Equinócio escrita por NocturnalVacancy


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sem título


Notas iniciais do capítulo

Texto feito de madrugada, baseado num sonho louco. Prova incontestável do meu subconsciente perturbado.



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Acordou zonzo na manhã seguinte, talvez por consequência da bebedeira durante a festa passada. Levantou-se com dificuldade, devido à cabeça que latejava em decorrência da ressaca, perguntando-se onde teria ido parar a calça jeans que trajava na noite anterior. Ainda desorientado, caminhou silenciosamente em busca do banheiro mais próximo, tomando o devido cuidado para não pisar em qualquer uma das garrafas quebradas espalhadas pelo chão.

Enquanto observava a bagunça de latas e corpos sonolentos pela sala, não conseguiu conter o tímido sorriso. Embora já soubesse que seria sua a responsabilidade de organizar aquele caos quando todos deixassem o apartamento, tinha certeza que a noite fora divertida, ainda que mal se lembrasse dos seus feitos. A porta abriu sem grandes ruídos e, naquele momento, todo o seu mundo desmoronou.

Através de sua longa experiência com manhãs desastrosas, sabia que o banheiro sempre guardava alguma surpresa – desde pessoas nuas na banheira até restos de alguma substância ilegal na pia. No entanto, jamais estaria preparado para ver sua melhor amiga deitada no azulejo frio, entre latas vazias e camisinhas usadas, perdida em uma confusão de sangue e fios dourados.

Continuou parado no mesmo lugar por mais alguns instantes, tentando encontrar a voz que sumira em algum lugar no fundo da garganta. No instante seguinte, corria com o corpo feminino entre os braços, sem importar-se com o sangue a escorrer dos pulsos abertos a manchar o carpete, o vidro que perfurava a pele de seus pés descalços ou as palavras de desespero escapando de seus lábios, na vã esperança que a garota em seu colo pudesse ouvir suas súplicas sem nexo.

O pranto do rapaz acabou por acordar a todos do topor em que se encontravam, mas ele pouco se importava. Continuou apenas a ir de encontro à porta, tentando desesperadamente lembrar-se onde deixara a chave.  Simplesmente não conseguia pensar devidamente naquela situação, porém mais tarde, quando o perguntassem e as memórias viessem sob a forma de borrões desconexos, ele se lembraria de longos fios cacheados e olhos assustados abrindo a estrutura de madeira.

Já no corredor de seu andar, enquanto cada segundo em espera pelo elevador equivalia a uma eternidade e o calor dela se esvaía pouco a pouco, ele apenas conseguia centrar-se em uma oração silenciosa, ainda que não fizesse isso desde que era uma criança, implorando para que ela aguentasse apenas mais um pouco.


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