Melodia escrita por Hoshi


Capítulo 27
Vinte e Sete




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— Oi, Cascão.

— E aí, Moniquinha? Quando a Denise falou que vocês vinham, eu nem acreditei.

— Primeiro: Não me chama de Moniquinha, Cascão! Eu já falei.

— A Denise te chama assim o tempo todo, véi.

— A Denise é irônica quando me chama assim.

— É? Mesmo? Certeza absoluta?

— Sim. E se você tem certeza, não é preciso o "absoluta".

— Moniquinha... - Olho-o com cara feia - Mônica, - Ele auto corrige-se - sem aulas de português... Mas enfim... De que iremos te chamar?

— Te dou uma chance de conseguir um apelido para mim.

— Eu aceitos.

— Cascão, é "aceito" sem "s". Com a nessecidade de pôr "s" onde não tem?

— Mônica, só você para dar aulas de português numa balada.

Nós rimos.

—Ei, não vamo ficar parado. Vamos dançar?- Ele sugere.

— Hum... Pode ser... Mas eu não sei dançar.

— E quem sabe? É só sacudir o corpo no ritmo da música e vai estar valendo.

Eu ri.

— Cascão, você é muito louco.

— As "mina" pira na minha loucura.

— Não sei quem são as vítimas...

—Ei!

— Foi brincadeira.

— Você tá andando demais com as meninas... Cadê a Mônica recatada?

— Quem sabe ficou em Nova York?

— Ei... Calma... E eu não vou dar em cima de você. Eu não mexo com mina de amigo meu.

Fiquei instantaneamente vermelha. E a Mônica "normal" voltou.

— Q-Que isso... C-Cascão... - Gaguejei.

— Uhum... Ficou gaguejando, né? Beleza. Eu não falo pro Cebola.

— Quê?

— Nada... Vamos dançar ou não?

— Tá... Mas você vai se arrepender...

Olhei para o local onde nós deveríamos estar. Não havia nenhuma de nós lá. Eu ri com esse pensamento.

Estávamos nos sacudindo no ritmo da música. O Cascão fala coisas engraçados o tempo inteiro. Adoro esse meu amigo.

— Mônica... Se liga no meu break...

Ele faz uns movimentos estranhos com o braço.

—Cascão... Cascão! - Paro seus braços.- Não faz mais isso. Pelo seu bem!

— Ai... Cortou meu clima...

Rimos.

Já tínhamos danaçado umas três músicas e estava tudo muito divertido. Até que eu vi sobre seu ombro uma cena da qual meu ânimo se desfez.

— Que foi, Moniquinha?

— Nada...

— Vixi... Pelo jeito foi sério... Nem reclamou quando eu te chamei de Moniquinha... E parou de danaçar...

Ele olha e vê também. A Magá está dançando com o Cebola.

"Aquele... Ele nem me falou que vinha...

Mas ele não tem obrigação. Ele é só seu amigo.

É eu sei... Mas mesmo assim.

E a gente nem tá se falando tanto...

Eu sei... Mas mesmo assim...

Para de "nóia"... É só uma dança. De amigos. Você e o Cascão não são amigos? Não estão dançando?

Verdade. Você tem razão.

Claro que tenho. Eu sou você."

Com esse pensamento eu sorrio e me acalmo. E volto a "dançar".

Percebo que o Cascão está quieto. E calado. Ou seja... Ferrou. Algo de muito errado está acontecendo.

— Que foi, Cascão? - Gritei para que me escutasse sob a música alta.

— Hum... A gente pode sair daqui rapidinho? - Ele soltou um sorriso que saiu bem forçado.

A gente foi para uma parte mais externa. Lá a música ainda soava alta, mas era possível comunicar-se normalmente.

Eu sento ao seu lado.

— Pode falar. Você está quieto... Você não é assim. Conte-me.

— Er... Mônica, nós somos amigos, né?

— Sim, claro.

— Amigos contam as coisas pelos outros sem serem julgados...né?

— Uhum... Mas por que tá falando isso? Eu não conto para ninguém. Fica tranquilo. Independente do que for e o que você me contar.

— Eu sei, Moniquinha.

— Cascão!

—Mals! Não bate! Pera... Somos amigos como você e o Cebola?

