Davina - No limite de um amor veloz. escrita por Lya De Volkan


Capítulo 4
Praia de Saint-Tropez - Julho de 1968


Notas iniciais do capítulo

>>> Preparem seus corações e seus forninhos!

>>> Não deixem de comentar por favor!!!!! Eu preciso saber o que vocês estão achando dessa fanfic!
Boa leitura



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Eu acho que desde meus dez anos eu não colocava os pés na praia de Saint-Tropez, como é um lugar bem distante da região onde eu morava em Paris, eu não ia muito até lá, foi como se estivesse de volta ao passado, a nostalgia veio em minha mente e me lembrei dos pequenos castelos de areia que eu e a Elsa, a minha prima mais nova, fazíamos perto das grandes rochas. Com o tempo fomos deixando de nos falar por causa que ela gostava de mim, mas não podia ir em frente por causa da nossa religião e da nossa família. Ela por fim acabou pegando anemia e morreu algum tempo depois, morreu sem falar comigo, por um longo tempo eu me senti mal por ela, mas jamais me relacionaria com alguém da minha família, com ou sem religião.

A beleza as vezes pode te machucar.

Caminhando pela praia e sentindo a areiam em meus pés acabei ouvindo um soluço, que logo partiu para um choro baixinho e abafado, como se a pessoa não quisesse que a ouvissem. Me senti curioso, fui seguindo o som do choro até me aproximar das grandes rochas escuras ao lado de um coqueiro bem alto, avisto então uma moça, de longos cabelos castanhos ondulados, roupas calaras em um conjunto de saia e blusa de manga longa e o rosto estava escondido em suas mãos. Ela estava sentada em uma pequena pedra, o vento do entardecer na praia era forte e fazia seus belos cabelos dançarem. Eu nunca me senti bem em ver alguém sofrer, isso pode soar meio mentiroso mas a verdade é que não me sinto bem mesmo, a vida é muito curta para se lamentar, por isso gosto de viver sorrindo e me divertindo, ninguém sabe como será o dia do amanhã.

Me aproximei lentamente dela e me agachei na sua frente, mas com um pouquinho de distancia da senhorita para não intimida-la.

–Moça, você está bem? -perguntei e ela rapidamente tirou as mãos do rosto e limpou as lágrimas, por um momento, pensei que estava vendo um anjo.

Ela me respondeu rapidamente que estava bem, só que eu não me convenci e admito que estava gostando de olhar para ela, sua indecisão se voltava a chorar ou se fazia de forte me divertiu um pouco. A jovem me encarou, e acabei me perdendo em seus olhos castanhos, nervoso, inquietos e tempestosos, como se fosse um tipo de magia ou feitiço, eu já não conseguia para de olhar para ela e ela também não parava de fitar.

–Perdoe-me senhorita, não quero ser um intruso nos seus assuntos pessoais mas as vezes conversar com uma pessoa que não se conhece é uma ótima forma de desabafar. -o velho truque do desabafo, atire a primeira pedra o rapaz que nunca o usou para conseguir se aproximar de uma mulher, então pensei que com ela aquilo fosse dar certo, estava torcendo para dar certo.

Ela abaixou um pouco o olhar e fitou a areia, me levantei e fui me sentar no chão, mas ao lado dela. Sim, as vezes eu era imprudente quando uma moça me chamava atenção, então eu tentava de todos os modos puxar conversa com ela.

–Não adianta, desabafar não vai traze-la de volta. -como sou um curioso nato, me permitir entrar mais ainda no assunto pessoal dela mesmo não a conhecendo.

–Quem senhorita?

E pelo visto o truque havia dado certo. Ela me olhou tristonha e encheu os pulmões de ar.

–Minha irmã do meio...-respondeu-me. -Ela...Morreu semana passada em um acidente de motocicleta na Alemanha, e eu nem pude me despedir dela...

A sua tristeza e o seu luto eram evidentes e notáveis em sua voz, seu olhar voltou-se para o mar e eu tive uma ideia não tão brilhante mas que poderia ajuda-la a se sentir um pouco melhor. Me levantei rapidamente e estendi a minha mão para ela com um sorriso no rosto.

–Vem comigo? Posso te ajudar um pouco...

–Como poderá me ajudar? Não pode trazer minha irmã de volta.

–Não, mas posso te ajudar a canalizar a sua dor em outra coisa. Confie em mim. -Ela se levantou com um olhar confuso e respirou fundo ao me olhar desconfiada.

–Não posso confiar em uma pessoa que acabei de conhecer. -ela foi bem direta, sorri abaixando rapidamente a cabeça, eu estava usando todo o meu charme mas parecia que ela não estava dando atenção a isso, sei que era um momento difícil para ela, mas eu poderia ser um ombro amigo entende?

