Jeez Gee escrita por Lorenza, Lady Neliel, Lilith Fitzsimmons


Capítulo 1
Parabéns, Sakura!


Notas iniciais do capítulo

PARABÉEEEENS PRA VOCÊEEEEEEEEE, NESSA DAAAATA QUERIDAAAAAA...
E lá vem a maior nota de uma fanfic ever :v

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Dallila (Lorenza):

"Aposto que você pensou que tínhamos esquecido né? Então está aí, FELIZ ANIVERSÁAAARIO! Sua linda! Se não te matamos de fofura, vamos matar com essa história de 10 mil fucking palavras que escrevemos especialmente pra você. Cedo você vai descobrir que todas as personagens - com exceção do Sasuke - foram inspirados em nós. Você vai identificar quem é cada uma, tenho certeza. Nos juntamos pra escrever com todo carinho, amor, paixão que tínhamos, tudo pra dedicá-la para a aniversariante ruiva mais linda desse mundo. Tamo contido em todas, Clyra, pode ter certeza. Toda a felicidade do mundo pra você, tudo de melhor na tua vida! Quando todas nós estamos juntas é a coisa mais legal do mundo, quisemos mostrar isso aqui. Espero que goste, adoramos você. Mil beijões ♥"

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Leticia (Tia Neliel):
"Feliz aniversário, amora. Essa fic é apenas uma pequenina demonstração do carinho que temos por você. ♥"

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Raquel (Lilith Fitzsimmons):

"Feliz aniversário, Clyra, continue sendo essa garota tão iluminada e otimista, essa fanfic é uma singela homenagem para você, de coração de todas nós e espero que goste"

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Mandy (YulYulk):

"Bem, talvez, possa garantir que, a senhorita Clyra ficou esperando a felicitação no facebook. Aquilo para mim seria pouco, pouco para expressar com palavras o enorme carinho que sinto pela sua pessoa, mesmo a conhecendo minimamente. Acho que deve saber que eu falo demasiadamente u.u Bem, eu não preciso conhecer exatamente os seus vilarejos profundos para gostar de você, da sua pessoa. Para mim e, talvez, para as meninas, esse foi o melhor modo de expressão e felicitação. Você tanto nos agracia com suas maravilhosas histórias, que um simples parabéns não seria de todo um presente com tamanha suficiência. Clyra, continue sendo essa pessoa maravilhosa que é, com esse sorriso e jeito encantador. Saiba que, em todos os seus projetos e sonhos lhe daremos apoio, mesmo estando assim tão distantes uma das outras. Escrever com as gurias foi legal, foi the best, sinto-me honrada por estar com elas e estar com você, parcialmente. Estas poucas palavras, conseguem expressar um pouquinho da felicidade e gratidão que estou sentindo agora. Desejo-lhe o melhor do coração de Deus. Feliz aniversário."

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Yasmin (Tea Yas):

"Oi, tia, parabéns pra você amoreco ♥, você achou que eu tinha esquecido, né? Pois é, não esqueci não, o motivo por não ter te parabenizado era que eu estava evitando entrar no facebook por conta dos spoilers do Naruto Gaiden, é, odilho spoiler. Emoticon pacman Mas desejo do fundo do meu coração que você tenha muita felicidades e muitos anos de vida e todas aquelas coisas que falam nos aniversários. (coração), também espero que você nunca troque minhas bochechas.
Da sua bochechuda que te ama, Tea Yas."



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– Ei, lembram-se de quando desenhei um dedo do meio com giz na cadeira da Sakura e ela sentou sem ver?

Ah, a vida!

O estado de atividade incessante comum aos seres organizados. O período que decorre entre o nascimento e a morte. O tempo de existência de algo ou alguém.

Pode-se dizer que a palavra vida tem muito mais definições, adjetivos, setores.

Talvez a vida seja apenas o ato de respirar. Talvez a vida seja apenas o ciclo finito de nascer, crescer, reproduzir e morrer. Talvez seja apenas o conjunto de lembranças de fracassos e pequenas vitórias, ou talvez não.

Afinal, ter vida é viver?

Foi quando, depois de um estouro seguido de confetes, fitas coloridas e risadas, Sakura serviu o primeiro pedaço de bolo de aniversário e percebeu que esse pequeno momento reflexivo em sua mente não seria nada útil, mas ela não podia evitar. Aniversários serviam para isso, certo? Convidar as amigas para uma festa do pijama, relembrar momentos super constrangedores dos anos anteriores e acabar perguntando a si mesmo: eu já fiz algo útil da vida?

Lembro sim, ela andou pela escola toda com o desenho de um dedo do meio bem no traseiro.

Provavelmente não.

Seria como uma máquina do tempo na própria mente. Relembrando então, desde os momentos engraçados, entediantes e ruins. Afinal, a mente serve para pensar. Entretanto, isso não seria de modo algum como uma das trocentas retrospectivas onde o Carlos Roberto se apresenta todo bendito final de ano. Tenten riu da lembrança que Ino, supostamente acabou trazendo à tona, e obviamente, as outras seguraram o riso. Sakura não hesitou em rolar os olhos e fazer a famosa cara de desgosto. Especificando, a famosa cara de bunda.

– Pare de rolar os olhos e me dê logo um pedaço desse bolo! Tem chocolate nele, sabia? – Ino, a melhor amiga da aniversariante.

A loira sempre se doou totalmente a sua amizade de anos com a rosada, sendo sempre carinhosa, aberta e sincera. Não era de seu feitio esconder qualquer coisa da amiga. Um sorriso leve brotou nos lábios carnudos da Haruno, que logo entregou o pedaço a ela. Ora, qual a garota que faz de uma festa do pijama a festa de aniversário. Sim, ela é Sakura. Durante todas as outras comemorações de seu maravilhoso nascimento, do qual a mesma intitula de "Momento em que a diva das galáxias saiu da caverna", Ino fora a presenteada com o primeiro pedaço. Entretanto, desta vez foi diferente.

A Rosada, por sua vez, tratou de entregá-lo aos pais, que a deixaram fazer a festa em sua casa nova. Detalhe: Sakura teve um de seus maiores sonhos realizados. Seu closet de sapatos! Talvez, fosse por esse motivo do qual a melhor amiga estivesse tão estressada. Não, não dá para colocar a culpa na TPM. Até porquê, Sakura não permitiria que as amigas sentassem em seu sofá trajando aqueles vestidos e shorts curtíssimos estando naquele estado de sangramento! Deplorável.

Respirou fundo e tentou não pensar em manchas de sangue no sofá, afinal, apenas imaginar a situação já lhe causava uma espécie de desespero, mesmo que irreal. Decidiu dedicar-se à tarefa de cortar pedaços de bolo e coloca-los nos pratos descartáveis com um pouco de brigadeiro, mas achava que todo aquele doce, talvez, não poderia fazer tão bem assim para todas aquelas mulheres. Sabia que doces deixavam as pessoas estranhamente mais animadas, mas as amigas já eram animadas demais.

Deu um sorriso terno ao perceber a aproximação de Hinata, sabendo que a intenção desta era a ajudar a servir refrigerante para as garotas ali presentes. A garota, mesmo tímida, tornava-se mais extrovertida na presença das amigas e, de todas, era a mais gentil e prestativa. Além disso, uma coisa que de fato agradava muito a rosada, era que a amiga quase sempre a ajudava quando as outras teimavam em falar de gafes e muitas outras situações constrangedoras que já lhe aconteceram.

Contornando a mesa, tratou de servir um pedaço de bolo à Karin e Temari, pois eram as únicas que faltavam. Não pôde deixar de soltar um riso nasal ao perceber o que as amigas comentavam.

— Chocolate engorda e dá espinhas — Temari comentou, enquanto observava Ino comer, animada, seu bolo. Era divertido estragar a alegria da loira, um hobbie que a Sabaku adquiriu com o tempo.

— Mas pelo menos acaba com esse seu mau humor — Tenten retrucou, arrancando risadas de todas, inclusive de Sakura, que olhava as amigas conversando.

— Aliás, não é só o chocolate que melhora o humor dela, Shikamaru também faz isso muito bem — Karin tinha um brilho malicioso nos olhos. Logo pode ser ouvido um longo "huumm" e todas trocaram um olhar travesso.

— Se o Shikamaru acaba com o meu mau humor, Suigetsu acaba com o seu fogo, Karin — Temari replicou, zangada e envergonhada.

Ah, a vida! Tinha se passado mais um ano desde que ela estava viva, o que era bom e ela esperava que continuasse a passar. Mesmo com tanto tempo de amizade, ainda não sabia como conseguiam mudar de assunto tão rápido, começaram falando da brincadeira ridícula (e vergonhosa) que Ino havia feito com ela na época da escola e terminaram falando de garotos. Ah, o tempo! Mesmo no meio de tantas brincadeiras constrangedoras ela não conseguia se ver longe dessas garotas, todas tinham um espaço especial em seu coração, espaço esse que fora criado com o tempo em que esteve com elas. Ah, o tempo...

