para cima e sorriu aliviada. Aquiles imediatamente soltou seu pulso, estava um pouco dolorido.

— Senhora, tu prometeste uma dança comigo no inicio do baile — falou o primeiro ministro sorrindo para sua amiga.

Genova nunca ficou tão feliz em ver aqueles olhos cinzentos, ainda que escondidos por uma máscara cor de vinho, que combinava perfeitamente com a roupa roxa e preta de Hartwig.

— É claro, meu senhor, vamos, estava exatamente a sua procura — confirmou sorrindo e sorrindo verdadeiramente.

Os dois foram rumo à área de danças do salão e quando todos já estavam posicionados, Genova disse baixinho para o ministro.

— Hart, eu acho que irei aceitar seu pedido para passear nos Vales Floridos, desde que seja na carruagem. Fico lhe devendo este favor, muito obrigada.

— Quantas vezes eu tenho que repetir, sempre farei de tudo para uma senhora tão digna e bela. Sabes disso, não sabe?

Ela apenas assentiu um pouco encabulada, mas com o coração completamente lisonjeado pelos elogios.

— Will, eu creio que hoje acontece alguma coisa entre eles — sussurrou Gabrielle próximo o ouvido do rei. — Qualquer coisa, nós os trancamos em alguma sala.

Por Cristo, essa mulher não tem jeito — pensou o rei consigo mesmo e balançando a cabeça negativamente.

— Ainda bem que você não sabe dançar.

— Eu aprendi a dançar, mas não aprendi a gostar — respondeu Willian e Gabrielle olhou para ele como se tudo o que ele estivesse dizendo, fosse mentira.

— Tanto faz, porém do jeito que você tem sorte em festas, é bem capaz de o senhor tropeçar e acabar com aquele clima romântico — a ruiva suspirou e não percebeu o rei a repreendendo com olhar, pois estava apenas observando o ministro e a duquesa dançando maravilhosamente bem. De qualquer maneira, ele usava uma máscara negra e ninguém perceberia.

— Eu gosto muito de você Gabrielle, mas olhando para ti, percebo que eu devo ter algo para atrair pessoas malucas — murmurou.

— O que disse?

— Nada, absolutamente nada — afirmou e bebeu mais um gole de vinho.

Lenine - O Silêncio das estrelas.

A filha do comandante permitiu que o rapaz senta-se ao seu lado naquela ponte de pedra, ou melhor, ele o fez sem seu consentimento, porém ela não se importou. Sentia que não precisava temê-lo.

Edith não sabia como, mas seu pai descobrira daquela brincadeira de travesseiros a qual foi metida sem intenção, e quando esteve sozinha com jovem Nikolaus no jardim. Talvez tivessem sido as criadas, essas que são os olhos e ouvidos de qualquer rincão onde trabalham. Mas no final das contas, o que importa é que ela precisou aguentar um sermão de vários minutos sobre ela ser uma mulher educada, virgem, membro da família real e que ela só deveria ficar a sós de fato, com seu futuro marido. Em seguida de tudo isso, a dama concluiu que gostava mais de seu tio Willian, quando ela era criança ele a enchia de presentes e o faz até hoje, mesmo que seja calado e distante, ele consegue ser mais pai para ela, que Otto em vinte anos.

Agora ela estava sozinha com um belo cavalheiro, Robert Wolf. Edith sabia que era ele, pois as luvas negras do duque de Wesel carregavam a insígnia W na esquerda e o desenho feito a fio de ouro de um lobo na outra luva. Símbolo da casa Wolf. E a jovem conhecia praticamente todas as casas reais de Overath.

–Qual é a sua cor preferida?

Ele sorriu.

– Você vai desperdiçar sua pergunta com isso?

– Eu só tenho direito a uma pergunta?

– Nada mais justo, considerando que não me concedeu nenhuma, senhorita misteriosa. – Robert se inclinou para frente, com os olhos azuis cintilando. – E a resposta é dourado.

Dourado! Ela também era apaixonada pela cor, seu vestido seria dourado se Dominique não tivesse pensado na cor primeiro.

— Dourado está simbolicamente associado ao ouro, à riqueza, a algo majestoso... — explicou Robert.

— Simboliza vibração elevada, vigor, inteligência superior e nobreza. É a cor da opulência, da luz e da prosperidade — completou Edith sorrindo.

Edith se deu conta de que gostava de ficar ali sozinha com o rapaz, ele lhe transmitia confiança. Por que ele veio justamente para onde ela se lamentava? Seria obra do destino? Tanto Edith como Robert eram incapazes de responder este acaso, um acaso muito bom por sinal.

Era algo que damas bem-criadas nem sequer deveriam saber, mas Edith atrevia-se a pensar. Não iria perder a oportunidade de viver uma noite tão “conto de fadas”, como aquelas que ela lia em seus livros. Ah mais não iria mesmo, seu pai não estava ali para impedir. Além disso, ambos só conversavam.

— Conte-me mais sobre a senhorita, não posso viver apenas sabendo de sua cor predileta.

Edith balançou a cabeça, tinha medo de que se Robert soubesse quem era ela, sentisse medo por causa de seu pai. Não iria estragar essa oportunidade.

— O senhor deve me achar uma tola completa – comentou.

— Não, na realidade, estou achando isso interessante, senhorita misteriosa. A maioria das mulheres que conheço teria fingido estar machucada ou desinteressada.

— Eu não tenho muito que contar sobre mim, senhor Wolf.

Ele arregalou os olhos.

— Então sabe quem sou?

— Suas luvas entregam-lhe — disse apontando para o tecido negro em suas mãos.

Edith não percebeu, mas Robert sorriu, pois a moça havia entregado mais uma dica de sua identidade. Tinha um grande status, gostava de dourado e parecia muito esperta, para ter um conhecimento sobre as casas reais.