–De fato, mas eu não estou mostrando ser um homem aproveitador ou mal educado, estou? -perguntei-lhe calmamente e ela nada falou, apenas esperou alguns instantes para analisar se era seguro para ela ou não fazer o que eu estava lhe pedindo, fui paciente, sempre aprendi esperar pelo que queria.

Dando-se por vencida ela segurou a minha mão e eu lhe ofereci outro sorriso. A puxei para perto do mar, sentindo a água salgada em nossos pés e o pôr-do-sol como testemunha daquele momento. Soltei sua mão macia e delicada e me virei para olha-la.

–Agora grite.

Eu me senti um estranho naquela hora pois ela me olhou como se eu fosse um louco.

–Oque? -indagou a moça.

–Grite, ponha tudo isso que você esta sentindo pra fora do seu corpo, deixe que o mar...-apontei para a imensidão azul a fazendo olhar para ele. -Seja seu confidente nesse momento, esqueça que estou aqui. Grite madmoselle.

De inicio, ela só me olhava incrédula, mas eu sabia o que estava fazendo e me sentia disposto a ajuda-la. Acenei com a cabeça para ela começar, como já tinha notado que eu não iria desistir tão facilmente daquela loucura, então a bela moça começou. Timidamente ela começou, não a gritar, mas a falar em um tom mais alto. Conforme o sol ia se pondo, ela começava a se soltar cada vez mais. Parecia que eu tinha ficado invisível, ela começou a me ignorar e a seguir o meu concelho, começou a falar do relacionamento que não deu certo com um tal de Marcu, das dificuldades que tinha passado por conseguir o que queria, do mal relacionamento com o pai, do amor incondicional pela mãe e pela irmã falecida.

No final ela começou a focar mais na irmã que havia morrido uma semana antes. Era doloroso ver tudo aquilo, senti pena dela. Pelo sotaque ela não era francesa, pensei que fosse americana no incio. Ela esbravejou tudo, gritou como se estivesse em uma discussão com a irmã morta, que se chamava Cristina, a moça se segurava para não cair em um choro, o que fazia os seus gritos se tornarem mais agressivos. Quando terminou, suspirou e me olhou, agora os seus olhos brilhavam como nunca e eu lhe ofereci novamente um sorriso amigável. Saimos de perto da água e nos sentamos novamente no chão, a noite estava quase chegando.

–Como se sente? -perguntei e ela me mostrou um doce sorriso.

–Bem melhor. Obrigada, mas eu nem sei o seu nome ainda...

Lembro-me de quase ter infartado com tanta grosseria da minha parte.

–Oh meu Deus! Sinto muito madmoselle, que mal educação a minha. -respondi meio sem jeito. -Sou François Cevért, é um prazer conhece-la.

A moça me encarou como se já me conhecesse. E realmente conhecia.

–François Cevért? Piloto da Tyrrell pela ELF?

Me surpreendi com a pergunta dela, não imaginaria que aquela jovem com uma aparência tão delicada entendesse de Fórmula 1. Perguntei se ela entendia de carros e automobilismo, cada vez melhor conhece-la.

–Mas do que você pode imaginar. -respondeu com um sorriso travesso.

–E como você se chama senhorita? -perguntei educadamente.

–Senna. Davina Senna.

Mais surpreso eu fiquei, era a estrela da Fórmula 1 feminina, a pilota que eu admirava da pista e que eu queria ver o rosto, a mulher ousada e destemida do autódromo da Australia, mas ela não parecia ser uma pilota e sim uma moça caseira e calma. Ela sorriu de novo, provavelmente pela cara que eu fiz, eu parecia um bobo olhando para ela.

Conversamos até o anoitecer , a contei que meu "tutor" era Jackie Stewart e fiquei impressionado quando ela me falou que seu tutor era o grande Niki Lauda desde a época dela na Fórmula 3, era de invejar o relacionamento dos dois que eram mais irmãos do que eu com meus irmãos biológicos, bom, com Jacqueline era diferente por termos quase a mesma idade, por isso ela sempre foi mais próxima de mim do que Julio e Elijah.

–Nossa, eu tenho que ir François, meus amigos devem estar me esperando a um bom tempo. -não nego que me deixou desanimado, a conversa estava muito boa e ela era uma mulher envolvente.

Mas, foi uma perfeita oportunidade para pedir seu telefone. Ela sorriu com bastante humor, pegou um pequeno gravetinho no chão e começou a escrever seu número na areia bem inocentemente, provavelmente achando que eu não iria ligar para ela.

Engano dela, um doce engano.


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Notas finais do capítulo

>>> O PRIMEIRO ENCONTROOOOOO!!!!!

>>> François ajudando a Davina foi uma das coisas mais lindas que eu já escrevi, e o que vocês acharam? Comentem por favor!



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