Aquele tempo que trazia ao vento lembranças e risadas gostosas. Ok, aqueles sons de focas batendo palmas não poderia de modo algum ser tido como risada. Agora todas estavam servidas, sentadas sobre o tapete vermelho e felpudo do quarto feminino de Sakura. Temari não iria apenas retrucar as provocações de Karin, contrário disso, a loira fez questão de tacar um pedacinho pequenino de bolo na ruiva. Tenten por sua vez, revirou os olhos ao observar aquele "gesto carinhoso" das duas amigas. Quem diria que a Senhorita Mitsashi sentiria ciúmes de outro alguém que não fosse o próprio namorado. Namorado, namoro e namorar, assuntos do século! O dom de falar de Castanhas do Pará e em seguida falar sobre namoradinhos, era totalmente delas. É claro, tratando-se de suas amigas, obviamente, a rosada não iria querer perder tempo.

– Se querem falar de algo constrangedor, falem sobre o dia que Karin pensou que tinha Aids – as meninas não rejeitaram o comentário da aniversariante, e logo, gargalhadas ainda mais altas que as anteriores, soaram.

Um sorrisinho maligno formou-se nos lábios de Ino. Sakura, não pode notar a maldade que exalava do coração da amiga, ela sabia que, quando a loira começava ela não parava mais. Um tanto assustada, encolheu-se perto de Hinata, que arregalou os olhos constrangida com o que sabia que viria em seguida. Hinata abraçou Sakura, que encarava Ino, que encarava Karin, que era encarada por Temari e Tenten. Lá vem merda.

– Por que não nos explica isso, dona Karin? – Tenten, um tanto abusada e irônica perguntou. O rosto alvo da ruiva enrubesceu, quando um bico se formou nos lábios finos. E danou-se.

– Eu sei o porquê – Ino, abaixou a cabeça até certo ponto e deu um sorriso amarelo – Bem, ela disse que estava sentindo dor...

As meninas já imaginavam o que sairia da boca da loira. Curiosas, a encararam rindo.

– Ino, chega. Por favor – Hinata não deixou que Ino terminasse a fala. Mesmo gaguejando, tremendo e com o rosto tão vermelho quanto um tomate, ousou pedir ao invés de ignorar.

– Então a Karin vai contar! - Temari não queria perder a diversão. Constranger as amigas era questão de honra – Tudo bem, não falemos disso.

– Se não fosse a Sakura e Hinata, aqui ia rolar altas safadezas (Lê-se putarias) –Tenten resmungou arrancando risos das demais. Rir. Sakura, por mais feliz que estivesse, sentia como se algo a faltasse. Uma fenda, rodeada por besteiras e orgulho. E rir era a melhor maneira de tentar disfarçar. Seu sorriso majestoso enganava qualquer um, até mesmo as próprias amigas.

Ah, se rir era o melhor remédio, então por que diabos não fazia efeito em Sakura? Talvez porque seu remédio estivesse um pouco longe. Mas estava feliz por estar com elas naquele dia tão significativo. Estava com saudades de ficar "de bobeira".

— Sabe do que eu lembrei? — Tenten perguntou retoricamente — Da vez em quase deixamos a Hinata loira — todos os olhares se voltaram para a tímida garota que estava abraçada com Sakura. Nem mesmo a rosada conseguiu segurar a risada enquanto se lembrava daquele fatídico dia.

— Estão rindo do quê? Bem que ela iria ficar uma gatinha com esses olhos claros e o cabelo loiro, ia ter vários garotos aos seus pés, mais do que já tem hoje — Ino piscou para a Hyuuga, que começou a corar. E, novamente, o assunto garotos tinha voltado à tona.

Sakura revirou os olhos observando, novamente, como a conversa mudou de rumo, chegava a ser engraçado.

— Sakura, querida, se continuar com essa mania de girar os olhos ficará vesga — Karin "alertou”, irônica. Desde que a Haruno começou a namorar adquiriu aquele gesto.

— Aí eu ficarei com os olhos iguais aos seus? — Perguntou, se fingindo de inocente. Ino soltou um "uuuuh" baixinho, enquanto pegava o pote com Doritos.

— Bem que você queria ter os meus olhos — deu uma jogada de cabelo e mandou piscadinhas com os olhos púrpuros.

— Vocês são duas graças, viu! Eu queria ver briga! — Ino jogou os salgadinhos em Sakura. Sakura revirou os olhos, novamente, em parte pela fala de Ino, outra parte só para irritar Karin. Se levantou e foi até a cozinha pegar um copo d'água. Enquanto estava apoiada na bancada da pia bebendo, viu na geladeira uma foto antiga e logo o sentimento de saudades a invadiram. Fotos são importantes marcos da vida, não importa se é uma simples foto do céu, ou um retrato de toda sua família, fotos guardam histórias e sentimentos, sendo eles bons ou não, são sentimentos. Sakura gostava de fotos com gostava de se maquiar, isto é, muito.

Tomou todo o resto de água que estava no copo com um longo gole, voltando com pressa para as amigas. Sakura arqueou uma das sobrancelhas ao chegar no local e ver o quanto tudo já estava bagunçado. Poderia enxergar copos plásticos espalhados pelo cômodo, farelos de doritos e bolo por entre os felpos do belo tapete vermelho e granulados espalhados por todo o chão. Além disso, conseguia imaginar a si mesma no dia seguinte de quatro no quintal, molhando e esfregando o tapete com uma escova. Ao imaginar a cena, não pôde deixar de fazer uma careta de desgosto, mas não estava realmente brava. A companhia de suas amigas vale muito mais do que uma lavagem num tapete, mesmo que este seja vermelho, felpudo e extremamente confortável.

– Sakura, pare de fazer essa cara de bunda – Tenten a repreendeu, rindo e arrancando risadas das demais. Infelizmente Sakura apenas piorou a cara, adicionando à sua expressão um bico gigantesco.

– Isso é pedir o impossível, Ten – Temari disse e acabou por sorrir, lembrando-se do passado – Essa é uma expressão que Sakura tem no rosto desde que era uma garotinha.

Aquela frase fez a rosada tremer na base, pois sabia que finalmente as coisas começariam. Toda a reflexão sobre a vida, os anos anteriores, os namorados e até mesmo as falsas amizades iria começar agora, mas acabou por dar de ombros, no fim. Essa era uma tradição de aniversários e pelo menos poderia agradecer mentalmente já que os álbuns de fotos não estavam ali. Se estivessem, a zoeira seria – literalmente – infinita.

Sakura sentou-se entre Hinata e Karin no tapete, dando-se por vencida antes mesmo do assunto começar, afinal, se não pode com eles, junte-se a eles. Se demonstrasse que não quisesse falar sobre o passado, o efeito seria reverso.

– Se vamos falar do passado, comecemos falando o dia em que Ino apagou as velas no aniversário da Tenten e ela quase ficou maluca – A rosada iniciou e isso fez com que Ino quase se encolhesse perante a lembrança, já entrando na defensiva.

– Qual é, eu não sabia que esse papo de desejos de aniversário era tãaao importante assim – defendeu-se, cruzando os braços.

Acontece que, no dia do aniversário de 10 anos da Tenten, ela ficou quase 5 minutos de olhos fechados fazendo sabe-se lá quantos desejos de aniversário. Ino, impaciente como sempre, tratou de apagar a vela ela mesma, mas quando a Tenten viu...

– Claro que é importante! – Tenten se pronunciou, os olhos já chamuscados pela lembrança não tão boa assim de sua infância – Ninguém pode apagar minha vela de aniversário... – uma aura quase que sombria apoderava-se do corpo de Tenten – Ninguém.

A voz de Tenten soou ríspida. Ino enfrentava até onde podia, e essa linha entre a vida e a morte era a linha de Tenten e Temari. Se mexessem com Tenten, Temari a defendia de pronto. Um exemplo disso foi o dia em que uma menina gorda foi chamar a Tenten de Pucca com nanismo. Temari a defendeu, mas também não perdeu a piada. Ino pode ver Temari se achegar perto de Tenten, enquanto Karin tirava debaixo da almofada branca que estava posta sobre seu colo, um docinho de coco.

– Ah! Nem vem! Vamos falar de coisas legais, afinal, eu não sou obrigada a lidar com a lerdeza da Tenten! - Disse cruzando os braços. Tenten ainda a encarava e Temari fazia o mesmo – Pelo menos eu matei a fome de muita gente, inclusive da Hinata que havia ido em Jejum só pra comer mais! Vamos! – Gritou desesperada.

– Ino! Era segredo! – As meninas não deixaram de rir. Por mais constrangedora a situação, elas sempre resolviam tudo rindo. Hinata murmurou um "fofoqueira" e Ino deu de ombros, pois pelo menos estava salva da dupla dinâmica, talvez dinâmica até demais.