— Quê? - Fiquei vermelha. Que pergunta era aquela?

— Eu brinquei. Não precisa ficar vermelha logo. Eu sei que você e o Cebola tem... um rolo. Mas de boas... Não queria falar sobre isso com você... Eu queria te falar uma coisa.

— Sobre?

— Uma pessoa.

— De quem você é afim?

— Uhum. - Ele murmurou. - É... Agora eu que estou com vergonha.

— Uii... Cascão com vergonha... Essa menina deve ser bem especial.

— Sim... Ela é...

— Mas... Por que você está contando para mim?

— Como assim? A gente não é amigo, "muié"?

— Sim...

— Então! Tá esconfiada por que?

— É que esse tipo de coisa... Você contaria para a Magá... para ela te ajudar. Eu sei que vocês são amigos. Bem amigos até...

— Er... Então...

— Só se... Você não contaria para ela porque...

Ele me olha um pouco vermelho e aflito.

— Ela não sabe guardar segredos!

— Quê?! Não! Não é isso...

— Então... É porque eu sou melhor amiga?

— Ahn...

— Melhor em guardar segredos?

— Moniquinha do meu coração... Escute...

— Ah! Saquei! A Magá é a menina!

Ele tampa minha boca com uma de suas mãos. Retiro-a apressadamente.

— Psiuut! Quer falar mais baixo? Não grite!

— Eca, Cascão... Você lavou as suas mãos?

— Quer que São Paulo toda escute?

— Não, né?!

— E sim... Eu lavei... E tomei banho pro seu governo, tá!?

— Uhum... Tudo pela Magá...

— Ei... Se você tem vergonha eu também tenho. E sim... A Magá é a menina que eu gosto. Eu sei que você não perguntou, mas tô confirmando.

— Sabia! - Dancei minha dança da vitória. Bem... Na verdade eu estou inventando agora essa dança... Se é que se pode chamar de dança...

— Mônica, - Cascão imobiliza meus braços me fazendo para com meus pulinhos e minha "dança" - para.

— Ai, que sem graça... - Me recomponho e volto a falar com ele - E você já pensou quando vai contar para ela?

— Oi?

— É, cabeção! Quando você vai se declarar. - Falo num tom mais baixo.

— Ah... Não... Quer dizer... Eu penso nisso. Sabe? Penso como vou dizer para ela, mas nunca sei quando. Na real, tinha nem pensado nisso.

— Hum... Por isso você precisa da minha ajuda... Né?

— É. Tipo... "Cê" tá ligada que é minha amiga e tals... E sempre ajuda quem precisa e tals... E é amiga da Magá também e tals... E das meninas você é quem eu tenho maos contanto, não só pela banda e tals... O Cebola é um troxa, sério, na moral... Se ele der mole o "Contrarião" vai ficar contigo. E você é "mó" legal, Moniquinha! De verdade!

Fico vermelha nessa hora. Nem reclamo quando ele me chama de "Moniquinha". Mas de corada passo para pálida ao ver a Magali perto do Cebola vindo até nós.

— Que foi? - Cascão pergunta e se vira para ver o mesmo que eu. Ele fica estático e mais assustado do que eu. Em choque, eu diria. Ele deve estar pensando o mesmo que eu.

"Será que a Magali nos ouviu?"

Vou ter que fazer um papel de "a louca", como a Denise diria.

— Oi, Magá. Oi, Cebola.

Olho para o Cascão para ele fazer o mesmo. Mas ele ainda está em choque.

— Oi. - A Maga limita-se a reponder.

— Oi. O que vocês estam fazendo aqui? - Cebola pergunta.

— Ahn... Nada de mais. - O Cascão finalmente fala algo.

— Estamos só conversando. - Tento consertar a frase do Cascão. - E vocês?

— Nada de mais, também. - A Magá diz.

— A gente só... Veio para conversar. - O Cebola completa.

— Ah... É que lá está muito barulho e aqui é melhor para conversar. Sem aquela música alta e tudo mais... - Digo e acrescento uma risada. Era para soar simpática e engraçada, porém saiu nervosa e desesperada. - Ahn... A gente já está indo, né, Cascão?