— Conhece esta música?

Eu deveria levar uma vida feliz,

Doce Criatura

Vós já percebestes

Que és a causa

De toda minha preocupação.

— Guillaume de Machaut — a moça respondeu prontamente e ainda completou a balada francesa.

Senhora alegre

Agradável, brilhante e pura,

Muitas vezes sofro aflição

Para atendê-la com lealdade

Era um francês belíssimo, sim, era uma moça de grande importância. Mas quem?

— Bem, de manhã eu leio e bordo, de tarde eu leio e bordo e novo — ela riu — e de noite eu apenas leio para dormir.

Edith suspirou, sentiu-se tão boba por não ter nada para contar, pois de fato, sua vida nunca teve grandes momentos.

— Ouça a música, esta mais lenta — pediu Robert.

A dama fechou os olhos e sentiu a música, o destino parecia estar lhe pregando uma peça. Guillaume de Machaut. Porém era a famosa balada de Douce Dame Jolie, sobre uma donzela de grande beleza e pureza, inalcançável para o homem.

– Estou sentindo... Sou apaixonada por esta música. Lembro-me de ouvir minha mãe cantando enquanto penteava os cabelos, bordava. Ela tinha uma voz tão bonita.

Falar de sua querida mãe ainda lhe fazia sofrer, contudo o tempo a ajudava superar aos poucos. Precisava ser forte por Emma e por Heiner, que ainda encontrava-se na Polônia sob a tutela do rei, seu tio. Apesar da tristeza, uma momentânea alegria passou a tomar conta de seu coração quando imagino aquele lindo moço sorrindo. Ele estava sorrindo! Edith estava de olhos fechados, ouvindo e sentindo a música, no entanto Robert sempre vinha a sua mente com um sorriso. Quando abriu os olhos, confirmou o que pensava.

— Sente a música? — perguntou gentilmente.

— De todas as formas, no coração e... — aproximando mais seu rosto do rapaz — na alma...

— Eu lhe convidaria para dançar senhorita misteriosa, se eu não estivesse com o pé tão cansado.

— Não me importo senhor, apenas a contemplação dessa bela vista do jardim já me deixa satisfeita, o silêncio harmonioso... Tudo.

Olhou para cima, encarando a lua e olhou para baixo, observando o reflexo daquela deusa das noites no riacho. Deu-se por conta de que estava apenas alguns centímetros do cavalheiro, sentiu o dedo enluvado tocando seu queixo e virou o rosto, ficando de frente para aqueles olhos azuis, tão azuis quanto um raro diamante azul.

Então, antes que ela tivesse mais um segundo para admirar aqueles belos olhos, os lábios dele estavam colados aos dela, ternos e macios. Um momento único, abençoado pela beleza da natureza dos jardins e da senhora das noites, os únicos espectadores dos puros sentimentos que explodiam no coração dos jovens.

Depois de longos segundos afastaram-se.

Edith levou uma das mãos até a têmpora e apertou a máscara verde escura com força contra a pele. Aquilo não poderia ter acontecido, ela esperava apenas diálogos românticos, não ações. Foi seu primeiro beijo, foi tão mágico, mas ainda sim ousado por parte dela. Não queria parecer tão fácil e com muita tristeza, levantou-se.

— Preciso ir, não posso ficar aqui, não posso.

Robert não deixaria aquilo acontecer, no entanto fora tolo em esperar a moça já ter se distanciado mais, ainda sim correu atrás dela como se as chamas consumissem seus pés. Estava de volta ao salão, tudo estava movimentado e pessoas mascaradas. O duque alimentou esperanças quando tocou o ombro de uma moça, mas era apenas a marquesa que trajava mesmo modelo de vestido da senhorita misteriosa.

Ela havia partido.


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Notas finais do capítulo

#Fato histórico. O príncipe Orlando realmente existiu como filho dos rei e da rainha da França, mas ele na realidade morreu quando era pequeno, pelo o que me lembre, ele morreu com apenas 2 ou 3 anos, perdão se estiver equivocada.
Porém em TBH ele esta vivinho e bem atrevido kkk
Agora vamos para o que interessa...
...
...
UHUUU BEIJO, FINALMENTE! ♥♥
Sério, eu quis muito fazer mais um momento fofo e romântico. A Edith merece, estava tão de lado.
E teve outros shippers aqui. Mikkel ta caidinho pela Emma, ou o Orlando flertando indiretamente e Serafina ou Genova e o Hart.
Eu queria fazer uma surpresa, mas cheguei à conclusão de que prefiro já ir fazendo isso para guardar logo e depois não ser aquele corre-corre para arranjar... Enfim. Sabem o spin of?
Regina que se casara com Willian, vai precisar de três damas de companhia, uma ela já tem, a Philippa. Cristina também vai precisar de três damas e ela já tem a Gabrielle.
Estou sem criatividade para criar mais damas hahaha. Já criei a Gabrielle e a Mellyne criou a Philippa. Então queria pedir ajuda de vocês, que queiram participar. Querem criar uma dama de companhia para a rainha ou para a princesa?
Todas podem mandar, porém apenas quatro serão escolhidas e se a sua for muito boa, podemos abrir uma exceção. Sua aia poderá fazer de tudo na história, se casar com um rico, ser herege, ser amante, a amiga leal, a ingênua, a malvada... Tanto faz, ela será uma personagem. Como eu não estou a fim de deixar essa nota maior do que já esta, podem fazer a ficha aqui:

https://docs.google.com/forms/d/1-6112BkxnAn4ZAK8T5Ys34LioOCkLw3WAzG0qJsgQXY/viewform

♥ É isso girls, beijo e até a próxima meus amores.