– Ei, Karin! Ta me devendo um docinho de coco! – Sakura piscou para a ruiva que riu sem jeito.

– Tudo bem, vamos falar do passado como comumente fazemos – Temari disse fechando os olhos e os abrindo lentamente – Bem, podemos começar com o primeiro beijo da Ino!

– Ah - Exclamaram contentes em uníssono. Ino, por sua vez cruzou os braços. Bem, ela não enfrentaria a Temari, afinal, ela ama viver. Viver é algo tão pleno, divino e perfeito que todos os seres que respiram devem aproveitar ao máximo, mesmo quando tornarem-se lúgubres, o que não é o caso das meninas.

– Foi engraçado – A Uzumaki disse entre risos.

– Ela ficou toda babada! – Temari continuou.

– Isso porque a baba nem era do menino! – Tenten zombou bantendo palminhas.

– Ela não tirava a mão da boca! – Sakura gargalhou.

– Pior foi ela treinando beijo de língua com um copo americano cheio de água e gelo. - Hinata disse entreolhando a loira que ainda tinha os braços dourados, cruzados. Ino quis rir, pois entendia o quão vergonhoso aquilo havia sido, mas ela não daria esse gosto para elas.

– Ahn, como se vocês não tivessem treinado – respondeu emburrada. As meninas se juntaram um pouco mais, rindo, e outras até chorando de rir da amiga. Elas ririam de coisas daquele tipo até quando estivessem casadas, entretanto, o verdadeiro motivo de rir estaria presente até depois de suas mortes. A priori, elas não poderiam rir, visto que, a situação de engraçada ou "Its Funny", passaria para delicadamente engraçada.

Mas rir era algo tão libertador, que elas continuaram fazendo.

– Acho que a Karin não devia rir tanto, o primeiro beijo dela foi pior do que o meu! – Ino apontou para ruiva que no mesmo instante parou de rir e fez um bico. Todas olharam pra ela, não sabiam dessa história – Ah, querida, você não contou a elas? – perguntou irônica.

– Não e tenho certeza de que elas não querem saber! – exclamou emburrada.

– Quem disse que não? - Sakura perguntou, retoricamente – Conta tudo, porca.

– Bem, tudo começou num belo dia 13 de agosto, onde o frio era tanto que nossa amiguinha que estava com os lábios roxos precisava os esquentar... – a narrativa começou como se fosse na escolinha, na época em que a professora pegava um livro e todos os alunos sentavam ao redor dela para ouvi-la contar uma história. Ino continuou, com todas ao seu redor ouvindo atentamente o que ela dizia – E a frase que ela soltou não podia ter sido pior "Ino, minha boca está com frio, preciso esquentá-la nos lábios de alguém"... – uma grande gargalhada foi solta, Tenten rolava pelo tapete vermelho, felpudo e macio enquanto ria, Temari a acompanhava sem rolar, mas deitada com a mão na barriga, Sakura ria e tentava respirar ao mesmo tempo, o que não estava dando muito certo, e Hinata tentava rir discretamente, o que também não dava muito certo.

– "Minha boca está com frio, preciso esquentá-la nos lábios de alguém..." Você merece um Oscar Karin Uzumaki! Um Oscar! – Tenten exclamava, Karin foi fechando cada vez mais a cara e o bico foi crescendo, mas ela só estava tentando segurar a risada – Continua, Ino! – ordenou.

– Continuando... Nisso um garoto de olhos violetas e cabelos claros estava passando e ouviu o que Karin disse, como era do costume dele atormentá-la, ele começou a rir e disse "Vem cá, Uzumaki, pode esquentar nos meus" e puf: Karin levou aquilo a sério e voou no coitado do Suigetsu dando um beijo desentupidor de pia nele, chegou a deixar o garoto branco – Ino terminou e junto das outras meninas ria lembrando-se daquele dia.

– Eu como protagonista dessa história muito mal contada quero falar! – Karin exclamou, as garotas olharam pra ela esperando alguma reclamação enquanto tentavam se recuperar do ataque de risadas – O Suigetsu não estava preparado para aquilo, por isso acabou ficando com a boca fechada, o que acarretou numa batidas de dentes e, com certeza, aquilo foi horrível – as risadas voltaram, dessa vez com participação da própria.

– Foi por isso que vocês dois foram pra coordenação com a boca sangrando? – Sakura perguntou limpando uma lágrima que escapou.

– Foi – respondeu.

Ah, o primeiro beijo. Uma marca na vida de uma garota, na infância, fantasiado como um conto de fadas, na adolescência algo muito preocupante, mas ainda assim, sonhador, quando adultos serve como piada numa festa do pijama de aniversário, quando se lembram e veem o quão ridículo foi na época. O primeiro beijo é com certeza um dos maiores marcos na vida de uma garota.

– Fico pensando em como a Karin treinou esse beijo – Tenten zoou a amiga. Com certeza um grande marco, uma piada que vai ser sempre lembrada.

As garotas ficaram rindo da desgraça fatídica da amiga por alguns segundos. Ter um primeiro beijo assim fora, com certeza, algo totalmente vergonhoso.

– Olha, nós podemos falar o que for – Temari começou a falar entre risos, enxugando algumas lágrimas que caíram – Mas pelo menos esse bate boca te rendeu o namorado que tem hoje, Karin – ela tirou sarro e logo as garotas voltaram a rir, e isso fez com que a ruiva soltasse um riso nasal, ajeitando os óculos sobre o nariz.

Ela provavelmente pensara em algo, e isso não passou despercebido por Sakura. Conhecia a ruiva muito bem e sabia que ela era muito vingativa quando queria.

– Tem razão – Karin concordou, puxando a atenção das demais ali no quarto – E por falar em situações constrangedoras que renderam namorados... – deixou a frase morrer no ar. Temari adquirira um rubor forte nas bochechas e nenhuma das garotas sabia exatamente o motivo, exceto a rosada e, por isso, começou a rir alto. Muito alto, fazendo todas entreolharem-se.

– Pera, pera aí – Tenten começou a se pronunciar, quando percebeu que Temari estava mais vermelha do que os cabelos de Karin – Porque está vermelha desse jeito?

– Acho que a Tema conseguiu ficar mais vermelha do que eu – Hinata observou e isso fez com que Karin e Sakura começassem a rir novamente, atraindo para si olhares curiosos de Ino, Hinata e Tenten, e um olhar assassino de Temari.

– Acho que Temari nunca contou a história completa sobre como conheceu o Shikamaru – a rosada começou rindo, já com as mãos na barriga, lembrando-se do momento que fora completamente cômico.

– Suas... Vocês tinham prometido! Raparigas – Temari as xingou antecipadamente, prendendo ar nas bochechas e fazendo um bico gigantesco, e isso fez com que Tenten arregalasse os olhos e todas as garotas já começassem a rir da situação deplorável a qual se encontrava a loira.

– Conta, conta tudo! – Ino implorou, agarrando uma das mãos de Hinata como se tivesse uma expectativa gigantesca sobre a história que estava prestes a ser contada.

– Com prazer – o sorriso vingativo no rosto de Karin era quase palpável – Como vocês já sabem, estávamos no shopping esse dia porque tinha aberto uma loja maravilhosa de chocolate e sorvete terceiro piso – a ruiva começou e todas as outras encararam-na para ouvir a história, exceto Tenten, que continuava a encarar a loira com cara de poucos amigos – Temari havia dito que estava maluca pra comer uma super banana Split com paçoca, cobertura e tudo que tinha direito, mas havíamos acabado de assistir premonição e ela estava com muito medo de pegar uma escada rolante – comentou, e nisso Sakura quase se engasgou, prendendo o próprio riso – Aparentemente, ela levou isso mais a sério do que eu imaginei, e nós pensamos que não iria acontecer nada e acabamos convencendo-a de ir pela opção preferida dos sedentários – a ruiva, antes de continuar, direcionou um olhar à loira que a encarou envergonhada – Do nada, ouvimos um grito e então olhamos pra trás, encontrando a Temari sendo puxava pelos cabelos porque a calça dela estava presa na escada rolante e ela estava “com medo de morrer”.

– Mas isso é medonho! – Tenten partiu em defesa da amiga, mas Sakura e Karin voltaram a rir novamente, arrancando algumas risadas de Ino também.

– Uhum, até desligarem a escada rolante e, por causa da força com que Shikamaru a puxava, ambos caírem e deslizarem numa posição um tanto quanto pornográfica até ao cartaz de um filme chamado “Para maiores” – Karin terminou e agora ela não podia mais conter. Já ria loucamente, seguida das outras meninas. Hinata até mesmo usava um prato descartável para abanar a si mesma.

– E porque nunca me contou isso?! – Tenten perguntou indignada para Temari – Eu te conto tudo, Iceberg de vacilo! – deu um tapa fraco na loira, e logo começou a rir com essa, que tirou o celular do bolso, desbloqueando-o.