Eu olha para ele em busca de ajuda, mas ele está centrado com uma cara de irritado. Dou um soco na cabeça dele. Que vontade dar uma coelhada nele! Pera? O que eu pensei? Que coisa estranha... Estou andando tempo demais com a Denise, tenho que parar de pensar nessas besteiras.

— Ahã... Isso... Isso mesmo. 

Praticamente o puxo dali.

— Poxa, Cascão. Também não precisa andar com uma placa dizendo: "Estou apaixonado pela Magali". 

— Shh! Fala baixo! - Ele pede me fazendo rir.- Rindo, né? Pelo menos eu assumo de quem gosto. - Entendo a indireta é fico calada.

Nós "dançamos" um pouco e depois fomos beber algo. O resto da noite também foi legal. As meninas resolveram ir para casa de táxi e rachamos um junto com os meninos. Tivemos que chamar quatro carros. 

Ao chegarmos aos nosso respectivos quartos e tomadas banho, fizemos a típica rodinha para conversarmos. 

Me impressionei com a cara atípica da Magá. Ela estava com uma cara de irritadiça. E eu não sabia o porquê. Talvez depois ela me conte.

Estávamos rindo alto e conversando tanto que quando eu vi já eram 03:20! 

— Gente! - Mostrei o visor do celular - Temos que dormir! 

— Relaxa, Moniquinha. - A Denise disse.

— Ei, já disse para não me chamar assim. - Protestei.

— Mas o Cascão você deixa, né? - A Dê alfinetou.

— Quê? - Perguntei.

— Ai, Mônica, para. A gente bem viu você com o Cascão. - A Cascuda falou. - Tá rolando alguma coisa entre vocês. 

— Eu me perdi. Não era com o Cebola? - A Marina comentou rindo.

Quê? Eu e o Cascão? Estávamos conversando. A gente se abraçou uma vez. Elas estão loucas e me perguntei se estavam bêbadas. Mas eu lembro que era um especial para adolescentes e que não haviam bebidas alcoólicas. Nenhuma de nós saiu para comprar e nem tínhamos como: somente a Aninha era maior de idade. 

O que a Magá iria pensar? Eu tenho que juntar os dois, se ela pensar que há algo entre nós, não vai rolar.  Eu não podia brincar e tinha que afirmar séria para que parassem.

— Não. Não tem com o Cebola, muito menos com o Cascão. Vocês estão loucas? Nunca rolaria algo entre eu e o Cascão. Somos amigos. Apenas isso. - Falo e percebo que errei na fala, mas continuo. - É sério, parem.

— Ei, tá bem! - A Denise fala com os braços ao alto, como um sinal de rendição. 

— Vamos dormir, gente. - A Magá fala com um ar longínquo.

Enquanto subíamos eu puxei o braço da Magá. Precisava perguntar o por que daquela cara.

— Ei, Magá. Tudo bem? O que houve? 

Ela me olha chateada. Consigo ver tristeza em seus olhos castanhos. 

— Ahã. - Ela fala e desvia o olhar.

— Não minta para mim. Eu te conheço. Sou sua amiga, pode falar.

Ela suspira. Olha para mim e fala:

— Mônica, eu gosto muito de você. Sério. Pensei que isso não iria acontecer, mas estou com raiva de você. Muita. E... Amanhã, hoje, quer dizer, mais tarde conversamos sobre isso. Depois do ensaio. Tudo bem? Eu só... Só quero dormir.

A Magá é mesmo muito gentil. Ela escolheu bem as palavras para falar comigo. Pelo jeito estava mesmo irritada. Ela subiu as escadas. Fiquei em baixo pensando o que eu fiz para que a fizesse ficar tão chateada. 

A luz automática apagou, por falta de algum movimento, me obrigando a subir as escadas e dormir. 

 

 


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Notas finais do capítulo

Hey, povo.
Kon´nchiwa, Minna-san.

Aqui está um capítulo novinho para vocês.

Minha vida está muito enrolada e eu sei que eu não posto há tempos. Mas os intervalos entre um capítulo e outro vão diminuir, vou tentar.

Hey, vocês gostam de animes? Eu sim, e muito.
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É isso. Aproveitem e releiam se quiserem.

Comente o que achou e favorite!

Até o próximo capítulo.
Mata Nee.



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