Babi andava de um lado pro outro, insistindo em ligar para o celular de Amanda, que só caia na caixa postal. No que diabos ela estava pensando afinal? Nos últimos tempos tinha fugido de seu próprio casamento, se isolado do mundo, voltado com o seu noivo e agora sumia constantemente, sem dar satisfações. Não que ela tivesse obrigação de fazer isso, mas deixar sua melhor amiga preocupada daquele jeito era crueldade. Continuou perambulando pela sala, agora encarando a porta, na esperança que Amanda entrasse a qualquer momento. Parou de imediato quando ouviu o barulho da chave sendo colocada na fechadura. Segundos depois, Amanda estava entrando, com uma expressão um tanto abalada, porém tranquila.
Babi: Que foi agora?
Amanda: Hãn?
Babi: Não se faz de sonsa. Você SUMIU e agora volta pra casa com essa cara de zumbi. Que foi que houve?
Amanda: Sabe... Você devia se preocupar mais com a sua vida do que com a dos outros.
Babi: Ow, me atacando com grosserias. Já vi que não quer me contar o que aconteceu.
Amanda: Ehr... desculpe Babi. Eu sei que eu ando sendo uma péssima amiga nos últimos tempos e...
Babi: O modo como você tem agido não me preocupa Amanda. O problema é que você insiste em esconder as coisas de mim, e isso me deixa muito preocupada.
Amanda: Daqui pra frente vai mudar... eu acho.
Babi: Mudar porque? O que você fez?
Amanda: Calma! Não fiz nenhuma besteira não.
Babi: Me conta de uma vez.
Amanda: Eu... Terminei tudo com o Gabriel.
Babi: Certo... Amanda... Só essa semana você já deve ter feito isso umas cinco vezes.
Amanda: Também não é assim, que exagero. E agora é definitivo.
Babi: Ah claro, assim como nas outras quatro vezes.
Amanda: Sabe... Você não é muito boa com irônia.
Babi já estava prontinha pra responder, mas preferiu ficar quieta. Ver Amanda passando em direção ao seu quarto com um enorme sorriso no rosto pareceu tão estranho que Babi se viu de repente muda. Será que dessa vez ela estava mesmo falando sério?
Babi: Amanda???
Amanda: Hãn?
Babi: É sério mesmo?
Amanda: Seríssimo!

***

Frank estava xingando mentalmente a criatura desgraçada que insistia em telefonar para ele, aquela hora. Não que fosse uma hora imprópria, mas ele achava que a pessoa que estava do outro lado da linha tinha o DEVER de saber que naquele momento em questão ele queria dormir e não queria ser incomodado. E ligar quinze vezes seguidas provava que ou a pessoa era muito burra, ou muito insistente, ou então - e ele tinha absoluta certeza que era essa opção - estava fazendo aquilo de propósito para irritá-lo. Depois de tantas vezes, ele acabou conseguindo cronometrar de quantos em quantos segundos recebia uma chamada. E eram exatamente três segundos. Sem um errinho sequer. Agora a raiva já estava começando a ser substituida pela curiosidade de saber quem era o merdinha que estava querendo tanto falar com ele. Pulou da cama como se não estivesse nem um pouquinho cansado (e vale frisar que ele realmente ESTAVA. Afinal, ficar o dia inteiro vadiando na rua cansava oras) e atendeu o telefone bruscamente. Queria ter certeza que a pessoa notasse só pelo modo como tinha atendido que não estava NADA feliz com a interrupção do seu "soninho de beleza".
Frank: ALÔ P*RRA.
Gerard: Não grita no telefone imbecil.
Frank: Ahhhhhh... Mas tinha que ser você mesmo. Depois da décima tentativa você não sacou não que eu não queria atender Gerard??
Gerard: Foi exatamente por isso que eu insisti. Tem uma diferença bem grande entre não poder e não querer atender o telefone.
Frank: Tem uma semelhança entre querer e poder desligar o telefone sabia? Eu posso conciliar as duas coisas e fazê-las ao mesmo tempo.
Gerard: Não ouse desligar na minha cara Iero!
Frank: Uh, que medo. Se eu desligar você vai fazer o que?
Gerard: Ainda não sei, mas eu tenho uma mente muito fértil e tempo de sobra pra pensar em alguma coisa muito cruel.
Frank: Ok, senhor vagal-que-não-tem-mais-nada-pra-fazer-na-vida, fala logo a que devo a honra da sua ligação.
Gerard: Vou ignorar o apelido carinhoso e vou falar.
Frank: Então fala.
Gerard: Se você calar a boca e escutar eu posso falar.
Frank: Se você não tivesse me mandado calar a boca e tivesse dito logo, agora eu já saberia o que você quer e teria poupado bastante saliva. Tanto a minha quanto a sua.
Gerard: Posso falar?
Frank: Fala.
Gerard: Você PRECISA me ajudar a encontrar a Amanda.
Frank: Tenho cara de cupido por acaso?
Gerard: Se for analisar a sua baixa estatura e a carinha de viado, eu diria que sim!
Frank: Ok, você me ofendeu. Me dá um bom motivo pra não desligar.
Gerard: Tá, tá, desculpaaaa... Saiu sem querer.
Frank: Faz assim: dá próxima vez que você encontrar a Amanda, injeta um chip localizador na nuca dela. Assim você nunca mais perde ela de vista.
Gerard: Era pra ser engraçado?
Frank: Tenho que responder ou é uma pergunta retórica?
Gerard: Quer saber? Esquece. Vou ligar pro Mikey.
Frank: Isso, vai acordar o Mikey e me deixa dormir.
Gerard: E você acha que ele tá dormindo a essa hora???
Frank: Eu estaria, se um certo Way me deixasse.
Gerard: Obrigado pela consideração!