– Eu tenho uma das fotos aqui – ela disse, rindo e mostrando para todas as garotas a pose constrangedora demais que ela e Shikamaru fizeram acidentalmente alguns anos atrás.

No fim, já não dava mais pra não rir, principalmente pelo casal ter feito de um filme de comédia a piada mais pornográfica possível.

"Não rir" não se encaixava no dicionário das sambistas e destruidoras, sendo que, elas não só riam das coisas engraçadas, mas também de algumas desgraças alheias. Tenten riu, porém estava estarrecida com o fato da "mozão", assim como ela a chamava, não ter contado sobre seu começo de relacionamento. A morena logo tratou de cruzas os braços e fazer um bico maior que bico de pato, fazendo então com que os risos cessassem. Ino olhou para Karin e as duas bateram as mãos em sinal de vitória.

– O que houve? - Karin riu com a pergunta inútil de Temari. Ino deu um cutucão na amiga ruiva que gemeu baixinho de dor. Quando Ino queria, ela conseguia ser bem agressiva.

– Você é um abismo de vacilo, túnel de desgosto! - Vociferou dando um tapa forte na própria coxa – Não se esconde nada de mim, Mozão!

Temari sabia que a aquele ser pequeno se enciumaria por tão pouco. O problema era, a Mitsashi se bateu de raiva e como Temari não é mulher de sentir dó, achegou-se perto de Ino e Karin, que pararam de respirar na hora.

– Bem, eu sou realmente um abismo de vacilo, mas pelo menos eu cresci. Fermento em mim é o que não falta, mamãe e papai colocaram muito – Tenten, irritada abriu a bica diversas vezes para retrucar, mas nada saiu de sua boca – Mas, Tenten, você também escondeu algo de mim e eu não me queixei – Falou forjando uma voz magoada e encostando a cabeça no ombro de Karin.

– Misericórdia! O que foi que tu fez que não nos contou?! – Sakura gritou.

– Eu? – perguntou apontando para si mesma. Sakura balançou a cabeça positivamente e Tenten suspirou – Nunca menti ou escondi nada!

– Ah não? E sobre você ter estreado o Dunga dos sete anões?! – Temari não falou, jogou na cara, porque assim como as meninas a julgavam ela se autodenominava, lacradora. Agora foi a vez de Sakura rolar-se no chão. Hinata ria batendo palmas e sua risada era muda, a coitada da Hyuuga chorava com a situação da amiga morena. Ino e Karin, obviamente, riam como loucas fugidas de um manicômio qualquer. Tenten formou um sorriso em seus lábios, entretanto, ninguém ali podia dizer que tipo de sorriso significava.

– Temari, sua... Sua... Sua... – e mostrou-lhe o dedo rei.

– Pô, Branca de neve é verídico – a Hyuuga zombou secando as lágrimas que escorriam do rosto alvo.

– Cala a boca, Hinata! – Tenten gritou – Eu não tenho culpa que você esconde sua verdadeira identidade.

– E muito menos como conheceu, Neji Hyuuga – Sakura deu continuidade ao comentário da Hyuuga, que bebia um copo de suco de manga – Não acharam estranho o fato de que nós o conhecemos juntas e ela não estava? Sendo que, uma semana após, ela chegou lá na maior cara lavada falando com ele, toda soltinha? – falou entre risos.

– O bullyng comigo já pode parar, já – pediu-lhes.

– Nada disso! Eu vou contar! - Hinata disse.

– Vai lá, Hinatinha – Sakura encorajou-a.

– Bem, tudo aconteceu quando eu fui na peça da minha irmãzinha, aquela que eu tinha contado, se lembram? – todas assentiram com a cabeça, enquanto Tenten começava a soar frio. Sakura, observando cada movimento das amigas, puxou para si uma caixa de coxinhas da Ragazzo, as demais logo trataram de se servir.

– Pois bem, Hanabi foi escolhida para ser a branca de neve e Neji, por chantagem emocional da priminha, foi o príncipe. Tenten, chegou atrasada à peça, portanto, pegou apenas o final, onde eles viviam felizes para sempre. Tenten e eu encontramo-nos com Hanabi, lá no fundo. E sabe o que A Órfã aí disse? – as amigas balançaram a cabeça negativamente. Ino, nem piscava, tampouco deixou a boca fechada para impedir que a baba escorresse pelos cantos - "Aquele seu príncipe parecia uma princesa, bem delicinha. Ele poderia mover aquela espada guardada na bainha, quando estivesse comigo. Eu gosto de espadas e quero colecionar – Sakura rindo, derrubou o suco sobre o tapete vermelho, belo e confortável. As meninas contorciam-se por conta das asneiras que a amiga depravada disse ás escondidas. A pele bronzeada de Tenten, ganhou um tom de rosa claro, a morena devagar, aproximou-se de Hinata e Sakura olhando-as com olhos de gatinho pidão, olhos que as amigas chamavam de "Olhos da Órfã" – E não acabou! – disse, rindo. As meninas inclinaram-se para ouvir melhor a história das vergonhas de Tenten – Quando ela falava, estávamos de frente para ela, e ela de costas para a porta, sequer percebemos outra presença, a não ser quando meu primo parou atrás da Tenten e apoiou as mãos na cintura dizendo "Então você quer a minha espada?", meninas, ela começou a tremer. Resumindo, ela desmaiou quando virou-se para encará-lo. E quando acordou ele falou para ela "Garota, não sei porquê você desmaiou, após ter dito que queria a minha espada que a propósito, é uma espadão. Vacilona.” E foi embora. Fim do conto de fadas – todas riam e zombavam da amiga que, estava sentada abraçando os próprios joelhos.

– Valeu, Hinata. Vocês todas vão queimar no fogo do inferno – o constrangimento da morena era cômico, impossível controlar qualquer possível reação.

Mas o que acontecia ali? Não era de fato uma linha do tempo, ou qualquer coisa parecida com aqueles filmes de câmeras antigas, não, era algo bem mais forte que isso. Era um ciclo, estilo aquele ciclo sem fim do Rei Leão, de um modo cômico e lúgubre, onde tudo que aconteceu podia ser contado. Certamente, uma reação em cadeia, onde uma lembrança trazia a outra, em estilo de vingança. As pessoas dizem que a vingança não leva ninguém a nada, entretanto, a vingança do ciclo das sambistas e destruidoras, era do tipo que deveria virar filme de comédia, até mesmo livros. Mas é claro que, aquilo não pararia por ali, aquele ciclo era inacabável. O estalar do pescoço de Ino, chamou a atenção de todos, em especial à de uma certa moça acanhada e recatada. Enrijecendo o corpo pequeno e magro, Hinata arregalou os olhos em desespero. Todas sacaram qual era a de Ino, a guria de mente perversa e criminosa do grupo, logo, deram risadinhas baixas à espera da zombaria ou humilhação da loira Yamanaka.

– Eita... Caramba... – Hinata praguejou entre suspiros temerosos. Bem, a brincadeira de máquina do tempo apenas havia começado.

– Hinata, Hinatinha, apesar de ter gostado muito de saber da história da vacilona da Tenten, você não saíra impune dessa – o tom de ameaça de Ino assustou a Hyuuga, que começou a temer o que sairia da boca suja de coxinhas – Hoje, crianças, eu vou contar a história de como Hinata conheceu o Naruto – todas se arrumaram em seus lugares no tapete vermelho e confortável de Sakura prontas para ouvir a história, pois elas sabiam, quando Ino falava daquele jeito, era porque o babado foi muito foda – Sakura, querida, se lembra quando fomos assistir Capitão América no cinema? Você estava com a gente, mas perdeu a melhor parte – Ino olhou para Hinata com um sorriso assustador.

– Para de enrolar, Porca, conta logo – Tenten estava muito curiosa, era hora da vingança dela sobre Hinata.

– Bem, depois de assistirmos o filme Hinata, Sakura e eu fomos no Burger King comer, só que Sakura foi numa loja comprar uma roupa que ela tinha visto mas não pode comprar antes, então eu e a Hinata começamos a falar do Chris Evans que fez o papel do Capitão e de como ele é uma delicinha, e acabamos não percebendo que estávamos sendo observadas por um loiro tentação de olhos azuis. Na hora que a nossa inocente Hinata o notou ela disse para mim: "esquece os loiros de cinema, aquele ali na fila pra pegar o lanche é bem melhor aqui ao vivo". O único problema foi que quando ela disse isso ele começou a andar na nossa direção, de repente, surgiu um fogo na Hinata que eu nunca vi na minha vida, ela começou a falar tanta besteira, pena que percebeu que ele estava atrás dela, muita pena mesmo – Ino fingiu dó. As garotas olharam imediatamente para Hinata, que tentava se esconder no tapete felpudo e confortável de Sakura, logo começaram a rir – Xiu, silêncio, deixa eu terminar. Então, ela resolveu dar uma voltinha pra encenar alguma coisa, assim que ela virou pra trás e deu cara com o Naruto de sobrancelha arqueada e um pouco corado, ficou roxa! Roxa mesmo, parecia uma uva! – Tenten já não se aguentava de rir, Temari ria e batia no chão, Sakura estava limpando algumas lágrimas que acabaram caindo, Karin tentava "consolar" a amiga.

