Alexa e a Guerra da Irmandade escrita por Priscila Luciani


Capítulo 7
A Irmandade




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617840/chapter/7

O túnel era estreito, Alexa sentia-se espremida entre as paredes, que pareciam querer engoli-la, em vários momentos ficou sem ar, até que finalmente avistou uma tímida claridade. Bernardo que ia por ultimo, tentava não olhar para trás, apesar de durão, estava com medo, e jamais embarcaria em uma loucura como essa se não fosse para proteger Alexa.

— Estamos quase chegando. – disse Aurora que ia à frente.

— Ainda bem. Já estava pensando que virei um rato e não sabia. – disparou Bernardo.

Alexa acharia graça, se não estivesse sofrendo a dor da separação. Ferdinando sempre foi seu alicerce, a pessoa que ela sabia que jamais a abandonaria. O homem que não só a ensinou a ler, mas a amar cada livro, se emaranhar em cada aventura, a viver de forma encantada. “Minha princesa, a vida é feita de entrelinhas, porque as linhas qualquer um pode ler.” Era o que ele sempre dizia. Enquanto lembrava-se do pai, lágrimas deslizavam por sua face. Tinha a impressão que seu coração estava sendo cruelmente esmagado a cada passo que dava. Sempre desejou viver uma aventura como as que lia nos livros, mas não imaginava que teria que pagar um preço tão alto por isso.

— Preparem os olhos. – disse a ruiva.

Então, ela abriu as portas, imediatamente emergindo luz para dentro do túnel que parecia interminável para os jovens, fazendo com que os mesmos recuassem e protegessem os olhos com as mãos. Bernardo proferiu um palavrão e foi repreendido por Alexa, que nunca gostou desse tipo de linguagem, hábito que herdou de seu pai.

Aos poucos, as pupilas foram se adaptando a claridade, e os garotos voltaram a enxergar normalmente. Alexa foi a primeira a sair do túnel, seus olhos curiosos logo vasculharam o ambiente em busca de identificá-lo.

— Sejam bem-vindos! – disse Aurora.

A ruiva sorriu e esperou que Bernardo também saísse, enquanto Alexa dava atenção a cada detalhe do lugar que parecia ser um quarto, pois a primeira coisa que avistou foi uma cama de casal arrumada com lençóis amarelos, acompanhada de uma cômoda de madeira rústica e um baú.

— Onde estamos? – perguntou Alexa.

— Você já vai saber, querida. – respondeu gentilmente – Agora, venham comigo, preciso lhes apresentar uma pessoa.

Aurora se dirigiu a uma porta e os jovens a seguiram. Alexa olhou para trás e pode enxergar o armário de onde saíram, ficou abismada com a quantidade de detalhes presente nas portas, símbolos, imagens, letras, parecia um código.

— Venham logo! – insistiu Aurora, que já estava fora do cômodo.

Finalmente cruzaram a porta, e se depararam com um corredor cheio de quadros, de todos os tamanhos, que ilustravam pessoas em diferentes cenários. Os olhos curiosos da jovem buscavam por cada detalhe, uma família reunida no jardim, dois jovens de costas em uma sacada, um piquenique alegre, enfim, imagens de uma família feliz. Porém, o que mais intrigou Alexa, foi a presença de uma ruiva em todas as fotos.

— Esta é sua casa?

Aurora suspirou, ajeitou uma mecha de seu lindo cabelo e depois respondeu:

— Também.

A ruiva os levou até uma sala toda enfeitada, cheia de flores, quadros e objetos curiosos, onde um sofá carmim e duas poltronas marrons davam um toque acolhedor para o ambiente. Alexa lembrou-se da casa de onde haviam acabado de sair, já que a semelhança entre os ambientes era nítida. De repente, uma mulher surgiu entre as cortinas brancas que estavam do outro lado da sala. Era uma mulher linda, com longos cabelos negros, olhos de um azul profundo e pele clara, usava um vestido da cor de seus olhos, que lhe caía perfeitamente.

— Esta é Melinda.

— Prazer em conhecê-los. - a voz dela era doce, parecia ser de um anjo – Sentem-se, fiquem à vontade. Domícia está preparando um chá com bolinhos.

— Tinha me esquecido dos chás. – falou Bernardo.

Alexa estranhou o comentário do amigo, e sua expressão transpareceu seu espanto. Aurora logo percebeu que a jovem, além de muito curiosa, também era bem esperta.

— Como você sabe sobre os chás? Já esteve aqui antes? - perguntou a garota.

— Bom, essa é a segunda vez que alguém serve chá.

Alexa queria insistir no assunto, mas Melinda pediu que se acomodassem e sua voz gentil era capaz de convencer qualquer um. Sentaram-se todos, Alexa e Bernardo no sofá grande, enquanto a ruiva e Melinda ocuparam as poltronas, que ficavam uma em cada lado do sofá.

— É uma honra recebê-la, Alexa. – proferiu Melinda.

— Você sabe meu nome? – estranhou a garota.

— Bom, acho que teremos uma longa conversa.

Uma senhora que aparentava ter uns sessenta anos entrou na sala trazendo uma bandeja com chá e bolinhos, tinha um sorriso convidativo em seu rosto. Depositou a bandeja sobre uma mesinha no centro da sala, e depois saiu sem nada dizer.

— Ela é muito tímida. – confidenciou Melinda.

Alexa olhou para Bernardo, que pegava uma xícara tranquilamente, como se fosse de casa. Ela o encarou com uma expressão nítida de dúvida.

— Sirva-se também, princesa. – falou a anfitriã.

A garota pensou um pouco, depois fez a pergunta que a estava sufocando desde que entrou naquele túnel a pedido de seu pai.

— O que está acontecendo?

As duas mulheres se olharam profundamente, depois Melinda resolveu tomar a frente.

— Minha querida, há muitas coisas que é necessário que saiba. – ela suspirou, depois continuou calmamente – Primeiramente, você precisa conhecer a Lenda da Irmandade.

— Eu sei que vocês querem me contar esta tal lenda, e eu adoraria saber em uma outra hora, mas agora, por favor, eu só quero ver meu pai.

— Eu sei, eu sei. Mas, por favor, ouça com atenção, você entenderá tudo. - pediu Aurora.

Alexa queria gritar por seu pai, mas lembrou-se do que ele havia lhe dito e resolveu atender ao pedido da ruiva. Então, Melinda olhou-a com carinho e começou a falar:

— O reino de Redak era governado pelas Rainhas dos Quatro Ventos, a Rainha do Sul, a Rainha do Norte, a Rainha do Leste e a Rainha do Oeste. Elas governavam com justiça, dedicação e muito amor. Possuíam poderes que iam além de nossa compreensão, pois eram filhas do Deus criador de toda magia.  A Rainha do Sul possuía poder sobre o ar, a Rainha do Norte sobre o fogo, a Rainha do Oeste sobre a terra e a Rainha do Leste sobre a água. Tudo corria bem e o reino vivia em harmonia, mas um fato acabou acarretando em um grande problema. Uma habitante do reino acabou se apaixonando por um humano, e de seu romance foi gerado um bebê. A jovem foi levada ainda grávida até as rainhas e elas procuraram o Mago Dexter para saber o que deveriam fazer. O mago lhes disse a jovem ficaria bem e que teria uma bela menina.

Aurora deixou a xícara na bandeja e saiu da sala, atravessando as cortinas brancas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaria de avisar que talvez eu modifique o título.
Agradeço por todos que visitam meu mundo encantado.
Beijinhos mágicos, amores.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Alexa e a Guerra da Irmandade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.