– Puxa vida, hein, que cena épica, acabamos de descobrir que a Hinata é multicolor, é branca normalmente, fica vermelha igual um tomate e a novidade agora é que ela pode ficar roxa igual a uma uva – a Uzumaki falou ternamente enquanto acariciava Hinata, em troca recebeu o dedo pai-de-todos da mesma.

– Vocês são duas graças, mas me deixem terminar. Assim que Naruto viu a cor que ela ficou, foi ficando preocupado e perguntou "você está bem?", meu Pai amado, deu um treco na Hinata que ela vomitou no tênis dele tudo o que comemos no cinema, tinha até uns M&M's! E depois de vomitar ela deu uns dois passos pra trás e ainda desmaiou no colo do coitado, que ficou assustado – terminou de falar como se estivesse contando uma história para criancinhas, a gargalhada só aumentou e dessa vez nem Karin aguentou e enquanto fazia uma cara de nojo continuava rindo – E não acabou! Depois disso, nós levamos ela para uma enfermaria que tinha lá no shopping, o que foi novidade pra mim, já que não sabia que shopping tinha enfermaria. Uns 10 minutos depois, quando ela acordou deu de cara com o loiro e aquele troço que fica ligado aos batimentos cardíacos dela disparou, nós achamos que ela ia ter um AVC, mas ela foi se acalmando.

"Depois disso, nós batemos um papo lá no hospital e descobrimos que o Naruto estava vindo em nossa direção pra poder pedir o número da Sakura e a Hinata sendo a péssima amiga que é respondeu: “na verdade, a Sakura é uma voluntariada a cuidar das pessoas lá no Alaska e não tem celular ela só veio pra cá pra passar o fim de semana, na segunda ela volta pra casa” então o Naruto envergonhado disse: “Na verdade, era só uma desculpa pra eu pegar o seu número, mas tudo bem então, desculpa aí”. No fim, a Hinata deu o número pra ele e ele foi embora – terminou olhando para as garotas, até que Sakura se pronunciou:

– Então foi por isso que quando eu finalmente achei vocês, o Naruto me desejou um bom trabalho no Alaska? – a cara de confusão dela chegava a ser cômica.

– Exatamente – Ino confirmou. Exatamente 30 segundos se passaram até que todas dessem uma alta gargalhada, dessa vez nem mesmo Hinata aguentou acabou rindo junto delas.

– Sabe, gente, esse assunto de fatos constrangedores tá tão legal, que eu acho que todo mundo tem que participar! – Karin falou, enquanto se recuperava das risadas – Então, acho que está na hora da aniversariante! – deu um sorriso maligno.

– Com certeza! – Tenten disse, totalmente animada – Não deixaríamos a aniversariante impune de toda a zoação! Principalmente porque a Sakura pagou muitos micos, desde criança – a morena riu e isso fez com que a mente de Temari borbulhasse em uma lembrança específica do passado.

– Pastel – Temari chamou a amiga pelo apelido carinhoso e então todas as outras, principalmente Sakura, sabiam que coisas constrangedoras estavam por vir. Temari e Tenten eram a dupla de zoeira e elas, com certeza, sabiam como começar uma. Elas têm uma habilidade incomensurável de deixar o pior sempre pro final e, pelo que parecia, o passado de Sakura seria a atração principal da noite – Acho que devíamos começar falando sobre quando tínhamos 7 anos – sorriu quase que maldosamente junto à amiga, chamando a atenção de Ino e Sakura, as únicas que sabiam sobre o que havia acontecido.

– Não acredito que vai desenterrar isso – Ino já começava a rir – Nós 4 éramos realmente idiotas – a observação fez Sakura soltar um riso nasal.

– Qual é, parem de enrolação – Karin disse e recebeu apoio de Hinata. As amigas haviam conhecido as garotas quando tinham 9 anos, por isso não sabiam do que se tratava o assunto que Temari havia iniciado.

– Certo – Tenten iniciou – Quando tínhamos 7 anos, Temari, Sakura, Ino e eu havíamos começado uma mania extremamente infantil de provar qual de nós era a mais forte e então fazíamos diversos desafios internos como pular sobre lugares altos, quem consegue plantar bananeira por mais tempo, braço de ferro, enfim, essas coisas idiotas – a garota comentou e uma corrente de nostalgia formou-se ali entre as quatro garotas citadas, enquanto as outras duas apenas assentiram para que ela continuasse – no dia em questão, Ino teve a brilhante ideia de fazermos o seguinte: entrar e sair do ônibus sem que este saísse do lugar, mas aí...

– Espera – Hinata a interrompeu – entrar o sair do ônibus provaria o que, afinal? – começou a rir junto das garotas – Que ideia horrível!

– Eu era uma criança na época – Ino se defendeu, cruzando os braços, mas mesmo assim não pôde conter o riso – Mas isso provaria quem era mais ligeira, poxa! – explicou, e ainda assim continuou rindo – Provamos esse dia que Sakura não era tão esperta assim.

– Não me diga que...

– Calada, deixa eu terminar de contar – Tenten interrompeu Karin, que fez um bico sem estar realmente brava – Beleza, fomos até o ponto de ônibus e esperamos um que não estivesse cheio. Quando este chegou, fomos todas de uma vez, assim como fomos saindo, uma de cada vez. Mozão saiu primeiro, depois eu e depois Ino e, quando foi a vez da Sakura, a porta fechou e ela ficou presa até o ponto seguinte.

Ao ouvir a história, todas as garotas começaram a rir. Ino estava com as mãos na barriga e segurava-se na rosada, que ria junto desta. Karin tirava os óculos para rir, enquanto Hinata abanava a mesma com o prato descartável que havia usado para abanar a si mesma, instantes atrás. Tenten e Temari deram apenas um toque de mãos.

– Graças à rosada lerda, tivemos que ir andando até o próximo ponto onde a encontramos chorosa e melequenta, maaaas – Temari fez uma pausa, tomando um gole de refrigerante que ainda restava em seu copo – Que Shikamaru não me ouça, mas ela estava na companhia de um cara que hoje é a coisa mais deliciosa que conheço. Isso mesmo, suas quengas, ela estava com o irmãozão do namoradinho dela, Itachi Uchiha – quando Temari disse a palavra Uchiha, algo apagou parte do brilho próprio que a rosada tinha, uma tristeza inusitada que esperou não sentir. Pelo menos, não no dia do próprio aniversário.

– Ah, mas esse homem é um Deus – Karin comentou, tirando o prato das mãos de Hinata e abanando a si mesma, como se fosse apagar algum fogo.

– Ora, Karin, sabemos que adoraria tê-lo entre as pernas – Ino tirou sarro e recebeu desta um quase soco no braço.

– Está falando de si mesma, querida – e logo as meninas voltaram a rir.

Todo aquele papo de tragédia e risadas criava uma atmosfera um tanto quanto aconchegante e isso fez com que a rosada, mesmo triste, esboçasse um sorriso terno no rosto. Amava todas aquelas que estavam em seu quarto, zombando de suas gafes e falando bobagens sobre homens, mas significava muito mais que isso. Significava que sabia que tudo aquilo que estava acontecendo faria parte de um ciclo real e eterno que faria questão de viver em todos os aniversários. Não imaginava sua vida sem elas, assim como não imaginava mais sua vida sem um certo Uchiha.

– Meninas, eu preciso contar uma coisa – Sakura se pronunciou, mas foi interrompida por Temari.

– Pera aí, rosada, ainda nem contamos sobre o dia em que deixou seu e-mail aberto na casa de Tenten e nós mandamos diversas mensagens ao professor Hatake com sites pornográficos e sobre o quanto você estava maluca pra dar uns pegas nele.

– Mas... espera, FORAM VOCÊS? – a rosada quase berrou e então todas as garotas já não aguentavam mais. Estavam jogadas, sem ar, batendo no chão e em umas nas outras – Por isso ele me interceptou no corredor e falou coisas sobre não poder ter relacionamentos com alunas... Ah! Eu vou mata-las – ela disse, esboçando uma raiva que não era real. Quando deu por si, já estava jogada no chão rindo, lembrando-se das mensagens totalmente pervertidas que estavam em seu e-mail quando foi checar. Lembrava-se de duas em especial “Professor Hatake, preciso confessar que quando você se vira eu quase estico os braços pra bater em seu traseiro perfeito e delicioso” e “Professor, não vejo a hora de termos aula de química prática, estou louca pra tocar em seu tubo de ensaio”.

– Nós precisávamos contar, sério, não aguentávamos mais – Tenten estava praticamente jogada sobre Temari enquanto ria, e todas elas ficaram assim por um tempo.

Realmente, se rir aumentava a expectativa de vida, poderia considerar todas ali presentes imortais.

– Certo, agora nos conte o que queria – Hinata lembrou as garotas e então a rosada suspirou, lembrando-se de que realmente havia algo não tão bom para contar às amigas.

– Bem, eu e o Sasuke brigamos.

Sakura, ao anúnciar tamanha tristeza, negou-se a encarar os olhos curiosos e investigativos das amigas, que fecharam o cenho em descontentamento. Algo mais que certo em toda a vida, é que nem todos os segredos serão contados, a não ser que a pessoa despertou sua confiança. Nenhuma delas sabia que o casal havia brigado, e acreditavam que, se algo acontecesse, por menor que este algo fosse, elas saberiam, pois, Sakura trataria de desabafar com elas, como comumente todas faziam. Não era algo assim tão agradável para ser contado na própria noite de festa de aniversário, tampouco algo fofo ou engraçado. Sakura, de cabeça curvada, encarava os próprios joelhos rechonchudos.

Não precisou que ela desse continuidade à sua fala lúgubre, para que finalmente percebessem que ela estava mal. Era certo que talvez sua maior qualidade fosse a de atuar, fingir que está tudo bem enquanto o mundo desmorona sobre a própria cabeça, sorrir para que vissem em seu belo sorriso, a felicidade que ela transmitia. Por um lado, toda qualidade também pode ser tida como defeito, e não era diferente com ela. Aquilo a destruía por dentro, mesmo que durante algumas noites em claro, tivesse rido da própria situação. Era algo recente, banal e ela queria que parasse. Tenten e Temari, logo desgrudaram-se e de uma maneira estranha, conseguiram parar atrás da rosada, que se encontrava apoiada na poltrona florida do quarto. Elas tocaram-lhe o ombro, e se calaram por instantes. Karin e Ino estavam em sua frente, com as mãos finas sobre a perna da amiga, enquanto Hinata permanecia ao seu lado, desta vez, mexendo em seu curto cabelo rosa algodão-doce.

– Por favor, nos conte. Ino pediu gentilmente olhando-a. A rosada ergueu a cabeça e deparou-se com olhares preocupados. Suspirou uma, duas vezes.

– Foi algo tão rídiculo quanto o dia que eu resolvi cantar na hora do intervalo da sétima série. Se acham que aquilo foi o cúmulo do abismo, acreditem, dessa vez foi bem pior. Tão pior que eu me envergonho em falar-lhes – Temari, tinha um corpo grande, talvez um dos maiores dentre elas, abraçou a amiga por trás e Tenten imitou o gesto de afeto. Karin baixou o olhar e permaneceu olhando a mão que estava livre. Seu pensamento era de alguém que queria ajudar, mas não podia, não sabia como.

– Por que não nos contou antes? – Ino questionou. Sua voz que sempre soava divertida e forte, agora era baixa e preocupada.

– Eu sei que você em nós confia, e também posso entender o porquê de ter guardado isso para si mesma. A ruiva arrazoou quase inaudível. – Então levantou a cabeça e encarou a rosada que estava cercada pelas pessoas que julgava importantes. Um sorriso leve brotou em seus lábios finos e naturais. Ela queria que Sakura pudesse enxergar esperança quando as olhasse, a esperança de que no final tudo daria certo.

Hinata apenas acariciava o cabelo sedoso da amiga, tal que fora tratado pelo creme de quiabo que a rosada hesitou tanto em comprar. Ela não sabia bem como poderia ajudar, tampouco sabia o que dizer a não ser palavras carinhosas ditas com a alma.

– Nós estamos aqui para você.

Existia uma coisa que vinha de dentro de todas elas. Se conheceram de uma maneira diferente, estranha para dizer a verdade, e se confiavam e consideravam tanto, que mal poderiam explicar. Não importava o quão longe elas podiam estar, elas sempre se fariam presentes em todos os momentos. É verídico que, a amizade de segundos não dura, não tem força, porque eles não confiam. Era como se fosse escrito pelas estrelas, ou como diria Temari, pela Deusa Atena. Algo de extrema importância na vida de qualquer adolescente. Qual adolescente não deseja ter amigos para confiar? Para contar seus segredos e saber que eles estão em boas mãos? Por mais que alguns neguem, todos desejam. Sakura, de início estragou o clima feliz da festa, mas aquelas eram as garotas loucas que ela conheceu e passou poucas e boas, as garotas sambistas, destruidoras que ela podia contar. Ela queria repetir todos os bons momentos até o fim de sua vida, durante todos os aniversários. Certamente, ela não estava enganada quanto a isso. Elas estariam lá para ela, e essa era sua certeza.

– Obrigada, meninas. Agradeceu sorrindo. Desta vez, o sorriso que tomou conta de seus lábios era sincero, grato e podiam enxergar isso estando em Nárnia.

– Conte-nos o motivo da briga – Temari começou.

– Talvez possamos ajudar – foi a vez de Tenten pronunciar-se. Sakura suspirou e contou até três, mentalmente. Deixou o corpo relaxar e abriu a boca para prosseguir com a lamúria.

– Bem, nós estávamos brigando muito. E por coisas tão nada a ver – iniciou – Uma das nossas brigas, foi por causa de um comentário masculino que eu recebi em uma das minhas postagens no meu blog. Hinata estranhou a fala da amiga, seu rosto ganhou uma feição avermelhada e confusa. Em toda e qualquer situação, sua pele deixaria de ser pálida e ganharia cores vivas. Karin, ao notar a expressão da Hyuuga, segurou o riso, afinal, se ela risse, era bem provavel que acreditassem ser da amiga. Tenten e Temari apenas prestavam atenção, do mesmo modo que Ino fazia – Eu criei um texto perfeito, falando sobre amor e obviamente, muitas pessoas gostaram, inclusive o rapaz que comentou algo bobo. Bem, não era exatamente um texto e sim uma poesia, eu já ganhei um concurso desses na escola, portanto foi fácil – Sakura soltou tudo de uma vez para no final, parar para respirar. Tenten teve sorte de estar atrás da rosada, porque sua expressão denunciava o quão idiota havia achado, isso porque nem sabia o motivo. Ino, arqueou uma sobrancelha e permaneceu concentrada na fala da amiga.

– Qual foi o comentário? – Hinata perguntou. Sakura mordeu os lábios e respirou fundo. O gesto labial da rosada, fez com que elas percebessem que a merda era grande e fedida.

– Bem, o comentário foi: “Oi, tudo bem? Amei sua poesia, acho que vou usá-la de inspiração para noites quentes, e quem sabe para a aula de literatura. Você certamente pode me entender e entender os seus leitores”.

– Usar uma poesia para noites quentes? – Tenten indagou

– Estranho eu sei, mas não tão estranho quanto a reação do Sasuke. Ele reclamou que eu reclamei sobre o fã-clube dele, e agora estava ganhando um fã-clube e talvez quente demais.

– Nossa! – Temari, Tenten e Ino exclamaram em uníssono. Karin olhava perplexa para Hinata, que retribuia o mesmo olhar. Elas entendiam que, namorados às vezes brigavam por coisas idiotas, mas brigar por um elogio em uma poesia? Isso era o cúmulo do absurdo! Sakura nunca gostou muito das fãs do namorado, e reclamava quando ele era atencioso demais, ou pelo menos ela achava que ele era. Paranóia, talvez. Sakura ficou esperando alguma reação das meninas, nem que fosse uma daquelas crises de riso da Tenten, ou aquelas piadinhas sarcásticas de Temari, até mesmo as palavras sinceramente cruéis de Ino, a mente perversa das destruidoras.

– Gente... – Sakura olhou para todas elas, entretanto, a história foi tão besta, que a graça parou no meio do caminho. Sakura não contaria nada para que elas ficassem quietas olhando-a – Falem alguma coisa! – exigiu. Sua voz subiu uma oitava.

– Eita... – Karin murmurou estática.

– Caramba... – Hinata falou como num suspiro, incrédulo. Sakura revirou os olhos e riu sem humor.

Bom, elas tinham certeza de que dali em diante, as histórias sobre a briga de Sasuke e Sakura seriam tão sem-graças quanto as piadas sobre o tamanho do órgão dos Japoneses. “Eita, Caramba” seriam as palavras mais pronunciadas das meninas, inclusive de Karin e Hinata. Não dá pra defender quando a piada é sem graça, mas dá para segurar o riso, e é o que Tenten, Ino e Temari mais fariam dali pra frente.

Após o momento de desespero da aniversariante, a tensão ainda pairava no ar. Depois de tomar um longo suspiro e recuperar-se, assim como as outras meninas, Tenten decidiu por ser a primeira a aconselhar a amiga rosada.

– Sabe, Sakura, às vezes eu acho que você é areia demais pro caminhãozinho do Sasuke – ironizou, erguendo as sobrancelhas – Se vocês andam discutindo tanto por coisas banais como uma poesia, é melhor você dar um pé na bunda dele logo. Você sabe aonde isso vai parar.

– Bom, a Sakura já disse que o caminhãozinho não é tão pequeno assim... – Ino ironizou propositalmente, arrancando risadas das outras amigas ao redor e acabando com o clima de inquietude que recomeçara a se esgueirar entre elas. Tenten simplesmente negou com a cabeça, desaprovando a piada sobre genitálias masculinas.

No entanto, Sakura ficou sem palavras, por um momento. As palavras haviam pegado ela de surpresa. Terminar com Sasuke? Tinha consciência das brincadeiras meio mórbidas que às vezes faziam um com o outro, mas amava-o em demasia para simplesmente terminar. Entretanto, era Tenten que a aconselhava...

Sua reflexão foi interrompida por Temari, que fez um tapa fraco soar em seu ouvido, ao bater no braço de Tenten.

– Você é uma doida desvairada, por acaso? Não pode simplesmente falar pra ela terminar do nada. Isso é lá ajuda que se dê?! – repreendeu-a, meio de brincadeira, meio com seriedade. Tenten ergueu as mãos para revidar, mas Karin não permitiu, pondo-se entre as duas. Silenciosamente, ela olhava-as de cara feia, como se quisesse dizer “Isso aqui é sério!”.

– Calma gente, primeiro precisamos saber o resto da história – Hinata, sempre mais centrada, resolveu falar também, olhando para todas até chegar a Sakura, que ainda estava calada e pensativa – Conte para nós.

– Uhum – Karin disse, ainda com os braços apoiados em Tenten e Temari – Conhecendo você, sabemos que não é do seu feitio deixar barato.

– Afinal a testuda aqui é destruidora como todas nós, dá licença – Tenten brincou novamente, recebendo um olhar ainda pior de Karin. Quase dava pra ler um “vou apertar a sua orelha!” na cara dela.

Sakura rolou os olhos por todas as amigas, pensando que tipo de reação elas teriam ao saber o que ela havia feito... Certamente, nenhuma boa. Flexionou os dedos para fora, fazendo eles estralarem, e então deu um riso nervoso. Ao seu lado, Ino ajeitou sua postura para uma mais cômoda, sabendo que, pelos gestos da rosada, todo tipo de coisa poderia sair da sua boca – menos algo bom.

– Lá vem merda... – Tenten murmurou, pressentindo também.

– Certo, vou contar – ela ignorou o comentário – Bom, onde eu parei?

– Na parte em que ele pirou porque um cara comentou que usou sua poesia para as noites obscenas dele – Temari disse.

– Hm... Então... – Sakura embaralhou-se para contar – Obviamente, eu falei que aquilo não era certo, que eu não podia controlar o que cada um fazia com as minha poesias e que ele estava sendo injusto... – ela gesticulava com as mãos – Nós estávamos na casa dele, conversando, e ele começou a responder tudo com “Hm” porque era muito cabeça dura pra me escutar... – a voz dela começava a tomar um tom irritado. Todas se entreolharam, entendendo a situação. Sakura detestava isso – ...Até que ele levou isso tão a sério que simplesmente me deixou falando sozinha e decidiu jogar Xbox na minha frente só pra me ignorar.

– Tá vendo, eu disse que você tem que terminar com ele – Tenten exclamou, quase revoltada – Ele nem te ofereceu o outro controle pra jogar também, que insensível!

Todas passaram a encarar Tenten com descrença, se perguntando se era só mais uma das suas piadas ou se ela estava falando sério. Já ela, não entendia porque recebia tais olhares, confusa. Ao perceber que era sério, Temari desferiu outro tapa fraco em seu braço, e dessa vez, Karin não impediu.

Sakura riu, sem humor.

– Tem mais – a rosada disse, colocando o cabelo atrás da orelha.

– Certo, conta a parte feia da história agora – Karin cruzou as pernas, esperando.

– Ok! – ela resolveu desembuchar de vez – Aí eu enchi tanto o saco dele que ele resolveu “ir dar uma volta para esfriar a cabeça” e falou que conversaríamos melhor quando voltasse. Então eu disse: “Você vai mesmo me deixar na sua casa, esperando sua boa vontade, feito uma idiota?” e ele respondeu “Faça o que quiser, só não venha atrás de mim porque eu não quero ser grosso com você”... Como se ele não estivesse sendo! Eu me irritei tanto que acabei destruindo o RPG de mesa dele, que foi bem caro, por sinal; picotando as camisas que ele mais gostava, quebrando metade dos jogos do Xbox e colocando a outra metade... Pra vender no mercado livre por 50 reais junto com o próprio Xbox – essa última parte foi dita com uma velocidade que transbordava nervosismo – Desde então, ele não fala comigo...

Um silêncio pairou sobre o cômodo. Aparentemente, todas estavam chocadas com a atitude drástica de Sakura, principalmente Ino, que parecia ainda mais perplexa que todas as cinco juntas. Era certo que, muitas vezes, já havia se descontrolado, mas dessa fez fora realmente uma punição mais severa com o Uchiha.

– Caramba, ARRASOU MULHER! Toca aqui! – Tenten ergueu uma mão no ar, numa reação totalmente contrária às das outras garotas. Temari quis avançar em cima dela imediatamente, mas Karin impediu – Mozão, você tá muito agressiva comigo hoje...

Mas passado o instante de ar de divertimento, todas pararam para pensar na gravidade do estado em que o namoro de Sakura se encontrava. Certamente, era dos piores. Mas como boas amigas, mesmo depois de fazerem piada da briga, tentariam ajudá-la ao máximo.

– Olha, eu até entenderia se você tivesse só quebrado o RPG de mesa dele, mesmo sendo bem caro... – Karin disse, de sobrancelhas erguidas.

– Ou picotar as camisas preferidas dele por vingança... – Hinata continuou a fala da ruiva, ainda um tanto afetada.

– Mas quebrar os jogos dele e vender o resto junto com o Xbox por 50 reais no mercado livre... Nessa você se superou – Temari concluiu a fala das outras duas, enquanto Tenten ainda segurava o riso, ao seu lado.

Sakura já começava a desesperar-se novamente.

– Me ajudem! – pediu mais uma vez, trocando olhares com todas elas. Enquanto o fazia, seus olhos foram parar em Ino, que tinha a expressão mais perplexa do mundo na face – Ino? Você está bem?

As outras garotas rolaram seus olhos ao encontro de Ino, preocupando-se também. Depois de muita insistência, ela acabou por dizer:

– Sakura... – virou-se para a rosada, cheia de receio – Não surte, está bem? Mas... Eu comprei um Xbox por 50 reais no mercado livre hoje cedo.

– Sério? – ela respondeu com um sorriso aliviado nos lábios. Ino havia pensado, por um instante, que a testuda a estrangularia – Isso é ótimo, então eu te devolvo o dinheiro e levo o videogame pra ele de volta.

Ino fez cara de poucos amigos. Não queria devolver, na verdade, estava louca pra jogar Call of Duty fazia um tempo. Que belo infortúnio, o destino tinha mesmo a capacidade de ferrar consigo.

– As coisas que eu faço pra te ajudar, hein, porca. Você está me devendo um Xbox.

– Eu não sou rica! – Sakura protestou.

– Nem eu! – retrucou Ino, cruzando os braços – Porque você acha que eu comprei um Xbox por 50 reais no mercado livre?! Eles podiam mandar um refrigerante Dolly no lugar daquele negócio que eu não ia saber.

Por um segundo, passada a tensão, as meninas compartilharam risadas mais uma vez. Sakura até mesmo esqueceu-se do seu namoro, prestes a ruir, até que Hinata resolveu ressuscitar o assunto. Era uma sorte tamanha que a Yamanaka tivesse comprado o videogame, afinal, a namorada do Uchiha poderia ter enviado para um lugar tão longe quanto a Indonésia. Isso dificultaria um pouco as coisas.

– Então, eu acho que você tem que superar o medo e ir conversar com ele – aconselhou, sorrindo timidamente.

– Esse é o problema, Hina... – a rosada amuou-se, cabisbaixa – Sasuke não me quer nem ver pintada de ouro. Não há como eu falar com ele.

– Mas aposto que ele quer ver o Xbox, não é? – Karin sugeriu.

– Que bonitinho! A ruiva burra pensa – Tenten satirizou, pondo os braços em frente ao corpo para se proteger, antecipando um ataque. Entretanto, a Uzumaki limitou-se a revirar os olhos.

– Enfim, Sakura, se você for até ele com o Xbox em mãos, é mais provável que ele te dê uma chance de se explicar – continuou.

– Você acha? – insegura, a Haruno perguntou. Não tinha tanta certeza. Sasuke podia ser tão resistente quanto uma parede de chumbo, quando queria. Além do mais, dessa vez ela realmente havia pisado na bola, e tudo por uma discussão boba. De qualquer modo, a amiga assentiu.

– A Karin tem razão – Temari sorriu – Conversar e esclarecer as coisas é a melhor forma de resolver uma situação como essa.

– E ainda que eu tenha que devolver o Xbox, não posso deixar de concordar com elas – Ino resmungou, todavia, dando muito apoio também.

Tenten e Temari trocaram sorrisos cumplices com a aniversariante, demonstrando sua confiança.

– Você consegue! – Hinata sorriu gentilmente.

Sakura, já meio emotiva, acabou por derramar algumas lágrimas, sorrindo.

– Vocês não as melhores – quis dar nas amigas num abraço apertado ao ponto as as deixaria roxas.

Elas se surpreenderam com o choro repentino, mas acabaram por levar como um momento comum para qualquer garota. Após algumas risadas e bochechas coradas, Tenten resolveu se pronunciar.

– Gente, isso aqui não tá meio gay não?

– Concordo, Pastel – rindo, Temari apoiou sua melhor amiga, ainda que estivesse com as bochechas tão coradas quanto as de Hinata.

– Aliás, falando em gay... – o sorriso malicioso de Tenten já se materializava no rosto – Vocês lembram quando a Karin estava discutindo com o Suigetsu e chamou-o de gay na frente da própria sogra?

Todas as garotas desataram a rir numa centésima vez.

Certamente, era impossível não recordar de tudo que passaram. Assim como estiveram juntas nos melhores momentos das suas vidas, estariam nos piores também. Mas antes disso, dariam muitas risadas. Afinal, para que mais as situações constrangedoras serviriam se não para divertirem-nas depois?

Ainda aos risos, a Haruno parou para pensar na importância daquelas garotas para si. O elo que elas compartilhavam era indestrutível, assim como sua amizade. Sakura sabia que elas lhe ajudariam quando menos precisasse, mesmo que depois tirassem sarro dela. Era por essa razão que toda a sua tristeza, outrora muito mascarada, sumira num instante.

Amanhã seria um dia importante para a rosada, muitas coisas teriam que se resolver. Mas hoje, ela tinha suas amigas.

Isso bastava.

__~#~__

Às 14h32 do dia seguinte, Sakura parou à frente da casa do seu namorado, devotando-se a um mantra em sua mente que dizia o tempo todo: “Não tropece de nervosismo, não fique com as pernas bambas. Controle, Sakura, controle”. Mas não surtia tanto efeito assim. Havia guardado a expectativa do momento por tanto tempo dentro de si, que a mesma acabou por acumular-se com o tempo. Agora mesmo, parecia quase hiperventilar.

Com o Xbox e o que sobrou dos jogos dentro de uma caixa, ela se aproximou da porta e tocou a campainha. Como ele não respondeu, resolveu tocar o interfone.

– Quem é? – ele atendeu numa voz rude.

Internamente, ela pensou “fodeu” e a música que Temari cantarolava começou a soar em sua mente. Vai dar merda, vai dar meeeerda, vai dar merda, vai dar merda, vai...

Engolindo em seco, foi direto ao ponto, assim como Karin a aconselhara.

– Sou eu, Sakura. Estou com o seu Xbox.

E então se afastou, mordendo os lábios. Será que ele viria atendê-la, mesmo que estivesse com o Xbox em mãos? Não tinha tanta certeza mais. Talvez as meninas houvessem errado em pressupor qualquer reação vinda de Sasuke. Ele era imprevisível até para si, de qualquer modo.

Mas cedo descobriu que Karin estava certa. Numa reação totalmente controversa à sua habitual conduta, ele desceu as escadas literalmente correndo.

Ofegando, abriu a porta e estendeu uma mão. Ainda assim, tinha uma carranca na face.

– Devolve logo – ele disse, impaciente com a demora dela de se mover. No entanto, ainda era um agrado inconfundível ouvir sua voz.

– Devolvo, mas só se conversarmos antes – exigiu, apertando o objeto com mais força nas mãos.

Ele abaixou a mão, franzindo as sobrancelhas.

– Conversar sobre o que? Não temos nada pra conversar. Você tirou a coisa mais importante do mundo pra mim e desapareceu – ele, evidentemente, exagerava.

Por um momento, ela quis retrucar: “pensei que a coisa mais importante do mundo pra você fosse eu!” mas não era um momento para pôr isso à prova. Mesmo que se comparada ao Xbox.

– Na verdade, eu só vendi pra Ino – retrucou – Enfim, é diferente. Você pode me deixar entrar?

Contrariado, seu namorado deu passagem. Nervosa, e ainda recitando o mantra, enquanto a cantarolo de Temari sobrepunha seu pensamento, ela se sentou no sofá e esperou que ele viesse ao seu encontro.

– Certo, fale – ele cruzou as mãos, sentando-se no outro sofá, coisa que não era do seu costume.

– Sobre a briga... Eu quero me explicar – ela começou. Ele então assentiu, esperando – Bom, é certo que brigar por uma poesia num blog, sendo que eu não tinha nada a ver com o comentário do leitor, é ciúmes demais... Mas nada justifica eu ter quebrado e destruído suas coisas, ou cortar suas camisas e vender seu Xbox... – ele tinha uma expressão irônica na face. Era um avanço, afinal, pelo menos ele não a ignoraria tanto agora – Então, eu vim me desculpar, e devolver seu videogame junto com os jogos que peguei.

Sasuke a encarou por longos segundos. Ele fazia muito disso, de avaliá-la. Era frustrante não saber o que se passava em sua mente, exatamente porque lê-lo era um ato dificultoso demais.

Mas finalmente ele levantou, vindo sentar-se ao seu lado. Sakura já quase não conseguia segurar mais as lágrimas, só não sabia se de ansiedade, medo, tristeza revirada, ou qualquer outra coisa.

Numa reação totalmente contrária, ele abraçou-a, sem dizer uma palavra. O mais engraçado, foi que o Xbox ficou entre os dois.

– Acho que ficar sem jogar afetou seu cérebro seriamente – a Haruno fez piada, derramando algumas poucas lágrimas que escaparam contra a sua vontade.

– Cala a boca. Ainda estou com raiva pelo RPG de mesa.

Feliz por estar sentindo seu cheiro novamente e por tudo ter se reatado, riu um riso tilintante e delicioso, abraçando-o de volta com toda a força que podia.

Fora uma tarde tranquila. Novamente, suas melhores amigas – ou sambistas e destruidoras, como carinhosamente as chamava – acabaram tendo toda razão. Nem o medo e o receio venceram-nas.

Ah, a vida... Ela sabia que muitos momentos como esse se repetiriam. Ainda que fracassasse, fosse sucedida em tudo que fizesse, fosse enérgica ou simplesmente não tivesse ânimo para nada, tinha uma certeza mais que absoluta de que elas estariam consigo, animando-a e auxiliando-a em qualquer situação.

Tenten, a Pastel, com toda a sua brutalidade controversa, doçura e fidelidade, sempre sonhadora e engraçada, sempre estaria ao seu lado para fazer piada nos melhores e piores momentos Para assistir filmes e séries quando precisasse de uma companheira.

Temari, com seu instinto assassino e ao mesmo tempo protetor. Abrindo discussões sobre assuntos estranhos e sendo zombeteira ao limite, sempre zombando das suas situações conjuntamente com Tenten.

Hinata, com suas bochechas coradas, sua graciosidade, sua ternura e seu senso de humor estranho, fazendo sempre todas rirem com seus trejeitos atrapalhados. Acima de tudo, sempre afagando seus cabelos róseos quando precisasse de colo.

Karin, com sua malícia para com as garotas, sempre pronta para revidar, sendo vingativa, ao passo que de tinha os melhores conselhos e sempre estaria ali se ela chamasse, mesmo debaixo de um vendaval.

Ino, sua amiga de longa, longa data, com bochechas adoráveis e sempre fazendo quem quer que estivesse ao seu lado rir, sendo tão divertida, e uma das melhores amigas que poderia ter desejado. Estaria do lado dela e de todas em qualquer momento, mesmo que em um que todas elas se dariam mal.

E ela, Sakura, uma escritora amadora, dona de muitos sonhos e conquistas, que transbordava amor pelas coisas bonitas do mundo. Sempre prestativa, amigável, sorridente, tão carinhosa quanto a própria Hinata. Se ela mesma não poderia pedir amigas melhores, essas amigas não deixariam de desejar o mesmo. Afinal, ser mais amável que Sakura poderia ser difícil.

Ah, a vida, essa caixinha de surpresas. Poderia não ter sido o melhor aniversário do mundo, mas seria tão memorável quanto todos os outros.


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Notas finais do capítulo

"Longas amizades continuam a crescer, mesmo a longas distâncias." - Autor Desconhecido.___________________Clyra, espero que você tenha gostado tanto quanto gostamos de SasuSaku e de você. ;w; Quanto a você, leitor, também esperamos que tenha gostado! Comente!! ♥